O que são os estereótipos como eles são construídos podemos evitar os estereótipos

Doutorado em Sociologia (USP, 2021)
Mestre em Sociologia (UnB, 2014)
Graduado em Ciência Política (UnB, 2010)

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Os estereótipos são pressupostos ou rótulos sociais, criados sobre características de grupos para moldar padrões sociais. Um estereótipo se refere a certo conjunto de características que são vinculadas a todos os membros de um determinado grupo social. É, portanto, uma generalização e uma simplificação que relaciona atributos gerais a características coletivas como idade, raça, sexo, sexualidade, profissão, nacionalidade, região de origem, preferências musicais, comportamentos, etc. Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem padrões sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade.

Os estereótipos são reproduzidos culturalmente e interferem (grade parte das vezes inconscientemente) nas relações sociais. Atualmente, os meios de comunicação e informação possuem um importante papel de reforçar (ou desconstruir) os estereótipos.

De acordo com o sociólogo Erving Goffman, o estereótipo se relaciona com o estigma social nos processos de construção dos significados através da interação. A sociedade institui como as pessoas devem ser, e torna esse dever como algo natural e normal. Um estranho em meio a essa naturalidade não passa despercebido, pois lhe são conferidos atributos que o tornam diferente, podendo resultar na marginalização de indivíduos dentro de uma comunidade.

Estereótipo e preconceito

Os estereótipos funcionam como uma espécie de rótulo ou carimbo que marca um indivíduo pertencente à determinada coletividade estigmatizada a partir do pré-julgamento sobre suas características, em detrimento de suas verdadeiras qualidades individuais. Grande parte das vezes, os estereótipos carregam aspectos negativos, errôneos e simplistas, e por isso formam a base de crenças preconceituosas. Estereótipos e preconceitos podem se expressar através de ironia, piada, antipatia, humilhação, insultos verbais ou gestuais, chegando inclusive a reações mais hostis e violentas. É comum um estereótipo orientar a primeira impressão de alguém sobre o outro, evitando o contato entre os indivíduos, de maneira que a experiência de interação social se restrinja ao preconceito previamente estabelecido, reproduzindo-o e perpetuando o estigma e a marginalização de certos indivíduos e grupos.

Exemplos de estereótipos

Um exemplo comum é o estereótipo de beleza, que estabelece qualidades físicas consideradas bonitas e atraentes – e por consequência, o que se considera feio e repugnante. Em geral, o estereótipo relaciona o padrão de beleza com características da classe dominante de uma época, no caso de Ocidente, aproxima-se do perfil das pessoas brancas. No mundo globalizado, o estereótipo padroniza os corpos e pode ocasionar uma série de obsessões e frustrações individuais.

Outro exemplo de estereótipo é aquele que determina os papeis, características e comportamentos de gênero. Desde cedo, os estereótipos são reproduzidos na diferença de criação entre meninos e meninas, de forma que tais padrões impostos nos acompanham durante toda a vida.

Alguns estereótipos evidentes estão também relacionados com etnias, nacionalidades ou localidades. Podemos pensar nos estereótipos formados em relação a nordestinos ou sulistas, árabes e judeus, portugueses e argentinos, ou mesmo os estereótipos criados acerca de nós brasileiros. Vale a pena ressaltar que estereótipos étnicos estão e estiveram na raiz da intolerância política e de guerras, como na imagem que os nazistas tinham acerca dos judeus como justificativa para o holocausto.

Outros estereótipos que se encontram muito presentes na sociedade brasileira e que carregam uma grande carga de preconceito dizem respeito aos homossexuais, aos negros, aos indígenas, entre tantos outros.

Referências bibliográficas:

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/

Estereótipos e essencialização de brancos e negros: um estudo comparativo* * Agradecimentos à CAPES e CNPq pela concessão de bolsa de pós-doutorado para o primeiro autor e de bolsas de iniciação científica para os terceiro e quarto autores.

Stereotypes and the essencialization of black and white people: a comparative study

Marcos Emanoel PereiraI; José Luis ÁlvaroII; Andréia C. OliveiraIII; Gilcimar S. DantasIII

IUniversidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil

IIUniversidad Complutense de Madrid, Madrid, España

IIIUniversidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil

RESUMO

O combate aos efeitos negativos dos estereótipos, dos preconceitos e da exclusão social é um problema recorrente da nossa época. Um dos maiores desafios enfrentados por quem se dedica a refletir acerca deste tema se refere ao papel desempenhado pelo raciocínio categórico essencialista. O objetivo principal do presente artigo é apresentar os resultados de um estudo sobre a essencialização da categoria social raça. O estudo contou com 101 participantes brasileiros e 138 espanhóis. Foi constatado um claro efeito do país no grau de essencialização, assim como foram obtidas evidências de que a essencialização sofreu o impacto da hegemonia da categoria. A análise das explicações adotadas pelos participantes permitiu concluir que, dentre as teorias implícitas, as causas internas foram adotadas com maior frequência, a história causal foi predominantemente utilizada para explicar as mudanças no comportamento e as pressões situacionais foram arroladas para explicar, preferencialmente, a estabilidade da conduta.

