Qual foi a estratégia dos espanhóis na conquista das terras astecas e incas?

A conquista do Império Inca foi um empreendimento realizado pelos espanhóis na expedição liderada por Francisco Pizarro a partir de 1532. Essa expedição inseriu-se no contexto de conquista da América Espanhola e levou à fundação do Vice-Reino do Peru. O território dos incas era formado por regiões que hoje correspondem ao Equador e ao norte do Chile e Argentina.

Incas

O Império Inca era um grande império indígena formado, assim como o Império Asteca, a partir de guerras e conquistas de outros povos. A dimensão territorial desse império era gigantesca e, de acordo com a historiadora Marianne Mahn-Lot, estendia-se por mais de quatro mil quilômetros. Os incas chamavam-no de Tahuantinsuyu, que, traduzido do quéchua (idioma dos incas), significa “império das quatro direções”|1|.

Os incas sobreviviam da agricultura, principalmente do cultivo do milho e batata, além da criação de lhamas. Eles eram governados por um imperador chamado Sapa Inca. Segundo suas lendas, o primeiro imperador inca havia sido Pachacuti, elevado ao trono por volta de 1438.

Quando os espanhóis chegaram ao Império Inca, em 1532, encontraram-no em estado de guerra civil. Essa guerra havia sido causada na disputa pela sucessão imperial. Após a morte do imperador Huayna Capac em 1528, os dois filhos dele, Atahualpa e Huáscar, iniciaram uma luta entre si pela disputa do poder.

Atahualpa possuía forte apoio da elite do norte do império, sobretudo da cidade de Quito. Já Huáscar contava com o apoio da elite do sul do império. Huáscar havia tentado capturar a cidade de Quito, porém, as forças do irmão prevaleceram e, durante a batalha, ele foi feito prisioneiro.

Expedição de Pizarro

Francisco Pizarro era um plebeu espanhol (diferentemente do conquistador espanhol Cortés, que era um fidalgo) e havia chegado ao continente americano por volta de seus 34 anos. Em 1532, na expedição de conquista dos Incas, Pizarro tinha 56 anos. Ele possuía domínios em uma terra chamada de Castilla del Oro (atual Panamá) e soube da região dos Incas a partir do relato de outros exploradores, que haviam ouvido falar de uma região chamada “Biru”.

Em 1527, Pizarro organizou uma expedição em direção às regiões do Império Inca. No entanto, essa expedição foi um fracasso e teve contato apenas com povos subjugados pelos Incas. Esse conquistador espanhol, então, foi atrás de uma autorização real para uma nova expedição. O rei Carlos V concedeu-lhe essa autorização em 1529. O grupo formado por Pizarro contou com “três navios, 200 homens, 27 cavalos”|2|.

Assim que chegou às terras do Império Inca, Pizarro mobilizou suas forças em direção à Cajamarca, local onde Atahualpa instalou-se após vencer as tropas de Huáscar em Quito. Quando as forças espanholas chegaram, o representante do Império Inca resolveu recebê-los e, após um desentendimento, seguiu-se um grande massacre de incas.

Esse desentendimento iniciou-se após o padre dominicano Valverde entregar uma bíblia a Atahualpa e exigir sua conversão ao cristianismo. Com a recusa dele, os espanhóis atacaram os incas e, depois do combate, conseguiram aprisionar Atahualpa. Uma vez preso, ele ordenou a execução de Huáscar para evitar sua aliança com os espanhóis.

Após ser preso, os espanhóis exigiram ouro e prata, e Atahualpa ofereceu encher uma sala de metais preciosos em troca de sua liberdade. Mesmo após mobilizar grande quantidade de metais preciosos, Atahualpa foi executado pelos espanhóis, acusado de traição por causa do rumor de que um aliado seu tramava atacar os espanhóis a partir de Quito (o rumor era falso).

Depois da execução de Atahualpa, os espanhóis conseguiram conquistar a capital do Império Inca, Cuzco, e, posteriormente, a cidade de Quito. O Imperador que ocupou o trono, Manco Capac, aliou-se aos espanhóis e ajudou-os a conter rebeliões incas. Em 1535, Pizarro fundou a cidade de Lima para facilitar o contato com o Panamá. Ele foi assassinado em 1541, após um desentendimento com Diego Almagro e seus aliados.

|1| MAHN-LOT, Marianne. A conquista da América Espanhola. Campinas: Papirus, 1990, p. 50.
|2| Idem, p. 52.

