Scripta Nova Show BRASIL E EUROPA: UMA AN�LISE COMPARATIVA DAS ESTRUTURAS ET�RIAS Barbara-Christine Nentwig Silva Maina Piraj� Silva Recibido: 5 de febrero de 2009. Devuelto para revisi�n: 4 de mayo de 2009. Aceptado: 18 de junio de 2009. Brasil e Europa: uma an�lise comparativa das estruturas et�rias (Resumo) As transforma��es na estrutura da popula��o por idade constituem um importante indicador de quest�es sociais, culturais, econ�micas, pol�ticas e ambientais que ocorrem em um determinado espa�o, tamb�m tomado em rela��o com outros espa�os. Assim, este trabalho analisa, de forma comparativa, (i) a composi��o da popula��o por idade da Europa e de pa�ses europeus com o Brasil e seus estados e (ii) as caracter�sticas de v�rios outros indicadores demogr�ficos. As diferen�as entre o Brasil e a Europa s�o hoje bem menores que em d�cadas anteriores. Entre os pa�ses europeus e os estados brasileiros as diferen�as s�o mais expressivas. Entretanto, h� v�rios estados brasileiros que avan�aram bastante na transi��o demogr�fica, com destaque para o Rio Grande do Sul, com pequena participa��o da popula��o infantil, baixas taxas de fecundidade e crescimento anual e expressiva participa��o de idosos na popula��o total. Isto o aproxima do exemplo de alguns pa�ses europeus analisados. Palavras-chave: estruturas et�rias, indicadores demogr�ficos, compara��o Brasil-Europa, compara��o pa�ses europeus-estados brasileiros. Brazil and Europe: a comparative analysis of age structures (Abstract) The changes in the population structured by age are an important indicator of social, cultural, economic, political and environmental issues that occur in a given space also related to other spaces. Therefore, this paper analyzes, in a comparative way, (i) the way populations from Europe, European countries, Brazil and Brazilian states are constituted according to the age aspect and (ii) the characteristics of several other demographic indicators. The differences between Brazil and Europe today are smaller than in previous decades. When we compare the European countries with Brazilian states the differences are more significant. However, there are several Brazilian states in an advanced form of demographic transition, especially Rio Grande do Sul, having little participation of infantile population, low fecundity rate and annual population growth, and expressive presence of aged population in total population. This is not far from the example of some European countries analyzed. Key words: age structures, demographic indicators, Brazil-Europe comparison, European countries-Brazilian states comparison. As mudan�as na composi��o da popula��o por idade constituem um relevante indicador que sintetiza um grande n�mero de quest�es sociais, culturais, econ�micas, pol�ticas e ambientais que ocorrem em um determinado espa�o. Estas mudan�as expressam igualmente, e de forma integrada, as rela��es de um espa�o com outros espa�os que, neste caso, t�m como destaque, as migra��es. A an�lise de toda essa din�mica permite, portanto, agregar importantes elementos para a compreens�o sint�tica das caracter�sticas s�cio-econ�micas e pol�tico-culturais de um pa�s, regi�o, estado, munic�pio ou cidade. Com isto, tamb�m, fica ressaltada a pertin�ncia de estudos comparativos que possam contribuir para o entendimento e a proposi��o de uma classifica��o da diversidade de situa��es que decorrem da variedade de combina��es das quest�es acima enumeradas. Por conseguinte, este trabalho tem como objetivo comparar a estrutura demogr�fica, por idade, de pa�ses europeus com o Brasil e seus estados, propondo uma classifica��o e uma an�lise de outros indicadores de popula��o que decorrem da compara��o. Os pa�ses europeus foram escolhidos para serem comparados com