Palavras-chave: essencialismo, naturalização, entitatividade, relações raciais.

ABSTRACT

Nowadays, one of the main problems of our societies is to fight against the negative effects of stereotypes, prejudices and social exclusion. One of the greatest challenges faced by anyone doing research on this topic is related to the role played by the categorical essentialist thinking. The main objective of this paper is to present the results of the essentialization of race as a social category. 101 Brazilians and 138 Spaniards took part in this study. The results obtained showed a clear effect of the country and the hegemony of the category on the level of essentialization. The analysis of the explanations used by the participants allows us to conclude that within common sense theories, internal causes were the ones most frequently pointed out, causal history was predominantly adopted to explain changes in behavior and, finally, situational pressures were presented to explain, preferably, stability in behavior.

Keywords: Essentialism, naturalization, entitatividade, race relations

O que constitui, porém, o grosso da nossa população escrava é o contingente das outras populações caracterizadas todas anatomicamente pela sua menor massa de substância cerebral; e esta condição anatômica de inferioridade é bem própria para abrandar os rancores abolicionistas contra a parte da sociedade, que tem por si a vantagem efetiva da superioridade intelectual.

(Pereira Barreto, 1880)

O essencialismo pode ser entendido como uma heurística usada durante o processo de categorização, que apesar da extensão e da universalidade do uso, é aplicada com mais facilidade a algumas categorias sociais do que a outras. A afirmação na epígrafe do artigo denota nitidamente esta perspectiva, e reitera a crença de que alguns indivíduos possuem características naturais que os definem como entes menos humanos do que os demais. Para o positivista e imigrantista Pereira Barreto, a cor da pele, enquanto tal, não seria o único fator a evidenciar a suposta inferioridade dos negros; características internas, especialmente o tamanho do cérebro, ofereciam os meios mediante os quais seria possível elaborar explicações fundamentadas em teses a respeito da superioridade racial branca. Teorias vigentes à época serviam como fundamentos para justificar a condição privilegiada dos brancos nos países colonizados pelas nações europeias (Azevedo, 1987; Ferreira, 2002; Moore, 2007; Nascimento, 2002). Livres ou escravizados, os negros, assim como os seus descendentes, estariam definitivamente condenados a ocupar uma condição que dificilmente os permitiria aceder ao estatuto de humano; eles seriam, por assim dizer, subumanos ou menos humanos. Sob o peso das pressões internas e externas pelo fim da escravidão, e em decorrência da presença de uma comunidade negra numerosa e em meio a uma perceptível expansão de uma população fenotipicamente cada vez mais mestiça, Pereira Barreto representa e exprime o desejo de criar uma nacionalidade e um ideal de pátria, na qual os negros e os mestiços deveriam estabelecer relações apenas com pessoas de pele branca, no intuito de que as gerações futuras se tornassem fenotipicamente mais claras (Gomes, 2000), o que ofereceria respaldo à crença de que negros e índios seriam os responsáveis pela 'má formação' ou pela 'involução' da população brasileira.

A classificação e a qualificação das relações sociais através do fenótipo é um fenômeno arraigado nas sociedades ocidentais e compõe um dos pilares estruturais da expressão do poder político e social. A adoção do critério racial para a classificação dos grupos humanos, e como recurso para justificar a manutenção do poder político e econômico, se tornou um ponto crítico no desenvolvimento do pensamento científico, desde o século XVII. Em que pese as inúmeras dificuldades na definição (Lieberman, Littlefield, & Reynolds, 1999), o conceito de raça, definido pelo imunologista William Boyd como uma população que difere de uma outra em relação à frequência de um ou mais genes que possui, se refere a um rótulo verbal atribuído a pessoas que compartilham a mesma cor da pele e as qualidades físicas a esta associadas, ou seja, a uma população que sofre a influência de um determinado pool genético. Contudo, existe maior variação entre os indivíduos de uma raça do que entre aqueles que pertencem a raças distintas (Montagu, 1962). A ausência de evidências biológicas que permitam postular diferenças de condutas baseadas em uma dimensão genética racial nos leva a afirmar que, mais do que raça, deveríamos fazer alusão ao conceito de racialização, um processo discursivo mediante o qual a adscrição a um grupo fenotipicamente homogêneo é acompanhada da hierarquização dos grupos humanos, baseados na crença da dominação social de uns grupos por outros e na formulação de juízos negativos sobre os grupos racializados. A categoria raça tem se tornado, a cada dia, muito mais uma categoria discursiva, de fundamentação sociológica, deixando de pertencer aos domínios da biologia e se aproximando cada vez mais do campo de interesses das ciências sociais (Hall, 2003).

