Funk, gênero musical no Brasil que gera polêmicas. Apesar de estar presente na maioria das festas, inclusive no próprio baile funk, ele é alvo de críticas, seja por causa das letras, roupas ou danças. Quer saber como ele se tornou o que é hoje? Continue a leitura! Show
História do funk no BrasilO funk nem sempre foi como conhecemos hoje em dia. Inicialmente derivado da soul music – gênero musical inspirado no Rhythm and blues e no gospel dos
EUA, entre o fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, especialmente entre os negros – o gênero, com o passar dos anos, sofreu diversas transformações. Anos 2000Na troca de milênio, o funk também passou por mudanças. Não somente em seu lugar de origem (periferia), agora ele toma conta das casas noturnas, academias e tantos outros lugares
frequentados, em sua maioria, pela classe média. Nessa mesma época os “bondes” começavam a fazer sucesso, como, por exemplo, o Bonde do Tigrão. Apesar de não ter sido criado nos anos 2000, essa foi a época em que o grupo alavancou, chegando a conquistar, em 2001, seu disco de platina pela Pró-Música Brasil. Funk como produto culturalAtualmente, o funk movimenta milhões na indústria da música. O principal canal do YouTube brasileiro – com mais de 36 milhões de inscritos –, por exemplo, é o Canal Kondzilla, da Kondzilla Filmes, produtora de clipes que são, em sua maioria, de funk. Não sendo coincidência, o clipe brasileiro mais acessado da plataforma também é do mesmo canal. Prestes a atingir um bilhão de visualizações, “Bum bum tam tam”, de MC Fioti, mistura a música erudita de Partita de la menor, de Johann Sebastian Bach, com a batida do funk. Não é raro vermos pessoas que em um dia estão cantando na internet e, na semana seguinte, já participam de programas de TV, registram suas músicas em gravadoras profissionais e
afins. Quando esse tipo de situação acontece, as próprias produtoras buscam trazer essas novas celebridades para seu meio. Contudo, para ter uma aderência maior, esse “produto” (música + cantor) passa por algumas alterações. Desde a letra e batida da música como a própria figura do cantor (tratamentos estéticos, troca de vestuário…). O funk, assim como tantos outros gêneros musicais, busca sempre trazer novidades e se manter atrativo. Leia também: A cultura como política pública Principais subgêneros do funkSe no início o funk brasileiro surgiu como uma variante do soul, hoje ele já possui suas próprias vertentes. Vamos conferir quais são? Funk cariocaO funk carioca, na verdade, é o “funk tradicional”, já que as primeiras melodias desse gênero no Brasil vieram do Rio de Janeiro. A maioria dos funks mais tocados no Brasil
integra esse subgênero. Vale lembrar que, apesar de ser denominado “carioca”, ele não precisa, necessariamente, ser produzido na região. Funk ostentação (funk paulista)Com certeza você já deve ter ouvido aquelas canções que falam sobre carros de luxo, joias e dinheiro, certo? Pois bem. Essas músicas constituem o funk ostentação, também chamado de funk paulista. Ele, ao exaltar o consumismo desenfreado, sugere o desejo da população periférica de “melhorar de vida”, saindo das favelas e adquirindo os produtos que lhes são
mostrados nas propagandas e novelas. Funk conscienteEste subgênero muitas vezes é comparado ao rap, já que o objetivo desta categoria é denunciar os problemas sociais e, principalmente, o descaso com os moradores de favelas. Funk popO funk pop costuma ser o destino final dos artistas que desejam conquistar espaço nacional e internacional na música. Essa vertente traz canções mais populares, com letras mais suaves quando comparadas com o funk no geral e batidas semelhantes ao pop. Muitos dos cantores do funk carioca e do funk ostentação migram para esse subgênero, deixando até de usar a nomenclatura “MC”, como foi o caso de Anitta e Ludmilla (antiga MC Beyoncé). Funk proibidãoO funk proibidão, dentre todos os citados, é o mais cercado de polêmicas, especialmente por causa de suas letras, que falam, principalmente, da vida no crime. Porém, a categoria também faz uso de palavrões, fala de sexo de forma explícita e sobre drogas. Entretanto, apesar das letras falarem sobre todos esses temas, o funk proibidão não necessariamente faz apologia à criminalidade, por exemplo. Polêmicas envolvendo o funkO funk, assim como outros gêneros musicais, possui elementos controversos. O principal ponto de debate, de certo, são as letras. Porém, elas não são a única razão das divergências quanto este gênero