Passo 1 A partir da leitura desse texto, espera-se que os alunos compreendam que as populações negras resistiram à escravidão de várias maneiras, incluindo a organização de fugas que deram
origem aos quilombos. Ao obter uma representação de suas diversas ações, contribui-se para que os alunos entendam o significado de “resistência” no contexto da escravidão no Brasil. Versão original Transcrição Formas de
resistência à escravidão A resistência dos negros escravizados Os negros escravizados lutaram e resistiram contra o cativeiro de muitas maneiras: queimaram a lavoura e promoveram fugas isoladas. Além disso, era comum sofrerem de profunda depressão, que os impedia de trabalhar e, muitas vezes, levava-os à morte. Também se manifestavam por meio de revoltas e de assassinatos de senhores ou de capatazes. Havia também as fugas de grupos, que depois formavam
povoados organizados, conhecidos como quilombos. Esses agrupamentos geralmente se fixavam em locais de difícil acesso, para impedir a ação dos fazendeiros e das autoridades. Nesses locais, além dos escravos fugidos, viviam alguns indígenas e pessoas livres pobres. O Quilombo dos Palmares O mais conhecido, e um dos maiores, foi o Quilombo dos Palmares, criado no século XVII, na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Palmares existiu por cerca de
90 anos até ser destruído em 1694 pela expedição do bandeirante Domingos Jorge Velho. Logo após a invasão de Palmares, seu líder, Zumbi, refugiou-se em diversos locais até ser capturado e morto em 20 de novembro de 1695. Fonte: MODERNA. Projeto Buriti – História. 4º ano, 3ª edição. p. 68. São Paulo, SP, 2014. Para apropriar-se do conceito de “resistência”,
os alunos precisam compreender não só como, mas também contra o que essas populações resistiram. Isto pressupõe que os alunos recuperem o que já sabem sobre a escravidão, incluindo os trabalhos forçados e as condições de vida aos quais as pessoas escravizadas eram submetidas nos engenhos de cana de açúcar. Assim, é possível conduzir uma reflexão sobre a escravidão como uma realidade que foi imposta por um determinado grupo (“os portugueses”) e que foi confrontada por
outro (“os negros escravizados”), acarretando mudanças nas formas de vida no Brasil (EF04HI01). Por fim, ao conhecer o processo de formação dos quilombos, os alunos podem entender o seu papel como locais de refúgio que permitiram a livre manifestação das culturas de matriz africana, contribuindo para sua preservação até os dias de hoje. Os quilombos, como espaços de luta pelo exercício da liberdade, fazem parte da constituição da sociedade brasileira
(EF04HI10). Relação das atividades com a BNCC de Língua PortuguesaConforme será detalhado nos próximos passos, as atividades que propomos para ensinar e aprender a estudar textos, além de favorecer a apropriação de conhecimentos históricos, contribuem para alcançar objetivos previstos nas diretrizes da área de Língua Portuguesa. Na medida em que os alunos são convidados a participar da leitura, comentário e análise de textos, espera-se que desenvolvam também conhecimentos letrados próprios dos campos de estudo e pesquisa, incluindo os eixos de:
Passo 2 Entender o texto para ensinar melhorPara tomar decisões sobre como organizar o trabalho pedagógico em torno da leitura de um determinado texto, é importante atentar-se não só ao conteúdo histórico estudado, como também à forma em que ele é apresentado. A partir de uma análise minuciosa das características da linguagem de cada texto, como a que apresentamos a seguir, é possível antecipar intervenções produtivas a serem incorporadas no seu planejamento. Depois de analisar detalhadamente o texto “Formas de resistência à escravidão”, sugerimos elaborar um quadro de síntese que ajude a visualizar a relação entre conteúdo e linguagem que estará em jogo durante as atividades de leitura. Conforme pode ser visto no quadro acima, neste texto encontramos dois conjuntos de PARTICIPANTES:
A maior parte dos ACONTECIMENTOS relatados diz respeito às ações realizadas pelos "negros escravizados":