o Brasil por terem iniciado, h� bem mais tempo que o nosso pa�s, um vigoroso processo de sucessivas transforma��es de suas complexas estruturas et�rias. A an�lise comparativa permitir� conhecer nossa maior ou menor proximidade com os modelos europeus, inferindo se eles podem servir ou n�o como indicadores de tend�ncias. Em outras palavras, isto permitir� avaliar o est�gio atual da transi��o demogr�fica do Brasil e dos seus estados. Neste trabalho, entende-se por transi��o demogr�fica as altera��es que ocorrem na estrutura e no crescimento de uma determinada popula��o, priorizadas aqui por sua composi��o em grupos et�rios e por diversos outros indicadores demogr�ficos. Isto ocasiona a passagem de uma fase de crescimento elevado, com destaque para a presen�a expressiva de uma popula��o infanto-juvenil para uma outra fase, com baixo crescimento e com maior participa��o relativa da popula��o de adultos e idosos. As informa��es foram buscadas nos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), para o Brasil, com seus 26 estados e o Distrito Federal, e nos sistemas de informa��es do StatisticalOffice of the EuropeanCommunities (EUROSTAT), para os 27 pa�ses que formam hoje a Uni�o Europ�ia. Os dados referentes ao total da popula��o destes pa�ses s�o de 1970 a 2007 e para cada Unidade da Federa��o do Brasil e pa�ses europeus, os dados utilizados s�o de 2007. As popula��es dos referidos pa�ses foram agrupadas segundo as suas idades em faixas de 5 em 5 anos. As pir�mides s�o apresentadas, para homens e mulheres, com os valores relativos em cada faixa para possibilitar a compara��o. Para apresentar a popula��o total do Brasil e da Uni�o Europ�ia e as mudan�as ocorridas nas pir�mides de idade, foram escolhidos os dados referentes aos anos de Recenseamento efetuado pelo IBGE e, em 2007, da Contagem da Popula��o para o Brasil. Portanto, a metodologia foi baseada na constru��o gr�fica de pir�mides de idade e no c�lculo de outros indicadores demogr�ficos para viabilizar, em ambos os casos, a compara��o e a proposi��o de desdobramentos interpretativos. Com isto, � poss�vel situar a realidade brasileira como um todo e de seus estados, diante dos pa�ses europeus, tentando compreender as raz�es da diversidade. Europa: a diversidade das estruturas por idade Antes de analisar as pir�mides dos 27 pa�ses que comp�em hoje a Uni�o Europ�ia, coincidentemente, o mesmo n�mero de estados brasileiros, com o Distrito Federal, � pertinente destacar a popula��o destes pa�ses e sua evolu��o de 1970 a 2007. Assim, em 1970, o conjunto dos 27 pa�ses contou com uma popula��o de habitantes, que cresceu at� 1980 para 459.114.654 habitantes, somou, em 1991, 473.243.010 habitantes, em 2000, 483.781.678 habitantes e atingiu, em 2007, a popula��o de , o que significa um crescimento de 13,75% entre 1970 e 2007. A figura 1 apresenta para cada ano selecionado a popula��o por faixas de idade, permitindo, assim, avaliar a evolu��o das pir�mides et�rias de 1970 a 2007 para o conjunto dos pa�ses que atualmente fazem parte da Uni�o Europ�ia. Para estes pa�ses, a pir�mide de 1970 ainda apresenta uma base larga para a popula��o at� 9 anos, ou seja, a maior porcentagem de popula��o se localiza nas duas primeiras faixas, e um significativo recuo na faixa de 50 a 54 anos, expressando o ainda forte impacto das perdas da 2� Guerra Mundial. Isto ser� suavizado na pir�mide de 1980, desaparecendo a partir de 1991. H� um destaque para a maior participa��o das mulheres idosas, acima de 80 anos, que aumenta significativamente at� 2007. Pode-se dizer tamb�m que s� a partir de 1980 come�a-se a delinear para toda a Europa uma pir�mide t�pica de uma popula��o est�vel. A pir�mide de 2007 j� indica a proximidade de um est�gio de contra��o da popula��o europ�ia.
