Como o clima influencia na produção agrícola?

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A previsão do tempo é um dos vários fatores que pode impactar diretamente na agricultura. Quem é produtor, sabe. Como a atividade é diretamente ligada ao fator climático, é preciso estar atento aos eventos extremos que podem desestabilizar os resultados do plantio. O excesso de radiação, por exemplo, pode danificar os cultivos mais delicados. Assim como a baixa temperatura e o índice de umidade podem favorecer a ocorrência de pragas, doenças e insetos. Sendo um assunto de extrema
relevância para os agricultores, a influência do clima passou a ser uma das prioridades a serem analisadas em estudos, principalmente afim de otimizar a produção.

Em fevereiro deste ano, o Jornal da USP (Universidade de São Paulo) publicou uma reportagem a respeito de um sistema que estudava as projeções climáticas no território brasileiro. Criado no Departamento de Engenharia de Biossistemas, ele foi resultado de uma intersecção de diversos projetos de pesquisa na área de modelagem agrícola e agrometeorologia, além de contar com um banco de dados climáticos para todos os estados.

Outro estudo realizado pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) mostrou que, de acordo com as mudanças do clima, a configuração da produção agrícola pode mudar significativamente no futuro. Plantações de algodão, café, arroz, feijão, milho e girassol são alguns exemplos que poderão sofrer com a diminuição da área favorável ao plantio. Na região Nordeste, haverá uma queda de parte da produção dessas culturas, assim como a sobrevivência do café se mostra pouco favorável nas regiões Sul e Sudeste. No entanto, essas duas regiões prometem se tornar ainda mais propícias ao cultivo da cana-de-açúcar e da mandioca, principalmente devido ao aumento da temperatura e redução do risco de geadas.

João Lelis, gestor técnico comercial da Metos Brasil, destaca que os principais fatores de clima que influenciam na agricultura são a chuva, a radiação e a temperatura. A fim de prevenir ou reparar danos causados por conta da severidade de eventos extremos, os agricultores podem contar com a previsão do tempo localizada. “É uma ferramenta confiável. Também é vital ressaltar a importância de ter um histórico climático da área. Isso permite que possamos verificar a tendência da propriedade, possibilitando ao produtor adaptar o planejamento inicial de cada safra”, explica ele. “Por exemplo, em uma época de plantio sem previsão de chuva pode-se mudar a data de plantio com maior confiabilidade, já levando em consideração as implicações econômicas da próxima safra. É possível, ainda, planejar aplicações de defensivos e fertilizantes para os momentos em que as
condições climáticas forem mais adequadas para cada atividade e para cada produto, visando economia e um melhor aproveitamento dos insumos nas condições ideais”, aconselha João.

Para usar o fator da previsão do tempo a favor do seu cultivo é preciso conhecer bem o clima e escolher a variedade adaptada para esta região. Para isso, existe o zoneamento agrícola que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) realiza, onde é possível ver qual a época de plantio mais adequada para cada região do país. Com a chegada do verão se aproximando, João dá dicas para lidar com as ondas de calor que podem danificar as plantações. “Para o produtor que é irrigante saliento a importância de realizar o manejo da irrigação adequado alterando o microclima da área. Já para os produtores de sequeiro recomendo utilizar as variedades adequadas para a região”, finaliza.

Atualmente, existem cerca de 1800 estações meteorológicas iMetos® instaladas no Brasil e mais de 45 mil no mundo todo. Sempre buscando soluções inteligentes e avançadas para a agricultura, a Metos também desenvolveu outras tecnologias de ponta para te ajudar a usar a previsão do tempo a seu favor. Agora que você já sabe como o clima pode influenciar na sua produção, entre em contato e solicite uma proposta!

