Quais as principais características da Revolução Praieira?

Graduação em História (Universidade do Vale do Sapucaí, UNIVÁS, 2008)

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A Revolução Praieira foi um conflito ocorrido durante o período imperial brasileiro. Seu centro foi Pernambuco, a então mais importante província do Nordeste brasileiro. Economicamente, possuía alto valor pela pujança de sua economia açucareira. Politicamente, o estado, representado por sua elite açucareira, gozava de alto prestígio junto ao governo central no Rio de Janeiro.

A política pernambucana na época era dominada pelos membros da família Cavalcanti, tradicional e rica. Os Cavalcanti exerciam seu poder no estado de modo bastante absoluto e agressivo. Esse corriqueiro desmando gerou, com o tempo, uma grande insatisfação popular na região, que só cresceu quando somada à monopolização do comércio pela elite portuguesa.

No entanto, os Cavalcanti disputavam poder com a ascendente família Rego de Barros. Essa disputa adquiriu contornos institucionais quando os Cavalcanti se alinham ao Partido Liberal, e a família rego de Barros se faz representar pelo Partido Conservador. A disputa, no entanto, era tranquila e centrada apenas no revezamento do controle da região entre as duas famílias e os dois partidos gerando frequentes acordos familiares com facilidade. Por meio desses acordos Francisco de Paula Cavalcanti foi eleito presidente da província em 1837. Também a sucessão foi garantida, com Francisco Rego de Barros ascendendo ao seu lugar, em 1840.

Em 1842 ocorrem algumas divergências entre membros do Partido Liberal que consideravam que Barros dava preferência à família Cavalcanti em suas decisões políticas. Então seus dissidentes acabam por fundar outro partido, denominado Partido Nacional Pernambucano. Outro fator que colabora com a insatisfação e com as disputas entre os grupos políticos era a questão escravagista. A essa altura, a Inglaterra pressionava seus aliados na direção do fim do tráfico de negros e mesmo da escravidão. Essa pressão surte efeitos em toda a sociedade, elevando o preço dos escravos e gerando problemas. Porém, para as famílias Cavalcanti e Rego de Barros, as medidas não surtiam efeitos, pois recorriam sem pudor ao contrabando de mão de obra negra.

A disputa entre ambos os partidos adquire novos contornos quando eles recorrem à imprensa. Cada qual cria um jornal no qual defende suas narrativas e pontos de vista e ataca o outro.

Os Conservadores, chamados “guabirus” (ratos) criam o Diário de Pernambuco enquanto os Liberais, chamados “Praieiros” (pois a sede do jornal ficava na rua da praia) criaram o chamado Diário Novo. Esse duelo de narrativas no campo da imprensa durou até 1844.

Paulatinamente, o Partido da Praia cresce e elege deputados da Assembleia Legislativa Provincial, demonstrando força política. Nesse mesmo momento, o presidente da província passa a ser Antônio Pinto Chichorro da Gama.

No poder, os praieiros demitem funcionários nomeados pelos conservadores, desmontando o aparato do governo anterior, mas, ao mesmo tempo, causando um grande problema administrativo.

O governo de Chichorro dura até 1847 e sua saída gera instabilidade política. Essa situação, somada à retomada conservadora no governo central no Rio de Janeiro e ao novo governo de Pernambuco, que foi eleito com o objetivo claro de sufocar manifestações e revoltas, criam as condições para o início da revolta praieira.

O programa dos praieiros contemplava, entre outras medidas, a liberdade de imprensa garantida como direito, a liberdade e universalidade de voto, contemplando novas classes e assegurando a vontade popular e o controle nacional do comércio, até então em mãos da elite portuguesa.

No início de 1849 os praieiros entram em Recife. Contando com a liderança de Pedro Ivo realizam ataques a Recife e Paraíba, no entanto, as forças rebeldes não tem poderio suficiente para sustentar o combate. A rendição é rápida. O fim da rebelião se dá em 1848. Em 1851 o governo concede a Anistia aos líderes revolucionários presos.