Analisando, a seguir, as pir�mides de idade constru�das para cada um dos 27 pa�ses da Uni�o Europ�ia, com dados de 2007, foi poss�vel, atrav�s da compara��o entre as formas produzidas, classific�-las em quatro grandes grupos, mesmo reconhecendo as dificuldades de agrupamento. O primeiro grupo de pa�ses � formado por Portugal, It�lia, Luxemburgo, Espanha, Chipre, Gr�cia e Irlanda (Figura 2). O modelo mais representativo deste grupo � o de Portugal, com sua n�o muita alta, quase reta, base estreita (at� 19 anos), um crescimento acentuado nas faixas seguintes (at� em torno de 34anos) e, a partir da�, finalmente, uma estrutura piramidal. Isto indica, em geral, o car�ter recente da redu��o da fecundidade (cerca de 20, 25 anos), mas em um ritmo extremamente intenso. Assim, a forma-modelo das pir�mides aponta para a passagem de uma popula��o est�vel para uma popula��o em contra��o. A Irlanda foi considerada um caso especial nesse grupo, por ter a base de sua pir�mide et�ria mais larga, chegando a quase 4%.�
O segundo grupo � formado pela Alemanha, �ustria, B�lgica e Holanda, sendo a �ustria o pa�s que pode ser considerado o modelo do grupo (Figura 3), informando o in�cio da fase de contra��o da popula��o. Diferentemente do grupo anterior, a estreita base, quase reta ou at� diminuindo, � bem mais alta (de 0 at� 34 anos), os grupos de crescimento s�o em n�mero menor, seguindo-se a forma piramidal. Isto revela que as mudan�as na redu��o das taxas de fecundidade j� come�aram h� cerca de 34 anos. No caso da Alemanha, a redu��o da faixa de 60 a 64 anos, em 2007, reflete a redu��o dos nascimentos durante a 2� Guerra Mundial e logo ap�s o seu t�rmino. Todos esses pa�ses t�m uma porcentagem bem maior de mulheres do que de homens igual ou acima de 80 anos.
J� o grupo 3 � formado pela Rom�nia, Bulg�ria, Let�nia, Litu�nia, Malta, Rep�blica Tcheca, Pol�nia, Eslov�nia, Est�nia, Eslov�quia e Hungria, sendo a Bulg�ria o pa�s que pode ser considerado o modelo do grupo (Figura 4). A base estreita vai at� 14 ou 19 anos, tornando-se mais larga a partir da�, com varia��es, mas tendendo a uma reta, e depois infletindo em forma piramidal para as idades mais avan�adas. N�o h� um destaque pronunciado para a faixa et�ria feminina igual ou acima de 80 anos como acontece nos grupos 1, 2 e 4. As mudan�as ocorridas h� 20 anos com a redu��o das taxas de fecundidade permitem conhecer o car�ter de estabilidade para estas popula��es.
Finalmente, o grupo 4 � formado pelo Reino Unido, Finl�ndia, Su�cia, Fran�a e Dinamarca, sendo a Fran�a considerada o modelo do grupo (Figura 5). A base � estreita, quase reta e muito alta (at� em torno de 64 anos), quando se reduz progressivamente. As mudan�as ocorridas h� mais de 60 anos prosseguem de forma homog�nea ao longo da pir�mide de idade, bem pr�xima do modelo de contra��o da popula��o.
Portanto, observando o conjunto das pir�mides de idade da Europa e dos pa�ses que a constituem, pode-se afirmar que n�o cabe mais, a rigor, o emprego da express�o �pir�mides�, como tradicionalmente se faz, j� que os gr�ficos de barra produzidos n�o lembram esta figura geom�trica.