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21/01/21 |   Mudanças climáticas

Como evitar perdas na agricultura com as mudanças do clima

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Foto: Everton Weber

Alterações no regime de chuvas e temperaturas desafiam a ciência

Publicado originalmente na revista Destaque Rural, ano VI, nº 26, de Janeiro de 2021

A agricultura é uma atividade dependente de fatores climáticos e a mudança no clima pode afetar a produção agrícola de várias formas. Seja por alterar a frequência de eventos extremos, relacionados com os regimes térmico e hídrico, ou pelo aumento dos problemas causados por pragas e doenças, entre outros. O assunto é importante para toda a sociedade, pois a agricultura brasileira é responsável por participação relevante na economia nacional.

Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) demonstraram que o clima do planeta está mudando e que a elevação da concentração dos gases de efeito estufa é a principal causadora. Por exemplo, a concentração de CO2 na atmosfera, que em 1960 era de 315 ppm, hoje está acima de 412 ppm, além da velocidade de aumento dessa concentração estar cada dia sendo acelerada.

A partir dos relatórios do IPCC, começaram a ser desenvolvidos estudos relacionados às mudanças climáticas em diversos locais do mundo e seus potenciais impactos na agricultura. No Brasil, a Embrapa tem trabalhado em alguns projetos de pesquisa envolvendo a questão do aquecimento global e a adaptação de culturas às novas condições ambientais esperadas.

Com o passar dos anos, o clima foi mudando e causando impactos, tanto positivos quanto negativos, na produção de alimentos.  Anderson Santi,  pesquisador em mudanças do clima da Embrapa Trigo, destaca os trabalhos realizados sobre emissão e sequestro de gases de efeito estufa e quais os sistemas que melhor se adaptam à realidade brasileira: “O sistema plantio direto trabalha toda a questão de solo e de planta e, automaticamente, envolve o clima porque esse sistema absorve bastante carbono, por meio de um dos principais gases de efeito estufa que é o CO2”, diz.

Segundo Santi, se o sistema plantio direto for trabalhado de forma adequada, conforme as recomendações técnicas, quando é mantida cobertura vegetal, com palhada no sistema o ano todo, o agricultor estará retirando CO² da atmosfera e, indiretamente, colocando-o no solo. “Essa cobertura orgânica, com plantas vivas e restos culturais, visa a proteger o solo contra o impacto direto da chuva e do vento, que causam erosão. Além disso, a cobertura do solo auxilia na regulação da temperatura, que fica menor, e pode favorecer as plantas e também contribuir para menor evaporação da água e assim manter o solo úmido por mais tempo. Ou seja, trabalhar corretamente o manejo, protegendo e favorecendo a reciclagem de nutrientes e não somente fazendo o uso de uma única cultura o ano todo, é uma alternativa viável e eficaz no combate dos impactos relacionados com extremos climáticos” afirma.

Impactos no trigo

Como o clima influencia na produção agrícola?

Alguns estudos trabalharam com simulações de cenários, com um possível aumento das temperaturas. “Os cereais de inverno poderiam, julgando por hoje, ter a sua área tradicional de cultivo no sul do Brasil afetada, caso a temperatura fosse aumentar de 1 a 3ºC nos próximos 100 anos”, afirma Santi.

As projeções para a região norte do Rio Grande do Sul, por exemplo, indicam que a umidade na primavera tende a aumentar e, com isso, a incidência de doenças fúngicas na cultura do trigo seria mais frequente com maior potencial de danos, considerando a atual base genética e a tecnologia de proteção de plantas disponíveis. “Aqui no Rio Grande do Sul uma das principais doenças no trigo é a giberela, causada por um fungo que ataca a espiga desse cereal, que se agravaria ainda mais com o aumento projetado de chuva e de temperatura”, aponta o pesquisador Anderson Santi.

Alguns estudos, que avaliaram os impactos da mudança do clima no trigo, mostram que, pelas características fisiológicas desse cereal, o aumento das temperaturas e, em consequência, o aumento do CO2 na atmosfera, poderia também trazer efeitos benéficos na produção em termos de qualidade de grão. Em contrapartida, com o aumento do calor, o desenvolvimento da planta poderia ser comprometido, pela falta de frio que é necessário para a cultura do trigo, o que poderia implicar, potencialmente, em menor produtividade.