Nas sociedades ocidentais, o termo raça ganhou novos contornos, ao extrapolar a dimensão meramente biológica e adquirir outros significados, particularmente subordinados a interesses políticos e sociais claramente delimitados. A discussão em torno das relações inter-raciais se tornou tanto um aspecto decisivo na expressão do poder, pois o critério cor da pele permite ordenar muitas relações sociais, econômicas e políticas, quanto uma referência positiva na afirmação cultural e política de indivíduos que possuem características fenotípicas que os assemelham. Ações de ativistas negros nas décadas de 1960 e 1970, em torno de movimentos como o Black Power, no Estados Unidos, e do Movimento Negro Unificado, no Brasil, ilustram a apropriação do discurso racial como um referencial político na construção da identidade e de reivindicações em prol de melhores condições de vida das populações negras. Ainda que estes movimentos sociais tenham contribuído para mudanças significativas, como, por exemplo, a Lei n. 7.716 de 1989, que definiu o crime racial no Brasil (Guimarães, 2000), a expressão dos estereótipos sociais, as práticas de discriminação racial e o racismo institucionalizado persistem e estão longe de desaparecer (Guimarães, 2004). Neste sentido, por que a ação desses movimentos sociais, apesar da visibilidade ostentada e das conquistas políticas, não é suficiente para diluir inteiramente os estereótipos ou inibir a expressão das atitudes racistas e das práticas discriminatórias?

Uma possível explicação para a persistência desses fenômenos reside no pensamento essencialista, uma vez que este facilita a expressão dos juízos negativos sobre os grupos (Estrada, Oyarzún ,& Yzerbyt, 2007). Tais juízos podem assumir expressões distintas e envolvem fenômenos tão diferenciados quanto a intensificação da expressão dos preconceitos, a acentuação da percepção das diferenças intergrupais, uma forte tendência a adotar discursos e argumentos centrados na tese da infra-humanização dos membros do exogrupo, a preferência pela adoção de atribuições causais disposicionais e internas para explicar as distintas vicissitudes comportamentais e, por fim, a justificação e a racionalização das desigualdades sociais (Betancor, Rodríguez, Quiles, & Rodríguez, 2005; Estrada, Yzerbyt, & Seron, 2004; Gelman, 2004; Haslam, 2006; Haslam, Bain, Douge, Lee, & Bastian, 2005; Haslam, Bastian, & Bisset, 2004; Keller, 2005; Lima & Vala, 2004; Picket, 2001). Ainda que a avaliação do impacto do pensamento essencialista na vida social seja objeto de discussão, é inegável que este exerce um efeito importante na manutenção dos preconceitos, na expressão da discriminação, na reafirmação do racismo e na justificação da exclusão social.

Após Allport (1962) ter apontado, na obra A natureza do preconceito, o impacto exercido pela categorização social na expressão dos estereótipos e dos preconceitos, diferentes teorias, como as dos protótipos e a dos exemplares, procuraram acentuar as diferentes dimensões pelas quais a adoção do pensamento categórico poderia intensificar a percepção das diferenças entre os grupos ou atenuar as diferenças entre os membros de um mesmo grupo social. As teorias clássicas da categorização, em que pese as suas diferenças, compartilham a tese de que a percepção da homogeneidade intragrupal desempenha um papel decisivo na categorização social. A partir da década de 1980, esta visão passou a ser objeto de disputa, sendo particularmente marcante os argumentos apresentados no âmbito da teoria essencialista da categorização.

O essencialismo procura compreender como as pessoas habitualmente elaboram as suas percepções sobre si mesmas, sobre os membros do próprio grupo e dos outros grupos sociais. Esta perspectiva de análise privilegia o entendimento de que a categorização social não depende exclusivamente da homogeneidade percebida, e sugere que a aparência física está longe de ser o critério exclusivo mediante o qual os rótulos verbais podem ser aplicados ou as pessoas alocadas às categorias sociais. Para o pensamento essencialista, a crença, expressa por quem categoriza, de que os membros de um mesmo grupo compartilham uma estrutura profunda que permite a sua diferenciação dos membros de outros grupos é um fator decisivo na adoção do raciocínio categórico durante as relações sociais (Gelman & Wellman, 1991; Medin, Goldstone, & Gentner, 1993; Yzerbyt, Rocher, & Schadron, 1997). O poder do raciocínio essencialista pode ser evidenciado pela popularidade de expressões como "pau que nasce torto, morre torto" ou "quem é rei, nunca perde a majestade", que exemplificam quão forte é a crença na existência de um predicativo qualificado como a essência do grupo.

O essencialismo psicológico pode ser definido como a tendência das pessoas a agirem como se existissem estruturas subjacentes que tornam as coisas o que elas são em definitivo (Medin, 1998). Para os teóricos do essencialismo, tanto a homogeneidade percebida quanto as teorias implícitas, podem ser considerados guias para a categorização, de maneira que a inclusão de uma pessoa em uma categoria social dependeria tanto das semelhanças na aparência quanto das conjecturas disponíveis sobre a propriedade profunda das coisas percebidas, sendo necessário postular, portanto, a influência conjunta desempenhada pelos fatores superficiais e profundos durante o processo de categorização.

