Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?

Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?
Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?

A did�tica como elemento construtivo 

do processo ensino-aprendizagem

La did�ctica como elemento constructivo del proceso de ense�anza-aprendizaje

The building block did�tica how the teaching-learning process

Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?

 

*Programa de P�s-gradua��o Stricto Sensu em
Avalia��o das Actividades F�sicas e Desportivas, UTAD

**Programa de Gradua��o em Educa��o F�sica, UEPA, Par�

***Programa de Gradua��o em Educa��o F�sica
da Faculdade Sudam�rica, Cataguases, MG

(Portugal)

Mauro L�cio Mazini Filho*

Rafael Pedroza Savoia*

Dihogo Gama de Matos*

Keyrilan Emanuela Aguiar Silva**

Gabriela Resende de Oliveira Venturini***

Andr� Luiz Zanella*

 

Resumo

          A discuss�o sobre o papel da did�tica no processo de ensino-aprendizagem leva-nos a refletir uma educa��o acess�vel a todos e que respeite as peculiaridades humanas. Partindo desse pressuposto, torna-se necess�ria uma mudan�a na transmiss�o de conhecimentos no �mbito escolar, uma reformula��o do ato educativo, buscando despertar a criticidade dos cidad�os em face � realidade. Contudo, este artigo est� apresentado de forma dissertativa e estruturado com subitens especificados.

          Unitermos:

Did�tica. Ensino-Aprendizagem. Criticidade.

Abstract

          The discussion on the role of teaching in the teaching-learning process leads us to reflect an education accessible to all and which respects the human peculiarities. Under this assumption, it is necessary a change in the transmission of knowledge within schools, an overhaul of the education act, seeking to arouse criticism from citizens in the face of reality. However, this article is presented in a structured expatiate and with sub specified.
          Keywords: Didactics. Teaching and Learning. Criticality.

 
Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 14 - N� 132 - Mayo de 2009

Como a didática pode desempenhar um papel significativo na formação do educador?

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Introdu��o

    O presente artigo consiste em analisar o papel da did�tica como um elemento construtivo do processo ensino-aprendizagem, fazendo uma abordagem sobre diversos aspectos que consideramos ser de relev�ncia para o estudo supracitado, dentre eles: conceituar a did�tica; destacar o aluno no contexto educacional; analisar os aspectos do processo de ensino-aprendizagem e m�todos avaliativos.

    Este trabalho vem organizado por subtemas os quais s�o eles: Conceituando a Did�tica; O aluno inserido no Contexto Educacional; Professor: Sujeito ou Objeto da Hist�ria?; Rela��o Professor-Aluno; O Processo de Ensino-Aprendizagem; Processos Avaliativos no Contexto Educacional e Aspectos Socioculturais e S�cio-Econ�micos da Educa��o.

Conceituando a did�tica

    O voc�bulo, did�ticaderiva da express�o grega Τεχνή διδακτική (techn� didaktik�), que se traduz por arte ou t�cnica de ensinar. Enquanto adjetivo derivado de um verbo, o voc�bulo referido origina-se do termo διδάςκω (did�sko) cuja forma��o ling��stica � nota-se a presen�a do grupo σκ (sk) dos verbos incoativos - indica a caracter�stica de realiza��o lenta atrav�s do tempo, pr�pria do processo de instruir (DIDATICA, 2008)

    De certo modo podemos dizer que a Did�tica � uma ci�ncia cujo objetivo fundamental � ocupar-se das estrat�gias de ensino, das quest�es pr�ticas relativas � metodologia e das estrat�gias de aprendizagem.

O aluno inserido no contexto educacional

    O aluno no processo educacional � visto como um fator essencial para a constru��o do conhecimento, e n�o s� como um mero recebedor de conte�dos. A busca pelo saber n�o est� ligado exclusivamente no ato de ouvir, copiar e fazer exerc�cios, pois neste aspecto metodol�gico os alunos devem permanecer calados e quietos em suas carteiras, entretanto, � poss�vel realizar v�rios tipos de propostas que pressup�em a participa��o ativa do aluno e n�o se limitar apenas aos aspectos intelectuais ou a memoriza��o de conte�dos julgados como relevantes, segundo Reznike e Ayres (1986 apud CANDAU, 1988, p. 121), �Quando falamos em reavalia��o cr�tica, estamos atendendo n�o s� para o processo em si do ato educativo, mas tamb�m para tudo aquilo que os alunos j� trazem enquanto viv�ncia, enquanto forma��o cultural�.

