Quais fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos em alguns continentes

Por mais que hoje em dia falemos muito na “nuvem”, a verdade é que a enorme maioria das comunicações no mundo viaja por meio de uma vasta rede de cabos submarinos de fibra óptica. Essa rede liga todos os continentes, com exceção da Antártica, levando mensagens, imagens, emojis e vídeos. A concentração de informação nesses cabos chega a preocupar o governo dos Estados Unidos.

No entanto, os detalhes dessa rede de cabos ainda são relativamente desconhecidos pela marioria das pessoas. Pensando nisso, o Telegeography elaborou um mapa completo dos cabos submarinos. Com estilo inspirado nos mapas antigos, a imagem (acima) registra ao todo 299 sistemas de cabos atualmente ativos ou em construção.

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O mapa completo pode ser visto aqui. É possível visualizar também uma versão interativa e ainda mais detalhada do mapa. 

Estruturas de cabos

O sistema de cabos de rede atual é uma espécie de herança dos antigos cabos telegráficos. A primeira comunicação transatlântica movida por cabos ocorreu em 1858. A mensagem de 509 letras da Rainha Victoria da Inglaterra ao presidente estadunidense James Buchanan levou 17 horas e 40 minutos para atravessar o oceano.

Atualmente, a rede de cabos submarinos possui cerca de 885 mil quilômetros ao todo. Alguns deles estão em profundidades maiores do que a altura do monte Everest (mas para baixo, obviamente). Eles são instalados por navios especiais, que depositam e “enterram” os cabos no fundo do mar, dando preferência a trajetos não-acidentados no piso oceânico.

Curiosamente, os cabos enfrentam mais ameaças em profundidades menores do que quando estão mais fundos. Próximos à superfície, eles ficam à mercê de ataques animais e de acidentes causados por atividade humana.

Segundo o Washington Post, os cabos possuem a espessura aproximada de uma lata de refrigerante nessas regiões mais rasas. No fundo do mar, no entanto, como estão sujeitos a menos fatores de risco, eles têm basicamente o tamanho de uma moeda de 25 centavos.

Cabos submarinos são conexões submersas nos oceanos — entre estações terrestres de rede — usadas para transmitir sinais de telecomunicações. E sim, a internet não é possível sem eles. Não como a conhecemos. São milhares de quilômetros de cabos e repetidores atravessando mares e conectando o planeta. A esses marujos, o mar reservou toda sorte de infortúnios: dos dentes de tubarões aos barcos e suas âncoras.

  • Um país inteiro ficou sem internet após um cabo submarino se romper
  • A Microsoft está operando um data center no fundo do mar

Os primeiros cabos submarinos surgiram na década de 1850 (entre América do Norte e a Europa), poucos anos após a invenção do telégrafo, na década de 1830. Desde então, usamos redes de cabos para telegrafia, telefonia e, por consequência, para a internet. De lá para cá, a tecnologia foi refinada, mas a aparência de um deles ainda é similar.

Quais fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos em alguns continentes

Quantos cabos submarinos existem no mundo?

De acordo com o site TeleGeography.com, no início de 2018, eram aproximadamente 448 cabos submarinos em serviço em todo o mundo. Mas o total de cabos está em constante mudança conforme novos operadores entram e os cabos mais antigos são desativados por questões como aposentadoria, rompimento e outros acidentes.

O total em quilômetros de cabos em serviço já ultrapassa 1,2 milhão globalmente. Alguns são bastante curtos, como o cabo CeltixConnect de 131 quilômetros — entre a Irlanda e o Reino Unido. Outros são enormes, como o Asia America Gateway, de 20 mil.

Mapa interativo de cabos submarinos

O grupo mantém um mapa interativo atualizado com a rota dos cabos submarinos, mas avisa que o traçado é adaptado e não reflete o caminho real percorrido pela conexão.

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Isso é feito para facilitar a visualização de diferentes cabos e identificar suas estações de conexão terrestres. Na vida real, os cabos que cruzam uma mesma área de um oceano tomam caminhos semelhantes que poderiam se sobrepor no desenho. Essas rotas são escolhidas após pesquisas marítimas para evitar condições perigosas e danos.

Como os cabos submarinos são por dentro?

Os cabos submarinos modernos usam tecnologia de fibra óptica. Lasers de uma extremidade disparam dados a velocidades extremamente rápidas em fibras de vidro muito finas para receptores na outra extremidade do cabo. Essas fibras de vidro são envoltas em muitas camadas de plástico e metais para sobreviver ao fundo do mar.

Isso não quer dizer que cabos de fibra sejam espessos como tronco de árvores. Um cabo costuma ser tão largo quanto uma mangueira de jardim. Os filamentos dentro dele é que são extremamente finos — com aproximadamente o diâmetro de um fio de cabelo humano. Quando mais perto da costa, ganham camadas extras de proteção nas extremidades.

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Partindo um cabo submarino ao meio

O canal “Whats Inside” do YouTube conseguiu um pedaço de cabo com uma turma do Google, do canal Nat and Friends, cortaram ao meio e mostraram como são por dentro.

Nat e uma amiga (Lo) toparam ajudar. Elas haviam visitado uma fábrica e um navio que estava sendo carregado com um novo cabo submarino que ligaria os Estados Unidos (Flórida) ao Brasil (duas cidades) no novo sistema de cabos submarinos (Monet).

Os vídeos são ótimos (!)