A existência dos quilombos também é apresentada como resultado de uma dessas ações, apesar dessa informação não ser explícita no texto (“havia também as fugas de grupos”). Além disso, o texto introduz como as populações negras se sentiam frente às condições de vida a que eram submetidas (“era comum sofrerem de profunda depressão”) e aponta duas consequências dessa reação. Estabelece, assim, uma relação de CAUSALIDADE entre a depressão sofrida por essas pessoas, a impossibilidade de continuarem trabalhando nos engenhos e, em última instância, a própria morte. Por fim, o texto não só descreve onde se instalavam aqueles que conseguiam fugir dos engenhos (“se fixavam em locais de difícil acesso”) como também explica a finalidade ou motivo dessa escolha (“para impedir a ação dos fazendeiros e das autoridades”). 1. Verbos de ação: São aqueles que enunciam as ações realizadas pelos participantes ("cortar", "lutar", "transportar", "pagar", "extrair", "trazer", etc.). Vejamos um exemplo. MODERNA. Projeto Buriti – História. 4º ano, 1ª edição. p. 16. São Paulo, SP, 2011. Nesse fragmento podemos observar a utilização dos verbos de ação para relatar as ações dos participantes – aquilo que fizeram: “organizar”, “partir”, “comandar” e “chegar”. 2. Referências anafóricas: Durante o desenvolvimento textual, participantes, temas ou fatos são retomados de várias maneiras. Isto ocorre por meio de pronomes pessoais ("ele", "ela", "eles"), possessivos ("seu", "sua") e demonstrativos ("esse", "este", "aquele"); marcas verbais de tempo e pessoa ("encontraram", "lutaram", "procurou"); e outros elementos que remetem a palavras ou enunciados do texto. Vejamos um exemplo. MODERNA. Projeto Buriti – História. 4º ano, 1ª edição. p. 96. São Paulo, SP, 2011. A palavra “nelas” se refere às terras onde moravam os indígenas cariris, que foram descritas no trecho anterior do texto (“perto do Rio Parnaíba e do Rio São Francisco”). Dessa forma, são substituídas 21 palavras por uma só. Passo 3 Usar a linguagem para melhorar compreensãoO texto “Formas de resistência à escravidão” pode ser considerado um relato descritivo pois apresenta principalmente as características de pessoas, lugares e acontecimentos. Conforme pode ser verificado no diagrama abaixo, o texto aborda várias das questões que um relato descritivo costuma responder. Por exemplo:
Um dos maiores desafios para os alunos será reparar nas palavras utilizadas no texto para referir-se mais de uma vez às pessoas negras que foram escravizadas, atribuindo a elas uma série de ações relacionadas à luta e resistência. Nesse contexto, precisarão compreender o resultado de uma dessas ações: a formação dos quilombos. Passo 4 Juntando as peças do quebra-cabeçaA seguir, propomos um conjunto de atividades a serem realizadas antes, durante e depois da leitura do texto "Formas de resistência à escravidão", considerando os aspectos da linguagem que foram analisados nos passos anteriores. Para te ajudar a enriquecer a implementação das atividades na prática, disponibilizamos explicações detalhadas e exemplos de perguntas-guia para cada etapa proposta. Ao final da página, você poderá baixar gratuitamente os materiais necessários para o trabalho em sala de aula. Atividades para realizar em sala de aula
Por isso, as perguntas e intervenções do professor devem:
Dessa forma, é possível criar um propósito compartilhado para a leitura que oriente a recepção geral do texto. Pensar no texto a partir do títuloO título geralmente sintetiza com uma palavra ou uma expressão o assunto principal que será abordado no texto. Por isso, estimular uma conversa com os alunos a partir do título pode ser útil para começar a focalizar a atenção sobre o tema estudado: indagar pelos conhecimentos prévios, introduzir vocabulário-chave, promover a formulação de perguntas e conjecturas, explicar a finalidade da leitura daquele texto, etc. Atividades como essa podem ser particularmente efetivas quando o título de fato oferece pistas que ajudem os estudantes a levantar hipóteses sobre o conteúdo do texto. As perguntas acima cumprem dois objetivos centrais: ajudam os estudantes a recuperar aquilo que já sabem sobre o tema e promovem o estabelecimento de conexões com as novas informações que o texto apresenta. As perguntas acima cumprem dois objetivos centrais: ajudam os estudantes a recuperar aquilo que já sabem sobre o tema e promovem o estabelecimento de conexões com as novas informações que o texto apresenta. Anterior PróximoAtividades para realizar em sala de aula