O essencialismo não é um conceito unívoco e pode ser interpretado como uma conjunção de vários componentes que, embora relacionados entre si, seriam conceitualmente distintos. As teorias essencialistas postulam, portanto, um núcleo de propriedades necessárias que sem as quais não haveria categorias, o que imporia um determinado campo de alcance onde essas categorias seriam circunscritas pelas suas características específicas, e que se revelaria nas propriedades superficiais pelas quais os entes seriam reconhecidos. Dado que as propriedades subjacentes, as essências, são consideradas imutáveis e independentes da dimensão temporal, a elas estariam associadas uma tendência à adoção de estratégias inferenciais indutivas. Deste modo, a essencialização pode ser definida como um processo da categorização social caracterizado pela crença na existência de atributos imutáveis concernentes aos entes aos quais a categorização essencialista se aplica. Como se trata de um conceito pluridimensional, poder-se-ia diferenciar, ao menos, duas formas pelas quais ele pode se expressar, a essencialização pela via da naturalização e a essencialização na sua dimensão entitativa.

O naturalismo pressupõe uma diferença radical entre os entes naturais e os artefatos criados pelo engenho humano. Alguns objetos são categorizados com base na suposição de que eles têm a sua realidade ancorada em leis físicas e biológicas, e que possuem atributos claramente definidos, embora não observáveis, que oferecem os fundamentos necessários para que possam ser ostensivamente observados. A inclusão de um ente na categoria dos objetos naturais faz com que este seja percebido como um ente que compartilha uma série de traços comuns com os demais membros da categoria ao qual pertence. A essencialização pela via da naturalização faz com que os critérios adotados para categorizar os objetos naturais sejam também aplicados às categorias e aos grupos sociais, tendência determinante no caso do raciocínio essencialista que se aplica às categorias etárias, de gênero e raciais.

A segunda vertente de desenvolvimento do essencialismo, a entitatividade, postula que os grupos humanos seriam facilmente percebidos como entidades, devido à semelhança e proximidade dos seus membros, por eles se encaminharem numa mesma direção de ação, e por estarem subordinados a um destino comum (Campbell, 1958). Para Brewer, Hong e Li (2004), os estudos sobre a entitatividade se encaminharam em duas direções, uma referente ao estudo das propriedades reais dos grupos, cuja descoberta poderia levar a definir e caracterizar o grupo como uma entidade diferenciada dos seus membros individuais, supondo-se que a descoberta destas qualidades permitiria definir o grupo social como um ente real e torná-lo objeto de um autêntico escrutínio científico. A segunda perspectiva de estudo da entitatividade no contexto dos grupos se afasta da dimensão ontológica e a define como uma teoria implícita, adotada habitualmente pelos percebedores nas circunstâncias em que estes se dedicam a atribuir significados ou formulam assertivas sobre as condutas dos membros dos grupos sociais (Dweck, Chiu, & Hong, 1995; Levy, Plaks, Hong, Chiu, & Dweck, 2001).

Os teóricos da atribuição da causalidade têm acentuado, há algumas décadas, que os seres humanos procuram dotar o mundo de sentido e, para tal, desenvolvem teorias explicativas a respeito dos eventos que ocorrem com elas mesmas, com os outros e com os objetos presentes no mundo físico. Embora Fritz Heider tenha sido o primeiro a sistematizar estas teorias explicativas em termos de atribuições de causas pessoais e impessoais (Heider, 1958), posteriormente, e provavelmente devido ao impacto da teoria das inferências correspondentes, estas causas foram localizadas na pessoa ou no ambiente (Jones & Davis, 1965).

Esta diferenciação entre causas pessoais e impessoais foi objeto de crítica, sendo particularmente marcante a posição avançada por Malle (2006), que acentuou a necessidade de diferenciar as teorias implícitas que fazem apelo à noção de causas daquelas denominadas intencionais. Se as explicações causais aludem aos comportamentos expressos sem que esteja envolvida qualquer intenção por parte do agente, as explicações mediante a atribuição de intenções se referem às explicações de comportamentos elaboradas a partir de considerações sobre as razões dos agentes.

Uma vez que nem toda intenção pode ser transformada diretamente em ação, as explicações folk fundamentadas na noção de intencionalidade do agente assumem três formulações distintas, a história causal das razões, os fatores habilitadores e as razões propriamente ditas. Esta última se refere diretamente às razões do agente, que, mediadas pela intenção, se transformam diretamente em um evento comportamental. Duas outras formulações se referem a explicações que envolvem circunstâncias nas quais não se observa uma relação direta entre as razões e o comportamento. A história causal das razões é adotada nas circunstâncias em que não é possível estabelecer um vínculo direto entre a intenção e a razão. Neste caso, as teorias explicativas são elaboradas com base no background das razões dos agentes e de como estas impõem um determinado curso de ação. Os fatores habilitadores, aqui traduzidos como pressões situacionais, contemplam às forças que permitem que a intenção venha a se transformar em um comportamento.

