O que pode ser dor de garganta e dor de ouvido ao mesmo tempo?

Pode ou não usar cotonete? E compartilhar fones de ouvido? Especialista esclarece alguns mitos e verdades sobre dor de ouvido.

Quase todo mundo já teve dor de ouvido alguma vez na vida. As principais causas desse problema são inflamações provocadas por trauma, manipulação ou excesso de umidade. Infecções causadas por fungos, bactérias ou vírus, e mesmo excesso de cera também podem provocar dor. Confira alguns mitos e verdades apontados pela dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista e chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

1) Dor de ouvido pode estar relacionada à saúde bucal

VERDADE – Existem dois nervos longos que passam pelo ouvido e pela garganta, ou seja, as duas regiões estão interligadas. Problemas bucais, como gengivite ou amidalite, por exemplo, podem provocar dor de ouvido ou disfunção na articulação temporomandibular (ATM), que liga a mandíbula ao crânio. Através desses nervos, uma dor pode irradiar tanto do ouvido para a garganta como fazer o caminho inverso.

Veja também: Cuidado com as hastes flexíveis (cotonetes)

2) A limpeza do ouvido deve ser feita com hastes flexíveis (cotonetes)

MITO – Hastes flexíveis só devem ser usadas nas dobras das orelhas, e não introduzidas no canal do ouvido, já que podem criar fissuras na pele e facilitar a entrada e proliferação de bactérias. Além disso, elas podem romper o tímpano, membrana que veda o fundo do canal auditivo e protege a cavidade do osso do ouvido. A perfuração do tímpano pode resultar em infecções, dor de ouvido e até surdez.

3) Andar de carro com o vidro aberto e tomar vento pode causar dor de ouvido

VERDADE – Isso acontece porque o frio favorece a contração dos músculos e tecidos que envolvem o canal do ouvido e deixa a pele mais sensível. Essa contração é o que provoca a dor. Não se trata de otite (infecção de ouvido), apenas dor no canal auditivo. A dica é se agasalhar, usar gorro e evitar sair com o cabelo molhado no frio.

4) Dor de ouvido não tem nada a ver com gripe

MITO – Dor de ouvido e gripe podem estar relacionadas, já que as secreções geradas por gripes, resfriados e sinusitepodem migrar para o canal auditivo e provocar dor. Além disso, as inflamações das vias aéreas favorecem a proliferação de bactérias e vírus que provocam otite e também causam dor.

5) Compartilhar fones de ouvido não causa infecção

MITO – Compartilhar fones de ouvido pode, sim, causar infecção, pois existe o risco de contrair alguma bactéria do ouvido da outra pessoa. Outro fator que pode causar danos auditivos é o volume do som. A recomendação é deixar os fones em um volume em que a pessoa ao lado não escute sua música (o que, além de saudável, é educado).

Recomendações

A introdução de objetos no ouvido não é recomendada. Na verdade, o ouvido tem um sistema próprio de limpeza, que elimina a cera em excesso. Para limpar e secar a região, basta utilizar uma toalha felpuda após o banho. “Caso isso não seja suficiente para fazer a água coletada no canal do ouvido evaporar, o ideal é usar um secador de cabelo na temperatura morna em direção à orelha ou pingar uma gota de vinagre incolor ou de álcool para forçar a evaporação do líquido retido”, explica a dra. Jeanne. O efeito ocorre porque o vinagre tem ação desidratante, o que faz a água evaporar.

O vinagre também pode ser usado após exposição à água. Depois de tomar um banho de mar ou de piscina, por exemplo, você pode molhar um algodão com o produto e pingar uma gotinha no ouvido.

É importante destacar que algumas estratégias podem amenizar a dor de ouvido, mas é necessário procurar um médico para identificar e tratar a causa. “Se a dor surgir e você estiver longe de uma assistência médica, use dipirona, paracetamol ou ibuprofeno para aliviar os sintomas, mas em seguida procure um especialista para saber o que está causando a dor e nunca deixe de fazer o tratamento adequado para evitar complicações maiores”, recomenda a médica.

Quando o excesso de cera tampa o ouvido, o ideal é buscar um serviço médico para fazer a remoção. A dra. explica que há também a opção de usar um agente emoliente que ajuda a dissolver a cera e pode ser comprado em farmácias. Mas ele deve ser aquecido em banho-maria antes de ser aplicado no ouvido, pois sua temperatura precisa estar acima da temperatura corporal. “Outro detalhe é que o mesmo pode não promover alívio a depender da quantidade de cera, do tempo de formação dela (recente ou antigo) e da idade da pessoa. O cerumede crianças dissolve facilmente, mas a dificuldade aumenta conforme a idade avança.”

Independentemente da idade, todas as pessoas, em um ou em vários momentos da vida, terão um problema na garganta, nos ouvidos ou no nariz. Pequenos sangramentos nasais, dor de ouvido, laringite, faringite, rouquidão. Esses e outros problemas podem surgir a qualquer momento, mas é nos meses mais frios e secos que eles costumam acontecer com maior frequência.