O mapeamento da distribui��o dos pa�ses segundo os 4 grupos estabelecidos � mostrado na figura 6 e visualiza os agrupamentos espaciais segundo a classifica��o proposta, ressaltando uma certa coer�ncia regional nesta distribui��o. Brasil: a diversidade das estruturas por idade O Brasil tinha, em 1970, uma popula��o 4,70 vezes menor do que a da Europa, reduzindo esta propor��o, em 2007, para 2,70 vezes. Os dados revelam que o Brasil cresceu de 93.134.846 habitantes, em 1970, para 119.011.052, em 1980, para 146.825475, em 1991, para 169.799.170, em 2000, atingindo 183.987.291 pessoas em 2007, o que representa um crescimento de 97,55% no per�odo, bem diferente do da Europa. Na perspectiva de situar o per�odo em que a popula��o brasileira come�a sua transi��o demogr�fica, aqui representada na mudan�a de sua estrutura piramidal tradicional, com a redu��o das primeiras faixas de popula��o infantil comparada com a popula��o jovem e a do crescimento relativo da popula��o de idosos, a figura 7 apresenta as pir�mides de idade do Brasil entre 1970 e 2007. Analisando os gr�ficos, fica evidente que o ano de 1980 foi o �ltimo a apresentar uma pir�mide tradicional, t�pica de um pa�s bem jovem e com altas taxas de crescimento demogr�fico. J� a pir�mide de 1991 � a primeira a apresentar a redu��o da participa��o da popula��o at� 4 anos que n�o representa mais a maior faixa da pir�mide, e o aumento da popula��o de idosos. Assim, a popula��o de crian�as at� 4 anos caiu de 13,82%, em 1980, para 11,25%, em 1991, e a popula��o de 80 anos e mais aumentou de 0,50% para 0,77% no mesmo per�odo. Com isto, pode-se afirmar com seguran�a que a transi��o acima apontada ocorreu entre 1980 e 1991.
Evidentemente, a estrutura por idades da popula��o brasileira n�o � homog�nea para todo o territ�rio nacional, de propor��es continentais. Para a an�lise desta diversidade foram constru�das as pir�mides para os estados brasileiros referentes a 2007, classificados, da mesma forma que ocorreu com os pa�ses europeus, em grupos com certa homogeneidade dada pelas formas, tamb�m reconhecendo as dificuldades inerentes a este processo. A primeira observa��o a ser feita � a de que todos os estados brasileiros j� iniciaram sua transi��o demogr�fica, mas com resultados bem diferenciados. O grupo 1 (Amazonas, Acre, Roraima, Amap�, Par� e Maranh�o) � certamente o grupo que expressa o car�ter recente de sua inser��o na transi��o demogr�fica, com a redu��o da primeira faixa et�ria (de 0 a 4 anos), mas mantendo-se a forma piramidal tradicional (Figura 8). Comparando com as pir�mides de 2000 (Silva e Silva, 2007), verifica-se que a mudan�a come�ou nestes estados somente neste ano. O Estado modelo escolhido foi o Par�.
O grupo 2 (Alagoas, Cear�, Rond�nia, Piau� e Tocantins) difere do anterior por ter uma forma mais endenteada nas faixas de crian�as, o que indica que a transi��o come�ou antes, entre 1991 e 2000 (Silva e Silva, 2007). O modelo � o do Cear� (Figura 9).
O grupo 3, formado pelos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paran�, Rio Grande do Sul e Distrito Federal � mais complexo por ter um recuo nas popula��es de adolescentes e nas primeiras faixas de adultos (Figura 10). S�o estados que iniciaram suas transi��es h� mais tempo, como o Rio Grande do Sul, j� na d�cada de 70, ou como os demais estados, na d�cada de 80, como � poss�vel deduzir na an�lise temporal das faixas e comparando com a situa��o de 2000 (Silva e Silva, 2007). O modelo mais significativo � o do Rio Grande do Sul, apontando para uma futura proximidade com um padr�o de estabilidade da popula��o. Por outro lado, o Distrito Federal tem a particularidade de ter uma popula��o feminina bem superior � masculina, sobretudo nas faixas intermedi�rias, o que certamente aponta para a relev�ncia dos processos migrat�rios femininos, sobretudo em busca de empregos p�blicos ou dom�sticos.
