Quais características bacterianas que confere a patogenicidade das bactérias?

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Fatores de Virulência Bacteriana
15/11/2012
Publicado por: administrador

Fatores de Virulência Bacteriana

Texto por Caio Mayrink

Algumas bactérias habitam naturalmente certos nichos do corpo humano, outras são sempre patogênicas; entretanto todas podem causar doenças quando instaladas em ambiente estéril.

Colonização, Adesão e Invasão

Certas bactérias produzem moléculas específicas para aderirem ao tecido do hospedeiro. Adesinasfímbrias e o ácido lipoteicoicosão exemplos de substâncias produzidas para auxiliar na colonização. Outras bactérias produzem uma espessa e pegajosa matriz de polissacarídeos. O biofilme ajuda na fixação/ adesão/ colonização da população bacteriana e muitas vezes confere certa resistência à ação de antibióticos não observada em cultura in vitro.

Ações Patogênicas da Bactérias

Seres procariontes produzem enzimas, ácidos, toxinas e até gases associados à destruição tissular.

Exotoxinas são enzimas citolíticas que podem ser produzidas tanto por Gram positivas quanto por Gram negativas. A toxina tetânica, a toxina botulínica e a estreptolisina são exemplos de exotoxinas.

Endotoxina é o lipopolissacarídeo (LPS) de parede celular exclusivo de bactérias Gram negativas. LPS causa um processo inflamatório sistêmico e severo caracterizado por ativação de complemento, degranulação mastocitária, ativação plaquetária secreção de citocinas de fase aguda (IL-1, IL-6 e TNF), podendo causar CIVD (coagulação intravascular disseminada), característica do choque séptico.

Algumas bactérias funcionam como superantígenos, uma vez que podem ativar linfócitos sem precisar de processamento antigênico. Superantígenos se ligam ao MHC-II (complexo de histocompatibilidade tipo 2) de células apresentadoras de antígeno e ao TCR (receptor de célula T) ao mesmo tempo. Dessa forma, superantígenos ativam linfócitos sem a necessidade de coestimulação.

Ainda por um mecanismo de mimetismo molecular, antígenos bacterianos podem ser “confundidos” com autoantígenos, causando reações cruzadas com tecidos do organismo. É o caso da febre reumática pós-estreptocócica (S. pyogenes).

Mecanismos de Escape

Bacterias desenvolvem diversos mecanismos de escape das defesas do hospedeiro.

Cápsulas são estruturas externas à parede celular, de constituição polissacarídea ou protéica, pouco imunogênicas. Bacterias encapsuladas sofrem menos reatividade do sistema imunológico. As cápsulas bacterianas das cepas mais prevalentes podem ser utilizadas para a síntese de vacinas, como ocorre na imunização para pneumonia pneumocócia (Streptococcus pneumoniae). Culturas mistas de bactérias encapsuladas com bactérias desprovidas de cápsula mostram uma conversão destas àquelas, provavelmente devido à troca de material genético entre as cepas. A cápsula define a virulência de muitas bactérias. Sem ela, normalmente não são patogênicas.

Para escapar do ataque imunológico do hospedeiro, bactérias assumem várias estratégias:

  • Impedir a opsonização por anticorpos e/ou por complemento;
  • Inibir fusão do fagossomo com o lisossomo;
  • Escape do fagolisossomo para o citoplasma;
  • Resistir às enzimas lisossômicas e multiplicar-se no interior da célula (ex: Mycobacterium leprae).

Fonte: Microbiologia Médica; Patrick R. Murray - Tradução da 6ª edição

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Os fatores de virulência são estruturas, produtos ou estratégias que as bactérias utilizam para “driblar” o sistema de defesa do hospedeiro e causar uma infecção. Alguns estão relacionados com a colonização do microorganismo e outros com as lesões do organismo, como por exemplo as toxinas.

Adesão

É o processo da bactéria se aderir nas células e nos tecidos do organismo. As estruturas de superfície das bactérias, chamadas adesinas, que determinam a capacidade de adesão dela. As adesinas precisam interagir com os receptores de membrana ou proteínas da matriz extracelular para que haja adesão. Existem vários tipos de adesinas, de acordo com o tipo de bactéria.

A resposta das células do hospedeiro à adesão varia de acordo com o tipo de célula e de bactéria. As células epiteliais também respondem à adesão de bactérias da microbiota normal.

As bactérias têm forte tendência em interagir e aderir às superfícies disponíveis quando estão em seus ambientes naturais. Os biofilmes são aglomerados de bactérias envolvidos por uma membrana de exopolissacarídeos produzida pela bactéria que se formam na superfície de dispositivos. Possuem uma arquitetura especial, de modo que permita a difusão de nutrientes necessários ao crescimento bacteriano. Nos biofilmes as bactérias estão bem protegidas contra as defesas do organismo e da ação dos antibióticos. Os biofilmes podem se formar tanto em dispositivos plásticos, tubulações em geral, mucosas e nos dentes.

Invasão

As bactérias penetram nas células dos organismos basicamente por fagocitose. A fagocitose é um processo normal do organismo, mediada pelo sistema de defesa. Nas células não fagocitárias, a fagocitose é induzida pelas bactérias, com a participação de proteínas chamadas invasinas, que podem estar presentes na membrana externa da bactéria ou serem injetadas no seu citosol. As células dos hospedeiros podem responder de diversas formas à invasão. Normalmente produzem citocinas e prostaglandinas, e morte celular por necrose ou apoptose. As bactérias têm necessidade de regular a expressão de seus genes de virulência para se adaptarem aos microambientes onde são obrigadas a sobreviver.

Sideróforos

São substâncias que apresentam alta afinidade pelo ferro, elemento muito importante para o crescimento e metabolismo bacteriano. O organismo humano desenvolveu mecanismos para evitar que as bactérias removam o ferro do hospedeiro. Os sideróforos são capazes de retirar o ferro das proteínas carreadoras (hemoglobina, transferrina e lactoferrina) e transportar para o citoplasma. Os sideróforos mais conhecidos são a catecolaminas e hidroxamatos.

Bibliografia:
Luiz Rachid Trabulsi e Flavio Alterthum. Microbiologia, São Paulo: Atheneu, 2008.
https://web.archive.org/web/20110822022810/http://vsites.unb.br:80/ib/cel/microbiologia/morfologia2/morfologia2.html

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/microbiologia/fatores-de-virulencia-adesao-invasao-e-sideroforos/

Qual a patogenicidade das bactérias?

A patogenicidade é um conceito absoluto que determina se uma bactéria é ou não capaz de causar doença em um hospedeiro, enquanto a virulência é uma unidade contínua e se refere à intensidade do dano causado, podendo variar conforme a cepa ou o ambiente em que a interação com o hospedeiro se dá.

Quais as características das bactérias patogênicas?

As bactérias que causam doenças aos seres humanos são chamadas de patogênicas. Entre os exemplos, a Mycobacterium tuberculosis causa a tuberculose e a Escherichia coli causa cistite (infecção urinária). Elas fazem parte do grupo das “bactérias ruins”.

Quais são as fases da patogenicidade?

Infecção..
colonização ou..
Invasão..
Proliferação..

O que é patogenicidade exemplos?

A capacidade de um patógeno provocar alterações nos organismos hospedeiros infectados é denominado de patogenicidade. Existem organismos com grande patogenicidade, ou seja, que produzem sintomas em praticamente todos os infectados. Esse é o caso do sarampo.