Hipóteses

O presente estudo procurou submeter a teste algumas hipóteses derivadas da teoria essencialista do poder, proposta por Mahalingam (2003). Com base na análise da sociedade indiana de castas, esta teoria sugere três formas pelas quais o essencialismo se manifestaria: o biológico, que oferece justificação para a tese de que as diferenças dos grupos estão relacionadas a uma herança indubitavelmente biológica; o social, onde as diferenças grupais são justificadas em decorrência do processo de socialização e, por fim, o essencialismo transcendental, que ofereceria o substrato para as teorias implícitas sustentadas na tese de que as diferenças sociais entre os grupos decorreriam das circunstâncias de vidas passadas. O argumento central da teoria seria o de que o poder e a posição social do ator seriam decisivos na adoção de uma destas teorias, embora os membros dos grupos socialmente dominantes tendessem a adotar heurísticas e fazer apelo a argumentos biológicos, enquanto os membros dos grupos desfavorecidos preferissem adotar uma explicação mais social para as diferenças entre os grupos.

A partir da suposição de que as diferenças culturais, sociais e políticas entre Brasil e Espanha exercem um efeito considerável na expressão do pensamento essencialista e dos estereótipos sociais, e considerando que o pensamento essencialista no Brasil em relação aos negros tem sido um elemento marcante na história das relações raciais, principalmente como meio de justificar a hierarquia social e como estratégia de reforço dos estereótipos sociais, a primeira hipótese do presente estudo sugere que os participantes brasileiros serão mais essencializadores que os participantes espanhóis. Esta hipótese se assenta na suposição de que a trajetória da população negra no Brasil, escravizada durante séculos e sujeita a políticas de branqueamento, favoreceu o desenvolvimento de resquícios simbólicos de inferioridade da raça negra e de superioridade dos brancos, cujo resultado mais evidente foi o desenvolvimento de uma visão essencializada das relações raciais, instrumento este decisivo para a justificação e a manutenção do poder da categoria hegemônica.

A segunda hipótese, decorrente da primeira, sugere que em uma hipotética cirurgia de transplante de cérebros, os participantes tenderão a essencializar mais quando o transplante ocorrer de uma categoria não-dominante para o dominante (quando o cérebro de um negro é transplantado para uma pessoa branca). Tal hipótese se fundamenta nas evidências encontradas por Mahalingam (2003), nas quais se observa uma maior essencialização entre os grupos dominantes quando comparados com os grupos que ocupam uma posição subalterna na estrutura social.

A terceira hipótese se refere às teorias explicativas, sendo esperado que os participantes adotem as explicações fundamentadas em causas internas, como principal categoria explicativa para os comportamentos que se seguem ao transplante do cérebro. Tal hipótese se sustenta na distinção estabelecida por Malle (2006), entre explicações fundamentadas na causalidade e explicações fundamentadas na intencionalidade e na suposição de que um hipotético transplante de cérebro determina uma ação na qual a intencionalidade não desempenha um papel decisivo.

Método

Participantes

A amostra espanhola (n=138) foi composta por 54 estudantes de ciências sociais e 84 das ciências biológicas de uma universidade pública de Madri. A amostra brasileira (n=105) foi composta por 66 alunos das ciências sociais de uma universidade pública e 84 das ciências biológicas de uma instituição privada.

Procedimentos

O presente estudo adota o paradigma do transplante de cérebro como o recurso básico para identificar as distintas modalidades de essencialização das categorias sociais (Mahalingan, 2003), embora só aprofunde os resultados relativos à essencialização da categoria naturalista raça.

Os participantes foram alocados aleatoriamente em dois grupos e leram pequenas histórias sobre um personagem hipotético que recebe um transplante de cérebro do indivíduo que pertence a uma categoria simétrica e oposta à qual o personagem pertence. Como se trata de avaliar a permanência da conduta após o transplante do cérebro, o seguinte enunciado ilustra a versão na qual foi realizado o transplante do cérebro de um negro para um branco:

Eduardo é um homem negro e Lucas um homem branco. Alguém pega o cérebro de Eduardo e coloca na cabeça de Lucas. Após o transplante do cérebro, você acha que Lucas agirá como um homem:

a) branco

b) negro

Cada participante avaliou oito histórias, três referentes a categorias sociais naturalistas (gênero, idade e raça) e cinco a categorias entitativas (nacionalidade, política, religiosa, econômica e social). Foram construídos, para cada uma das oito categorias, dois tipos de história, sendo uma versão relativa ao transplante de cérebros de membros de categorias hegemônicas para categorias não-hegemônicas e a outra relativa ao transplante de cérebro de membros de categorias não-hegemônicas para categorias hegemônicas. Cada participante avaliou as oito histórias relativas exclusivamente a cada uma das duas versões (Pereira, Álvaro & Gallo, 2010). No presente estudo, nos centramos exclusivamente nas análises das consequências de um suposto transplante de cérebro entre duas pessoas, uma branca e a outra negra, ainda que para introduzir o objetivo e as hipóteses façamos alusão aos dados gerais da investigação.