Para isso, ouvir a leitura em voz alta feita por um leitor mais experiente pode ajudar a focalizar a atenção compartilhada dos alunos sobre o texto. Neste momento, algumas intervenções são importantes:
Como professor, você já estudou conosco aspectos relacionados ao conteúdo e à linguagem dos textos e, por essa razão, é capaz de ajudar os alunos a explicitar suas incompreensões e formular novas perguntas, motivando-os a participar das atividades de releitura e a realizar anotações no texto. Realizar uma leitura expressiva, em voz alta, do textoA leitura em voz alta que propomos é aquela feita pelo professor, que se coloca como modelo de leitor para seus alunos. Por ter estudado o texto em profundidade e conhecer os objetivos de aprendizagem esperados, o professor consegue enriquecer a leitura com gestos faciais e corporais apropriados, modificando o volume e o tom de voz para ajudar a manter e guiar a atenção dos aprendizes. O uso intencional da voz, dos gestos faciais e corporais estimula a percepção de maior número de detalhes e o acompanhamento do fluxo da informação e das relações expressas, dando aos alunos a oportunidade de pensar mais e melhor sobre aquilo que está sendo explicado no texto. Identificar a necessidade de releitura do textoApós a leitura em voz alta, o professor novamente será o encarregado de agir como modelo de quem formula perguntas ao texto e reconhece aquilo que ainda gera dúvidas, convidando os alunos a participar das atividades de releitura e anotação. Questões como essa podem ajudar os estudantes a perceber a necessidade de ampliar a sua compreensão do vocabulário, bem como das relações entre as unidades informativas apresentadas no texto (de causalidade, temporalidade, composição, contraste). Atividades para realizar em sala de aula
Ao reler os textos com a mediação do professor, os alunos têm a oportunidade de identificar, localizar, anotar e comentar a linguagem utilizada para descrever, relatar, explicar o que aconteceu, com quem, como, por que, etc. Por sua vez, você como professor tem a chance de observar o raciocínio dos alunos para oferecer pistas ajustadas às necessidades de cada um no processo de aprendizagem. Para isso, propomos:
Esquematizar o texto: fazer esquemas para analisar trechos textuaisAinda que desde o início da escolaridade os alunos tenham contato com diagramas e tabelas, é necessário participar de múltiplas situações de uso desse tipo de ferramenta gráfica a fim de compreender sua natureza e funções. Esquematizar supõe extrair e dispor as informações apresentadas em um novo espaço com a finalidade de representar o modo como se relacionam: o que faz parte do que, o que é causa e o que é consequência, etc. Trata-se de uma proposta desafiante que exige:
Por exemplo, no esquema a seguir, o espaço gráfico é utilizado para separar "quem fazia o que": à esquerda, os “negros escravizados” e, à direita, uma lista que enumera as ações por eles realizadas como “forma de resistência à escravidão”. Do terceiro item da lista se desdobram informações adicionais. As flechas indicam que há uma relação de causa-consequência: sofrer depressão profunda tinha como consequência a impossibilidade de trabalhar e, em alguns casos, a morte. Exemplos de orientações e perguntas-guiaDurante a releitura de um texto, explicações e comentários podem ser enriquecidos com o suporte material dos esquemas. Para isso, não é preciso aplicar o procedimento ao texto como um todo: você pode selecionar fragmentos textuais para serem analisados com maior detalhe. Como pode ser visto nesse exemplo, para trabalhar com o texto “O primeiro reinado”, foram selecionados fragmentos textuais considerados importantes, seja pela sua centralidade para os