Por que a taxa de mortalidade infantil é um indicador do nível de desenvolvimento de um país?

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Por que a taxa de mortalidade infantil é um indicador do nível de desenvolvimento de um país?

Estudo Mortalidade Infantil em Portugal

Mortalidade Infantil em Portugal - Evolução dos indicadores e fatores associados de 1988 a 2008

Portugal tem vindo a registar, nos primeiros anos do século XXI, as mais baixas taxas de mortalidade infantil da sua história. Efetivamente, ao comparar-se a taxa de mortalidade infantil registada em 1970 (por cada 1000 crianças nascidas, 53,7 morriam antes de completar o primeiro ano de vida), com a taxa atingida em 2008 (3,31‰), verifica-se que o país teve uma melhoria considerável neste indicador. A diminuição desta taxa tem sido um fenómeno generalizado em todo o mundo. Durante o século XX, em vários países europeus, no Japão e nos Estados Unidos da América, bem como na maior parte dos países com padrões de desenvolvimento semelhantes aos de Portugal, a mortalidade infantil diminuiu cerca de 90%. No entanto, ao analisar atentamente os dados relativos aos últimos 40 anos, verifica-se que em nenhum outro país europeu ocorreu uma evolução semelhante à do nosso país. No período entre 1970 e 2008, Portugal registou uma diminuição de 94% na sua taxa de mortalidade infantil, o que constitui um dos casos de maior sucesso na melhoria deste. Portugal foi um dos países que melhores resultados obteve nesta área, apresentando, atualmente, uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas em todo o mundo. Em 2008, a mortalidade infantil em Portugal atingiu o valor recorde de 3,4 óbitos em cada mil nascimentos. Na verdade, este talvez seja um dos mais expressivos indicadores de desenvolvimento socioeconómico, em que Portugal se destaca pela positiva na comparação mundial.

A excelente classificação que Portugal detém neste indicador, criou um grande interesse pelo estudo aprofundado das razões que explicam este sucesso, procurando identificar as razões e as boas práticas que ajudaram a este desempenho excecional. Este trabalho, sob a coordenação de Xavier Barreto e José Pedro Correia, e coordenação científica de Octávio Cunha, procura contribuir para a discussão do tema, através da observação da evolução dos indicadores da mortalidade infantil ao longo das últimas décadas, e bem assim, da análise dos fatores que poderão estar associados à redução, tão emblemática, da taxa de mortalidade.

• Qual o respetivo impacto da diminuição da mortalidade neonatal e da diminuição da mortalidade pós-neonatal na redução da mortalidade infantil?
• Qual o papel dos fatores socioeconómicos nos resultados verificados em Portugal?
• Qual o papel as alterações efetuadas no sistema de saúde ao longo das décadas?
• Tratar-se-á de uma mudança que decorreu naturalmente da nossa evolução enquanto sociedade, ou que surgiu na sequência de uma política, de uma estratégia?
• Que medidas poderão ser tomadas de forma a garantir que estes resultados se continuem a verificar no futuro?

Para responder a estas e outras questões, o estudo que aqui encontra contou com uma equipa médicos e enfermeiros da área materno infantil, sociólogos, especialistas em análise estatística, administradores hospitalares e juristas, de forma a estar capacitado para realizar uma análise completa e pormenorizada das diferentes dimensões do fenómeno em estudo, nomeadamente os relacionados com a análise dos fatores sociais e dos fatores de saúde, que poderiam estar associados à evolução do indicador. 

Nos últimos 20 anos, Portugal obteve uma redução de 74,66 por cento da taxa de mortalidade infantil, passando de 13,06 por mil, em 1988, para 3,31 por mil, em 2008. É provavelmente o indicador em que o país mais progrediu nos últimos 20 anos. Este sucesso é ainda mais percetível tendo em conta que, caso a taxa de mortalidade infantil se tivesse mantido nos níveis de 1988, em 2008 teriam falecido não 346, mas sim 1367 crianças com menos de um ano de vida.

As informa��es do IDB s�o atualizadas anualmente. Sugerimos consultar a vers�o mais recente (http://www.datasus.gov.br/idb).

Qualifica��o de Indicadores do IDB-1997

1. Conceitua��o:

    N�mero de �bitos de menores de um ano de idade, expresso por mil nascidos vivos, em determinado local e per�odo.

2. Interpreta��o:

  • Estima o risco de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida.
  • Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos n�veis de sa�de, de desenvolvimento socioecon�mico e de condi��es de vida. No entanto, mesmo quando as taxas de mortalidade infantil s�o baixas, encontram-se pronunciadas varia��es entre segmentos da popula��o.
  • As taxas de mortalidade infantil s�o geralmente classificadas em altas (50 ou mais), m�dias (20-49) e baixas (menos de 20), em fun��o da proximidade ou dist�ncia de valores j� alcan�ados em sociedades mais desenvolvidas, o que varia com o tempo . A tend�ncia de queda das taxas de mortalidade infantil exige a revis�o peri�dica desses valores.
  • A C�pula Mundial da Crian�a estabeleceu metas de redu��o da mortalidade infantil para o ano 2000; a meta sugerida para o Brasil � 30 por mil nascidos vivos .
  • 3. Usos:

    • Subsidiar processos de planejamento, gest�o e avalia��o de pol�ticas e a��es de sa�de voltadas para a aten��o pr�-natal, ao parto e a sa�de infantil.
    • Proceder an�lise comparada de situa��es de sa�de, em diferentes tempos, lugares e condi��es socioecon�micas.
    • 4. Limita��es:

      • � medida que o coeficiente de mortalidade infantil diminui, tende a haver concentra��o dos �bitos nas primeiras semanas e dias de vida. Quando isso ocorre, deve-se valorizar indicadores mais espec�ficos, que refletem melhor a aten��o perinatal e ao parto, como os de mortalidade neonatal e perinatal.
      • A subenumera��o de �bitos e nascimentos, que ocorre em graus vari�veis, limita a qualidade deste indicador, sendo feitos ajustes nas taxas para ter em conta a subenumera��o.
      • A obten��o do n�mero de nascidos vivos, por vezes, � o fator limitante para a estimariva deste indicador. Os c�lculos podem ser feitos de duas maneiras: diretamente, com os dados dos registros ou, indiretamente, apoiando-se em estimativas.
      • Os c�lculos diretos das taxas de mortalidade infantil s�o feitos utilizando-se os sistemas de informa��o sobre mortalidade (SIM) e de nascidos vivos (SINASC). Nas regi�es que apresentam baixas coberturas dessas bases de dados, como no Norte e Nordeste, tem-se que usar um fator de corre��o, quer para o n�mero de �bitos de menores de um ano, quer para o de nascidos vivos. C�lculos de subenumera��o t�m de ser realizados para que tais corre��es possam ser feitas.
      • Os c�lculos indiretos das taxas de mortalidade infantil s�o feitos pela aplica��o de modelos demogr�ficos �s informa��es sobre a sobreviv�ncia de filhos tidos nascidos vivos.A precis�o das estimativas por m�todos indiretos, como as usadas no IDB-1997, depende dos modelos demogr�ficos utilizados para seu c�lculo. As estimativas indiretas n�o s�o apropriadas para �reas com popula��o reduzida.
      • 5. Fontes:

        • Minist�rio da Sa�de/CENEPI: SIM (Sistema de Informa��es sobre Mortalidade) e SINASC (Sistema de Informa��es sobre Nascidos Vivos).
        • Alternativa: IBGE - Censos Demogr�ficos, Pesquisas Nacionais por Amostra de Domic�lios (PNAD) e estimativas demogr�ficas.
        • 6. M�todo de C�lculo :

          N

          � �bitos de residentes ------------------------------------------------------------------------------------------         x1.000
          N� total de nascidos vivos, no mesmo local e per�odo
          • Alternativa: a taxa pode ser obtida por m�todos demogr�ficos indiretos, usando os dados dos censos e das pesquisas amostrais.

          • No IDB-1997, a taxa de mortalidade infantil foi estimada pelo IBGE, utilizando o m�todo indireto de c�lculo.

          7. Categorias de An�lise:

          • Brasil, Grandes Regi�es, Estados e Distrito Federal.

          • 8. Dados Estat�sticos e Coment�rios:

            Grandes Regi�es

            1986

            1991

            1996

            Varia��o de 86-96(%)

            BRASIL

            62,3

            45,2

            37,5

            -40

            Norte

            58,8

            42,3

            36,1

            -39

            Nordeste

            90,5

            71,2

            60,4

            -33

            Sudeste

            44,6

            31,6

            25,8

            -42

            Sul

            37,6

            25,9

            22,8

            -39

            Centro-Oeste

            40,7

            29,7

            25,8

            -37


            • As estimativas apresentadas foram retiradas de s�rie hist�rica fornecida pelo IBGE.
            • A m�dia nacional encontrada em 1996 � de 37,5 �bitos infantis por mil nascidos vivos, aproximando-se da meta de 30 por mil. Entre 1986 e 1996, observou-se queda de 40% na taxa de mortalidade infantil no pa�s.
            • � exce��o do Nordeste, com taxa de mortalidade infantil estimada para 1996 em 60,4 por mil, e do Norte, com 36,1 por mil, todas as demais regi�es apresentam valores inferiores a 26 por mil. Dentre os estados brasileiros, a menor mortalidade infantil se encontra no Rio Grande do Sul, com 21,6 por mil, enquanto que Alagoas � o estado de maior mortalidade infantil( 84,2 por mil), sendo o menor valor, daquela regi�o, o encontrado na Bahia (52,5 por mil).

            Por que a taxa de mortalidade infantil é um indicador do nível de desenvolvimento social?

            A taxa de mortalidade infantil é usada internacionalmente como o indicador que melhor retrata o estágio de desenvolvimento econômico e social de um país ou região, justamente por possuir relação direta com características socioeconômicas e, consequentemente, ser sensível às suas variações.

            Por que a taxa de mortalidade infantil é um indicador expressivo do nível de vida da população de um país?

            A taxa de mortalidade infantil expressa o número de crianças de um determinado local que morre antes de completar 1 ano de vida a cada mil nascidas vivas. Esse dado é um indicador da qualidade dos serviços de saúde, saneamento básico e educação.

            Por que a taxa de mortalidade infantil pode ser entendida como indicador de qualidade de da população Comente sua resposta?

            Porque, na realidade, o resultado da taxa de mortalidade infantil ajuda na identificação de aspectos socioeconômicos que podem contribuir ou não para a qualidade de vida em um determinado território. Desse modo, a taxa de mortalidade infantil pode variar com base no nível de desenvolvimento socioeconômico de cada país.

            Por que a mortalidade infantil é um indicador de saúde importante para analisarmos as condições de saúde de uma população?

            Esse dado é um aspecto de fundamental importância para avaliar a qualidade de vida, pois, por meio dele, é possível obter informações sobre a eficácia dos serviços públicos, tais como: saneamento básico, sistema de saúde, disponibilidade de remédios e vacinas, acompanhamento médico, educação, maternidade, alimentação ...