Qual o objetivo de Leonardo da Vinci a desenhar o Homem Vitruviano?

Por José Carlos Castro Sanches

Há alguns meses tive o desejo de escrever sobre o “Homem Vitruviano”, passaram-se os dias, e eu estava envolto pelo compromisso laboral nos treinamentos, palestras, consultorias, atividades e processos complementares, bem como, com as rotinas literárias: publicação, revisão e diagramação de livros e produção de textos sobre temas universais diversos, enquanto isso, o tempo passou como uma flecha, quase desapercebido, e eu não havia concretizado o anseio.

Como tudo tem a hora certa, agora chegou o momento para dar vazão à ideia com uma breve reflexão sobre uma criação de Leonardo da Vinci, baseada na obra “De Architectura” do arquiteto, engenheiro, agrimensor, pesquisador e teórico romano Marcus Vitruvius Pollio (Vitrúvio), que viveu no século I a.C.

Eu tinha a nobre missão de ministrar uma palestra sobre: “A importância da Ergonomia no trabalho administrativo”, para o Time da BPSE – Business Partners Serviços Empresariais, extensivo às empresas parceiras de negócios, programada e realizada no dia 28 de abril, “Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho”.

Naquela oportunidade eu queria levar os participantes a refletirem, a partir de uma perspectiva diferente, sobre a importância da ergonomia no ambiente de trabalho. Detive-me a pesquisar e aprofundar o conhecimento acerca do tema buscando encontrar uma maneira simples, didática e objetiva para passar a mensagem aos ouvintes. Utilizei os fundamentos aplicados por Leonardo da Vinci, e o desenho que representa o ideal clássico da beleza, equilíbrio, harmonia das formas e perfeição das proporções, produzida em 1490, durante o renascimento, denominado: “Homem Vitruviano ou Homem de Vitrúvio”.

Marcus Vitruvius, além de escrever o tratado “De Architectura Libri Decem” (em português: Dez Livros sobre Arquitetura), um tratado escrito em latim sobre a arquitetura e a atividade do arquiteto, também fez desenhos que representavam o homem perfeito, estes se perderam no tempo. No século XV, buscando resgatar os desenhos foi apresentado um desafio, contido no terceiro volume da obra, para avaliar quem melhor representaria o “O Homem Vitruviano”, dentre os participantes destacou-se a versão de Leonardo da Vinci.

O livro continha um desafio a que Da Vinci não resistiu.

"Para que qualquer edifício seja belo", escrevera Vitrúvio, "deve ter simetria e proporções perfeitas, como as encontradas na natureza".

"E como o objeto mais perfeito da natureza é o homem, um edifício perfeito deve ter as proporções do corpo humano."

"O desafio proposto por Vitrúvio era que se desenhasse a figura de um homem dentro de um círculo de forma que o centro desse círculo fosse o umbigo do homem. Os braços da figura deveriam estar estendidos e os dedos de suas mãos e pés deveriam tocar a circunferência.

Essa mesma figura deveria também se encaixar perfeitamente dentro de um quadrado.

Leonardo da Vinci desenhou o “Homem Vitruviano”, em duas páginas do seu diário. Trata-se de um estudo, uma espécie de diagrama, que também chegou a ser conhecido como o “ideal das proporções humanas”.

O desejo maior do artista ao produzir o famoso desenho era conhecer as proporções do corpo humano, entender a harmonia do corpo para usar esse conhecimento tornando os seus trabalhos mais realistas.

Ao estudar as proporções do corpo humano, Leonardo também pretendia entender melhor o funcionamento da arquitetura (para ele, um edifício perfeito deveria ser proporcional e simétrico como o corpo humano). No período em que fez o desenho, Da Vinci trabalhava em uma série de construções de edifícios na Itália.

Desde a antiguidade uma série de artistas se debruçavam sobre as medidas do corpo humano tentando estabelecer regras que traduzissem a proporção corpórea.

O "Homem Vitruviano" coloca em questão a divina proporção ou a razão áurea, que é um padrão que demonstra simetria perfeita e que se repete na natureza (inclusive no corpo humano). Para Leonardo da Vinci, o homem era o modelo do mundo, a criação máxima de Deus.

O desenho apresenta um homem nu, com os braços inscritos num círculo e num quadrado, numa sobreposição de imagens que formam quatro posições diferentes. Numa delas, os braços fazem um ângulo de 90 graus; e noutra, eles aparecem mais acima da cabeça. Com relação às pernas, numa figura estão cerradas e em outra, abertas. E a cabeça é calculada como sendo um oitavo da altura total. 

