GeadasÉ o processo através dos quais cristais de gelo são depositados sobre uma superfície exposta, que resulta do fato de que a temperatura da superfície caiu até a temperatura do ponto de orvalho, havendo a condensação do vapor d’água adjacente sobre a superfície e em seguida seu congelamento (sendo esta passagem muito rápida). Show Na Meteorologia, define-se a ocorrência de geada quando há deposição de gelo sobre plantas e objetos expostos ao relento. Isso ocorre sempre que a temperatura atinge valores abaixo de 0°C e tem umidade na atmosfera. No entanto, mesmo com formação de gelo sobre as plantas pode não haver morte dos tecidos vegetais, por elas estarem em repouso vegetativo. Em Agronomia, entende-se geada como fenômeno atmosférico que provoca a morte das plantas ou de suas partes, em função da baixa temperatura do ar que acarreta congelamento dos tecidos vegetais, havendo ou não formação de gelo sobre as plantas. Período de ocorrênciaDurante o período maio-setembro, toda a Região Sul sente os efeitos típicos do inverno. Sucessivas e intensas invasões de frentes de altas latitudes trazem, geralmente, chuvas abundantes seguidas por massas de ar muito frias. A entrada dessas massas é acompanhada de forte queda de temperatura que atinge valores pouco superiores a 0ºC, e não raramente chega a temperaturas negativas, proporcionando a ocorrência de geadas (Nimer, 1979). Em algumas localidades serranas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina podem ocorrer geadas durante todo o ano.
Regiões mais afetadasRegião Sul, Mato Grosso do Sul, oeste e sul do Estado de São Paulo, região da Serra da Mantiqueira (norte de SP e sul de MG), e, ocasionalmente, no sul de Goiás e Triângulo Mineiro. Classificação
Obs: Para a nossa região o processo radiativo é crucial para o fenômeno; porém este não ocorrerá sem a intrusão de massas de ar frio e seco.
Em geral, a geada branca não provoca danos para culturas mais tolerantes, pois embora a água congele a 0ºC, a temperatura letal pode estar bem abaixo deste valor. A suscetibilidade das culturas agrícolas às geadas varia com a espécie e com o estágio fenológico das plantas no momento da ocorrência. Considera-se que –2°C seja a temperatura crítica mínima da folha abaixo da qual se iniciam os danos nas plantas de espécies menos resistentes, como a bananeira, o mamoeiro, e o arroz. Para espécies mais resistentes, como o cafeeiro, a cana-de-açúcar e os citros, o limite é de –4°C. Os danos serão mais graves e extensos quanto maior for a queda de temperatura abaixo desses limites. Na geada negra, a planta morre antes que ocorra formação e congelamento do orvalho. Em alguns casos, mesmo que a temperatura do ar esteja um pouco superior a 0°C, a intensidade do vento associada com a baixa umidade provocará a desidratação dos tecidos vegetais, podendo causar-lhes a morte. Condições para formação
Estudos realizadosVários estudos relacionados à situação sinótica favorável para a ocorrência de geada foram realizados no passado, com o objetivo de detectar evidências sobre a ocorrência deste fenômeno com alguns dias de antecedência. Muitos desses trabalhos procuraram observar os aspectos da circulação atmosférica por meio de estudos de casos. A evolução típica da ocorrência de geada no Sul do Brasil inicia com a entrada de um anticiclone extratropical sobre o continente da AS, associado com uma massa de ar frio proveniente do Oceano Pacífico (Marengo et al., 1997). Esse sistema se intensifica ao propagar-se rapidamente pela Argentina, devido a sua interação com a onda topográfica gerada pelos Andes (Seluchi e Neri, 1992; Gan e Rao, 1994). A baixa nebulosidade, devido à subsidência do ar na região do sistema anticiclônico, juntamente com a diminuição de velocidade do vento e a perda radiativa de onda longa da atmosfera para espaço, favorece a queda acentuada de temperatura. Frequentemente ocorre a intensificação de um centro de alta pressão na Argentina devido ao acúmulo de ar frio a leste dos Andes sobre o continente, proporcionado