Bibliografia:
http://escola.britannica.com.br/article/483513/Praieira,%20Revolu%C3%A7%C3%A3o
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/viewFile/34822/37560 – Artigo do professor Odilon Nogueira de Matos
http://www.ahimtb.org.br/c3n.htm
https://univesp.br/novidades/joaquim-nabuco-e-a-revolucao-praieira

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/revolucao-praieira/

A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o século XIX. Essa revolta foi resultado da disputa entre praieiros e conservadores pelo poder na província de Pernambuco. Esse conflito estendeu-se durante dois anos e resultou no enfraquecimento dos liberais na política brasileira.

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Contexto histórico em Pernambuco

A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o período monárquico. Essa rebelião aconteceu no Segundo Reinado, em um momento em que a política brasileira acomodava-se com a forma de governar do novo imperador. Essa revolta aconteceu em Pernambuco, historicamente, um dos lugares de maior agitação política e social no Brasil.

O país passava por grandes transformações, como o enfraquecimento do tráfico negreiro, fruto do Bill Aberdeen. A dificuldade de obter trabalhadores escravizados criava uma certa tensão nas elites pernambucanas, pois não havia escravos suficientes para as demandas dessas elites e, principalmente, porque o escravo estava cada dia mais caro.

Além disso, Pernambuco enfrentava um cenário econômico muito ruim, especialmente, porque a atividade mais importante da região – produção de açúcar – estava em decadência. Os problemas da economia local tinham maior impacto na população empobrecida da província, que, além de tudo, ainda sofria com o desabastecimento, um problema que existia em Recife desde a colonização.

Quais as principais características da Revolução Praieira?
A disputa pelo poder entre praieiros e conservadores deu início à Revolução Praieira, evento que estendeu-se de 1848 a 1850.

Não bastassem os problemas econômicos e a falta de alimentos, a população carente de Pernambuco afligia-se também com a falta de empregos. Essa questão era resolvida de maneira paliativa por meio de obras públicas que os conservadores faziam na cidade, mas, durante a gestão praieira, as obras foram interrompidas, e o desemprego aumentou.

A situação explosiva de Pernambuco ficava completa com o cenário político que o país vivia e que lá foi reproduzido de maneira mais intensa. As disputas políticas eram uma realidade no Brasil, e liberais e conservadores faziam de tudo para continuar no poder, inclusive usavam a violência, vide o caso das eleições do cacete. Essa disputa acontecia no Rio de Janeiro, e em Pernambuco ganhou um novo elemento com o surgimento do Partido Praieiro.

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Praieiros no poder

A disputa entre conservadores e liberais não era civilizada, apesar de um rodízio ser realizado entre os partidos. Na década de 1840, a província de Pernambuco viu esse revezamento acontecendo, mas os desentendimentos entre os adversários não perderam a força.

Nessa província, uma terceira via (muito ligada aos liberais) surgiu por conta das indisposições que existiam no interior das oligarquias pernambucanas. O Partido Praieiro surgiu por meio de desavenças que brotaram dentro do Partido Liberal, que envolviam a crescente influência que a família Cavalcanti tinha em Pernambuco.

Essa família tinha três irmãos eleitos senadores, sendo um deles – Holanda Cavalcanti, do Partido Liberal. Os Cavalcanti ainda tinham inúmeras alianças, o que os tornavam verdadeiramente poderosos na política de Pernambuco. Por conta disso, o Partido Liberal rachou.

O termo praieiro que constituía o nome do partido originou-se do fato de os membros dele reunirem-se e publicarem suas ideias no jornal Diário Novo, localizado, na época, na Rua da Praia, em Recife. Em 1844, o ciclo da política no Rio de Janeiro alterou-se, e os liberais assumiram o poder no gabinete. O reflexo disso foi que, em Pernambuco, os conservadores enfraqueceram-se, e Antônio Pinto Chichorro, aliado dos liberais, foi nomeado presidente da província, em 1845.