Análise e discussão dos resultados

O objetivo mais abrangente da pesquisa foi submeter a teste empírico a hipótese de que as categorias naturalistas seriam mais essencializadas que as categorias entitativas, o que foi corroborado pelos dados, uma vez que a essencialização foi mais intensa para as categorias naturalizáveis (sexo, idade e raça) do que para as categorias entitativas (t (266) = 5.61, p < .001). Em que pese este resultado, foi constatada uma anomalia nos resultados relativos à categoria raça, pois ela foi mais essencializada do que as outras duas categorias naturalistas, quando se esperava que as categorias sexo (homem/mulher) e idade (criança/adulta) fossem mais essencializadas, por estarem claramente ancoradas em teorias biológicas e naturalizadoras.

Este resultado evidencia que a categoria raça está associada a uma interpretação naturalizadora, sendo, dentre as oito categorias sociais analisadas, a mais sujeita à aplicação do raciocínio essencialista, cabendo avaliar se esta essencialização ocorreu com a mesma intensidade entre os participantes brasileiros e os espanhóis ou entre os personagens brancos e negros. Para testar as duas primeiras hipóteses do trabalho, foi conduzida uma análise log-linear em três vias, de acordo com os procedimentos sugeridos por Cramer (2006), com a finalidade de desenvolver um modelo hierárquico linear com base nas variáveis país, direção do transplante e mudança ou estabilidade da conduta após o transplante de cérebro. O procedimento por eliminação backward stepwise gerou um modelo que inclui dois efeitos de interação: um entre o país e a direção do transplante e um outro entre o país e a raça do personagem em questão (coeficiente de verossimilhança x23 = 1.57, p = .666).

Este resultado indica um bom ajuste entre as frequências esperadas e as obtidas, o que é confirmado pela inspeção da tabela 1. Nesta tabela também se apresentam os resultados dos coeficientes de proporcionalidade. A análise dessa tabela também evidencia que a primeira hipótese do presente artigo, na qual era esperado um maior grau de essencialização entre os participantes brasileiros em relação aos espanhóis, foi corroborada, pois os participantes da Espanha obtiveram um coeficiente de proporcionalidade inferior ((38+31) / (38+34)) = 0.96) ao apresentado pelos participantes brasileiros ((32+33) / (19+17)) = 1.81), valores que suportam a conclusão de que os participantes brasileiros essencializaram mais do que os espanhóis. Esses resultados parecem corroborar a sugestão de Mahaligam (2003) de que o essencialismo pode ser interpretado como um mecanismo que possibilita a preservação do poder político, social e econômico.

No que concerne à direção do transplante de cérebro, a análise das diferenças entre os valores obtidos e os esperados demonstra uma semelhança muito nítida nos valores dos índices de essencialização, tanto do transplante dos brancos para os negros, quanto dos negros para os brancos. Os resultados também evidenciam que dos 76 participantes espanhóis que julgaram a condição de transplante do cérebro de um branco para um negro, a metade sinalizou que não haveria mudanças na conduta, o que corresponde a um coeficiente de proporcionalidade de 1.0, enquanto que dos 65 alocados à condição de transplante do negro para um branco, 34 indicaram que seriam esperadas mudanças na conduta, o que proporcionou um coeficiente de proporcionalidade de 0.91. No caso dos participantes brasileiros, os participantes alocados às duas condições indicaram que as condutas permaneceriam estáveis, com um coeficiente de proporcionalidade de 1.68 para o transplante do branco para o negro e de 1.94 para o transplante de um negro para um branco. Os valores dos coeficientes de proporcionalidade indicam que, independente do país, a essencialização é levemente afetada pela direção do transplante, com os brasileiros sendo mais essencialistas quando um branco recebe um cérebro de um negro e os espanhóis na direção oposta. Pode-se afirmar que a hipótese, originalmente proposta por Mahaligam (2003), de que haveria um efeito da dominância social na essencialização foi parcialmente corroborada pelos dados aqui apresentados, uma vez que esta tendência se manifestou no caso dos participantes brasileiros, mas não entre os espanhóis.

A análise das justificativas apresentadas pelos participantes para as respostas acerca da estabilidade ou da mudança no padrão de comportamento do membro da categoria identificou que o raciocínio essencialista foi aplicado mesmo nas circunstâncias em que ocorreram mudanças comportamentais. A tabela 2 reflete a distribuição das justificativas apresentadas pelos participantes para cada uma das categorias submetidas à avaliação, e evidencia que as causas internas e a história causal foram adotadas predominantemente, embora de forma não exclusiva, como critério para justificar a mudança na conduta, enquanto as pressões situacionais foram arroladas preferencialmente como justificativas para as respostas compatíveis com uma situação em que se postulava uma estabilidade no padrão de conduta que se seguia ao transplante do cérebro.