musical. Aqui, separamos as principais polêmicas do funk. DançaA dança no funk, no geral, é diversificada. Os principais passos são o “passinho do romano”, o “passinho dos maloca” e o “passinho” – clique em cada um caso queira ver um exemplo. Este último, inclusive, foi declarado patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro, em 2018. Quem se recorda de “Todo mundo aperta o play”, uma das trilhas sonoras da Copa do Mundo FIFA de 2014? Entretanto, a principal contestação quanto à dança é o fato de ela possuir uma certa sensualidade, sendo, muitas vezes consideradas vulgar por algumas pessoas. As mulheres dançando funk, geralmente, movimentam o quadril e bumbum de forma sensual e movimentos similares aos realizados durante o sexo também são comuns. Erotização infantilÉ comum na indústria do entretenimento pessoas de várias idades buscarem sucesso, incluindo as crianças. Contudo, a erotização em que boa parte dessas crianças é exposta é um assunto que está em alta, inclusive sobre as crianças que estão no funk. Melody (ex MC Melody) por exemplo, começou sua carreira aos oito anos de idade. Porém, seu vestuário e as letras de suas canções são frequentemente contestadas, justamente por sua idade. O Ministério Público chegou a abrir inquérito contra seu pai – quem gerencia a carreira de Melody – por causa de suas roupas consideradas adultas, o que influenciou com que ele reformulasse toda a sua carreira da filha. LetrasAs letras dos funks atuais, em sua maioria, falam sobre o corpo feminino, bem como relacionamentos, ostentação e sexo. Entretanto, a forma com que
esses assuntos são abordados é o que gera vários questionamentos. Recentemente, a canção “Surubinha de leve” foi alvo de denúncias por fazer apologia ao estupro. Como resultado de tamanha repercussão, a música original foi retirada do YouTube, bem como de serviços de streaming, como o Spotify.
VestuárioO funk, assim como outros gêneros musicais, possui sua “roupa a caráter”. O ponto ostentação também entra nessa categoria: jóias caras, roupas de marca e assim por diante. Entretanto, a principal controvérsia é sobre as roupas que as mulheres usam. Aliás, as “poucas” roupas que usam. Já fez nosso quiz sobre violência contra a mulher? O funk vai ser crime?No ano de 2017, uma sugestão de projeto de lei criminalizando o funk atingiu 20 mil assinaturas, número mínimo para que uma proposta seja encaminhada para a
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e debatida pelos senadores. O projeto, de autoria do empresário Marcelo Alonso, classifica o gênero musical
como crime de saúde pública à criança, ao adolescente e à família.
O funk, sendo um gênero musical como qualquer outro, busca trazer alguma mensagem inspirado no meio em que é inserido. Entretanto, ele também está condicionado à diferentes interpretações. Será que o gênero irá passar por mais mudanças? Seria essa era mais calma para o funk ou suas polêmicas ainda estão no começo? Conseguiu entender a história do funk no Brasil? Concorda com as polêmicas? Acredita que ele deva ser considerado
crime? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários! Referências do texto: confira aqui onde encontramos dados e informações! AGE MT – Indústria Cultural transforma opressão em modismo Quando começou o funk no Brasil?Década de 80 e Contexto Atual: As Fusões Comerciais
A década de 80 serviu para “quebrar” o funk tradicional e transformá-lo em vários outros subgêneros, de acordo com o gosto do ouvinte, já que a música nesse período era extremamente comercial.
Como surgiu o funk no Brasil e porquê?Trazido para o Brasil no final dos anos 1970, os primeiros bailes funks eram realizados na Zona Sul do Rio de Janeiro (área nobre da cidade). Apenas com o crescimento da MPB e do uso do “Canecão” – local onde os bailes aconteciam – para shows desse gênero que os “Bailes da Pesada” começaram a adentrar o subúrbio.
Onde surgiu o funk do Brasil?O funk carioca surgiu nos anos 1970 no Rio de Janeiro nos conhecidos Bailes da Pesada. Nessa década, os bailes aconteciam na Zona Sul do Rio de Janeiro, uma área considerada “mais nobre” da cidade e tinham como artistas protagonistas da cena DJ 's como Big Boy e Ademir Lemos.
Quem foi o primeiro cantor de funk no Brasil?O primeiro artista do gênero a ganhar repercussão nacional foi o Bonde do Tigrão, que além dos DJs e MCs do funk tradicional, também instaurou a necessidade de dançarinos e coreografias para as canções.
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