Dados observados no laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo registram que nos últimos 100 anos houve um aumento de 4 mm de chuva por ano. “Em Passo Fundo, RS, a temperatura média aumentou quase 1ºC nos últimos anos. Esse é um indicador de que o clima do sul do Brasil está em mudança, a exemplo do que tem sido diagnosticado em outros locais do mundo”, relata Santi.

A partir da comprovação científica do aumento gradativo das temperaturas nos anos 2000, a Embrapa passou a contratar pesquisadores para atuar em mudanças climáticas. Foi executado um projeto abrangendo todo o País simulando alterações no clima que poderiam ocorrer no futuro. “Com certeza teremos alguns problemas relacionados ao aumento de temperatura, principalmente na questão de déficit hídrico nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. Nesses estudos buscamos encontrar soluções como a adaptação das culturas para suportar esses extremos que poderão ocorrer ainda antes do final desse século”, finaliza Anderson Santi.

Oportunidades

Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, reforça que a mudança do clima global não necessariamente traz só inconvenientes para a agricultura brasileira. “Em muitos aspectos, essa mudança, se usada com inteligência estratégica, pode trazer benefícios. Como exemplo bem conhecido, a inovação e a criação de novos negócios, como foi o caso da indústria de biocombustíveis, que se estabeleceu no rastro da onda da economia verde associada à mudança do clima”, afirma.

O pesquisador também faz menção ao selo de sustentabilidade que a agricultura brasileira pode alcançar com a adoção predominante do sistema plantio direto. “Nas nossas áreas que estão em cultivo, da nossa produção pecuária ser baseada em pastejo direto pelos animais e da possiblidade de intensificação do uso da terra, sem a necessidade de abertura de novas fronteiras agrícolas em áreas intocadas, a partir da integração de sistemas de produção, a exemplo da Integração entre Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF). Além das inúmeras possibilidades abertas pela nova bioeconomia, em que os nossos recursos naturais, pela diversidade de espécies, podem nos conferir um diferencial competitivo relevante”, diz.

Outro aspecto destacado por Cunha é que, efetivamente, está chovendo mais no sul do Brasil. “Isso, especialmente para os cultivos de verão, no caso da soja, tem sido benéfico, inclusive para a incorporação de novas áreas cultivadas com essa oleaginosa na metade sul do Rio Grande do Sul, onde, historicamente, chovia menos”, conclui.

O grande desafio para as instituições que lidam com ciência, tecnologia e inovação para agricultura, finaliza Cunha, “é criar a capacidade de adaptação das plantas cultivadas, seja pela via da mudança genética, com biologia avançada, ou por meio de novas práticas de manejo que confiram maior resiliência aos nossos sistemas agrícolas para lidar com um clima em evolução permanente. O caminho é o da ciência!”

Colaboração Matheus Wagner Basso

Estagiário de jornalismo na Embrapa Trigo

Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo

Contatos para a imprensa

Telefone: +55 54 3316-5800

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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Como o clima influencia as atividades agrícolas?

A agricultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos, por isso a mudança no clima pode afetar a produção agrícola de várias formas: mudança na severidade de eventos extremos, no número de graus-dia de crescimento devido as alterações na temperatura do ar, modificação na ocorrência e na severidade de ...

Quais os fatores climáticos mais influenciam na produção agrícola?

A temperatura e a umidade são os fatores que mais podem afetar a produtividade das lavouras. Isso porque cada cultura tem uma condição específica na qual se desenvolve melhor e, que não depende apenas da estação do ano mais adequada para aquele cultivo, mas sim da temperatura e precipitação mais favoráveis.

Qual a importância do clima para o desenvolvimento da agricultura?

O clima e a agricultura estão relacionados no meio rural. As plantações são totalmente dependentes das variações climáticas, a quantidade de chuvas e temperaturas, esses fatores intervém diretamente nas colheitas e produção das lavouras.

Como as mudanças climáticas podem afetar a produção agrícola?

O impacto da agricultura na mudança climática compreende os seguintes fenômenos. Depleção e degradação do solo (erosão do solo, redução da matéria orgânica, salinização, acidificação, perda de fertilidade).