    Partindo desse pressuposto podemos dizer que o educando pode despertar a sua criticidade a partir do momento em que se deixa envolver pelas quest�es pol�ticas, sociais e culturais relevantes que existem no meio em que vive, e leva essas discuss�es para dentro da sala de aula, interagindo com os demais, formando in�meras opini�es com rela��o ao contexto social, pol�tico e cultural no qual est� inserido.

Professor: sujeito ou objeto da hist�ria?

    A priori podemos definir o educador como sujeito da hist�ria ou objeto da mesma, onde ele se torna sujeito a partir do momento em que participa da hist�ria de desenvolvimento do povo, agindo juntamente com os demais, engajado nos movimentos sociais, construindo aparatos de ensino como fonte inovadora na busca pelo conhecimento. Conforme Luckesi (1982 apud CANDAU, 1982, p.27), �[...] compreendo o educador como um sujeito, que, conjuntamente com outros sujeitos, constr�i, em seu agir, um projeto hist�rico de desenvolvimento do povo, que se traduz e se executa em um projeto pedag�gico�.

    Deixando claro que o educador e a educa��o n�o mudam totalmente e nem criam um modelo social, ambos se adequam em busca de melhorias para alguns problemas existentes no meio, at� porque nossa sociedade � regida por diretrizes vindas do centro do poder. J� como objeto da hist�ria o educador sofre as a��es dos movimentos sociais, sem participa��o efetiva na constru��o da mesma, para Luckesi (1982) esse tipo de professor n�o desempenha o seu papel, na sua autenticidade, dir�amos que o educador � um ser humano envolvido na pr�tica hist�rica transformadora. A partir disso podemos dizer que o professor pode ser um formador de opini�es e n�o somente um transmissor de id�ias ou conte�dos.

Rela��o professor-aluno

    J� tratamos das personagens aluno e professor anteriormente. Entretanto, ambos foram mencionados de forma isolada e peculiar. Este subtema surge com o prop�sito de levantar uma an�lise cr�tica em refer�ncia � rela��o professor-aluno em ambiente did�tico, estabelecendo conex�es hist�rico-sociais que at� hoje semeiam e caracterizam a educa��o brasileira, a maior delas tida como a Pedagogia Tradicional, a qual � encarada por Freire (1983) como uma educa��o de consci�ncia banc�ria.

    O professor ainda � um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consci�ncia banc�ria. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um dep�sito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p. 38).

    Acerca desse questionamento de Freire (1979) est� expl�cita tamb�m a rela��o de submiss�o dos alunos em rela��o � autoridade do professor, autoridade esta que muitas vezes � confundida com autoritarismo, e que associada �s normas disciplinares r�gidas da escola � a qual tamb�m possui papel fundamental na forma��o, uma vez que esta � a institui��o que delimita as normas de conduta na educa��o � implicam na perda de autonomia por parte do aluno no processo ensino-aprendizagem.

    Para ilustrar este fato, recorremos ao ba� de nossas mem�rias, pois acreditamos que a maioria j� deva ter presenciado esta situa��o bem caracter�stica da Pedagogia Tradicional, que consiste em descrever um ambiente de sala de aula ocupado pelo professor e seus respectivos alunos.

    Esta situa��o � ver�dica at� os dias de hoje em nossas escolas, inclusive, na maior parte delas, j� que nessas classes de aula sempre encontramos as carteiras dos alunos dispostas em colunas e bem ao centro da sala fica a mesa do professor, que ocupa o centro para privilegiar o acesso a uma vis�o ampla de todo o corpo estudantil, impondo a estes sua disciplina e autoridade, uma das raz�es que leva o aluno a ver o professor como uma figura detentora do conhecimento, conforme argumenta Freire (1983), em suas an�lises sobre a consci�ncia banc�ria, express�o j� descrita anteriormente no in�cio deste subtema.

    � necess�rio refletir acerca deste cen�rio real, pois que estamos discutindo a did�tica no processo de ensino-aprendizagem e para isto torna-se imprescind�vel a compreens�o dos fatos e a disposi��o da sociedade, principalmente os �rg�os de ensino a repensarem seus m�todos de par�metros educacionais, a fim de promover uma educa��o renovada em aspectos sociais, pol�ticos e culturais concretizados por Freire em seu livro Educa��o e Mudan�a, onde ele afirma que o destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua a��o.

O processo de ensino-aprendizagem

    V�rios s�o os fatores que afetam o processo de ensino-aprendizagem, e a forma��o dos educadores � um deles e que tem papel fundamental no que se refere a este processo. Essa forma��o tem passado por um momento de revis�o no que se diz respeito ao papel exercido pela educa��o na sociedade, pois � perceb�vel a falta de clareza sobre essa fun��o de educador (VEIGA, 2005)

    Ainda hoje existem muitos que considerem a educa��o como um elemento de transforma��o social, e para que esse quadro modifique-se, faz-se necess�rio uma reflex�o pedag�gica, na qual busque questionar essa vis�o tradicional(FREIRE, 1978).

