Como ajudar alguem com ansiedade

Publicado em: 26 de março de 2021 | Categoria: Viver Bem

Pode ser seu companheiro ou companheira que está com tanto medo de agir que se comporta de maneira imprudente com ele/a mesmo/a. Um familiar que constantemente adia tarefas ou conversas importantes.

De qualquer forma, é difícil quando descobrimos que alguém tão próximo está sofrendo por uma ansiedade mais intensa.

Em primeiro lugar, a ansiedade é uma característica humana. Não é um defeito ou problema específico de apenas uma pessoa. Sentir-se ansioso também é um mecanismo instintivo que é acionado quando nos sentimos ameaçados.

O que nos leva à nossa 1ª dica valiosa se você quer ajudar alguém com ansiedade:

1. Não julgue

Sabendo que a ansiedade é uma reação ao sentir-se ameaçado, fica mais fácil de ter empatia por quem está nessa situação. Cada pessoa tem suas particularidades e por isso também a ansiedade se manifesta de maneiras diferentes em cada um.

Então, procure não estigmatizar. Se cada indivíduo é único, a forma como demonstramos que estamos ansiosos também não é igual para todos, assim como também temos diferentes meios para amenizar essa sensação.

Além disso, é preciso respeitar o tempo necessário para cada um processar o momento ansioso e passar por ele. Cuide com julgamentos relacionados ao tempo que uma pessoa levou para voltar a se sentir bem.

2. Respeite o espaço do outro

Caso você conheça bem a pessoa, pode até sugerir a ela o que fazer para se acalmar. Mas cuide para ter a sensibilidade de não pressionar demais.

Às vezes as pessoas só precisam ficar sozinhas, outras vezes elas precisam que alguém esteja perto mas nem tanto. O diálogo é a principal ferramenta para saber qual o espaço que essa pessoa precisa e qual o espaço que você pode dar.

3. Esteja disponível

Procure fazer com que a pessoa saiba que você está disponível para ouvi-la, na medida do possível. Mande uma mensagem lembrando que ela pode contar com você quando quiser.

Demonstrar que você se preocupa e pensa na pessoa terá um valor imensurável para ela, principalmente em um momento de ansiedade tão delicado.

4. Pergunte como pode ajudar

As pessoas costumam saber do que elas precisam para conseguir seguir em frente. Antes de tentar ajudar do seu jeito, pergunte a quem está se sentindo ansioso o que você pode fazer para oferecer o apoio que essa pessoa está precisando.

Conversar é a melhor forma de ajudar sem invadir o espaço do outro. Ouça como a pessoa se sente e, se for possível, ofereça o suporte que ela está precisando.

5. Não pegue para si as responsabilidades do outro

Muitas vezes, quando alguém não consegue realizar uma tarefa porque está ansioso, temos o impulso de realizar a tarefa pela pessoa. Mas é importante lembrar que dar suporte é oferecer apoio para que a pessoa ajude a si mesma.

Por exemplo, você pode ajudar a pessoa a encontrar um profissional da Psiquiatria e/ou Psicologia com quem ela se sinta confortável de conversar. Por outro lado, em casos extremos de ansiedade, como em quadros de depressão em que a pessoa não consegue sair da cama, você até pode ajudá-la a realizar algumas tarefas básicas, como se alimentar, até que ela se sinta melhor para cuidar de si própria.

6. Ajude na organização dos pensamentos

Geralmente, quem está passando por uma ansiedade tende a focar nos piores cenários possíveis. Você pode ajudar a pessoa lhe oferecendo outras perspectivas e possibilidades mais positivas. Faça perguntas como:

• O que de pior pode acontecer?
• O que de melhor pode acontecer?
• E qual é o cenário mais provável?

Procure enfatizar o quanto a pessoa é capaz de lidar com a situação mesmo que ela seja desagradável para ela. Ajude-a a lembrar que, na maioria das vezes, não podemos controlar o que acontece em nossa vida, mas podemos controlar a forma como reagimos aos eventos.

7. Cuide de você

Você pode ajudar uma pessoa que está passando por uma ansiedade, mas não pode curá-la disso. Tente gerenciar o seu tempo e afeto para que você possa ajudá-la sem que você precise gastar toda sua energia nisso. Não há como continuar apoiando o outro se você mesmo não estiver bem.

