Quantas pessoas morrem de gripe por ano no brasil

Brasil tem recorde de morte por gripe; há risco de nova onda

Foram 1.515 óbitos em janeiro e 204 em fevereiro, mais que em qualquer início de ano desde 1996. Especialistas temem nova alta no inverno

Quantas pessoas morrem de gripe por ano no brasil

Imagem do vírus influenza, causador da gripe. A cepa Darwin, H3N2, foi responsável por número sem precedentes de mortos por gripe no começo deste ano Tiago Mali 04.abr.2022 (segunda-feira) - 12h04

A gripe matou 1.515 brasileiros em janeiro de 2022 e outros 204 em fevereiro, de acordo com dados do sistema Sivep-Gripe, o mesmo usado para reportar casos de covid.

Quantas pessoas morrem de gripe por ano no brasil

Os números para os meses são superiores aos de qualquer início de ano da série histórica do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade). O patamar de 1.515 mortes de janeiro é inédito e supera o total de mortes anuais de quase todos os anos desde 1996. As exceções são 2009 (1.818 mortes em 12 meses) e 2016 (1.756).

A principal responsável pela alta das mortes é a cepa Darwin do vírus influenza H3N2, que se espalhou desde o fim do ano passado.

Os idosos correspondem a 79% dos óbitos.

Risco de novo surto

É possível que a cepa tenha se aproveitado de um momento de perda de “memória de imunidade” ocasionado pelas medidas tomadas nos dois primeiros anos de pandemia.

Assim que o coronavírus apareceu, os vírus influenza A e influenza B reduziram drasticamente sua circulação na população brasileira. É o que mostram os serviços de monitoramento da gripe no Brasil.

Quantas pessoas morrem de gripe por ano no brasil

Sem contato com os vírus, “o organismo das pessoas deixou de renovar a sua barreira de proteção“, afirma Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe.

Gomes é um dos que alertam para um combo de condições favoráveis a um grande surto:

  • chegada do inverno – é quando o vírus influenza se espalha mais;
  • retirada de máscaras – elas barraram durante a pandemia também a circulação da gripe
  • queda de imunidade  – houve perda de memória imunológica da gripe (leia mais abaixo).

A epidemiologista Fátima Marinho, especialista em mortalidade, também alerta para o risco, especialmente especialmente nos Estados da região Sul, em São Paulo e em Minas Gerais. “Esperamos nesses Estados um aumento de mortes por gripe nos próximos meses, o que vai atingir crianças e idosos“, diz Marinho, que é especialista sênior da Vital Strategies, organização global composta por especialistas e pesquisadores com atuação junto a governos.

Para o infectologista Renato Kfouri, não é possível fazer previsões. “Vivemos um cenário epidemiológico inédito. De fato, o influenza deixou de circular durante dois anos e voltou com força no fim do ano passado. Mas é impossível saber o que vai acontecer neste inverno”, afirma Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações
Recomendações

Para combater o risco de um novo grande surto de gripe, os especialistas elencam duas medidas:

  • vacinação – a campanha de vacinação contra a gripe começa nesta 2ª feira (4 de abril), focada em idosos. É importante conseguir grande adesão para que o grupo (o que mais sofreu com a recente onda de gripe H3N2), esteja melhor protegido;
  • máscara – os médicos indicam continuar usando máscaras, especialmente em situações de transporte público. A máscara usada para se proteger contra o coronavírus foi, ao fim, até mais eficiente em prevenir a gripe nos últimos anos.

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