Independência ou Morte, também conhecido como O Grito do Ipiranga, é o quadro que retrata o momento único da ruptura entre Brasil e Portugal. Mas a pintura de Pedro Américo foi feita anos depois da Independência e com muita dose de imaginação para recriar a história brasileira. Show
O paraibano Pedro Américo já era um pintor consagrado aos 45 anos. Tinha estudado arte na França e vivia na Itália, quando foi escolhido pelo governo brasileiro para pintar o quadro do momento histórico do Grito do Ipiranga. A obra de grandes proporções tem 4 metros de altura por 7 metros de largura e está no Museu Paulista. No entanto, a pintura foi feita em 1888, 66 anos depois da Independência do Brasil, quando ninguém mais estava vivo para contar como realmente tinha sido o cenário às margens do rio Ipiranga. Ouça na Radioagência Nacional
Há várias licenças poéticas na obra, inclusive o fato de substituir as mulas por cavalos de raça. Os guardas não estavam usando uma farda tão pomposa. Os Dragões da Independência só adotaram o uniforme da pintura mais de 100 anos depois. Mesmo assim, o retrato oficial da nossa Independência passou a ser este, como se tivesse sido capturado no momento exato, às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822. E pelo trabalho, Pedro Américo ganhou 30 contos de réis do Império brasileiro. Sinal de que sua idealização agradou em cheio o Imperador Dom Pedro II. Assista na TV Brasil:O quadro O grito do Ipiranga ou Independência ou morte, de Pedro Américo é uma das mais emblemáticas imagens da História do Brasil. A obra foi feita por encomenda do governo da província de São Paulo para ocupar o salão de honra do Monumento do Ipiranga, prédio que estava em construção (atual Museu Paulista/USP). Pedro Américo a executou em Florença, na Itália, onde residia então, e a concluiu em 1888. É um painel enorme, com 7,60 m x 4,51 m (sem contar a moldura), que foi chumbado na parede do museu. Hoje, com o museu em restauração, a tela não pode ser removida e, mesmo que pudesse, não passaria por nenhuma porta do lugar.
Pintura histórica do século XIXA pintura de Pedro Américo faz parte da chamada escola romântica, um estilo artístico que vigorou na Europa em meados do século XIX e que teve, entre suas características, a exaltação dos sentimentos nacionalistas. Os temas históricos que glorificavam o passado nacional tornaram-se muito populares. Em suas obras, os pintores procuravam comover o espectador, exaltar a coragem, dignificar e heroicizar os personagens nacionais. Pedro Américo, que estudou e viveu na Europa na segunda metade do século XIX, já tinha executado outras pinturas no estilo nacionalista romântico como A Batalha de Campo Grande (1871), Fala do Trono (1873) e Batalha do Avaí (1874). O sucesso de O grito do Ipiranga (1888) foi seguido de muita polêmica pois a obra foi acusada de plágio da tela 1807, Friedland, de Ernest Meissonier, pintada em 1875, apesar de Pedro Américo só vir a conhecer a obra anos depois. Sendo uma pintura romântica de cunho nacionalista, O grito do Ipiranga glorifica e idealiza o passado usando, para isso, de figuras e composição de cena nem sempre fiéis à história. O próprio Sete de Setembro é hoje objeto de discussões pelos historiadores que tem refletido sobre a data como uma construção histórica Além disso, a obra foi encomendada a Pedro Américo pelo governo da província de São Paulo para o salão de honra do monumento da independência (atual Museu Paulista da USP) que estava, então, em construção. O objetivo era enaltecer a monarquia e a terra paulista como elementos fundadores da nacionalidade brasileiro. A pintura nacionalista romântica atendia a esse propósito e Pedro Américo atendeu ao que lhe foi encomendado. Descrição do quadro “O grito do Ipiranga”“O grito do Ipiranga”, 7,60 m x 4,51 m, Pedro Américo, 1888. Museu Paulista/USP, SP.
