brunalima1999
Os mapas são uma tentativa de representar regiões o mais fielmente possível. Mas, existe uma dificuldade óbvia em se representar objetos curvos ou tridimensionais, como a Terra, em uma superfície plana, bidimensional.
Então, sempre ocorrem distorções, ou seja, alguns trechos do mapa não irão corresponder exatamente àquilo que está sendo representado. É como você abrir uma bola e tentar esticá-la para deixá-la plana como uma folha de papel. Você não conseguirá deixá-la plana a menos que rasgue as extremidades, deformando-a.
Quanto maior for a área representada maiores serão as distorções ou deformações no mapa. Isso porque uma quantidade maior de detalhes deixará de ser representada, além do que é praticamente impossível representar uma área grande (como um país) usando-se uma escala de 1:1.
Entretanto, existem meios de se criar pontos ou linhas de distorção nula (não é possível fazer isso em todo o mapa), que é quando a escala principal do mapa é mantida em determinados locais que se pretende representar mais fielmente e que podem ser pontos no mapa ou linhas que correspondem a determinados círculos máximos (círculo traçado sobre uma esfera e que tem a mesma circunferência que ela, dividindo-a em dois hemisférios iguais).
Devido à impossibilidade de se criar o mapa perfeito, existem diversas formas de se representar superfícies grandes, ou, diversos tipos de projeções cartográficas. Cada uma terá uma distorção diferente e em locais diferentes.
Nas projeções cilíndricas tangentes à superfície terrestre, por exemplo, (como se você colocasse uma folha em volta do globo paralela a Linha do Equador, como um cilindro mesmo, e ali fossem projetados os continentes) quanto mais próximo das regiões dos pólos, maior a distorção causada.
Na Projeção de Mercator, por exemplo, que é uma projeção cilíndrica, a Groenlândia aparece bem maior que a América do Sul, quando, na verdade, é a América do Sul que é maior.
Representações e projeções da superfície terrestre
Desde muito cedo que o ser humano demonstrou interesse em representar a superfície terrestre. A Terra pode ser representada de diversas formas, entre as quais se destacam os mapas[Conceito] Representações da totalidade ou de parte da superfície da Terra num plano. e os globos[Conceito] Representações esféricas da superfície terrestre.. Além destas, existem também os planisférios[Conceito] Mapa que representa a totalidade da superfície da Terra. , as plantas[Conceito] Mapa que representa com grande pormenor pequenas áreas da superfície terrestre, como uma cidade ou uma casa., os mapas topográficos[Conceito] Mapa que representa, com grande pormenor, a configuração do terreno (topografia), como a altitude e outras informações, nomeadamente, as linhas de água, os povoamentos, e as estradas de uma determinada área., as fotografias aéreas[Conceito] Fotografias da superfície terrestre obtidas a partir de aeronaves., as imagens de satélite[Conceito] Imagens captadas a grande altitude por um satélite artificial em órbita terrestre., os ortofotomapas[Conceito] Representações cartográficas da superfície da Terra, construídas a partir de fotografias aéreas perpendiculares à superfície terrestre, em que foram corrigidas as deformações óticas e por vezes são acrescentadas informações como a toponímia., entre outras. Por vezes, os geógrafos recorrem também a representações cartográficas mais simples, muitas vezes elaboradas pessoalmente, tais como os esboços cartográficos[Conceito] Representação simplificada e esquemática de uma determinada área da superfície terrestre. e os mapas mentais[Conceito] Representação que apresenta a localização dos elementos mais importantes de referência que cada indivíduo tem sobre uma determinada área. (Figura 1).
i
Figura 1: Mapa mental do continente europeu.
Vantagens e desvantagens das diferentes formas de representação da superfície terrestre:
Cada uma das diferentes formas de representação da Terra apresentam um conjunto de vantagens e desvantagens muito diversificadas. O quadro seguinte apresenta as mais significativas (Quadro 1).
Quadro 1: Vantagens e desvantagens das diferentes formas de representação da superfície terrestre.
