Como a população indígena foi afetada a partir de Belo Monte?

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no curso do Rio Xingu vem gerando muita polêmica no que diz respeito à questão ambiental e à questão energética. De um lado, as populações tradicionais e as indígenas, bem como ativistas e grupos ambientalistas que questionam os impactos da construção dessa usina; de outro, o governo e outros ativistas que defendem a sua construção em prol do aumento da produção de energia no país e o fim dos temores de uma eventual crise energética. Uma vez concluída, Belo Monte se tornaria a segunda maior usina hidrelétrica do país, a maior 100% brasileira e a terceira maior do mundo, segundo dados do Governo Federal.

Como a população indígena foi afetada a partir de Belo Monte?

Mapa dos três sítios da Usina de Belo Monte ¹

As Características do Projeto

A Usina de Belo Monte está sendo construída ao longo do leito do Rio Xingu, na região norte do país, próxima à cidade de Altamira (PA) e custará cerca de R$ 25 Bilhões. Sua construção envolve a elaboração de três sítios: Belo Monte, Bela Vista e Pimental. No sítio Pimental, serão implantados o vertedouro e o barramento, no sítio Belo Monte ficará a Casa de Força Principal e, no sítio Bela Vista, será instalado um vertedouro complementar.

A projeção da geração de energia máxima é de 11.233 megawatts (MW), entretanto, a produção da usina irá variar ao longo do ano, conforme as oscilações do nível das águas do Rio Xingu, de forma que a produção mínima não deve passar dos 4.751MW. O canal de derivação da usina (o curso d’água formado para levar água do vertedouro para a casa de força principal) será de 130 m de largura, 20 km de extensão e 27 m de profundidade.

A previsão do início da produção de energia é para fevereiro de 2015 e apenas 3,2% da energia produzida será destinada ao Pará, o restante será ofertado para o resto do país, principalmente para indústrias produtoras de alumínio.

Críticas e protestos contra a construção da usina

A polêmica gerada em torno da construção da usina reside nos impactos ambientais por ela causados, bem como o fato de as barragens e as construções afetarem diretamente a morada de grupos indígenas e populações ribeirinhas.

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Diversos grupos ambientalistas alertam para os impactos causados pela construção da hidrelétrica no vale do Xingu. Cerca de 100 km do trecho do rio terão sua vazão reduzida e poderão até secar. Outra preocupação é com relação à manutenção das florestas, visto que parte delas está sendo destruída durante as obras, outra parte será inundada pela barragem e, com a chegada de imigrantes e trabalhadores para a obra, mais devastação poderá acontecer. Além disso, as comunidades alertam que os impactos ambientais da obra não foram totalmente estudados e esclarecidos.

Comunidades tradicionais, também preocupadas com o meio ambiente, terão suas vidas profundamente alteradas na região. Parte da barragem no sítio Pimental impedirá a navegação de populações ribeirinhas e de índios, além de contribuir para a formação de pequenos lagos com água parada, que poderão contribuir para a difusão de doenças, como a Malária.

Parte dessa população deverá ser remanejada de suas áreas de ocupação original, o que não é aceito por ela, uma vez que a região onde se encontra guarda os seus recursos, a sua história e as suas tradições culturais.

Para somar a essas críticas, grupos ambientalistas, como o Greenpeace, argumentam contra a necessidade da construção da usina, haja vista que ela não deverá atingir a capacidade máxima de produção prevista pelo governo e não gerará energia que justifique seu investimento.

Como a população indígena foi afetada a partir de Belo Monte?

Ativistas do Greenpeace protestam contra a construção de Belo Monte

Os protestos contra a construção de Belo Monte já ganharam repercussão internacional, ganhando respaldo de personalidades como James Cameron, diretor de filmes como Avatar e Titanic, e que prometeu realizar um documentário sobre a construção da usina.

As obras da Usina de Belo Monte, que foi idealizada na década de 1980, já foram interrompidas várias vezes desde o início de sua construção em junho de 2011, em decorrência de protestos e ocupações realizadas por índios e ambientalistas, e também por intervenções do Tribunal Regional Federal e do Ministério Público. Entretanto, atualmente, as obras estão em pleno funcionamento.

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 ¹ Fonte da Imagem: Kmusser

Como a usina de Belo Monte afetou os indígenas?

A obra rachou a comunidade, reduziu drasticamente a vazão das águas na região da Volta Grande do Xingu, onde ficam suas aldeias, e foi acompanhada por uma disparada nos índices de desmatamento e de violência na região.

Qual o impacto da usina de Belo Monte nas comunidades indígenas do Xingu?

Belo Monte pode deixar comunidades, animais e plantas do Xingu sem água para sobreviver. Povos indígenas e ribeirinhos, peixes endêmicos e as mais diversas espécies de plantas podem sofrer impactos irreversíveis por conta da falta de água na Volta Grande do Xingu (PA).

Quais são os impactos ambientais da usina de Belo Monte?

A obra pode destruir igarapés que cortam cidades importantes do interior do Pará, como Altamira e Ambé. Áreas de agricultura de pequeno porte serão inundadas. Muitos produtores já perderam seu chão. Também pode comprometer o transporte fluvial em algumas áreas e isolar totalmente centenas de comunidades ribeirinhas.

Quais são os problemas que a construção de Belo Monte gerou para os ribeirinhos?

O consenso entre os especialistas em meio ambiente em Altamira é que Belo Monte, com seu desmatamento e alteração do fluxo do rio, também pode ter acelerado os efeitos regionais das mudanças climáticas, que já eram sentidos antes de sua construção.