Uma das obras mais conhecidas do mundo, o “Homem Vitruviano” é considerado um Cânone das Proporções. Atualmente está exposta na Gallerie dell’Accademia (Galeria da Academia) em Veneza, na Itália. Além de Da Vinci, outros artistas tentaram reproduzir o homem descrito por Vitrúvio. São eles: Francesco di Giorgio Martini, Albrecht Dürer, Cesare Cesariano, Walther Hermann Ryff e Robert Fludd.

Vitrúvio já havia tentado encaixar as proporções do corpo humano dentro da figura de um quadrado e um círculo, mas suas tentativas ficaram imperfeitas. Foi apenas com Leonardo que o encaixe saiu corretamente perfeito dentro dos padrões matemáticos esperados.

O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano no século XV por Leonardo e outros é considerado uma das grandes realizações que conduzem ao Renascimento Italiano.

O desenho também é considerado frequentemente como um símbolo da simetria básica do corpo humano e, por extensão, para o universo como um todo".

 De verdade me encantei com a essência da obra “De Architectura”, um tratado de arquitetura composto por dez livros, especialmente pelo terceiro livro que apresenta as proporções ideais do corpo humano.

Segundo a obra, as proporções necessárias para que um homem seja considerado perfeito ou belo são:

“Um palmo é o comprimento de quatro dedos

Um pé é o comprimento de quatro palmos

Um côvado é o comprimento de seis palmos

Um passo são quatro côvados

A altura de um homem é quatro côvados

O comprimento dos braços abertos de um homem (envergadura dos braços) é igual à sua altura

A distância entre a linha de cabelo na testa e o fundo do queixo é um décimo da altura de um homem

A distância entre o topo da cabeça e o fundo do queixo é um oitavo da altura de um homem

A distância entre o fundo do pescoço e a linha de cabelo na testa é um sexto da altura de um homem

O comprimento máximo nos ombros é um quarto da altura de um homem

A distância entre o meio do peito e o topo da cabeça é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da altura de um homem

A distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de um homem

O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem

A distância entre o fundo do queixo e o nariz é um terço do comprimento do rosto

A distância entre a linha de cabelo na testa e as sobrancelhas é um terço do comprimento do rosto

O comprimento da orelha é um terço do da face

O comprimento do pé é um sexto da altura”.

Fiquei feliz ao perceber que me encaixo perfeitamente nas medidas sugeridas acima, reproduzidas por Leonardo da Vinci, naquela obra rara de proporções técnicas considerada um algoritmo matemático, em que a área total do círculo é equivalente à do quadrado (quadratura do círculo).

Tudo não passa de um sonho, estou longe da plenitude. Quem dera eu, ser um homem perfeito! A perfeição é uma quimera! Seria o “Homem Vitruviano” para da Vinci, como o “Elixir da longa vida”, para os Alquimistas? Uma utopia! Ou a é uma realidade comprovada pela matemática?

Seja qual for a sua resposta a minha admiração pelo "Homem Vitruviano" e pelo criador da obra Leonardo da Vinci fez com que eu emoldurasse a relíquia num lindo quadro para pendurar na parede do meu escritório, que juntamente com o quadro de Mona Lisa e Autorretrato, estrão sempre ao meu lado servindo de amuleto e inspiração para a vida.

São Luís, 04 de maio de 2022.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e catorze livros inéditos. Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches, com citações de autores e fontes pesquisadas entre aspas e, está licenciada com a licença JCS04.05.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

Qual foi o objetivo de Leonardo da Vinci ao desenhar o Homem Vitruviano?

O Homem Vitruviano é um desenho de Leonardo da Vinci que apresenta o corpo humano a partir das proporções ideais. Arquitetado por meio dos conceitos expostos na obra “De Architectura” do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio, a ilustração representa o ideal de beleza e a harmonia nas proporções.

Qual a mensagem que o Homem Vitruviano passa?

Este desenho ilustra a tese filosófica segundo a qual “o homem é a medida de todas as coisas”, própria do Renascimento. Considerado como um símbolo da simetria básica do corpo humano e, por extensão, para o universo como um todo. O Homem Vitruviano, c.

Quais são as principais características do Homem Vitruviano?

As principais características do Homem Vitruviano estão relacionadas com a proporcionalidade e o nível de perfeição das formas. Ele é apontado como uma figura de proporções ideais, segundo o modelo clássico de beleza. A técnica utilizada por Da Vinci foi lápis e tinta sobre o papel e tem como dimensões 34 por 24 cm.

O que o Homem Vitruviano tem a ver com a evolução humana?

O Homem Vitruviano de Leonardo é assim considerado um dos maiores símbolos do Renascimento, pois a essência do movimento está exatamente na evolução humana. De um homem preso às dinâmicas básicas da vida ao homem do conhecimento que pode se elevar e com ele elevar a humanidade.