Quais as causas do desenvolvimento desigual entre partes da América?

Quais as causas do desenvolvimento desigual entre partes da América?

Cerca de dois terços da população mundial vive em países onde a desigualdade cresceu. De acordo com as medições de progresso entre 1990 e 2010, levará mais de quatro décadas para acabar com a desigualdade entre etnias, por exemplo. A renda de uma pessoa que vive na América do Norte é 16 vezes mais alta que a de alguém que vive na África Subsaariana. Esses são alguns dos dados apresentados pelo Relatório Social Mundial: Desigualdade em um mundo de rápidas mudanças, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 21 de janeiro.  

A desigualdade de renda, por exemplo, cresceu, em sua maior parte, em países desenvolvidos e em alguns em desenvolvimento, como China e Índia. Apesar disso, vale reforçar que, segundo o coeficiente de desigualdade, essa não é uma tendência universal, uma vez que o número apresentou diminuição, em sua maioria, em países da América Latina, Caribe, África e Ásia. 

Apesar do crescimento da desigualdade econômica em muitos países, o comparativo da desigualdade entre nações tem diminuído. Um dos fatores que explica esse movimento é o crescimento econômico forte na China e países emergentes da Ásia. 

Além disso, mesmo que tenham sido evidenciados avanços em determinados grupos ou fatias da população – com atenção especial nos cuidados de saúde infantil e educação primária -, esses mesmos grupos ficarão para trás e não alcançarão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a não ser que o progresso comece a acelerar a partir de agora, a chamada Década de Ação. 

Forças Globais

A proposta do relatório foi analisar quatro “forças globais” que influenciam os diversos tipos de desigualdades: inovação tecnológica, mudanças climáticas, urbanização e migração internacional. 

No âmbito da inovação tecnológica, mais do que a discussão sobre a possibilidade de a tecnologia acabar com determinados cargos – e gerar outros -, é preciso atentar-se que, em muitos países, novas tecnologias estão beneficiando trabalhadores muito qualificados e/ou um número pequeno de empresas líderes. Isso significa que, se a tendência continuar, a tecnologia servirá para aumentar a distância e criar uma polarização ainda maior quando o assunto é força de trabalho: entre os muito qualificados e os pouco ou medianamente qualificados. 

Já na análise das mudanças climáticas, o aumento das temperaturas afetou o crescimento econômico de países localizados nos trópicos. Para se ter uma ideia, a diferença entre a renda dos 10% mais ricos e mais pobres do mundo é 25% maior do que seria caso o aquecimento global não existisse. 

Apesar dos dados apresentados, a mensagem que o documento deseja passar é de que os desafios vividos atualmente e impostos por essas forças globais não são irreversíveis. É possível usar cada uma delas para caminhar em direção a um mundo mais sustentável e equitativo. Nesse cenário, os governos e a cooperação internacional aparecem como atores fundamentais. 

Confira aqui o relatório na íntegra em inglês. 

A desigualdade social é a diferença existente entre as classes sociais ou castas dominantes e as classes sociais ou castas dominadas. Ao longo dos tempos, os sistemas econômicos e políticos das cidades foram criando mecanismos de distinção entre as pessoas. Nas chamadas sociedades estratificadas, esses mecanismos são as divisões de castas, como os nobres na Europa feudal e as castas indianas, predominantes como sistema de distinção até o século XX.

Nessas sociedades a possibilidade de mobilidade social (sair de uma casta inferior e passar para uma superior) é nula ou quase nula, sendo que a origem familiar determina a casta. O republicanismo e o capitalismo criaram outro sistema de distinção baseado na capacidade de acúmulo de capital. Esse sistema tem uma possibilidade maior de mobilidade, mas alimenta-se ferozmente da desigualdade social, que é uma barreira para o pleno desenvolvimento das sociedades capitalistas contemporâneas.

Leia mais: Neoliberalismo: modelo econômico que prega menor participação estatal na economia

Breve histórico sobre a desigualdade social no mundo

A desigualdade social não é um fenômeno novo, mas as formas mais avançadas do capitalismo (industrial e financeiro) resultaram numa intensificação dela no mundo a partir do século XIX. Outro fenômeno que a intensificou foi o colonialismo europeu sobre os países do Hemisfério Sul.