[1] Junto a D. Pedro erguendo a espada, a comitiva formada por dez homens que erguem seus chapéus. [2] Os Dragões da Independência, com uniforme de gala, formam um semicírculo e erguem suas espadas. [3] Pedro Américo, de cartola e erguendo guarda-chuva, se autorretratou no quadro. Ao fundo, a “Casa do Grito”. [4] Três figuras populares compõem a cena sem se misturar à ela: um carroceiro, um homem montado a cavalo e um negro conduzindo um jumento. Elementos inseridos na pintura para glorificar o passadoAo receber a encomenda, Pedro Américo pesquisou sobre o Sete de Setembro lendo tudo o que havia sido escrito sobre aquele episódio. Esteve no local onde o fato ocorreu, observou a paisagem, suas cores e luminosidade no mês de setembro. Informou-se sobre a moda e os trajes usados na época. Fez numerosos rascunhos das figuras e chegou a realizar uma pintura completa, em tamanho menor, para estudar como ficaria o quadro final. Esse estudo faz parte, hoje, do acervo do Ministério das Relações Exteriores e se encontra na sala D. Pedro I, no Palácio Itamaraty em Brasília. Não bastava, porém, reproduzir a suposta realidade do momento. A pintura encomendada tinha um objetivo claro: enaltecer a monarquia e seu primeiro imperador, e glorificar a independência como marco fundador da nacionalidade brasileira. Para isso, Pedro Américo inseriu em sua obra:
[5] D. Pedro vestia trajes simples e confortáveis para viajar, e não a fardeta azul de botões dourados, calça branca, luvas brancas etc. Ele e sua comitiva subiram a serra montados em mulas e jumentos, e não em garbosos cavalos. A viagem foi penosa para o príncipe que estava doente com cólicas intestinais e, portanto, dificilmente, se manteria ereto erguendo uma espada. A idealização do fato histórico“A realidade inspira, mas não escraviza o pintor”, disse Pedro Américo sobre sua obra. De fato, ela não tem a intenção de ser uma fotografia do passado. A arte não é um retrato fidedigno e indelével da História. Trata-se de imagem idealizada que faz uma representação heroica do passado e exalta a monarquia (naquele momento, em franco declínio, às vésperas da proclamação da República). Além disso, Pedro Américo era um artista formado segundo as convenções da arte europeia e vivendo em um ambiente marcado pelo nacionalismo e militarismo do século XIX. Seu quadro recebeu essas influências que transparecem no caráter militarista e majestoso da composição: soldados perfilados, espadas erguidas, uniformes de gala, garbosos cavalos com belos arreios e selas – elementos que dignificam e dão imponência ao episódio retratado. O Príncipe é a figura de destaque: no centro e na parte mais elevada, ele ergue a espada passando a ideia de líder vitorioso, como se ele fosse o único responsável pela independência. É dele que parte o “grito”, praticamente uma ordem militar que é imediatamente acatada por todos que o acompanham. Aliás, o nome da tela O grito do Ipiranga já é indicativo da visão autoritária e personalista sobre o fato retratado, diferente do quadro de François-René Moreaux, A proclamação da independência, de 1844. A casa de pouso, o carroceiro e outras figuras populares fazem um tímido contraponto à atmosfera militar e ufanista do quadro.
São figuras secundárias, decorativas, que assistem à cena. Não são protagonistas e, sequer partidárias. Estão inertes. A independência não mudou suas vidas, o que não deixa de ser verdade. Talvez essa seja a principal mensagem de O grito do Ipiranga. Fonte
Saiba mais
O que significou o Grito do Ipiranga para o Brasil?Foi às margens do riacho Ipiranga, há 200 anos, em um 7 de setembro como hoje, que Dom Pedro I (1789-1834) declarou a independência do Brasil em relação a Portugal. O Brasil então se torna uma monarquia e Dom Pedro I passa a ser imperador.
Porque o Grito do Ipiranga foi um gesto simbólico?Tinha o apoio de parte substancial das elites brasileiras, que não aceitavam o retorno do país à simples condição de colónia, como era intenção das Cortes em Lisboa. O Grito do Ipiranga foi portanto um momento simbólico que revelou uma rutura que já estava em curso.
Qual foi o grito do Ipiranga?Pedro (o futuro D. Pedro IV), regente do Brasil, declarou o território definitivamente separado da metrópole, bradando "Independência ou morte!". O facto ocorreu nas margens do Rio Ipiranga.
O que foi o grito do Ipiranga Brainly?Resposta. Resposta: O Grito do Ipiranga foi o brado de Proclamação da Independência do Brasil, dado pelo príncipe regente Dom Pedro (depois Pedro I), no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga. Significou a separação do Brasil da coroa portuguesa.
|