Fibrose e cirrose hepatica diferença

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Vários tipos de lesão hepática podem causar fibrose (ver tabela Distúrbios e fármacos que podem causar fibrose hepática Distúrbios e fármacos que podem causar fibrose hepática

Fibrose e cirrose hepatica diferença
). A lesão hepática aguda autolimitada (p. ex., hepatite viral aguda A Hepatite A Hepatite A é causada por um vírus de RNA transmitido entericamente que, em crianças mais velhas e adultos, provoca sintomas típicos da hepatite viral, incluindo anorexia, mal-estar e icterícia... leia mais ), mesmo quando fulminante, não necessariamente distorce o andaime arquitetural e por isso não causa fibrose avançada, a despeito da perda de hepatócitos. Em fases iniciais, a fibrose hepática pode regredir se a causa for reversível (p. ex., nos casos de eliminação viral). Depois de meses a anos de lesão crônica ou recorrente, a fibrose torna-se permanente. O desenvolvimento da fibrose é mais acelerado quando há mecanismos de obstrução biliar.

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A fibrose inicia-se pela ativação de células estelares perivasculares (células de Ito, armazenadoras de gordura). Essas e outras células vizinhas proliferam-se, tornando-se células contráteis, denominadas miofibroblastos. Essas células aumentam a produção da matriz extracelular anormal (que consiste em colágeno, outras glicoproteínas e glicanos) e de proteínas da matriz celular. Células de Kupffer (macrófagos residentes), hepatócitos lesionados, plaquetas e agregados leucocitários. Como resultado, liberam espécies reativas de oxigênio e mediadores inflamatórios (p. ex., fator de crescimento derivado das plaquetas, fatores transformadores de crescimento e fator de crescimento de tecido conjuntivo). Assim, a ativação de células estelares resulta na matriz extracelular anormal, tanto em quantidade quanto na composição.

Sinais e sintomas da fibrose hepática

  • Avaliação clínica

  • Às vezes, exames sanguíneos e/ou exames de imagem não invasivos

  • Algumas vezes, biópsia hepática

Suspeita-se de fibrose hepática se os pacientes têm doença hepática crônica conhecida (p. ex., hepatite viral crônica Hepatite C, crônica A hepatite C é uma causa comum de hepatite crônica. Muitas vezes, ela é assintomática até ocorrerem manifestações de doença hepática crônica. O diagnóstico é confirmado pelo resultado positivo... leia mais C [HCV] e hepatite B crônica Hepatite B (crônica) A hepatite B é uma causa comum da hepatite crônica. Pacientes podem ser assintomáticos ou ter manifestações inespecíficas como fadiga e mal-estar. A sorologia faz o diagnóstico. Sem tratamento... leia mais [HBV], doença hepática alcoólica Doença hepática alcoólica O consumo de álcool é muito elevado na maioria dos países ocidentais. De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª edição (DSM-5), estima-se que 8,5% dos... leia mais

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) ou se os resultados dos testes hepáticos Exames laboratoriais para fígado e da vesícula biliar Os exames laboratoriais geralmente são eficazes em: Detecção de disfunção hepáticas. Determinação da gravidade da doença. Monitorar a evolução de doenças hepáticas e a resposta ao tratamento... leia mais são anormais; nesses casos, os testes são feitos para verificar fibrose e, se a fibrose está presente, para determinar sua gravidade (estágio). Conhecer o estágio da fibrose pode orientar as decisões médicas. Por exemplo, triagem para carcinoma hepatocelular Carcinoma hepatocelular O carcinoma hepatocelular geralmente ocorre em pacientes com cirrose e é comum em áreas onde a infecção pelos vírus das hepatites B e C é prevalente. Em geral, os sinais e sintomas são inespecíficos... leia mais e para varizes gastroesofágicas Varizes Varizes são veias dilatadas no esôfago distal ou estômago proximal causadas por pressão elevada no sistema venoso portal, tipicamente secundárias à cirrose. Podem sangrar maciçamente ou não... leia mais
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é indicada se a cirrose está confirmada, mas geralmente não é indicada para fibrose leve ou moderada. A avaliação do grau de fibrose hepática ajuda a prever o prognóstico dos pacientes com hepatite viral crônica. No entanto, desde a ampla disponibilidade dos antivirais de ação direta, saber o grau de fibrose tornou-se muito menos importante para decidir quando iniciar a terapia antiviral.

