Como a Guerra dos Sete Anos influenciou no movimento de independência dos Estados Unidos?

Quando adentramos o processo de constituição dos governos liberais e a crise do absolutismo, costumamos compreender que a participação francesa na emancipação das Treze Colônias teve grande importância na deflagração da Revolução Francesa de 1789. Geralmente, o elo entre as duas experiências históricas se explica pelo fato da França participar das Guerras de Independência dos Estados Unidos com o envio de tropas que lutaram em defesa dos colonos norte-americanos.

No entanto, seria satisfatório dizer que os soldados franceses teriam carregado de volta à sua terra natal o sentimento de autonomia que inspirou as Treze Colônias a lutarem contra a opressão inglesa? Apesar de não ser falsa, essa premissa não contempla o fato de que o século XVIII assistia a disseminação do ideário iluminista, que motivou a luta de várias nações contra a ação de regimes monárquicos ou contrários ao mecanismo de representação política.

Para que a proximidade ideológica entre as duas experiências históricas seja melhor desenvolvida, sugerimos a exposição de dois documentos que podem assinalar, de maneira bem clara, como o projeto político francês e o norte-americano se assemelhavam. Como sugestão, recomendamos o trabalho com a “Declaração de Independência dos Estados Unidos da América” (1776) e a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” (1789).

No primeiro documento, temos a seguinte assertiva sobre o ideal de igualdade e o funcionamento das instituições políticas:

“São verdades incontestáveis para nós; todos os homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se constituíram homens-governo cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la”

Em contrapartida, o documento francês aborda a relação do indivíduo com o Estado da seguinte forma:

“A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos.”

Por meio desses dois trechos, a semelhança ideológica desses processos históricos fica mais clara. A ideia de que as instituições políticas têm origem humana e devem ser moldadas de acordo com o interesse daqueles que são controlados por elas fica evidenciada. Além disso, o imprescindível respeito à vontade dos governados também convive com o ideal de que um governo só poderia ser legítimo no momento em que garantia a felicidade daqueles que representava.

Dessa forma, a visão simplista de que os soldados franceses apenas transferiram o projeto político norte-americano para sua terra natal acaba sendo resolvido. Ao mesmo tempo, podemos conferir, por meio da própria leitura da documentação histórica existente, como se delineava as visões políticas dos participantes de cada uma dessas experiências históricas do século XVIII.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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A independência dos Estados Unidos, também chamada de Revolução Americana, foi o processo pelo qual as Treze Colônias tornaram-se independentes da Inglaterra.

A declaração de independência dos Estados Unidos aconteceu no dia 4 de julho de 1776, mas foi apenas em 1783 que a Inglaterra reconheceu a independência do país.

Durante os 5 anos após a declaração, foi travada a Guerra de Independência entre tropas inglesas e os colonos. Os americanos também contaram com a ajuda de tropas francesas e espanholas.

Os Estados Unidos foram a primeira nação das Américas a se tornar independente e foram fonte de inspiração para lutas por independência em outros países do continente.

A independência dos Estados Unidos e de outros países na sequência foram fortemente inspiradas pelos ideais iluministas de defesa das liberdades individuais.

Entenda o que foi o iluminismo.

Causas da independência dos Estados Unidos

As Treze Colônias sempre gozaram de elevada autonomia e sofriam poucas interferências da Inglaterra. Isso acontecia devido ao pouco interesse que a Inglaterra possuía nessas colônias.

No entanto, na segunda metade do século XVIII, o tratamento da metrópole em relação às colônias muda consideravelmente e a Inglaterra passa a exercer maior controle sobre as Treze Colônias.

Essa mudança na relação teve como principais motivações o contexto de Revolução Industrial e os conflitos nos quais a Inglaterra estava se envolvendo na Europa, em especial a Guerra dos Sete Anos.

Revolução Industrial

Com o advento da Revolução Industrial, a Inglaterra passou a ver suas colônias americanas como importantes fontes de matéria-prima para sua indústria e também como mercado consumidor para os seus produtos.

Isto é, as colônias que até então eram consideradas pouco relevantes para a Inglaterra, tornam-se um potencial de ganho econômico para a metrópole.

Entenda o que foi a Revolução Industrial.