Mas por que será que isso acontece? O otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês, dr. Oswaldo Laércio Mendonça Cruz, lista abaixo uma série de dúvidas sobre esses e outros problemas e também explica como evitá-los, mantendo em dia a saúde dos ouvidos, nariz e garganta.

Por que o nariz entope? E o que o faz sangrar?

A principal causa de entupimento do nariz é a rinite, que pode ser de natureza alérgica ou causada por uma infecção, geralmente viral (gripes e resfriados). A poluição e as oscilações de clima são dois dos principais fatores desencadeantes da rinite alérgica.

O sangramento também é facilitado pelas rinites alérgicas e não alérgicas. É muito comum em crianças, pois a vascularização da parte anterior do nariz é bastante intensa. Para evitá-lo, mantenha as unhas das crianças sempre bem cortadas para no caso de elas coçarem ou cutucarem o nariz terem menos chances de machucar a região. No caso de locais muito secos, tente manter o ambiente mais úmido para evitar que as narinas ressequem e sangrem.

No adulto, o sangramento é mais raro, mas pode ocorrer quando associado à rinite alérgica e à não alérgica, além do ressecamento nasal em ambientes secos. Na maioria das vezes, mesmo podendo ser frequente, esse sangramento não ocorre em grande quantidade. Quando ele é mais intenso, tanto na criança quanto no adulto, é importante a avaliação do especialista para descartar outras doenças mais raras, como tumores intranasais.

Por que espirramos? Espirros podem ser sinal de alergia?

O espirro é uma reação reflexa de proteção do nariz. Espirramos quando o organismo tenta eliminar algo que pode estar irritando a mucosa nasal. O espirro também está muito ligado à alergia, que nada mais é do que uma reação à hipersensibilidade. Substâncias como poeira e produtos químicos podem desencadear essa hipersensibilidade, que vai se manifestar com espirros e obstrução nasal.

Essa situação é muito comum quando vamos limpar armários ou mexer com coisas guardadas há muito tempo. A hipersensibilidade alérgica também pode desencadear espirros quando há variação de temperatura, infecção viral ou ação direta de agentes químicos. Assim, sempre que existe uma agressão inflamatória à mucosa nasal, o espirro pode acontecer junto com um edema da mucosa (que causa obstrução) e aumento da produção de muco (que promove a coriza).

Por que o ouvido de algumas pessoas dói com mais frequência do que o de outras?

O ouvido tem uma inervação sensitiva muito intensa, o que faz com que a dor seja sempre de grande intensidade, independentemente da causa, seja ela um trauma, uma infecção, seja uma inflamação. A intensidade da dor depende da sensibilidade individual e do motivo que a está causando. Também não são raros os casos em que a dor surge de maneira espontânea, sem causa aparente, o que é conhecido como nevralgia ótica. Muitas vezes essa dor pode ser induzida pelo frio, por uma distorção da sensibilidade, ou seja, em vez de se perceber o frio, sente-se dor.

Por que algumas pessoas têm zumbido no ouvido? O zumbido tem cura? Ele pode estar relacionado à perda auditiva? Zumbido é um sintoma frequente que, na quase totalidade dos casos, está ligado a alguma lesão do sistema sensorial auditivo. Dessa forma, é comum que se combine com algum tipo de perda auditiva, mesmo que mínima.

O zumbido muito raramente está ligado a doenças mais graves, sendo quase sempre relacionado a um mau funcionamento das células sensoriais, responsáveis por captar o som e transformá-lo em um impulso elétrico que vai até o sistema nervoso. Essas células têm baixa capacidade de regeneração. Assim, o controle do zumbido depende da fase em que se identifica o problema. Sempre é possível tratar, e, quando não é possível eliminá-lo, ele pode ser diminuído, tornando-se quase imperceptível.

Algumas coisas podem piorar a percepção do zumbido, como o estresse físico ou mental, a falta de sono ou o excesso de cafeína (café e chá), fumo e álcool. O desconforto do zumbido também está diretamente ligado à ansiedade, situação em que há liberação de uma grande quantidade de neurotransmissores que aumentam o zumbido. A preocupação ou a excessiva atenção a seu som podem então produzir uma fixação desse ruído na nossa memória e fazer com que ele apareça mesmo que as alterações que o desencadearam estejam melhores. Essa preocupação excessiva também provoca uma estimulação negativa no chamado sistema límbico, que classifica nossas sensações entre agradáveis e desagradáveis, fixando a memória do zumbido como algo ruim, o que vai proporcionar um incômodo ainda maior.

Por que algumas pessoas têm a voz mais rouca do que outras? O que pode causar a rouquidão?

A rouquidão é causada por alterações da laringe, mais especificamente, das pregas vocais, popularmente chamadas de cordas vocais. Quando falamos, precisamos de uma boa mobilidade e coordenação dos músculos da laringe, proporcionando um posicionamento adequado das pregas vocais para que a pressão do ar expirado cause o movimento esperado dessas estruturas e gere o som que desejamos. É importante lembrar que os músculos da faringe também ajudam na ressonância do som, mas o tom áspero da rouquidão sugere sempre que alguma alteração das pregas vocais esteja acontecendo. Um simples edema, desencadeado por excesso de uso da voz, como gritar, falar muito, cantar alto nas baladas etc., pode ser suficiente para causar rouquidão. Doenças inflamatórias do aparelho respiratório, como gripes e alergias, além da tosse, também podem causá-la.