Com essa nomeação, os praieiros chegaram ao poder e começaram uma série de ações contra os seus adversários conservadores. As instituições da província, como a Guarda Nacional e a polícia civil, começaram a ser aparelhadas com pessoas que apoiavam os praieiros. Aliados dos conservadores começaram a ser demitidos para que novas pessoas fossem contratadas.

Essas centenas de demissões aconteciam com o objetivo de acabar com qualquer influência política dos Cavalcanti e dos conservadores. Os aliados dos praieiros que foram investidos nos cargos policiais e militares começaram a ser armados pelo governo, e investigações foram iniciadas na província.

Conservadores começaram a ter suas propriedades invadidas com a finalidade de desarmar aqueles que haviam sido demitidos da polícia e da Guarda Nacional. Além disso, as operações também buscavam encontrar criminosos e escravos fugidos. O propósito aqui era claro: prejudicar todos os que tinham relação com os conservadores.

Os praieiros também agiram para radicalizar a população local, incentivando o crescimento da xenofobia contra portugueses. A falta de emprego era um grave problema, e a questão do comércio a retalho (varejo) começou a ser vista como crucial para que novas vagas de trabalho surgissem. A população recifense começou a considerar como os culpados pelo desemprego os portugueses que ocupavam em peso esses empregos no comércio varejista.

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Estopim

Novembro de 1848 foi quando a Revolução Praieira iniciou-se. A motivação estava ligada com a disputa política entre praieiros e conservadores. Em 1848, o ciclo dos liberais teve fim, e os conservadores tornaram-se a maioria no gabinete. Isso se refletiu em Pernambuco, e o presidente da província, Antônio Pinto Chichorro, foi destituído do cargo.

O resultado foi que a vez dos conservadores governar a província retornou e, com isso, a vingança conservadora foi iniciada. As demissões dos praieiros de instituições, como a polícia e a Guarda Nacional, começaram a ser realizadas, e logo os praieiros começaram a ser desarmados, tal como haviam feito com os conservadores.

Porém o grupo dos praieiros recusou-se a desarmar-se e a ser destituído dos cargos, e logo os desentendimentos tornaram-se pequenos conflitos armados. Esses conflitos armados espalharam-se para o interior da província e estenderam-se até 1850, quando as forças praieiras foram derrotadas definitivamente.

A cidade de Recife chegou a ser atacada por tropas praieiras. Isso aconteceu em fevereiro de 1849 e, nesse ataque, Pedro Ivo, um dos líderes praieiros, levou mais de 1500 homens para atacar a capital da província. O ataque fracassou, e centenas de praieiros foram mortos. Outro nome importante dessa revolução foi Borges da Fonseca, autor do manifesto dos praieiros, o Manifesto ao Mundo.

A derrota dos praieiros fez com que os liberais se enfraquecessem nacionalmente. O partido liberal só ganhou relevância novamente no começo da década de 1860.

Quais as principais causas da Revolução Praieira?

A Revolução Praieira iniciou-se em novembro de 1848 em razão da disputa pelo poder entre praieiros e conservadores. O estopim foi a reviravolta política que aconteceu no país quando os conservadores retomaram o poder no Rio de Janeiro, em 1848.

O que foi a Revolução Praieira e suas consequências?

Grande parte dos senhores de engenho que se envolveram na luta recebeu anistia. A Revolução Praieira foi a última rebelião de caráter liberal no Nordeste e marcou também a derrocada dos liberais. Com sua reputação manchada pelo envolvimento na luta em Pernambuco, esse partido só retomou o poder no Parlamento em 1864.

O que foi a Revolução Praieira explique?

A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o século XIX. Essa revolta foi resultado da disputa entre praieiros e conservadores pelo poder na província de Pernambuco. Esse conflito estendeu-se durante dois anos e resultou no enfraquecimento dos liberais na política brasileira.

O que defendia a Revolução Praieira?

Foi um movimento antilusitano que procurava a derrubada da Regência através do Partido da Ordem. Defendia primordialmente o comércio a nível nacional para desenvolver a economia de trocas da província. Pretendia a expropriação dos senhores da terra para a proclamação de uma república independente.