Os testes utilizados para estadiar a fibrose incluem exames de imagem convencionais, exames de sangue, biópsia hepática e exames de imagem não invasivos mais recentes que avaliam a rigidez do fígado.

Avaliação por imagem não invasiva da fibrose: tecnologias acústicas mais recentes podem aumentar a precisão da ultrassonografia e RM para detectar fibrose ou cirrose precoce; elas incluem

  • Elastografia por ressonância magnética

Para esses testes, as vibrações acústicas são aplicadas ao abdome com uma sonda. A rapidez com que essas vibrações são transmitidas ao longo do tecido hepático indica a rigidez (i. e., fibrose) do fígado. Entretanto, algumas outras condições além da fibrose também aumentam a rigidez hepática, incluindo hepatite Visão geral da hepatite crônica A hepatite crônica é aquela que persiste por > 6 meses. As causas comuns são os vírus das hepatites B e C, esteato-hepatite não alcoólica (NASH), hepatopatia alcoólica e doença hepática autoimune... leia mais ativa grave, aumento da pressão cardíaca direita e estado pós-prandial. Além disso, essas técnicas não foram adequadamente validadas na gestação, na resposta virológica sustentada após tratamento para o HCV e em doenças hepáticas raras. Portanto, normalmente não se recomenda o uso dessas técnicas em pacientes com uma dessas doenças.

A biópsia hepática continua sendo o padrão ouro para o diagnóstico e estadiamento da fibrose hepática e para o diagnóstico da doença hepática subjacente que causa fibrose. No entanto, a biópsia hepática é invasiva, o que resulta em um risco de 10 a 20% de complicações menores (p. ex., dor pós-procedimento) e risco de 0,5 a 1% de complicações graves (p. ex., sangramento significativo). Além disso, a biópsia hepática é limitada pelo erro de amostragem e concordância imperfeita entre observadores na interpretação dos resultados histológicos. Assim, a biópsia hepática nem sempre pode ser feita. Em geral, biópsia hepática não é feita apenas para o estadiamento da fibrose hepática, a menos que exames não invasivos não ajudem a estabelecer o diagnóstico (p. ex., porque diferentes exames não invasivos produzem resultados discordantes) ou para ensaios clínicos.

Atividade histológica

  • A0 = nenhuma atividade

  • A1 = atividade leve

  • A2 = atividade moderada

  • A3 = atividade grave

Fibrose

  • F0 = sem fibrose

  • F1 = fibrose portal sem septos

  • F2 = fibrose portal com septos raros

  • F3 = múltiplos septos sem cirrose

  • F4 = cirrose

Exames de sangue estão incluídos em modelos clínicos [p. ex., índice APRI, escore BARD, escore FIB-4, classificação de fibrose por doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD)), que combinam testes comumente disponíveis (AST, ALT, contagem de plaquetas, albumina, INR) com dados demográficos e informações clínicas [p. ex., idade, índice de massa corporal (IMC), diabetes/glicemia em jejum prejudicada). Alguns painéis comercialmente disponíveis [p. ex., FibroTest (conhecido como Fibrosure nos EUA), Hepascore, European Liver Fibrosis Panel (ELF)] combinam marcadores indiretos (p. ex., bilirrubina sérica) e marcadores diretos da função hepática. Marcadores diretos são substâncias envolvidas na patogênese da deposição de matriz extracelular ou citocinas que induzem a deposição de matriz extracelular. Esses painéis são mais bem utilizados para distinguir entre dois níveis de fibrose: ausente a mínimo versus moderado a grave; eles não diferenciam com precisão os graus de fibrose moderada a grave. Portanto, se houver suspeita de fibrose, uma abordagem é começar com um desses painéis e então fazer as novas avaliações por testes de imagem não invasivos da fibrose, reservando a biópsia hepática como um último recurso.