Guerra do Sete Anos

Durante o século XVIII a Inglaterra se envolveu em diversos conflitos com nações europeias, sendo um dos mais relevantes a Guerra dos Sete anos. Essa guerra foi uma disputa entre França e Inglaterra pela posse das Treze Colônias.

A Inglaterra foi a vencedora do conflito, mas devido aos elevados custos para vencer a guerra, estava endividada ao final do período.

Para recuperar sua economia, precisava elevar a sua arrecadação e para isso criou novos impostos para as colônias americanas. Alguns desses impostos eram:

• Lei do açúcar (1764): aumento dos impostos sobre o açúcar e outros produtos;
• Lei do selo (1765): todos os documentos e publicações em circulação na colônia deveriam ter um selo pago à Inglaterra;
• Lei da hospedagem: determinava que os soldados ingleses deveriam ser hospedados nas casas dos colonos;
• Atos Townshed (1767): elevou impostos sobre o chá, corantes e vidros.

O aumento dos impostos fez crescer uma insatisfação dos colonos em relação à metrópole e iniciaram-se diversos protestos contra essas novas medidas.

Ignorando as reivindicações, em 1773, o governo inglês promulgou a Lei do Chá, que determinava que apenas os chás ingleses poderiam ser comprados pelas colônias.

Essa lei foi considerada o estopim e nesse mesmo ano, como forma de protesto, diversos colonos se vestiram de índios, entraram em um navio carregado que vinha da Inglaterra e jogaram no mar todo o carregamento de chá. Esse evento ficou conhecido como a Festa do Chá de Boston.

Como reação aos movimentos de reivindicação que aconteciam na colônia, a Inglaterra endurece ainda mais o seu tratamento e promulga as Leis Intoleráveis.

Dentre as medidas adotadas pelas Leis Intoleráveis estava o fechamento do porto de Boston até o ressarcimento do prejuízo dos chás e a proibição de reuniões.

Nesse momento, ficaram claras as divergências de interesse entre os colonos e a metrópole e então foi realizado o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia em 1774.

Durante esse congresso, os colonos elaboraram um documento ao rei da Inglaterra declarando lealdade, porém expondo sua insatisfação com as medidas adotadas pela coroa e solicitando a revogação das Leis Intoleráveis.

O rei, no entanto, enviou um número maior de tropas para as colônias, aumentando a insatisfação e assim, se iniciaram os conflitos armados.

No ano seguinte, em 1775, foi realizado do Segundo Congresso Continental da Filadélfia. Nessa ocasião, os colonos decidiram romper com o domínio colonial e escreveram a Declaração de Independência dos Estados Unidos.

Essa declaração, escrita por Thomas Jefferson, foi publicada em 4 de julho de 1776. A colônia, no entanto, não aceitou a independência e então se iniciou uma guerra.

Saiba mais sobre colonização.

Guerra de Independência

Esse conflito durou 5 anos e envolveu, além dos colonos e das tropas americanas, tropas francesas e espanholas. Os franceses e espanhóis entraram do lado das colônias no conflito, pois desejavam enfraquecer o poder da Inglaterra no continente americano.

A vitória final das Treze Colônias aconteceu durante a Batalha de Yorktown, em 19 de outubro de 1781. Mas foi somente em 1783 que os ingleses reconheceram a independência dos Estados Unidos, com a assinatura do Tratado de Paris.

Consequências da independência dos Estados Unidos

A Independência dos Estados Unidos, ou Revolução Americana, consolidou o país como uma República Federalista e dentre suas consequências:

• Serviu de fonte de inspiração para que outras colônias americanas lutassem por sua independência;
• O modelo de republicano de Estado serviu de exemplo para outros países, como o Brasil;
• França e Espanha recuperaram territórios americanos que haviam perdido;
• Permitiu a divisão interna do território americano, que levaria anos mais tarde à Guerra Civil.

Veja também:

• Estátua da Liberdade
• Federalismo
• República.

O que foi a Guerra dos Sete Anos como essa influenciou no processo de independência das treze colônias inglesas?

Como a Guerra dos Sete Anos contribuiu para a revolta dos colonos americanos em relação a Inglaterra?

Quais foram as causas que levaram ao movimento de independência dos EUA?