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confrontar dados. Em suma, navegar é preciso… O episódio Diogo Mainardi-Franklin Martins, envolvendo o vazamento de uma sentença que ainda nem existia — um furo, com efeito, histórico (leia as explicações do juiz) — levou os leitores a enviar para cá um texto muito famoso sobre a covardia das pessoas comuns diante da escalada autoritária. Se vocês procurarem no arquivo, escrevi, no dia 30 de junho do ano passado, literalmente o seguinte (segue em azul): “(…) constrangedor é constatar o silêncio das oposições até agora. Em vez de a escalada contra a imprensa livre merecer palavras de protesto, o que vemos são salamaleques dirigidos ao lulismo, como se estivéssemos mesmo diante de um pacificador. Reparem: não passa dia sem que uma autoridade do governo se dedique à tarefa de criminalizar a opinião dos que não rezam segundo a cartilha do “petistamente correto”. Objetivamente, a quem favorece o silêncio? Há um textinho famoso sobre o nazismo, que merece ser lembrado. Nove entre dez citadores o atribuem a autor indevido: Maiakóvski, Bertolt Brecht ou o brasileiro Eduardo Alves da Costa (que escreveu, com efeito, coisa bem parecida): Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não
me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar. Certos setores da oposição estão fazendo de conta que a escalada petista contra a imprensa é notícia de uma guerra particular. Não é, não. Trata-se de mais uma batalha do PT contra as liberdades democráticas; trata-se de mais uma iniciativa para fazer com que o autoritarismo brote no seio da própria democracia, como já está se tornando comum no continente. Os oposicionistas deveriam levar em conta a história de Niemöller. Enquanto ainda há quem se arrisque a reclamar… Voltando a abril de 2007 Muita gente postou o texto de Niemöller atribuindo-o a Maiakovski ou a Bertolt Brecht, e eu excluí os comentários, o que irritou alguns leitores. Só queria impedir que o erro prosperasse. Vizinho desse engano é um outro. Leia este texto: Assim como a
criança Continua após a publicidade Tu sabes, Até que um dia, Olho ao redor Vamos ao campo E por temor eu me calo, A segunda estrofe é conhecidíssima e muito citada. O nome do poema é No caminho, com Maiakovski, e ele não é do poeta russo, mas do fluminense Eduardo Alves da Costa, autor de livro homônimo. Chegaram comentários aos montes: “Como disse Maiakovski, na primeira noite, eles roubam uma flor…” A confusão é compreensível: parece-me evidente que o texto de Costa, que cita o nome de Maiakovski, segue as pegadas do de Niemöller. Aí a confusão de instalou. Mesmo nos tempos pré-internet, a questão da autoria era capítulo complexo. A gente aprende no colégio — ou aprendia — que a frase “Viver é muito perigoso” é de Riobaldo, a jagunço com pinta de Spinoza de Guimarães Rosa. O ministro Franklin Martins adora citar a frase. Só espero que ele não se refira a perigos que os outros correm. Mas adiante. A sacada é de Virgínia Woolf, que escreveu isso pelo menos 31 anos antes de ir parar na boca da personagem de Grande Sertão Veredas (1956). Está aqui, ó, em Mrs. Dalloway, que é de 1925: “Não, agora nunca mais diria, de ninguém neste mundo, que eram isto ou aquilo. Sentia-se muito jovem; e, ao mesmo tempo, indizivelmente velha. Passava como uma navalha através de tudo; e ao mesmo tempo ficava de fora, olhando. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora, longe e sozinha no meio do mar; sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse. (…) Oh! Se pudesse viver de novo! Pensou, ao pisar a rua,como não havia de ser diferente! (…)“ Ainda sobre autorias, leia o texto acima. Continua após a publicidade Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA. |