* Créditos da imagem: Zoltan Katona e Shutterstock

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A expedição espanhola liderada por Hernan Cortés realizou a conquista do Império Asteca entre os anos de 1519 e 1521 e iniciou a colonização do México.

A conquista do Império Asteca foi um dos episódios de dominação da América Espanhola realizada no início do século XVI. A expedição de conquista foi liderada pelo fidalgo espanhol Hernán Cortés e iniciou o processo de colonização do México.

Expedição de Hernán Cortés e os contatos com os astecas

A conquista dos astecas foi realizada pelo espanhol Hernán Cortés em um processo que se iniciou em 1519. A expedição espanhola saiu de Cuba com cerca de 508 homens em 11 embarcações na direção da Península de Iucatã (México). A essa altura do século XVI, os espanhóis já estavam bem estabelecidos no Mar do Caribe e, aos poucos, exploravam a América Central e do Norte.

As embarcações da expedição de Cortés atracaram no litoral mexicano, estabelecendo-se na cidade totonaca de Cempoala (próxima à atual cidade de Veracruz). Assim que entrou nessa cidade, Cortés passou a receber os emissários do imperador asteca, Montezuma. Esses mensageiros davam boas-vindas aos espanhóis e ofereciam presentes a seu líder como demonstração de cortesia.

Durante as conversações de Cortés com os emissários, o fidalgo espanhol havia deixado claro sua intenção de conhecer o imperador asteca em sua capital, Tenochtitlán. No entanto, os emissários de Montezuma afirmavam que o imperador não tinha interesse em recebê-lo em sua cidade.

Esses contatos entre espanhóis e astecas eram realizados a partir da tradução de Malinche (chamada de Dona Marina pelos espanhóis). Ela era uma indígena da etnia nahua que havia sido dada para Cortés como presente. Malinche falava nahuatl, a língua asteca, e havia aprendido o espanhol.

Astecas

Os astecas eram um povo mesoamericano (relativo à América Central e parte da América do Norte) que se estabeleceu na cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México) por volta do século XIV. A lenda asteca afirmava que os mexicas (antecessores dos astecas) fixaram-se em Tenochtitlán a partir de um sinal dado pelo deus Huitzilopochtli, que era uma águia com uma cobra capturada sobre um cacto. A cidade de Tenochtitlán havia sido fundada em uma ilha sobre o lago Texcoco.

Os astecas possuíam alimentação à base de milho e sua agricultura era extremamente avançada. Eles cultivavam seus itens agrícolas em ilhas artificiais que eram projetadas para flutuar sob o lago Texcoco. Essas ilhas fertilizadas pelos próprios astecas eram chamadas de chinampas.

Além disso, eles formavam uma sociedade extremamente organizada e complexa, com um comércio bem desenvolvido e conhecimentos avançados de metalurgia e astronomia. O imperador asteca no período da chegada dos espanhóis era Montezuma, que havia sido coroado em 1502.

Caminho de Cortés para Tenochtitlán

Assim que se estabeleceu, Cortés percebeu pelo contato com outros povos indígenas uma oportunidade de enfraquecer o Império Asteca e, assim, conquistá-lo. Os astecas controlavam uma série de povos pela força e impunha sobre eles pesados impostos. Muitos desses povos viam o domínio asteca como opressor.

Ao saber disso, Cortés atuou para convencer os indígenas a rebelarem-se contra os astecas. Dessa forma, ele convenceu os povos totonacas a aliarem-se aos espanhóis para lutar contra o Império Asteca com a promessa de que, assim, estariam livres do domínio e dos impostos astecas. Logo após conseguir o apoio dos totonacas, o líder espanhol fundou a cidade de Veracruz e partiu com 450 de seus homens rumo à conquista de Tenochtitlán.

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Durante o percurso, as forças de Cortés entraram em guerra contra o povo tlaxcalteca, um dos maiores adversários dos astecas. Os Tlaxcaltecas eram um povo independente da região do México, pois não havia sido conquistado pelos astecas. Esse povo tornou-se, naquele momento, o maior obstáculo antes de os espanhóis chegarem à capital asteca.

No entanto, os espanhóis, junto aos guerreiros totonacas, conseguiram vencer os tlaxcaltecas. Depois de derrotados, esse povo foi convencido por Cortés a aliar-se aos espanhóis e lutar contra os astecas. Os guerreiros tlaxcaltecas foram muito importantes na conquista da capital asteca em 1521.