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Os cabos precisam ir “até o fim”, mergulhados até o fundo. É por isso que você não vê o cabo saindo na areia da praia. Perto da costa, eles também estão bem enterrados.

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Sistemas de cabos submarinos custam caro

Um projeto de um único cabo costuma custar centenas de milhões de dólares e são feitos por meio de parcerias entre gigantes. O sistema mostrado no vídeo envolveu empresas como a Antel, a Algar Telecom, a Angola Cables e também o Google.

O cuidado com um projeto milionário é enorme, a rota precisa evitar falhas geológicas, zonas de pescas e ancoragem, suportar profundidade em água salgada de alta pressão e estar pronto para mudanças geológicas.

Quem são os donos dos cabos submarinos?

Tradicionalmente, cabos submarinos são propriedade de operadoras de telecom que formam um consórcio de partes interessadas em usar o cabo. Mas, no final dos anos 90, empresas empreendedoras construíram muitos “cabos privados”.

Provedores de conteúdo como Google, Facebook, Microsoft e Amazon atualmente são os grandes investidores. Diante da perspectiva do crescimento da demanda em largura de banda, cabos submarinos proprietários fazem sentido para essas empresas.

Qual a capacidade de um cabo submarino?

As capacidades desses cabos submarinos variam muito. Normalmente, os cabos mais novos são capazes de transportar mais dados do que cabos de 15 ou 20 anos. Os recentes são capazes de transportar totais de 160 a 200 Tbps (terabits por segundo).

Esse número representa a capacidade total que seria possível se o proprietário do cabo instalasse todos os equipamentos possíveis. O mais comum é que os responsáveis pela conexão atualizem os seus cabos gradualmente, conforme a demanda do cliente exigir.

Veja algumas das últimas notícia sobre cabos submarinos:

  • Cabo submarino de 72 Tb/s entre Brasil e Europa enfim começa a ser construído
  • Cabo submarino de 40 Tb/s é ativado entre Brasil e Angola
  • Cabo submarino que liga Brasil a Camarões tem capacidade de 32 Tb/s
  • Facebook terá cabo submarino entre Brasil e Argentina
  • Google vai construir seu próprio cabo submarino no Atlântico

Os vilões do fundo do mar

Até tubarões já tentaram “mastigar a internet”. Evidências de que os animais tentaram morder cabos no fundo do mar começaram a surgir em 1987. Há vídeos no YouTube que mostram cenas inexplicáveis de tubarões tentando lanchar a sua conexão. Mas há cabos com proteção contra “shark attacks” e esse é o motivo menos corriqueiro.

A mordida de peixes (categoria que inclui tubarões) foi responsável por um total de zero falhas em cabos entre 2007 e 2014 — a mordida não resultou em nada. A maioria dos danos vem da atividade humana, principalmente pesca e ancoragem, não de tubarões.

Quais fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos em alguns continentes

Acidentes com cabos são comuns. Em média, mais de 100 por ano. Barcos de pesca e navios arrastando âncoras enormes são responsáveis por dois terços dos problemas. Fatores ambientais como terremotos também contribuem. Menos comum ainda é algum componente submerso falhar. A sabotagem deliberada é muito rara.

Os cabos submarinos tem vida útil de 25 anos, mas geralmente são aposentados mais cedo porque estão economicamente obsoletos. Não podem fornecer tanta capacidade quanto os mais novos a um custo comparável e se tornam caros para serem mantidos.

Por que as empresas não usam satélites?

De acordo com o Tele Geography, os satélites são ótimos para determinadas aplicações e fazem um trabalho maravilhoso ao alcançar áreas que ainda não estão conectadas com fibras. Eles também são úteis para distribuir conteúdo de uma fonte para vários locais. No entanto, os cabos podem transportar mais dados a custo muito menor.

Estatísticas da U.S. Federal Communications Commission indicam que os satélites representam apenas 0,37% de toda a capacidade internacional norte americana.

Drones, balões, satélites e redes wireless

É verdade que Facebook e Google estão investindo em projetos como o Aquila e Athena ou Loon, principalmente como uma maneira de levar o acesso para partes em que mal há internet. Mas, de forma alguma, estão procurando usar satélites de qualquer tipo como forma de substituir o uso de cabos submarinos neste momento. Ainda não.

Quais fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos em alguns continentes

cabo submarino

Quais fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos submarinos em alguns continentes?

Os fatores podem ajudar a explicar a menor concentração de cabos em alguns continentes são o atraso tecnológico e o baixo desenvolvimento econômico de países, a exemplo da África, que é o continente mais atrasado do planeta devido ao baixo desenvolvimento socioeconômico.

Quais áreas apresentam maior concentração de rede de cabos submarinos?

Mas assim como foi demorado chegar nos países em desenvolvimento, está difícil fazer com que elas cheguem nas áreas menos desenvolvidas do Brasil, então ao longo do mundo elas estão concentradas no litoral e nas áreas mais desenvolvidas.

Quais regiões do planeta mostra o maior debilidade de infraestrutura de cabos submarinos?

O contrário também é verdadeiro: o continente Africano e os grandes vazios demográficos do planeta não possuem quase nenhuma infraestrutura de cabos submarinos.

Quais as regiões do planeta possuem mais infraestrutura de cabos submarinos?

Resposta: A infraestrutura de cabos submarinos se distribui de forma irregular no planeta. Na América do Norte (principalmente os EUA) a conectividade se mostra como a maior do mundo.