A codificação destas justificativas foi conduzida de acordo com o modelo das explicações para as condutas sociais proposto por Malle (1999, 2006) e modificado por Brewer, Hong e Li (2004), no qual foram diferenciadas quatro modalidades básicas de teorias implícitas, mediante as quais os percebedores explicam as ações e os comportamentos sociais: as causas internas, a história causal, as pressões situacionais e as intenções. Conforme se observa na tabela 2, as explicações que se sustentam em intenções foram adotadas como justificativa apenas uma vez, o que pode ser explicado pela natureza do paradigma de pesquisa.

A teoria explicativa adotada como explicação com maior frequência corresponde às causas internas, responsáveis por 91 das 162 respostas, o que representa um pouco mais de 55% do total de justificativas e corrobora a nossa hipótese de que os participantes adotariam as explicações fundamentadas na causalidade como principal categoria explicativa para os comportamentos que se seguem ao hipotético transplante de cérebro. Ao contrário do que ocorreu com todas as outras categorias sociais, fossem elas naturalistas ou entitativas, esta teoria explicativa foi aludida quase numa mesma proporção como critério para explicar a estabilidade e a mudança da conduta após o transplante (45/46, o que corresponde a um coeficiente de proporcionalidade de 0.98). Considerando que o coeficiente de proporcionalidade médio de todas as categorias foi de 0.26, esta teoria implícita foi adotada predominantemente como explicação para as mudanças no comportamento, o que sugere quão poderoso é o papel das causas internas no caso específico da essencialização da categoria social raça. Dada a natureza da tarefa experimental, poder-se-ia esperar que as explicações fundamentadas em causas internas fizessem alusão ao cérebro, mas o fator aludido de forma predominante nas explicações foi a cor da pele.

Com a frequência bem menor (33%) do que as causas internas, as justificativas que aludiram à história causal foram adotadas predominantemente para explicar as mudanças na conduta que se seguiram ao transplante de cérebro (OR = 0.31, que corresponde a 13/41). Este valor, um pouco acima da média geral, apresentou um coeficiente de proporcionalidade de 0.35, o que sugere que as crenças, atitudes ou valores pouco ajudam a explicar, na opinião dos participantes, a estabilidade da conduta após o transplante do cérebro.

Ao contrário das causas internas e da história causal, adotadas prioritariamente para a explicação das mudanças nas condutas, as pressões situacionais foram arroladas para justificar a estabilidade na conduta após o transplante do cérebro (coeficiente de proporcionalidade = 15.0), numa proporção bem acima da média das demais categorias (3.23). Esta fonte de explicação, pelo menos no que concerne à categoria raça, não foi muito popular entre os participantes, correspondendo a cerca de 10% do total de justificativas.

O quadro 1 expõe algumas das justificativas, tais como enunciadas pelos participantes do estudo. Entre as causas internas, a cor da pele e o cérebro foram adotados tanto para explicar a estabilidade, quanto a mudança na conduta que se seguiu ao transplante de cérebro. Ao contrário do esperado, apenas um participante do estudo fez alusão aos fatores genéticos e, nesse caso, para justificar a permanência do comportamento. No caso das teorias implícitas elaboradas em torno do conceito de história causal, as referências mais importantes foram as atitudes, os valores, os costumes, a cultura, a aprendizagem e algumas teorias psicológicas e sociológicas. No caso da terceira teoria explicativa do comportamento social foram identificadas alusões às pressões exercidas pela sociedade, a interação social, o meio ambiente e os grupos sociais, esta última adotada exclusivamente para explicar as mudanças comportamentais.

Conclusões

Os resultados aqui apresentados se somam aos relatados em outros estudos (referências bibliográficas excluídas para evitar a identificação dos autores do manuscrito) conduzidos sobre o tema e que sistematicamente corroboram a tese de que as categorias naturalistas e entitativas são submetidas a distintos processos de essencialização. Isto significa, entre outras coisas, que as evidências obtidas em relação a categorias entitativas, como as religiosas, nacionais ou econômicas, dificilmente podem ser generalizadas para as categorias sociais naturalistas.

No caso particular da categoria raça, as evidências devem ser interpretadas à luz da constatação de que esta foi a mais essencializada entre todas as oito categorias consideradas no estudo mais amplo que deu origem ao presente artigo. Uma análise comparativa permitiu identificar um acentuado efeito da origem geográfica do participante, com os brasileiros sendo mais essencialistas do que os espanhóis, e um efeito menos nítido da hegemonia da categoria, uma vez que os brasileiros tenderam a essencializar mais nas circunstâncias em que um branco recebia o cérebro de um negro e os espanhóis, em contrapartida, quando um negro recebia o cérebro de um branco.

No que concerne às justificativas adotadas para explicar as diferenças de comportamento que seguiam ao transplante do cérebro, a maior frequência de explicações sobre a mudança na conduta foi atribuída a causas internas, formuladas com base em argumentos que envolvem cor da pele ou conceitos que se fundamentam nas teorias biológicas, enquanto as pressões da sociedade foram adotadas prioritariamente para explicação da estabilidade da conduta. É difícil acreditar que o raciocínio essencialista se transforme de imediato em crenças estereotipadas, sendo necessário considerar o impacto das intenções do ator e, no presente caso, considerar as teorias implícitas e como estas poderiam levá-lo a decidir pela expressão ou não das crenças estereotipadas.