por um sistema de baixa pressão na costa Atlântica da AS (Pezza, 2003). Segundo Seluchi et al. (1998), a presença de um anticiclone à leste da montanha propicia acúmulo de ar frio a noroeste do mesmo, em parte pelo efeito da advecção fria e em parte pela presença da barreira topográfica. A grande extensão meridional da cordilheira, e o fato dela ser mais elevada ao norte são fatores fundamentais neste sentido. Em geral os anticiclones migratórios associados a massas de ar de origem polar, cruzam o Oceano Pacífico, invadem o continente entre as latitudes de 35 e 45°S, e deslocam sobre o Oceano Atlântico entre 25 e 35°S (Lima e Satyamurty, 1991), se unindo com a Alta Subtropical do Atlântico Sul. Entretanto, as incursões de ar frio sobre as regiões subtropicais dependem das características do escoamento em altos níveis, que em determinadas condições podem dar indícios do deslocamento dos sistemas frontais e das massas de ar frio com alguns dias de antecedência. Fortune e Kousky (1983)
Analisaram as geadas 1979 e 1981 com os seguintes dados: O caso de 1979:
O caso de 1981:
É ilustrativo comparar as condições precedentes aos eventos de 1979 e 1981, os pontos em comum são: Porém, elas diferiram basicamente em duas maneiras:
Poço dos AndesNo continente sul-americano, durante o inverno, a insurgência de ar polar em algumas situações adquire características peculiares com a formação de um centro de alta em níveis baixos e médios, denominado Poço dos Andes, que é o principal indicador da ocorrência de geadas. Muitas vezes, ocorre o desenvolvimento da “Polar Outbreak High” que é a formação de uma alta subtropical na intrusão fria que se fecha e domina na circulação; Nas imagens de satélite, são caracterizados por ausência de nebulosidade na costa do Chile, indicando a presença de um anticiclone frio na região.
Obs: Observe a inclinação da frente sobre o Pacífico, indicando cavado de grande amplitude meridional. Pedrotti e Fedorova (2000)
Reinke et al (2006)
Questionário1) O que é e como é formado a geada? Por que a geada preocupa tanto a população? 2) Qual é a época do ano e a região propícia a formação de geada? Por que? 3) O que é geada mista? 4) Kousky e Fortune (1983) estudaram eventos de geada no Brasil. Quais os campos foram avaliados e por quê? 5) Quais as diferenças marcantes entre as geadas de 1979 e 1981? 6) Associe a presença da alta continental com o ciclone extratropical (em termos da advecção de temperatura). ReferênciasGirardi, C., 1983: “O Poço dos Andes”, Relatório Técnico ECA 01/83, Centro Técnico Aeroespacial. Fortune, M.A. & V.E. Kousky, 1983: “Two severe freezes in Brazil: Precursors and synoptic evolution”, M.W.R., 109, 599-610. Seluchi, M.E. & J.T. Nery, 1992: “Condiciones meteorologicas asocioadas a la ocurrencia de heladas en la region de Maringá”, R.B.Met., 7(1), 523-534. Sites(acessado em 15/08/10) Em quais regiões do Brasil costuma Gear?Durante os meses de inverno no Hemisfério Sul (HS), observa-se sobre a Região Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, a ocorrência de temperaturas baixas, que favorecem a formação de geadas. Esse fenômeno caracteriza-se pela ocorrência de temperaturas do ar abaixo de 0oC, com a formação de gelo nas superfícies expostas.
Qual é o estado da geada?Quando o orvalho se congela e forma geada, não existe processo de sublimação e sim de solidificação, que é a transformação da água em estado líquido para água em estado sólido.
Qual foi a maior geada do Brasil?Já se passaram 46 anos do fenômeno climático que causou uma das maiores perdas de safra da história do Brasil. Em julho de 1975, a geada negra devastou as plantações de café do Norte e Noroeste do Paraná.
Porque ocorre poucas geadas no Brasil?Esporadicamente, pode gear também durante o verão nas partes mais elevadas das serras e planalto. Entretanto, a ocorrência desse fenômeno nessa época do ano é quase totalmente restrita a Região Sul do país, devido a seu clima subtropical.
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