Prosseguindo, o grupo 4 (Pernambuco, Bahia, Esp�rito Santo, Sergipe, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Para�ba, Mato Grosso do Sul, Goi�s e S�o Paulo) tem, al�m da redu��o nas primeiras faixas, um aspecto mais abaulado nas faixas de jovens e nas primeiras faixas de adultos que no grupo anterior, apresentando, em seguida, a forma piramidal mais tradicional (Figura 11). O modelo escolhido � o Esp�rito Santo.
Em termos comparativos, as pir�mides de todos os estados brasileiros s�o bem diferentes das pir�mides dos pa�ses europeus o que expressa o car�ter recente de nossas transforma��es demogr�ficas. Os estados que j� iniciaram uma fase de mudan�as mais significativas, os do grupo 3 (Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paran�, Rio Grande do Sul e Distrito Federal), parecem indicar uma bem pequena aproxima��o com o grupo 3 de pa�ses europeus (Rom�nia,Bulg�ria, Let�nia, Litu�nia, Malta, Rep�blica Tcheca, Pol�nia, Eslov�nia, Est�nia, Eslov�quia e Hungria). Neste sentido, a compara��o mais significativa, mas ainda fr�gil, seria a do Rio Grande do Sul com a Bulg�ria.
A distribui��o dos estados brasileiros segundo a classifica��o em 4 grupos � vis�vel na figura 12 e indica tamb�m a tend�ncia de uma regionaliza��o. Avan�ando na compara��o entre a Europa e o Brasil Na perspectiva de avan�ar na compara��o entre o Brasil e a Europa, faremos, a seguir, uma an�lise de oito indicadores escolhidos como importantes para o entendimento da diversidade das estruturas et�rias: a participa��o de crian�as e de jovens, a participa��o de idosos, a identifica��o da faixa et�ria de maior valor relativo, a compara��o atrav�s de diagrama triangular, os �ndices de depend�ncia demogr�fica, o �ndice de envelhecimento, as taxas de fecundidade e as taxas geom�tricas de crescimento anual da popula��o. A participa��o das crian�as at� 4 anos e de crian�as e jovens at� 14 anos no conjunto da popula��o pode ser vista na quadro 1 para os pa�ses europeus e para as Unidades da Federa��o brasileira. Quadro 1.
Comparando na tabela 1 as colunas da Europa e do Brasil, percebe-se que os valores brasileiros da participa��o de crian�as de 0 a 4 anos e de 0 a 14 anos na popula��o total s�o bem mais altos que os europeus. No Brasil, por exemplo, a popula��o de 0 a 4 anos, corresponde a 8,65% e na Europa somente a 5,23%. O estado brasileiro com maior participa��o relativa de crian�as at� 4 anos � o Acre (11,45%) contra 7,36% para a Irlanda, no continente europeu. Na Europa, o pa�s com menor participa��o � a Alemanha com 4,22% contra 6,43% no Rio Grande do Sul, o estado com menor valor no Brasil. Tomando a m�dia brasileira da popula��o entre 0 e 14 anos, comparada com a m�dia europ�ia, observa-se tamb�m uma diferen�a ainda maior, 28,78% contra 15,91 %, respectivamente. O contr�rio acontece no outro extremo quando se compara a popula��o de pessoas� idosas, aqui tomados a partir de 65 anos e de 80 anos e mais (Quadro 2). � preciso destacar que a partir de 65 anos, tanto no Brasil como na Europa, cresce o n�mero de aposentados dos setores p�blicos e privados. Assim, a participa��o m�dia da popula��o de 65 anos e mais � somente 6,03% para o Brasil contra 15,91% para a Europa. Por outro lado, a m�dia da popula��o de 80 anos e mais � de 3,87% na Europa e no Brasil de 1,25%. Na Europa, o pa�s com maior porcentagem desta faixa de idosos � a It�lia, com 5,49%, contra 1,95% na Para�ba, o maior valor no Brasil, o que n�o deixa de ser uma surpresa j� que este estado nordestino supera bastante os estados do Sul e Sudeste que apresentam melhores indicadores econ�micos e sociais. No Brasil, os estados com menores indicadores quanto � popula��o muito idosa s�o os de Roraima e Amap� (0,56%) e na Europa, a Eslov�quia, com 2,58%, porcentagem bem acima da Para�ba, o de maior valor brasileiro. Quadro 2.