Formas de representação | Principais Vantagens | Principais Desvantagens |
Globos | Representação mais fiel da Terra | Difícil de ler, transportar e arrumar Fornece muito pouco pormenor Não permite visualizar todo o planeta em simultâneo |
Mapas | Fácil leitura, transporte e arrumação Fornece maior pormenor que o globo Permite representar toda a superfície da Terra ou apenas parte dela | Apresenta algumas distorções da forma esférica da Terra |
Fotografias aéreas | Permite fazer um estudo pormenorizado da área | Apresenta distorções Dependente das condições atmosféricas |
Imagens de satélite | Permite observar vastas áreas Aquisição periódica e mais barata | Dependente das condições atmosféricas |
Ortofotomapas | Representação rigorosa da superfície terrestre Não apresenta distorções que aparecem nas fotografias aéreas | Não permite obter informação do relevo em áreas cobertas de vegetação |
Globos | ||
Vantagens Representação mais fiel da Terra | ||
Desvantagens Difícil de ler, transportar e arrumar Fornece muito pouco pormenor Não permite visualizar todo o planeta em simultâneo | ||
Mapas | ||
Vantagens Fácil leitura, transporte e arrumação Fornece maior pormenor que o globo Permite representar toda a superfície da Terra ou apenas parte dela | ||
Desvantagens Apresenta algumas distorções da forma esférica da Terra | ||
Fotografias aéreas | ||
Vantagens Permite fazer um estudo pormenorizado da área | ||
Desvantagens Apresenta distorções Dependente das condições atmosféricas | ||
Imagens de satélite | ||
Vantagens Permite observar vastas áreas Aquisição periódica e mais barata | ||
Desvantagens Dependente das condições atmosféricas | ||
Ortofotomapas | ||
Vantagens Representação rigorosa da superfície terrestre Não apresenta distorções que aparecem nas fotografias aéreas | ||
Desvantagens Não permite obter informação do relevo em áreas cobertas de vegetação |
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG):
Os SIG[Conceito] Sistemas informáticos que permitem ao utilizador pesquisar, visualizar, recolher, tratar e transformar dados relativos aos elementos da superfície terrestre, construindo mapas. permitem recolher, analisar e representar informação geográfica georreferenciada[Geografia] A georreferenciação é o processo de localização geográfica de determinado objecto através da atribuição de coordenadas geográficas de latitude, longitude e altitude., tendo em vista a resolução de problemas reais. Num SIG a informação (dados) é organizada por camadas, o que permite analisar as inter-relações entre os diferentes fenómenos espaciais (Figura 2). A importância da sua utilização resulta:
– Da facilidade de trabalhar com grande quantidade de informação;
– Do tempo de resposta em tempo real no apoio à decisão;
– Da fácil gestão e armazenamento dos dados geográficos;
– Da rapidez com que a informação pode ser atualizada.
i
Figura 2: Diferentes tipos de dados e respetivas camadas num SIG.
Existem dois tipos diferentes de mapas aos quais se recorre em função da informação que se necessita. Deste modo, o geógrafo recorre aos mapas gerais ou de base quando pretende obter diversas informações de carácter geral ou quando se pretende construir nova cartografia a partir dos mesmos. Entre eles destacam-se:
– Planisfério;
– Mapa corográfico;
– Mapa topográfico;
– Planta.
Quando se pretende estudar/trabalhar um tema específico utilizam-se os mapas temáticos realizados com base nos anteriormente referidos:
– Mapas físicos (ex.: mapa hipsométrico[Conceito] Mapa que representa o relevo de uma grande área através de um conjunto de cores em função da altitude., mapa climático);
– Mapas políticos (ex.: mapa com fronteiras de países);
– Mapas demográficos (ex.: mapa com densidade populacional);
– Mapas económicos (ex.: mapa da distribuição do PIB).
Mapas de diferentes escalas:
Além da classificação dos mapas quanto à sua função, anteriormente referida, existe uma outra forma de classificar os mapas que se prende com a escala utilizada. Assim, os mapas podem ser classificados como mapas de pequena escala ou mapas de grande escala (Figura 3).
i
Figura 3: Mapas de diferentes escalas.
Nos mapas de pequena escala destacam-se as seguintes características:
– Grande redução da realidade;
– Área representada muito grande;
– Apresenta poucos pormenores.
Pelo contrário, nos mapas de grande escala destacam-se as seguintes características:
– Pequena redução da realidade;
– Área representada pequena;
– Apresenta muitos pormenores.
Projeções da superfície terrestre:
Para se construir os mapas é necessário representar a forma esférica da Terra numa superfície plana. A sua correta representação é provavelmente a maior dificuldade da Cartografia[Ciência] Ciência que tem como objeto de estudo representar a superfície terrestre em mapas, globos entre outras formas. aquando da realização de mapas num plano, visto que os mesmos diferem muito da realidade aproximadamente esférica da Terra. A técnica que o permite fazer designa-se por projeção cartográfica[Conceito] Método que consiste na projeção da forma aproximadamente esférica da Terra num plano.. No entanto, todas as projeções cartográficas apresentam deformações do espaço (Quadro 2):
Elementos fundamentais de um mapa:
Para conseguirmos ler um mapa é necessário que nele constem informações essenciais (Figura 4):
Título – indica o assunto, área e período de tempo tratados no mapa;
Legenda – identifica e descodifica (explica) o conjunto de símbolos e/ou cores utilizados no mapa;
Escala – indica a relação entre a distância representada no mapa e a distância na realidade. Permite saber o número de vezes que a realidade foi reduzida para ser representada no mapa. Existem dois tipos de escalas: a escala numérica e a escala gráfica;
Orientação – indica a direção do mapa através de um dos rumos da roda dos ventos;
Fonte – indica a origem do mapa e/ou da informação nele representada.
i
Figura 4: Elementos fundamentais dos mapas.
Referências
Bastos, L., & Matos, J. (2004). Cartografia e Geodesia - Actas da III Conferência Nacional de Cartografia e Geodesia. Lidel.
Fenna, D. (2019). Cartographic Science - A compendium of map projections, with derivations. CRC Press.
Lapaine, M., & Usery, L. (2017). Choosing a Map Projection. Springer International Publishing AG.