Quais as causas do desenvolvimento desigual entre partes da América?
A desigualdade social causa uma distorção econômica que afeta negativamente a maioria mais pobre da população.

A colonização europeia — sobretudo sobre as Américas Central e do Sul, sobre a África e sobre partes da Ásia — foi movida pelo interesse na exploração de recursos naturais. A retirada desses recursos desses locais, a exploração da mão de obra escrava ou de baixo custo e a ida de colonos para os territórios colonizados geraram um sistema desigual que perdura até hoje.

Portanto, os dados sobre a desigualdade social no mundo demonstram a existência de um verdadeiro abismo entre a minoria mais rica e a maioria mais pobre, sendo que os países mais pobres (com exceção dos Estados Unidos, que não é campeão em desigualdade, mas possui altos índices levando-se em conta o seu PIB) são campeões nos rankings sobre a desigualdade social.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Como é medida a desigualdade social?

Existe um padrão de medida criado pelo matemático e estatístico italiano Conrado Gini, chamado coeficiente de Gini (ou índice de Gini), que mede a desigualdade em um determinado local e é comumente utilizado para medir a desigualdade de renda. O índice de Gini é expresso por um número que varia de zero a um, sendo zero o marco da ausência de desigualdade de renda, enquanto o numeral um representa o máximo possível dela.

Veja também: IDH: índice que permite comparar a qualidade de vida entre os países

Dados sobre a desigualdade social no mundo

No levantamento exposto pela revista Desafios do Desenvolvimento, mantida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)|1|, em 2004, Hungria, Japão e Dinamarca eram os países com menores taxas de desigualdade social, tendo índice de Gini de 0,244, 0,247 e 0,249, respectivamente. Os Estados Unidos ocupavam o 76º lugar no ranking, com índice de 0,408, enquanto o Brasil ocupava o 120º lugar, com o índice marcado em 0,591. O último país dos 127 rankeados no estudo foi a Namíbia, com índice em 0,707.

Quais as causas do desenvolvimento desigual entre partes da América?
A desigualdade social separa as camadas mais ricas e poderosas das camadas mais pobres da população.

Além do coeficiente de Gini, temos dados de pesquisas variadas que mostram a alta desigualdade social no mundo. Segundo matéria publicada no periódico El País em 17 de outubro de 2015|2|, 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta.

Na mesma matéria há uma pirâmide de renda demonstrando que 0,7% da população mundial possui renda de mais de um milhão de dólares mensais, 7,4% possuem renda entre 100 mil e um milhão, 21% possuem renda entre 10 mil e 100 mil dólares, e 71% possuem renda menor que 10 mil dólares mensais. O maior problema é que grande parte desses 71% mais pobres do planeta possui rendas extremamente baixas ou está abaixo da linha da pobreza, tendo dificuldades para manter alimentação e moradia dignas.

Desigualdade social no Brasil

O Brasil encontra-se na faixa dos países com alto índice de desigualdade social. Entre os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China, países com elevado índice de crescimento econômico e potencialidade de crescimento para as próximas décadas), o Brasil é o país com maior desigualdade social. Enquanto Índia, China e Rússia ocupam, respectivamente, 34º, 90º e 93º lugares, o Brasil está em 120º no ranking de 127 países feito pelo Ipea, em 2004, sob a medição do coeficiente de Gini.

Quais as causas do desenvolvimento desigual entre partes da América?
A favela de Paraisópolis (São Paulo) está localizada ao lado de condomínios de luxo. A paisagem ilustra a desigualdade social brasileira.

Dados expostos em matéria do periódico online G1 mostram que, em 2017, o Brasil foi classificado como o 10º país com maior desigualdade social em um ranking de 140 países. A pesquisa apresentada na matéria foi coordenada pelo ex-diretor do Ipea e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A matéria aponta que dados levantados pela Oxfam (uma confederação internacional com mais de 3000 membros que estuda e luta contra a pobreza no mundo) mostram que os seis maiores bilionários brasileiros concentram, juntos, a riqueza da metade da população brasileira. Isso significa que, em um país com aproximadamente 210 milhões de habitantes, seis deles possuem a riqueza equivalente a de outros 105 milhões.

O Brasil é o país que mais concentra riqueza entre o 1% mais rico na América Latina, tendo seu coeficiente de Gini mais baixo entre os países latino americanos, ficando atrás apenas de Colômbia e Honduras.