Avan�ando na compara��o, para os estados brasileiros, a faixa de popula��o com o maior valor relativo e que se repete na maioria dos casos, ocorre em doze estados (Cear�, Alagoas, Tocantins, Rond�nia, Bahia, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paran�, Goi�s, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul), � a faixa de 10 a 14 anos (Quadro 3). Por outro lado, seis estados (Acre, Amap�, Par�, Amazonas, Roraima e Maranh�o) t�m a maior freq��ncia populacional nas baixas faixas de idade, entre 5 e 9 anos. No Acre 12,46% da popula��o localiza-se nesta faixa et�ria. Os estados doRio Grande do Norte e S�o Paulo, por sua vez, indicam as mais altas freq��ncias nas faixas et�rias de 20 a 24 anos e o Distrito Federal nas de 25 e 29 anos. Ou seja, a amplitude das faixas et�rias com a maior freq��ncia relativa varia no Brasil entre 5 a 9 anos at� 20 a 24, ou, considerando o Distrito Federal, at� 25 a 29 anos. Em contraste, em dez pa�ses da Europa a faixa com maior valor de popula��o � a de 40 a 44 anos (Alemanha, �ustria, Luxemburgo, It�lia, Holanda, Dinamarca, Reino Unido, B�lgica, Su�cia e Fran�a). Destaca-se a Alemanha com 8,73% nesta faixa de popula��o adulta. Na Finl�ndia o grupo de maior popula��o localiza-se nas faixas de idades bem mais avan�adas, entre 55 a 59 anos, muito acima do resultado encontrado para o Brasil, enquanto que somente quatro pa�ses (Pol�nia, Let�nia, Litu�nia e Est�nia) marcam a maior porcentagem de popula��o nas idades entre 20 e 24 anos. Assim, na Europa, a amplitude das faixas de idade com maior n�mero de pessoas varia entre 20 a 24 anos e 55 a 59 anos. Quadro 3.
Fechando a an�lise por grupos de idade, a figura 13 mostra sinteticamente, sob a forma de um diagrama triangular, como ocorre a distribui��o da popula��o no Brasil e na Europa, dividida em tr�s grupos de idade, 0-14 anos, 15-64 anos e 65 anos e mais. Considerando que a concentra��o dos pontos referentes aos pa�ses europeus e estados brasileiros se d� na parte superior do tri�ngulo, o mesmo � apresentado, para melhor visualiza��o, somente a partir de 50%. Observa-se claramente que os estados brasileiros formam um agrupamento e os pa�ses europeus um outro bem distinto. N�o h� superposi��o entre os dois grupos. H�, contudo, uma maior concentra��o dos pa�ses europeus, com valores relativamente pr�ximos, com rela��o aos estados brasileiros. Por outro lado, fica evidente que os estados brasileiros apresentam maior heterogeneidade entre si nos grupos de 0-14 anos e de 15-64 anos, enquanto que os pa�ses europeus apresentam maior heterogeneidade no grupo de 65 anos e mais. Deve-se tamb�m destacar o fato de que a Irlanda, com 21% de crian�as e jovens, 68% de adultos e 11% de idosos, coloca-se entre os dois grupos analisados, Europa e Brasil. Como compara��o, o Rio Grande do Sul, o mais pr�ximo da Irlanda no gr�fico, tem 23% de crian�as e jovens, 68% de adultos e 9% de idosos.