objetivos de aprendizagem da disciplina de História ou por terem uma alta carga informativa, exigindo maior ajuda para garantir a compreensão por parte dos alunos. A partir da análise e esquematização do trecho selecionado, foi possível criar oportunidades para os alunos parafrasearem aquilo que compreenderam, identificando, classificando e organizando informações-chave: o que mudou, de que forma e para quem. Incorporar a esquematização da informação como procedimento de anotação do texto serve para apoiar nossas explicações e auxiliar na construção de significados mediante o diálogo que estabelecemos com os aprendizes. Anterior PróximoAtividades para realizar em sala de aulaReescrever o texto em resposta a uma pergunta norteadora
Assim, espera-se que possam:
Para isso é fundamental que o professor dê espaço para os alunos enfrentarem os desafios propostos, sem “atalhos” que os levem a uma resposta aparentemente certa mas que pouco os ajude a estabelecer conexões por si mesmos e explicitar seu próprio raciocínio para consolidar as aprendizagens propiciadas. Reescrever o texto em resposta a uma pergunta geral sobre o temaA atividade de reescrita de um texto oferece oportunidades valiosas para a apropriação de conhecimentos históricos e conhecimentos letrados. Quando propomos que os alunos formulem uma explicação sobre o tema estudado, não devemos esperar que o reproduzam de cor e nem literalmente, mas sim que escrevam um texto com sentido, onde seja possível reconhecer as ideias que foram lidas e analisadas na fonte original. Neste caso, propomos convidar os alunos a lembrar de tudo o que aprenderam sobre o tema estudado e escrever um texto sobre o mesmo. Perguntar sobre o que foi aprendido por meio das diferentes atividades de estudo pode ser uma oportunidade de os alunos se lembrarem das perguntas formuladas antes da leitura do texto, recuperando tanto as que foram respondidas quanto as que ficaram em aberto. A escrita do texto, dessa forma, permitirá ter uma “lembrança-registro” de todas essas informações e aprendizagens. No exemplo acima, destaca-se a quantidade de informações e relações que o aluno do 4˚ ano da Escola Prudente de Moraes conseguiu recuperar no processo de reescrita. Ora reproduz expressões literais, ora utiliza palavras equivalentes do seu próprio vocabulário. Também é possível que o aluno tenha utilizado o vocabulário que circulou enquanto foram feitos comentários e análises durante as aulas. Inclusive, começa a utilizar expressões como “eles”, “alguns escravos” e “nem todos” para se referir aos mesmos participantes, lançando mão de pronomes e da repetição dos substantivos. Anterior PróximoMateriais para uso em sala de aulaQuais foram as formas de resistência coletiva à escravidão?Algumas formas eram: formação de quilombos, fugas ou suicídios, magia, assassinatos e sequestros de senhores, paralisações, sabotagens e roubos. Também havia a capoeira, que era considerada uma forma de resistência, diferente do fenômeno urbano do século 19.
Quais as principais formas de resistência à escravidão?Os documentos mostram que a fuga e os quilombos não eram as únicas formas de resistência dos negros perante a escravidão: rebeliões, assassinatos, suicídios , revoltas organizadas também fizeram parte da história da escravidão no Brasil. Das revoltas históricas, a mais conhecida foi a dos Malês, em Salvador.
Quais foram as formas de resistência coletiva à escravidão citadas nos textos Brainly?Entre as diferentes formas de resistência dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senhores (que poderia ou não ter o assassinato desses), a recusa em trabalhar, a execução do trabalho de maneira inadequada, criação de quilombos e mocambos etc.
Quais foram as formas de resistência individual a escravidão citadas nos textos sua resposta?GABARITO A: Entre as várias formas de resistência ao trabalho escravo, podemos salientar a formação dos quilombos, as fugas, o suicídio, a realização de abortos, a própria capoeira e a organização de levantes contra os senhores de escravos.
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