Acesse também: IDH do Brasil: valor atual e seu significado prático

Como acabar com a desigualdade social?

Ao longo da história contemporânea, a preocupação com a desigualdade social começou a surgir, dando lugar a teorias que visavam reduzir ou eliminar as diferenças econômicas entre ricos e pobres. Assim tiveram origens os ideais socialistas, que visavam uma forma de organização estatal capaz de promover a igualdade econômica.

As primeiras formas de socialismo, hoje chamadas de socialismo utópico, não expressaram qualquer indício de prática. O socialismo científico foi a forma mais desenvolvida de economia socialista proposta no século XIX pelo filósofo, sociólogo e economista alemão Karl Marx e pelo economista e escritor alemão Friedrich Engels.

Existe também a perspectiva anarquista, embasada principalmente nos estudos do filósofo, sociólogo e economista francês Pierre-Joseph Proudhon e do filósofo e teórico político russo Mikhail Bakunin. Segundo a teoria anarquista, o Estado deve ser abolido completamente e, junto a ele, abole-se o capitalismo. As entidades estatais seriam substituídas por sistemas de assembleias e pela autogestão popular para a tomada de decisões políticas. A economia capitalista daria lugar ao sistema de cooperativismo.

Outras perspectivas ganharam destaque no século XX e ainda se mantêm no século XXI. Trata-se do conjunto de ideias chamado de reformismo — são perspectivas políticas que colhem elementos socialistas e capitalistas, visando manter a economia regida pelo sistema capitalista, mas com ideias de redução da desigualdade social e de redistribuição de renda via atuação estatal. Uma dessas perspectivas é a social-democracia, sistema político econômico adotado em países europeus, como Noruega, Finlândia e Suécia.

Desigualdade social para Karl Marx

Marx e Engels fundaram uma teoria baseada na abolição do capitalismo com o aparelhamento do Estado em favor do proletariado e na estatização de toda a propriedade privada. Para Marx havia uma absurda exploração da classe trabalhadora (o proletariado) por parte da classe dominante (a burguesia, ou seja, os donos dos meios de produção).

A teoria marxista foi classificada como socialismo científico por apresentar, pela primeira vez, uma base de estudos para justificar e amparar o pensamento socialista. No século XX, várias tentativas de implantação do socialismo de viés marxista foram postas em prática, porém críticos apontam o fracasso delas por não acabarem com a desigualdade (em alguns casos até acirrá-la pela corrupção) ou por criarem situações de extrema miséria.

No entanto outros críticos rebatem essas visões alegando que as experiências socialistas iniciadas no século XX desviaram-se dos ideais marxistas. Podemos elencar, como os maiores exemplos de experiências de socialismo com embasamento marxista os casos da União Soviética, da China e de Cuba.

Notas

|1|Confira a matéria clicando aqui.

|2|Confira a matéria clicando aqui.

Quais as causas da desigual?

Partindo dessa premissa, trouxemos abaixo as principais causas da desigualdade social, especialmente na perspectiva da realidade brasileira..
Má distribuição de renda..
Acesso à educação deficitário..
Administração ruim dos recursos públicos..
Investimentos governamentais insuficientes..
Não garantia de serviços básicos..

Quais são as causas e as principais consequências da desigualdade?

A desigualdade leva ao aumento da pobreza, da má qualidade da alimentação e à fome. Com isso, também há más condições de moradia, falta de saneamento básico, saúde precária, alta taxa de mortalidade infantil, violência e desemprego. Concomitante a todos esses fatores, há estresse e outros problemas psicológicos.

Quais são as razões das diferenças e desigualdades entre os países?

A desigualdade social, chamada também de desigualdade econômica, é um problema social presente em todos os países do mundo. Ela decorre, principalmente, da má distribuição de renda e da falta de investimento na área social, como educação e saúde.

Por que há tanta desigualdade no desenvolvimento entre as regiões brasileiras?

Segundo o FMI, “as mudanças no comércio e na tecnologia globais mudaram empregos e indústrias no mapa, mas os ganhos econômicos nos países não são bem compartilhados”. A disparidade de renda entre as regiões também é persistente e aumentou nos últimos 15 anos, contribuindo para a desigualdade.