Quantos anos o educador paulo freire faria em 2022

Os professores Eliete Santiago e José Batista, da Cátedra Paulo Freire, falam da importância de seu trabalho

02/05/2019 15:42

Hoje, 2 de maio, faz 22 anos que faleceu Paulo Reglus Neves Freire, educador e professor emérito da UFPE. Na data de sua morte, os professores Eliete Santiago e José Batista, da Cátedra Paulo Freire, falam da importância de seu trabalho. A principal obra de Paulo Freire, “Pedagogia do Oprimido”, que acaba de completar 50 anos, será homenageada no IX Seminário Paulo Freire. O evento ocorre nos dias 15 e 16 deste mês no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). Clique na imagem para assistir ao vídeo.

Data da última modificação: 02/05/2019, 16:12

Quantos anos o educador paulo freire faria em 2022
  Educação
Quantos anos o educador paulo freire faria em 2022

Conhecido desde 2012 como "Patrono da Educação Brasileira", Freire atuou principalmente na educação de adultos em áreas proletárias de Pernambuco. Veja aspectos de seu legado que ainda podem ser aplicados nas escolas e universidades, segundo estudiosos.

Quantos anos o educador paulo freire faria em 2022

Foto:  João Pires/Estadão Conteúdo/Arquivo

Por Luiza Tenente, G1

O educador e filósofo Paulo Freire posa para foto durante entrevista concedida para o Grupo Estado em SP, em 1993. — Foto: Clovis Cranchi/Estadão Conteúdo/Arquivo

Neste 19 de setembro de 2021, o recifense Paulo Freire completaria 100 anos. Segundo estudiosos ouvidos pelo G1, as ideias do educador continuam representando um norte para escolas e universidades que veem a sala de aula como mecanismo de transformação social.
"Por vivermos tempos repressivos, o legado dele volta ainda com mais força", afirma Walkyria Monte Mór, professora da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Projeto Nacional de Letramentos: Linguagem, Cultura, Educação e Tecnologia.

 Educador Paulo Freire faria cem anos neste domingo

 Desde 2012, Freire passou a ser considerado por lei o "Patrono da Educação Brasileira". Seu trabalho é reconhecido mundialmente: ele tem títulos em 41 instituições de ensino, como nas universidades de Harvard, Cambridge e Oxford.
Em livros como "Pedagogia do Oprimido", o mais famoso deles, o autor defende o papel primordial da educação no processo de conscientizar o povo e levá-lo ao senso crítico.
Abaixo, veja em que aspectos o legado de Paulo Freire ainda pode ser considerado atual, na visão de três professores que estudam sua obra:

1- Importância de compreender a realidade do aluno

 Freire defendia a teoria chamada "pedagogia do afeto", explica Kleber Silva, professor da Universidade de Brasília (UnB).

"Ele dizia que o professor deveria ser sensível à história de vida dos alunos, resgatando seus sofrimentos, mazelas e cicatrizes. A partir dessa vivência, o conhecimento seria construído."

 Na prática, isso ocorreria por meio do diálogo aberto, com empatia e constantes trocas de conhecimento.
Pensando em um contexto atual: para uma aprendizagem efetiva, um professor que recebe os alunos nas salas de aula, após mais de um ano de escolas fechadas, não deve se atentar somente ao cumprimento de currículos. Precisa praticar a afetividade e "abrir a porta" para a conversa.
Dessa forma, para Freire, o estudante entenderá que também pode contribuir com o desenvolvimento de todos, descobrirá mais sobre sua identidade e ficará mais interessado e criativo.

Paulo Freire concede entrevista ao Jornal da Tarde, ao voltar do exílio (1979), em sua casa na cidade de São Paulo. — Foto: João Pires/Estadão Conteúdo/Arquivo

2- Alfabetização de adultos

 Nas décadas de 1950 e 1960, Freire dedicou-se à educação de adultos em áreas proletárias (urbanas e rurais) de Pernambuco.
Pelo método de alfabetização que até hoje leva seu nome (e que foi colocado em prática pela primeira vez em Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1962), as aulas partem de elementos do cotidiano dos alunos analfabetos.
Em vez de tomar como base "frases feitas" de apostilas, como "o bebê babou", o educador baseia-se no vocabulário que faz parte do dia a dia do trabalhador: "cana", "enxada", "terra" e "colheita", no caso de uma turma de agricultores.
"É tudo feito a partir do contexto-realidade dos alunos. O método fônico, por exemplo, defendido pelo governo atualmente, foca o processo de alfabetização nos sons, a partir de frases distantes da realidade das crianças. Freire defende o contrário: que as aulas trabalhem a partir do contexto dos alunos", diz a professora da USP.