  • 1. Bedossa P, Poynard T: An algorithm for the grading of activity in chronic hepatitis C. The METAVIR Cooperative Study Group. Hepatology 24(2):289-293, 1996. doi: 10.1002/hep.510240201

  • Tratamento da causa

Uma vez que a fibrose é um sinal de agressão hepática, o tratamento geralmenteconcentra-se na causa (removendo a base da lesão hepática). Esse tratamento pode incluir antivirais para eliminar o vírus da hepatite B ou o vírus da hepatite C na hepatite viral crônica, abstinência alcoólica na doença hepática alcoólica Doença hepática alcoólica O consumo de álcool é muito elevado na maioria dos países ocidentais. De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª edição (DSM-5), estima-se que 8,5% dos... leia mais

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, perda ponderal em pacientes com esteatose hepática não alcoólica (EHNA) Tratamento A esteatose hepática é o acúmulo excessivo de lipídios nos hepatócitos. A esteatose hepática não alcoólica (EHNA) é infiltração gordurosa simples (uma doença benigna chamada fígado gorduroso)... leia mais , remoção de metais pesados, como ferro na hemocromatose Tratamento A hemocromatose hereditária é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro (Fe) que resulta em lesão tecidual. As manifestações podem incluir sintomas constitucionais, distúrbios... leia mais
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ou cobre na doença de Wilson Tratamento A doença de Wilson resulta em acúmulo de cobre no fígado e em outros órgãos. Sintomas neurológicos e hepáticos se desenvolvem. O diagnóstico baseia-se em baixos níveis de ceruloplasmina, alta... leia mais
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e descompressão das vias biliares na obstrução biliar. Esses tratamentos podem evitar a progressão da fibrose e, em alguns pacientes, também inverter algumas das alterações fibróticas.

O tratamento visando a regressão da fibrose geralmente é muito tóxico para uso a longo período (p. ex., corticoides, penicilamina) ou não tem eficácia comprovada (p. ex., colchicina, silimarina do cardo mariano). Outros tratamentos antifibróticos estão em estudo, especialmente para EHNA (p. ex., glitazona, vitamina E, agonista do GLP-1, agonista do PPAR, agonista do FXR, inibidor da caspase, inibidores de SK1). O café foi associado a um menor risco de cirrose em metanálises, mas são necessários estudos adicionais.

  • Lesão hepática aguda autolimitada (p. ex., devido à hepatite A viral aguda), mesmo quando fulminante, tende a não causar fibrose.

  • As causas mais comuns da fibrose hepática são as hepatites B e C, esteato-hepatite não alcoólica e abuso de álcool.

  • A fibrose só causa sintomas se progredir para cirrose.

  • A biópsia hepática, embora imperfeita, é o exame diagnóstico padrão-ouro, porém cada vez mais tem sido suplantada por alternativas não invasivas.

  • Testes não invasivos, como elastografia transitória e elastografia por ressonância magnética, estão se tornando cada vez mais importantes.

  • Tratar a causa da fibrose.

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Qual a diferença entre cirrose e fibrose?

Comumente, a fibrose progride, altera a arquitetura hepática e, eventualmente, a função hepática, na tentativa de regeneração dos hepatócitos e de reparo ao dano tecidual. Quando essa alteração é difusa, a cirrose. Caracteriza-se por nódulos de regeneração cercados por tecido fibrótico...

Quando a fibrose vira cirrose?

“O consumo de álcool em excesso, hepatites virais, colestase biliar (causada por acúmulo excessivo de bílis, fluido produzido pelo fígado que tem a função de emulsificar as gorduras do corpo) causam inflamação no fígado e a fibrose, que se não for tratada adequadamente pode evoluir para cirrose.”

O que causa fibrose no fígado?

A fibrose hepática é o resultado de lesões e agressões sofridas pelo fígado de forma constante e por um período longo. Por causa da sua capacidade regenerativa esse órgão produz células para se recuperar, mas elas são diferentes das células hepáticas, formando um tipo de cicatriz.

Quem tem fibrose no fígado?

A fibrose é o resultado da formação de tecidos cicatriciais no fígado. Quando ele sofre lesões constantes, produz células que cicatrizam as áreas agredidas, mas que não desempenham o mesmo papel das células hepáticas, por isso prejudicam o funcionamento do órgão.