Por que sentimos tonturas quando nos erguemos bruscamente?

Normalmente, a sensação de tontura é causada por uma diminuição da pressão sanguínea e da irrigação cerebral. Ela é muito rápida, causando apenas uma sensação de mal-estar na cabeça ou um rápido escurecimento da visão.

Existe um período do dia em que as pessoas podem estar mais propensas a sentir tontura?

Não há um período em que as pessoas estejam mais propensas a sentir tontura. Porém, além das variações da pressão arterial e de problemas circulatórios, algumas doenças podem causar tontura. As causas mais comuns são:

  • Vertigem posicional - As tonturas estão associadas a um movimento ou posição específica da cabeça, normalmente sem sintomas auditivos.
  • Doença de Ménière - Crises de tontura rotatória, náuseas, vômitos, geralmente associados a sintomas auditivos como sensação de ouvido entupido, zumbido ou perda auditiva.
  • Doenças inflamatórias do labirinto (labirintite) ou do nervo vestibular (neurite) - Nesses casos ocorre um distúrbio inflamatório do próprio labirinto ou nervo vestibular que leva as informações do labirinto para o sistema nervoso central. Costumam proporcionar quadros de instalação súbita com intensa tontura do tipo rotatória, associadas a náuseas e vômitos. Geralmente causam zumbido e perda de audição.
  • Alterações do sistema nervoso central, como tumores ou doenças degenerativas.

Por que algumas pessoas têm dor de garganta com mais frequência do que outras?

Dor de garganta frequente costuma estar relacionada à infecção crônica das amígdalas palatinas ou à faringite alérgica. Na amigdalite crônica ocorrem crises recorrentes de amigdalite infecciosa (bacteriana), marcada por muita dor de garganta, febre e mal-estar. Já nas faringites, especialmente nas de fundo alérgico, ocorrem crises recorrentes de dor de garganta, mas sem febre, com menor repercussão sobre o estado geral.

Como evitar dor de ouvido depois de nadar?

A dor de ouvido após exposição à água, principalmente no verão, durante a temporada de praia ou piscina, é decorrente quase sempre de otite externa, uma inflamação da pele do canal auditivo externo. O excesso de água remove a cera, que é um fator protetor da pele, promovendo uma condição favorável ao crescimento de fungos e bactérias. Para diminuir a chance de aparecimento da otite, após os banhos, seque os ouvidos com secador de cabelo, direcionando o jato de ar morno (temperatura média do secador e não a temperatura mais quente) para a orelha. Evite também o uso de bastões de algodão ou álcool, pois o bastão pode traumatizar o canal, facilitando a infecção, e o álcool resseca a pele, causando pequenas rachaduras que também favorecem a penetração de micro-organismos.

O Hospital Sírio-Libanês conta com um Centro de Otorrinolaringologia que contempla todas as áreas de conhecimento da otorrinolaringologia e de cirurgia craniofacial. Para isso, o centro possui os mais modernos recursos tecnológicos para diagnóstico e tratamento clínico e cirúrgico de doenças da laringe e da faringe; doenças nasais como sinusite, otite, labirintite, rinite; e transtornos da audição.

O que causa dor de garganta e dor de ouvido ao mesmo tempo?

Os canais entre a garganta e o ouvido são interligados. Quando você está com a garganta irritada, por exemplo, essa irritação pode se espalhar até afetar o trato auditivo, provocando a dor simultânea nos ouvidos. Por isso, é importante ficar atento à recorrência da dor e procurar um especialista.

Estou com dor de garganta e dor de ouvido?

Dor de ouvido associada à garganta pode ser indicativo de infecção no ouvido, por exemplo, a otite. Ela se espalha para a garganta, resultando em febre acima de 38ºC, dor em forma de pontada, presença de secreção ou acúmulo de líquido e mau cheiro ao falar. Outra dor muito comum é aquela associada à mandíbula.

O que fazer para dor de ouvido e dor de garganta?

No entanto, os mais comuns são: AAS, cataflam, dipirona, flogoral, flanax, ibuprofeno, nimesulida, etc. Algumas soluções naturais podem até ajudar, como utilizar mel, própolis, gengibre, limão e papaína. Com relação às infecções por bactérias, o profissional pode receitar o uso de antibióticos.

Qual melhor antibiótico para dor de garganta e ouvido?

Os principais antibióticos que podem ser recomendados para o tratamento da garganta inflamada são:.
Amoxicilina. A amoxicilina é um antibiótico geralmente indicado para tratar infecções que são causadas pela bactéria Streptococcus A., como a faringite e a amigdalite. ... .
Azitromicina. ... .
Eritromicina. ... .
Clindamicina. ... .
Cefalexina..