3- Formação de cidadãos críticos

 Monte Mór, docente da USP, afirma que, pelos ensinamentos de Paulo Freire, "o aluno percebe que tudo o que aprende é fruto do olhar de certas pessoas."

"Os estudantes precisam ter essa consciência sobre ponto de vista, para aprenderem a ter outras perspectivas de um mesmo fato e chegarem ao desenvolvimento do senso crítico", explica.

 Esse aspecto da obra freireana é o que gera tanta resistência de certos grupos ideológicos, segundo a professora. O ex-ministro Abraham Weintraub, por exemplo, chegou a dizer que o pedagogo "representa o fracasso total e absoluto" dos índices de educação no Brasil.

"Paulo Freire foi um revolucionário que tentou mostrar as mazelas sociais. Quanto mais tivermos seres pensantes, menos isso é interessante para quem está no poder", afirma Rosana Nunes, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 "A partir do momento em que temos alunos problematizadores, que não aceitam de imediato o que é ensinado, teremos menos pessoas alienadas. Isso nem sempre é interessante para a política brasileira", diz.

4- Combate às fake news

 Freire pregava que a educação deveria ser um processo bilateral, em que o professor também "é um aluno". É um combate à ideia da educação tradicional, em que o docente ensina, e o os estudantes são "receptáculos vazios" que apenas escutam o que é dito.

"Um aluno com consciência freireana lê um texto e reage; não aceita fake news, porque tem senso crítico. Vai captar o que é dito [em uma mensagem falsa] e ver o que está por trás disso, com que interesse foi produzido, em qual contexto", exemplifica Silva, da UnB.

5- Respeito às diferenças

 Walkyria Monte Mór expõe que a pedagogia de Paulo Freire "ajuda a construir a identidade das pessoas".
"Elas entendem que existiu um projeto [na educação tradicional] de instituir o que é certo e o que é errado. Passam a perceber que há outras formas e ideias que não podem ser consideradas inferiores."
Um exemplo apresentado por Monte Mór é o ensino da gramática normativa. Dependendo de como a aula for ministrada, o estudante pode entender que determinados modos de falar e escrever são menos respeitáveis do que aqueles que obedecem à norma padrão da língua.

"Quando a gente entende que existem diferenças culturais e subjetivas, começa a formar jovens mais tolerantes", diz a professora.

6- Empoderamento dos mais pobres

 Quando Freire escreve que a educação é para todos, "refere-se aos que estão à margem da sociedade", explica Silva, da UnB. "São os indígenas, os surdos, os pobres, os negros. É dar oportunidade e empoderar essas pessoas por meio da educação."


Quantos anos Paulo Freire faria em 2022?

O patrono da educação brasileira faria 100 anos em 2021, mas devido a pandemia a comemoração presencial será realizada neste ano de 2022, em que Paulo Freire completaria 101 anos. A proposta é fazer uma grande celebração em defesa do legado deste educador.

Quantos anos Paulo Freire completaria?

Em 2021, Freire completaria 100 anos.

Quando Paulo Freire faria 100 anos?

Ao contrário, devemos mais homenagens ao educador, agora que se comemoram os seus 100 anos de existência. No dia em que faria 100 anos (19 de setembro), Paulo Freire ganhou uma bonita exposição do Itaú Cultural, em São Paulo, com o expressivo título de “Ocupação Paulo Freire”.

O que o Paulo Freire defendia?

Ele defende uma educação que incentive a criticidade do aluno, indo além do português e da matemática. Suas ideias também possuem ligações com o pensamento marxista e críticas ao capitalismo.