Como atravessar a fronteira do méxico com estados unidos 2022

Milhares de migrantes saem em caravana do México rumo aos EUA

O trajeto de mais de 3.000 quilômetros é um protesto durante a Cúpula das Américas

Como atravessar a fronteira do méxico com estados unidos 2022

Um homem carrega uma bandeira dos Estados Unidos durante uma caravana que saiu da cidade de Tapachula, no México, rumo aos Estados Unidos Poder360 07.jun.2022 (terça-feira) - 0h02

Milhares de migrantes saíram da cidade de Tapachula, no México, na manhã desta 2ª feira (6.jun.2022) em direção à fronteira dos EUA, onde começa em Los Angeles a Cúpula das Américas, evento que tratará, entre outros temas, sobre migração. A informação é da agência de notícias Reuters. 

De acordo com ativistas, esta é uma das maiores caravanas migratórias dos últimos anos. Segundo a Reuters, ao menos 6.000 pessoas saíram de Tapachula. O Instituto Nacional de Migração do México não deu detalhes sobre o número de participantes da caravana.

Segundo um dos organizadores do movimento, Luiz Garcia Villagran, o grupo é formado por pessoas de diversas nacionalidades, que fogem das dificuldades de seus países. Entre eles, muitos venezuelanos. “Estes são países em colapso por pobreza e violência”, afirmou. 

“Pedimos aos participantes da Cúpula [das Américas] que observem o que está acontecendo e o que acontecer no México se nada for feito em breve”, disse.

Os imigrantes iniciaram o percurso horas depois de Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, anunciar que não comparecerá à Cúpula porque Venezuela, Cuba e Nicarágua não foram convidados. 

Segundo a Reuters, é esperado que Joe Biden anuncie durante o evento um pacto regional sobre migração.

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Autoridades de fronteira dos Estados Unidos prenderam 210 mil migrantes que tentavam cruzar a fronteira com o México em março, maior dado mensal em duas décadas, ampliando os desafios nos próximos meses para o presidente norte-americano, Joe Biden.

Como atravessar a fronteira do méxico com estados unidos 2022
Como atravessar a fronteira do méxico com estados unidos 2022

O total de março representa um aumento de 24% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando 169 mil migrantes foram apanhados na fronteira, início de uma alta na migração que deixou milhares de crianças desacompanhadas presas por dias em estações de patrulha de fronteira enquanto aguardavam alocação em abrigos sobrecarregados.

Biden, democrata que assumiu o cargo em janeiro de 2021, prometeu reverter muitas das políticas de imigração linha-dura de seu antecessor republicano, o ex-presidente Donald Trump, mas tem enfrentado tanto operacional quanto politicamente com o alto número de tentativas de travessias.

Os republicanos, que esperam ganhar o controle do Congresso norte-americano nas eleições de meio de mandato em 8 de novembro, dizem que a reversão das políticas da era Trump por Biden encorajou mais a imigração ilegal.

Membros do governo Biden têm alertado que a migração pode aumentar ainda mais, após as autoridades sanitárias dos EUA dizerem que vão encerrar até 23 de maio uma lei sobre fronteiras durante pandemia, que permite aos requerentes de asilo e outros migrantes serem rapidamente expulsos de volta para o México para impedir a propagação da covid-19.

Yuma, Estados Unidos, 7 Jun 2022 (AFP) - Quando um jovem colombiano e sua família chegaram a uma abertura no muro que separa os Estados Unidos do México pouco depois do amanhecer, em vez de cruzar, esperaram por horas até um oficial de fronteira os interceptar.

A cena se repete diariamente neste local onde a cerca é literalmente interrompida, e onde chegam dezenas de pessoas de centenas de países, papéis na mão, dizendo que estão fugindo da crise e da violência.

"Não queremos atravessar ilegalmente, queremos pedir asilo", diz o colombiano de 30 anos antes da chegada da patrulha de fronteira, levantando uma nuvem de areia nesta área seca do Arizona.

Devido ao Título 42, a restrição pela pandemia com a qual os Estados Unidos fecharam suas entradas na fronteira sul para viajantes sem visto, os solicitantes de asilo desbravam o deserto, o rio, o muro de até nove metros de altura ou as correntes do Pacífico para apresentar seu caso às autoridades.

Em 2021, mais de 1,73 milhão de casos foram interceptados na fronteira sul pelas autoridades, um recorde.

O assunto é central na Cúpula das Américas desta semana em Los Angeles, com a expectativa de se chegar a um acordo.

No entanto, os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela não foram convidados por Washington. Em retaliação, Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, país-chave na discussão, também não participará.

- Água no deserto -Com as restrições e perigos, a abertura no muro de Yuma tornou-se uma porta de entrada improvisada para milhares de pessoas.

As autoridades analisam caso a caso para definir se estão aptos a apresentar seu pedido de asilo à justiça ou se serão expulsos ao abrigo do Título 42.

A cena se repete dezenas de vezes diariamente na abertura, de onde de um lado vemos as plantações de Yuma, conhecida por sua alface, e do outro, a represa de Morelos na mexicana Algodones, chamada de "cidade molar" por causa da quantidade de clínicas odontológicas que tem.

O fluxo é tal que as autoridades mantêm água potável e bananas para os migrantes que percorrem os últimos quilômetros da estrada de Algodones sob temperaturas de quase 40ºC e com menos de 20% de umidade.

É o setor que registrou o maior aumento de migrantes interceptados: mais de 400% até agora este ano em relação a 2021.

A brecha no muro não é o único fator, diz o oficial de Alfândega e Controle de Fronteiras Fidel Cabrera.

"Estamos muito perto de dois aeroportos internacionais no México, em Mexicali e Tijuana (...) Eles levam uma ou duas horas para chegar de transporte público de lá", explica à AFP.

"O tipo de migrantes que vemos agora é diferente de anos atrás". A maioria tem recursos para viajar de avião até a fronteira e não a pé, diz Cabrera, cujos colegas patrulham diariamente os milhares de quilômetros de fronteira nessa região, incluindo as dunas que se estendem a oeste.

As autoridades relatam outra diferença: 89% dos mais de 140.000 migrantes que chegaram aqui no último ano têm direito a permanecer e apresentar seu caso à justiça, seja por composição familiar, nacionalidade ou risco.

Mesmo com milhares de pessoas entrando em Yuma todos os meses, a cidade de quase 100.000 habitantes permanece inalterada, diz o prefeito Douglas Nicholls: "Todos vão para outras comunidades. Não conheço ninguém que tenha ficado por mais de um dia ou dois".

O jovem colombiano que chegou com sua esposa e dois filhos pequenos espera que as autoridades lhe permitam apresentar seu caso à justiça e recomeçar a vida em Denver, no centro dos Estados Unidos.

Sorrindo timidamente, admite o medo pouco antes de ser abordado pelo oficial de fronteira. "Acho que ninguém sai de casa porque quer", diz antes de entrar no carro-patrulha com sua família. "Se você faz isso, é porque precisa".

pr/atm/dga/mr