Especialista lista três motivos que levaram a descompressão das cotações — e ainda avisa que movimento pode não durar muito Show O mundo está longe de voltar à normalidade corriqueira — sem covid, guerras ou aumentos cavalares de juros —, mas isso não quer dizer que alguns sinais de estabilização deixem de aparecer. Após uma queda de 10,47% na última semana, o petróleo voltou para casa dos US$ 95 o barril — preços que não eram vistos desde fevereiro deste ano. No final do segundo mês do ano, a Rússia invadiu a Ucrânia como forma de retaliação contra a entrada do país na Otan. Os dois países são grandes exportadores de petróleo, o que iniciou um ciclo de sucessivas altas da commodity. Desde então, à exceção de abril, quando o preço do barril tocou momentaneamente os US$ 99, o petróleo continuava sendo negociado acima dos US$ 100 — chegando a atingir os US$ 128 nas máximas do ano. Essa notícia é positiva para a dinâmica da inflação global, uma vez que alivia as pressões sobre os combustíveis. Tanto o Fed quanto o BC entendem que o petróleo acima de US$ 100 será uma realidade para os próximos meses, mas o alívio atual pode ajudar a rever as estimativas para a tendência inflacionária. Já para quem investe em petroleiras, o saldo é negativo porque o potencial de geração de receita fica menor — se o petróleo está mais barato, as vendas geram menos dinheiro para os cofres das empresas. Por volta das 11h de hoje, o barril do Brent era negociado em queda de 4,48%, cotado a US$ 95,06. Mas o que mudou para o mundo sentir um alívio das cotações do petróleo? Aqui vão alguns dados que ajudam o investidor a entender a queda do preço: 1 — Oferta de petróleo em quedaAs sanções impostas à Rússia pelos países do Ocidente após a invasão da Ucrânia geraram um choque na oferta do petróleo, o que explica a disparada das cotações. Mas um relatório publicado nesta quarta-feira pela Agência Internacional de Energia (AIE) mostrou que a desaceleração econômica deve gerar uma queda na demanda pela commodity. No saldo geral, a oferta e demanda devem se equilibrar até o final de 2022 e início de 2023, o que já começa a influenciar nos preços. Em númerosDe acordo com a agência, as projeções de demanda mundial de petróleo para este e o próximo ano caíram de 240 milhões de barris por dia (bpd) para 99,18 milhões de bpd em 2022; para 2023, as estimativas saíram de 280 mil bpd para 101,32 milhões de bpd. Além disso, sanções adotadas contra a Rússia, pela guerra na Ucrânia, estão prejudicando sua oferta menos do que se previa, enquanto a produção de EUA e Canadá está aumentando, diz a agência. 2 — Recessão virando a esquinaA demanda global por petróleo vem sendo estabilizada ao longo dos últimos meses. No mais recente relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel viu uma manutenção da demanda pela commodity. A queda nas cotações já vem acontecendo desde então, mas o que pegou ainda mais os mercados hoje foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A inflação por lá registrou a maior alta em 12 meses dos últimos 41 anos, o que dá sinal verde para que o Federal Reserve eleve ainda mais os juros na próxima reunião de política monetária — e também nas seguintes.. Esse aperto na maior economia do mundo dá mais força à tese que vem se formando de uma recessão global, o que deve reduzir ainda mais a demanda por energia. Veja Também: CENÁRIO MACRO E OS RISCOS PARA ECONOMIA NO 2º SEMESTRE
3 — E mais covid no mundoA descoberta de uma nova variante do coronavírus também liga o sinal amarelo para os investidores e analistas. O risco de novos lockdowns globais começou a ser aventado após a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitir um alerta sobre a BA.2.75, variante que circula na Índia há mais de um mês e é uma das possíveis causas do aumento de novas infecções na China. Na última semana, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, afirmou que a entidade está rastreando a nova cepa, que circula há mais de um mês no país asiático. Mas a queda do petróleo vai durar?Na visão de Rodrigo Barreto, analista de investimento da Necton, é difícil cravar se esse movimento de queda irá perdurar. “A gente não vê o petróleo desgarrar muito dessa região de 100 ou 110 [dólares]. Depende de uma série de fatores: guerra, se a Europa vai usar petróleo ao invés de gás no inverno, etc. Eu não cravaria [que a queda irá durar]”, comenta ele. Mas e quem investe em petroleiras? Algumas dicasSe você tem dinheiro em aplicações expostas ao preço do petróleo, como ações de companhias petroleiras, deve estar com uma certa indigestão hoje. Confira o desempenho do setor hoje:
Mas não se desespere e confira o nosso especial Onde Investir no 2º semestre antes de tomar qualquer decisão. Dentro do universo das ações, ainda pode ser cedo para abandonar a cautela de papéis mais seguros — como as de empresas ligadas às commodities, por exemplo. Na visão dos analistas consultados pela reportagem, as cotações mais altas das matérias-primas devem continuar. Mas se você pretende abandonar a bolsa, aqui vão algumas ideias:
Qual o valor do barril de petróleo em 2022?O barril do petróleo WTI com vencimento em julho de 2022 tinha queda de 6,38%, aos US$ 110,09. A queda do petróleo se deve ao temor dos investidores com uma possível recessão global por causa do desaquecimento da economia.
Qual é o valor do barril de petróleo hoje?Barril do Brent é negociado a perto de US$ 103, um recuo de mais de US$ 10 frente a cotação de abertura do dia.
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