Quais são as características gerais da economia colonial em Moçambique?

À altura da independência nacional (1975), a estrutura económica de Moçambique apresentava características gerais muito semelhantes com a de qualquer país colonizado, nomeadamente: 1. AGRICULTURA - fonte de rendimento para a maioria da população. 2. INDÚSTRIA - pouco desenvolvida. 3. COMÉRCIO - mercado nacional limitado e subdesenvolvido. - dependência do exterior: importação de bens, equipamento e matérias-primas à indústria; exportação de produtos agrícolas. 4. TRANSPORTES - sistema orientado para o mercado internacional. 5. CLASSE OPERÁRIA - pequena (incipiente) e desorganizada. 6. PRODUTIVIDADE - baixa e baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas.

Foi Vasco da Gama quem tomou contacto com a costa moçambicana na sua viagem rumo à Índia, em 1498, levando consigo as informações que Pero da Covilhã tinha recolhido quando visitou Sofala em 1490. Dando início ao período de ocupação de Moçambique são instaladas feitorias em Sofala e Moçambique e inicia-se a sua exploração através de contactos efetuados por Lourenço Marques e António Caldeira.

O estabelecimento e exploração em Moçambique concretizou-se de forma mais eficaz através da criação de feitorias e de capitanias (1506). Interessava conhecer e explorar o interior da nova colónia, dirigindo a atenção principalmente para a zona do Monomotapa (que corresponde, aproximadamente, ao Zimbabwe e certas regiões do Noroeste de Moçambique) onde era extraído ouro. O principal atrativo comercial do território era precisamente a possibilidade de se explorar ouro em grandes quantidades. A extração e comercialização deste minério passou a ser monopólio da Coroa a partir de 1505.

Portugal aumentava a sua influência no interior do território mas os avanços nem sempre foram pacíficos, pois os indígenas sentiam-se ameaçados pela supremacia dos portugueses no controlo de algumas regiões. Para além do ouro procedia-se à extração de cobre e prata e à comercialização do marfim; estas trocas comerciais resultariam na criação de uma feitoria na zona da cidade de Lourenço Marques nos finais do século XVI. Moçambique continuava a depender administrativamente da Índia.

Como forma de promover o povoamento das vastas áreas estabeleceram-se grupos de portugueses que encetaram relações cordiais com os chefes indígenas, sob a administração de um donatário ao qual era feita a concessão majestática de um prazo.

A par da tarefa de exploração económica e de povoamento, surge a expansão do Cristianismo, da responsabilidade das ordens religiosas. O território era objeto de cobiça das potências estrangeiras e a fortaleza de Moçambique foi atacada pelos holandeses em 1604 pelo que a obra evangelizadora nos territórios orientais foi uma ficção: gradualmente, os núcleos de cristãos foram desaparecendo devido à perseguição por parte dos indígenas fomentada pelos protestantes holandeses.

Durante o século XVII as jazidas de ouro e prata tinham-se esgotado pelo que se impôs a busca de outra mercadoria lucrativa. O marfim passou então a ser explorado em maior escala e a "mercadoria" eleita foram os escravos que passaram a fornecer a colónia brasileira.

O entusiasmo gerado pela exploração do Brasil provocou um esquecimento da colónia durante o reinado de D. João V. Só durante o governo pombalino, no reinado de D. José I, Moçambique irá recuperar do marasmo em que permaneceu durante tantos anos. Duas das suas medidas mais importantes foram a criação da Capitania-Geral de Moçambique, Sofala e Rios de Sena (1752), sob a alçada da administração do reino e a liberdade de comércio para todos os portugueses com consequente cessação do monopólio da Coroa. De destacar a ação de Baltasar Pereira do Lago que poria em prática as diretivas da Coroa. A ligação territorial entre Angola e Moçambique era uma ideia sempre presente mas que viria a falhar com o Ultimato britânico de 1890.

Entretanto, um dos suportes económicos de Moçambique tendia a desaparecer: a escravatura estava em vias de ser abolida. Tal veio a acontecer em 1830 o que provocou um forte abalo na economia da colónia e a procura de outros produtos que significassem lucro: ouro, prata e marfim.

Durante os finais do século XIX e já no século XX a Inglaterra e a Alemanha lutaram pela posse dos territórios. Esta última, favorecida pelas determinações da Conferência de Berlim, e senhora de uma colónia a norte do rio Rovuma, o Tanganica (atual Tanzânia) apossou-se de grandes áreas, principalmente na região setentrional de Cabo Delgado. No fim da Primeira Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha, Portugal acabou por recuperar o território de Quionga (1919 - Conferência de Paz).

Moçambique tornou-se posteriormente, tal como Angola, uma colónia próspera e desenvolvida, atraindo milhares de portugueses e trabalhadores indianos.