Isto resulta em �ndices diferenciais de depend�ncia e de envelhecimento no Brasil e na Europa (Quadro 4). Quadro 4.
No Brasil, o �ndice de depend�ncia varia de 41,9% (Distrito Federal) a 65,7% (Acre e Par�), sendo a m�dia do pa�s de 53,7%. Na Europa, o �ndice varia entre 38,4% para a Eslov�quia e 53,4% para a Fran�a, sendo a m�dia europ�ia de 46,8%. J� os �ndices de envelhecimento variam no Brasil de 8,7% (Amap�) at� 38,8% (Rio Grande do Sul), com um �ndice nacional de 21,9%. A m�dia europ�ia � de 102,0%, sendo o menor valor o da Irlanda, com 52,9%, contrastando bastante com a Alemanha, que aponta o maior valor com 146,4%. A tabela 5 permite a compara��o das taxas de fecundidade da Europa e do Brasil. Os dados referem-se ao ano de 2007. A m�dia europ�ia � de 1,52bem abaixo da m�dia brasileira que � de 2,12. O pa�s europeu com maior taxa de fecundidade � a Irlanda (2,01) e a menor taxa � a da Eslov�quia (1,25). J� para o Brasil, a maior taxa � a do Acre (3,10), contra a menor taxa, a do Rio de Janeiro (1,57). � importante destacar que o Rio de Janeiro tem uma taxa de fecundidade mais baixa que dez pa�ses europeus, o que � um relevante indicador do est�gio de suas transforma��es demogr�ficas. Em todos os pa�ses da Europa as taxas s�o abaixo do chamado n�vel de reposi��o de 2,1, taxa de fecundidade que mant�m a popula��o constante no longo prazo. No Brasil, 14 estados indicam taxas abaixo do valor mencionado. Quadro 5.
Finalmente, a quadro 6 compara, entre 2000 e 2007, as taxas geom�tricas de crescimento demogr�fico anual para o Brasil e a Uni�o Europ�ia. A taxa anual de crescimento da Uni�o Europ�ia foi, no per�odo analisado, de 0,37% a.a. e, no Brasil, de 1,42% a.a., ou seja, 3,84 vezes maior. As diferen�as entre a Europa e o Brasil s�o muito significativas: h� oito pa�ses na Uni�o Europ�ia com taxas negativas (Bulg�ria, Rom�nia, Let�nia, Litu�nia, Est�nia, Hungria, Pol�nia e Alemanha) contra nenhum estado brasileiro com crescimento negativo. O pa�s europeu que mais cresceu foi a Irlanda (1,99% a.a.) e o estado brasileiro com maior crescimento foi o Amap�, com 3,02% a.a. J� o estado brasileiro que menos cresceu foi o Rio Grande do Sul, com 0,54% a.a. contra um decr�scimo de 0,92% a.a. da Bulg�ria, o pa�s europeu com maior taxa negativa. Quadro 6.