Uma das primeiras hostilidades entre espanhóis e astecas aconteceu na cidade de Cholula. Após um desentendimento, iniciou-se um combate que levou a um grande massacre de astecas pelos espanhóis. O massacre de Cholula convenceu Montezuma a deixar os espanhóis entrarem na capital asteca.

Conquista dos astecas

A entrada dos espanhóis em Tenochtitlán aconteceu em 3 de novembro de 1519. Enquanto estava em Tenochtitlán, Cortés fez refém o imperador asteca e deixou-o em posse de seus homens. Em seguida, o fidalgo espanhol precisou voltar para Veracruz e, quando retornou em junho de 1520, encontrou a cidade de Tenochtitlán em estado de rebelião.

Essa rebelião ocorreu após desentendimentos entre os espanhóis e os astecas. O resultado disso foi um evento que os espanhóis chamaram de La Noche Triste (“A Noite Triste”), no qual metade do grupo de Cortés foi morta pelos astecas. Durante a rebelião, o imperador asteca também foi morto após ser apedrejado na cabeça.

Depois de fugir de Tenochtitlán, Cortés reformulou as suas forças e, junto de guerreiros totonacas e tlaxcaltecas, cercou a capital asteca em 1521. O cerco a Tenochtitlán contou com inúmeras embarcações e, segundo relatos, resultou em combates violentos nas ruas da cidade asteca. As consequências dessa batalha foram a vitória espanhola e o aprisionamento do novo imperador asteca, Cuauhtémoc.

Após a conquista de Tenochtitlán, os espanhóis subjugaram os territórios vizinhos dominados pelos astecas e iniciaram a colonização. O rei espanhol criou no local o Vice-Reino da Nova Espanha e transformou Hernán Cortés em vice-rei, que acabou adquirindo grande riqueza no cargo.

Causas da vitória espanhola

Os astecas possuíam uma sociedade bastante avançada e complexa e, por isso, a rápida vitória dos espanhóis sempre causou admiração. Os historiadores consideram três fatores fundamentais para essa conquista da Espanha:

  • Superioridade armamentícia: os espanhóis, além das armas de fogo, possuíam balestras (bestas) e espadas de metal que, em combate, eram infinitamente superiores aos armamentos utilizados pelos astecas. Esse fator foi essencial para garantir a vitória em combate.

  • Doenças contagiosas: as doenças trazidas pelos europeus e que não existiam na América (com destaque para a varíola) naquela época atuaram de forma epidêmica entre os nativos. Como os indígenas não apresentavam anticorpos para essas doenças, elas tornaram-se mortais e contribuíram para a morte de milhões deles.

  • Alianças políticas: as alianças de Cortés com os totonacas e os tlaxcaltecas foram muito importantes para a vitória dos espanhóis, pois, além do conhecimento sobre a região e os astecas, ofereciam guerreiros para reforçar a luta contra o Império Asteca.

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Qual a estratégia usada pelos espanhóis para conquistar os impérios asteca e inca?

Cortés convenceu-o de que a aliança com os espanhóis oferecia a vantagem de não haver mais obrigação de pagar os impostos que eram pagos aos astecas. Após garantir o apoio dos totonacas, Cortés fundou uma cidade na região (Veracruz) e, juntamente de guerreiros totonacas, iniciou uma marcha pelo vale do México.

Qual foi a estratégia dos espanhóis para conquista?

A conquista da América Espanhola foi marcada pelo uso de violência contra os povos nativos desde a chegada dos espanhóis em 1492. A conquista da América Espanhola foi o processo de ocupação da América pelos espanhóis e consequente controle sobre as áreas até então ocupadas pelos povos nativos.

Qual foi a forma utilizada pelos espanhóis para vencer os astecas?

Os espanhóis possuíam armas de fogo (mosquetes, canhões, arcabuzes, bacamartes...), algo de que os astecas não dispunham. Sem dúvida, as armas de fogo usadas pelos espanhóis tinham grande poder destrutivo e de intimidação.

Como foi a conquista do Império Inca pelos espanhóis?

O incas formaram um grande império indígena que se concentrou, principalmente, na região do atual Peru. Esse povo foi conquistado pelos espanhóis a partir de 1532, quando uma expedição encabeçada por Francisco Pizarro aproveitou-se de uma guerra civil no Império Inca para dominar a região.