As teorias implícitas não se restringem a acentuar o papel desempenhado pelos traços comuns entre os membros do grupo alvo como um critério decisivo para a expressão das crenças estereotipadas. Além da homogeneidade percebida, a percepção dos grupos e categorias como um ente autônomo pode ser construída mediante o acolhimento da crença que existe uma ação coordenada e um interesse comum ao qual as ações dos membros individuais estão submetidos. A adoção destes dois fatores, a homogeneidade percebida e a ação coordenada dos membros do grupo, aliados as teorias implícitas centradas nas causas internas (a cor da pele, particularmente), na história causal das razões (a similaridade dos membros do grupo e um sistema compartilhado de crenças) e nas pressões situacionais (a influência do ambiente social, em particular da família, dos amigos e dos pares e a imposição de normas e papéis sociais) obriga-nos a reconhecer que a atribuição de essências é um fenômeno complexo e que demanda um maior aprofundamento nos estudos.

Finalmente, gostaríamos de chamar a atenção para algumas dimensões do nosso trabalho, que assinalam as implicações críticas do mesmo. Em primeiro lugar, salientar o fato de que a categoria raça é a que se destaca por ser a categoria social naturalizável que sofreu o maior grau de essencialização. Isto ajuda a entender porque a categorização de um grupo em função do fenótipo é um elemento poderoso na racialização das relações intergrupais, em cuja base as desigualdades sociais obtêm legitimidade. Esse processo foi muito mais nítido no Brasil do que na Espanha, o que indica a influência do contexto cultural e histórico na sua manifestação. Em segundo lugar, ainda que seja necessário interpretar os processos de essencialização das categorias sociais em função dos contextos sociais e culturais específicos nos quais eles se manifestam, também é necessário explicar tais processos levando em consideração as teorias implícitas que as pessoas elaboram para a sua legitimação. Desse modo, é importante salientar que a mudança nas atitudes frente aos grupos essencializados deve ser considerada à luz das políticas públicas que levem em conta os discursos que servem de justificação aos processos de estereotipização, que se fundamentam numa perspectiva essencialista. O presente estudo se reveste de importância por procurar desvelar alguns dos mecanismos cognitivos implicados na essencialização dos grupos sociais que se fundamentam, por exemplo, em critérios raciais, bem como por revelar as teorias implícitas que lhes servem de justificativa.

Nota

  • *

    Agradecimentos à CAPES e CNPq pela concessão de bolsa de pós-doutorado para o primeiro autor e de bolsas de iniciação científica para os terceiro e quarto autores.

  • Recebido em: 12/10/2009

    Revisão em: 23/11/2010

    Aceite final em: 27/12/2010

    Marcos Emanoel Pereira é Professor Associado e docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal da Bahia, e responsável pelo Laboratório de Estudos dos Processos Psicológicos e Sociais (LEPPS) do Instituto de Psicologia da UFBa. Endereço: Rua Rodrigo Argolo, 293/502, Rio Vermelho. Salvador/BA, Brasil. CEP 41940-220. Email:

    José Luis Álvaro é Professor Titular do Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid.

    Andréia C. Oliveira e Gilcimar S. Dantas são estudantes de Psicologia da Universidade Federal da Bahia e bolsistas do programa de Iniciação científica CNPq/UFBA.

    * Agradecimentos à CAPES e CNPq pela concessão de bolsa de pós-doutorado para o primeiro autor e de bolsas de iniciação científica para os terceiro e quarto autores.

    O que são estereótipos como eles são construídos podemos evitar os tipos?

    Uma imagem preconcebida sobre algo ou alguém O estereótipo é um tipo de padrão que a sociedade constrói. É uma ideia preconcebida que acaba colocando as pessoas ou grupos sociais em “caixinhas”, criando rótulos, ditando seus comportamentos e padronizando sua imagem de forma bem preconceituosa.

    O que são os estereótipos como eles são construídos podemos evitar os estereótipos e como percebemos o outro e nós mesmos?

    Resposta: Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento profundo, sobre algo ou alguém. Estereótipo é usado principalmente para definir e limitar pessoas quanto a aparência, naturalidade e comportamento. Sim, pode-se evitá-los.

    O que é estereótipo resposta?

    O Estereótipo é um conceito, ideia ou modelo de imagem atribuída às pessoas ou grupos sociais, muitas vezes de maneira preconceituosa e sem fundamentação teórica. Em resumo, os estereótipos são impressões, pré-conceitos e “rótulos” criados de maneira generalizada e simplificada pelo senso comum.

    O que são estereótipos de um exemplo?

    É aquele associado às raças, etnias e culturas. Alguns exemplos são: todos os japoneses são inteligentes, todos os árabes são terroristas, todos os portugueses são burros ou todas as brasileiras são oferecidas.