Não é simples nem fácil ajudar uma pessoa que está passando por uma crise de ansiedade. Saiba que você pode apoiar, mas também deve impor seus limites, afinal de contas, você também é um ser humano. Não há como oferecermos suporte ao outro se não estamos bem conosco.

Muitas vezes os familiares e amigos ficam perdidos quando presenciam uma crise de ansiedade, pois não sabem direito o que está ocorrendo e não conseguem auxiliar a pessoa neste momento de grande sofrimento. Como a ansiedade aciona de uma forma bastante intensa nosso corpo, é normal que esses sintomas acarretem grande aflição. Para quem tem crises de ansiedade, um simples pensamento pode desencadear uma cadeia de acontecimentos.

Evolutivamente falando, o ser humano possui um sistema que chamamos de “luta ou fuga”, esse sistema fez com que nossa espécie sobrevivesse, pois quando algum perigo ocorria, lutávamos ou fugíamos, esse sistema de luta ou de fuga é acionado em crises de ansiedade, porém a pessoa não está vivenciando uma situação que ela precise lutar ou fugir, quando, por exemplo, temos um risco real de vida, como em um assalto.

• BRASIL É O PAÍS COM O MAIOR NÚMERO DE PESSOAS COM ANSIEDADE 

Esses sintomas podem ser: taquicardia, tremor, sudorese, falta de ar, adormecimento de partes do corpo, enjoo, etc. Quando essas reações chegam com uma intensidade grande e juntas, a pessoa sente como se estivesse perdendo controle de seu corpo, achando às vezes que pode desmaiar ou até morrer.

Crédito: Catraca LivreBrasil é o país campeão em ansiedade

Você sabia que através de passos fáceis você pode auxiliar um familiar ou amigo que está passando por isso?

Acolha com empatia

Primeiramente, é importante acolher esses sentimentos, pois realmente em uma crise de ansiedade o sofrimento com os sintomas fisiológicos é muito grande. Evite frases como: “Isso é frescura”, “Você está fazendo isso para chamar a atenção.”, “Você está exagerando” e as substitua por “Estou aqui com você”, “Você não vai morrer”, “Você pode contar comigo”, “Você vai superar essa crise”.

Leve a pessoa a um local tranquilo

Uma das coisas que podem ser feitas e ajudam muito, é levar a pessoa para um lugar mais tranquilo, arejado, se possível, pode ser um local como um parque, muitas pesquisas evidenciam que o contato com a natureza auxilia na melhora do humor e redução da ansiedade. Caso isso não for possível, você pode auxiliar a pessoa a imaginar um local que ela se sinta em paz, como uma praia, falando para imaginar o vento batendo no rosto, o barulho das ondas do mar, detalhando a cena o máximo possível. Essa estratégia é ótima para acalmar o ritmo da respiração e a reduzir a ansiedade.

Proponha exercícios respiratórios

Quando estamos ansiosos, nosso fluxo respiratório se altera, fazendo-nos ficar ofegantes, com palpitações e termos a sensação de falta de ar. Nesta hora, você pode – com a ajuda de um relógio – cronometrar o intervalo das respirações. É importante neste momento inalar e exalar o ar mais lenta e profundamente, você pode explicar para a pessoa que ela pode puxar o ar contando até 5, segurando 3 segundos e soltando todo o ar dos pulmões bem devagar, se quiser pode acompanhá-la nas respirações.

Tire o foco dos sintomas

Outra dica é observar e ajudar a pessoa a tirar o foco daqueles sintomas desconfortáveis, você pode convidá-la para olhar e perceber ao seu redor alguns objetos, se vocês estiverem na rua você pode pedir para ela contar a quantidade de carros estacionados, ou pode pedir para nomear as cores que está vendo.

O objetivo desta técnica é distrair a pessoa que está com seu sistema de “luta ou fuga” acionado, pois um dos principais motivos de uma crise de ansiedade se intensificar é a pessoa focar nessas reações corporais, e assim, você vai ajudar ela a se distrair, diminuindo esse pico intenso de ansiedade.

É importante uma avaliação médica, pois os sintomas são muito similares com ataque cardíaco. Se sua saúde física estiver OK, procure a avaliação profissional de um psicólogo que trabalhe com a terapia cognitivo-comportamental, considerada tratamento de referência para manejo de ansiedade.

Texto escrito pelas psicólogas Gabriela Lumi e Karine Santos da Flows Psicologia.

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