A ECONOMIA COLONIAL EM MOÇAMBIQUE: UMA DISCUSSÃO SOBRE O DESEMPENHO DOS PLANOS DE FOMENTO NO PERÍODO AUGE DA COLONIAZAÇÃO PORTUGUESA 1953-1975

Resumo

O presente artigo emerge no contexto da reescrita da História Económica Colonial em Moçambique. Tal como é sabido, a história escrita da economia de Moçambique, não obstante a sua relevância, ela é também desafiadora no que concerne a equidistância dos seus proponentes que estavam ao serviço da colonização. O trabalho tem em vista trazer novos horizontes e análises economicistas com toda isenção possível da história económica de Moçambique. Os Planos de Fomento foram instaurados no âmbito dos apoios dos EUA enquadrados no Plano Marshall do pós-guerra e também da conjuntura económica do Estado Novo de Salazar. De facto, foram teorizados dentro do processo da reabertura do investimento estrangeiro na colónia os seguintes planos de Fomento: I Plano de Fomento (1953-1958), II Plano (1959-1964), Plano Intercalar de Fomento (1965-1967), III Plano de Fomento (1968-1973) e o IV Plano de Fomento (1973). Os estudos existentes sobre esta matéria exaltam dois primeiros planos I Plano de Fomento (1953 1958), II Plano (1959-1964), como tendo sido os mais mediatizados. Porém, a análise dos relatórios sectoriais de execução de todos os Planos de Fomento permitiram concluir que, os três
últimos Planos de Fomento, nomeadamente: Plano Intercalar de Fomento (1965-1967), III Plano de Fomento (1968-1973) e o IV Plano de Fomento (1973) também foram importantes na economia colonial do período.
Palavras-chave: Economia Colonial, Planos de Fomento, Moçambique,  2 Introdução A política económica colonial de Moçambique desempenhou um papel importante na evolução da economia do país e, constituiu um importante legado histórico do qual a sociedade moçambicana não se pode dissociar. Assim, a economia colonial no âmbito da viragem das relações entre Portugal e suas colónias, concretamente com a colónia de Moçambique, divide-se em dois momentos distintos. O 1º período situa-se entre 1930-1953 caracterizado pela mudança estrutural nas relações económicas entre Portugal e suas colónias, no qual se acelerou a exploração dos recursos das colónias em benefício directo da metrópole. Importa referir ainda que, todo o conjunto de medidas desenhadas para o efeito pelo Novo Governo de Salazar encontra-se expressa no Acto Colonial. O 2º momento começa com a introdução dos Planos de Fomento em 1953 e prolonga-se até a Independência Nacional de Moçambique em 1975. Este período, foi particularmente marcado pela execução destes planos no âmbito do Plano Marshall e, pela Luta de Libertação Nacional levada a cabo pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)1
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O artigo propõe-se em fazer uma discussão concernente à evolução da economia colonial no
âmbito da execução dos Planos de Fomento característicos da economia do período, enfatizando grosso modo, as características da agricultura, transportes e vias de comunicações, indústria, comércio e mão-de-obra migratória. Além disto, também se fará a análise do sector do turismo e sua contribuição na capitalização de divisas para a economia colonial portuguesa em Moçambique.
A escolha do ano de 1953 como marco inicial deste estudo, explica-se pelo facto de ter sido o ano em que iniciou o processo de implementação de uma série de reformas que passaram a orientar as relações entre Portugal e suas as colónias marcadas pela nova ordem político-económica outroramente aludido nas relações entre a metrópole e as colónias. Foi o ano da operacionalização do primeiro plano de fomento. Por outro lado, 1975, justifica-se pelo facto de ser o ano da proclamação da Independência Nacional em Moçambique, um marco que testemunha uma ruptura nas relações económicas, políticas e sociais entre Portugal e Moçambique.
De facto, o tema é importante na medida em que, procura trazer novos subsídios em torno da economia colonial em Moçambique, especialmente no que diz respeito a contribuição dos Planos de Fomento no desenvolvimento da economia colonial portuguesa.

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Quais as principais características da economia colonial?

Economia colonial: Monocultura e latifúndio Na época colonial, os donos dos grandes latifúndios produziam, por meio de trabalho escravo, açúcar e café em larga escala para abastecer o comércio exterior, na Europa.

Qual o tipo de economia de Moçambique?

Em Moçambique, a agricultura é o esteio da economia e o país tem um grande potencial de crescimento no setor. A agricultura emprega mais de 80% da força de trabalho e fornece meios de subsistência para a vasta maioria de mais de 23 milhões de habitantes.

Como era a economia e a sociedade da época colonial?

A sociedade colonialista era totalmente escravista e a economia latifundiária e baseada na monocultura. A cana-de-açúcar ocupava o posto de produto mais produzido, sendo o “carro-chefe” das grandes propriedades.

Como foi a colonização em Moçambique?

No final do séc. XV há uma penetração mercantil portuguesa, principalmente pela demanda de ouro destinado à aquisição das especiarias asiáticas. Inicialmente, os Portugueses fixaram-se no litoral onde construíram as fortalezas de Sofala (1505), Ilha de Moçambique(1507).