Conclus�o A realidade brasileira, tomada no seu conjunto, � ainda bem diferente da europ�ia, como foi poss�vel demonstrar, mas a compara��o entre 1970 e 2007 mostra que esta diferen�a foi ainda muito maior nos anos 70, 80 e 90. Por outro lado, comparando as Unidades da Federa��o brasileira com os pa�ses europeus, em 2007, as diferen�as s�o bastante significativas. Elas expressam a diferenciada combina��o t�mporo-espacial de quest�es econ�micas, sociais, pol�ticas, culturais e ambientais em diferentes escalas e contextos. Entretanto, em termos gerais, a an�lise comparativa efetuada permite afirmar:
Sem d�vida, o Rio Grande do Sul � o estado brasileiro que mais avan�ou neste aspecto: � o que tem menor participa��o da popula��o de 0 a 4 anos e de 0 a 14 anos, uma baixa taxa de fecundidade, a menor taxa de crescimento anual, al�m de ter a maior participa��o da popula��o de idosos (65 anos e mais) e o maior �ndice de envelhecimento. Assim, ele �, comprovadamente, o estado mais �europeu� do Brasil, do ponto de vista demogr�fico. Por outro lado, a Irlanda � o pa�s europeu que mais se aproxima do padr�o brasileiro: elevada participa��o de crian�as de 0-4 anos e de crian�as e jovens de 0-14 anos, baixa participa��o da popula��o de 65 anos e mais, alta taxa de fecundidade e alta taxa de crescimento da popula��o, m�dia raz�o de depend�ncia e baixo �ndice de envelhecimento. Portanto, a compara��o das estruturas et�rias entre o Brasil e a Europa suscita relevantes quest�es e desdobramentos para novas pesquisas. Bibliografia B�HR, J�rgen. Bev�lkerungsgeographie. Stuttgart: Ulmer, 1983. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT�STICA (IBGE). Censo demogr�fico 1970, 1980, 1991 e 2000. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT�STICA (IBGE). Contagem da popula��o 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT�STICA (IBGE).� PNAD, 2007. [Em linha]. <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=261&z=t&o=3>. [20 de julho de 2008]. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT�STICA (IBGE).� S�ntese dos indicadores sociais 2007. [Em linha]. <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2008/default.shtm>. [31 de maio de 2009]. STATISTICAL OFFICE OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (EUROSTAT). Population by sex and age on 1.January of each year 1971, 1981, 1992, 2001 e 2008.[Em linha]. <http://epp.eurostat.ec.europa.eu/extraction/evalight/EVAlight.jsp?A=1&language=en&root=/theme3/demo/demo_pjan>. [20 de julho de 2008]. STATISTICAL OFFICE OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (EUROSTAT). Total fertility rate 2007. [Em linha]. <http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=tsdde220&plugin=1>. [31 de maio de 2009]. SILVA, Barbara-Christine N. e SILVA, Maina P. Estruturas et�rias da popula��o do Brasil e dos estados brasileiros. RDE - Revista de Desenvolvimento Econ�mico, 2007, ano 9, n� 16, p. 93-97. THE UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND(UNICEF). Total fertility rate 2007. (Italy, United Kingdom and Belgium). [Em linha]. <http://www.unicef.org/infobycountry/>. [31 de maio de 2009]. WOODS, Robert. Theoretical population geography. London; New York: Longman, 1979. [Edición electrónica del texto realizada por Gerard Jori ] © Copyright Silva, Silva , 2010. Ficha bibliográfica: SILVA, Barbara-Christine Nentwig y Maina Pirajá SILVA. Brasil e Europa: uma análise comparativa das estruturas etárias. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 10 de febrer de 2010, vol. XIV, nº 314. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-314.htm>. [ISSN: 1138-9788]. Quais as principais características das estruturas demográficas da Europa?A população europeia, principalmente da parte ocidental, apresenta várias características: alta escolaridade, elevado IDH, baixas taxas de natalidade e mortalidade, elevado número de idosos, baixa mortalidade infantil, elevada renda per capita e intensa urbanização.
Qual é a estrutura demográfica do continente europeu?A população europeia é constituída por diversos grupos étnicos, com destaque para: anglo-saxões, escandinavos, eslavos, germânicos e latinos. Um dado importante é que a esmagadora maioria da população é constituída por brancos.
Quais são as principais características demográficas?Características demográficas do consumidor são informações como idade, profissão, gênero, estado civil, nível de escolaridade, naturalidade, etnia, entre outras.
Porque o envelhecimento da população tem sido uma das preocupações dos países europeus?O envelhecimento demográfico da Europa é considerado um problema porque a sua ocorrência indica uma redução da População Economicamente Ativa (PEA), que é o número de habitantes (geralmente entre 15 e 60 anos) aptos a trabalhar e, portanto, a sustentar a economia.
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