    Deste modo, fica evidente que a forma��o dos educadores nesse contexto � entendida meramente como conservadora e reprodutora do sistema educacional vigente, ficando not�rio que esses educadores s�o tidos apenas como aliados � lei da manuten��o da estrutura social, ou seja, um suporte �s ideologias da superestrutura e n�o como um elemento mobilizador de sua transforma��o.

    Destas an�lises emerge com clareza o papel conservador e reprodutor do sistema educacional, verdadeiro aliado da manuten��o da estrutura social, muito mais do que elemento mobilizador de sua transforma��o (CANDAU, 1981).

    Muitos desses educadores sentem uma sensa��o de ang�stia e questionamento da pr�pria raz�o de ser do engajamento profissional na �rea educativa, segundo Candau (1981).

Rela��o teoria e pr�tica e a Educa��o F�sica

    �A teoria e a pr�tica s�o bastante dissociadas, porque a realidade n�o permite a aplica��o do conte�do aprendido�.

    �Existe uma grande dist�ncia entre os conhecimentos adquiridos durante o curso e o que o aluno encontra na pr�tica, sendo necess�rio uma revis�o daquilo que � ensinado�.

    �H� uma grande dist�ncia entre teoria e a pr�tica e deve ser uma preocupa��o constante a poss�vel aplica��o da teoria�.

(AZEVEDO, 1980, p. 66-67).

    A rela��o teoria e pr�tica na forma��o do educador s�o mais uma das problem�ticas, que tamb�m est� evidente nesse processo, e que trata da forma��o dos profissionais de educa��o, quando nos referimos ao estabelecimento de uma rela��o harmoniosa entre teoria e pr�tica.

    Conv�m afirmar que essa rela��o entre teoria e pr�tica n�o � objeto de preocupa��o �nica e exclusivamente dos educadores, pois � sabido que para que ocorra uma boa aprendizagem � necess�rio fazer uma reflex�o cr�tica acerca desses fatores no �mbito escolar, essa vis�o dicot�mica est� em sua forma mais radical isolados ou at� mesmo opostos, j� em uma vis�o mais associativa, teoria e pr�tica s�o p�los separados, mas diferentemente da vis�o dicot�mica, n�o s�o opostos (CANDAU, 2005).

    Na verdade a pr�tica deveria ser uma aplica��o da teoria. Se considerarmos que a diferen�a b�sica entre os seres humanos e os outros seres vivos conhecidos se prende �s possibilidades de suas consci�ncias, fica claro que toda atividade ser� mais ou menos humana na medida em que vincula ou desvincula a A��O � REFLEX�O (CANDAU, 2005).

    S� ao humano � permitida a percep��o de si mesmo, dos outros, dos seus pr�prios atos, do mundo e de toda a realidade que o caracteriza, ao mesmo tempo em que pode ser modificada artificial e intencionalmente por ele.

    � neste momento que percebemos a rela��o Teoria/Pr�tica. � inevit�vel a separa��o das duas. O que seria uma sem a outra?

    Delimitando nossa �rea de an�lise � realidade brasileira, podemos dizer que no caso da Educa��o F�sica, esta tem sido incapaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos do desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta competi��o ou de rendimento e at� mesmo em exerc�cios f�sicos relacionados � est�tica e a sa�de.

    Estas d�vidas surgem porque muito pouco se t�m estudado sobre a cultura corporal que fundamente a Educa��o F�sica; a fim de chegarmos a um senso cr�tico bem apurado que nos d� status profissional e mercado de trabalho, o desejo de todos. Mercado este saturado e ao mesmo tempo carente de verdadeiros profissionais de Educa��o F�sica que conseguem colocar em pr�tica os conhecimentos te�ricos adquiridos ao longo de suas forma��es acad�micas e ap�s a mesma com dedica��o e estudos constantes. Esta associa��o da PR�XIS (Rela��o Teoria/Pr�tica), seria o poss�vel sucesso de qualquer profiss�o sendo que na Educa��o F�sica n�o seja diferente onde podemos visualizar que qualquer pr�tica humana, sem uma teoria que lhe d� suporte, torna-se uma atitude t�o est�ril, apenas imitativa quanto uma teoria distante de uma pr�tica que a sustente (PEREIRA, 2003).

    Estes princ�pios de teoria e pr�tica s�o de suma import�ncia no contexto de ensino-aprendizagem, j� que foi constatada essa defici�ncia por parte de nossos educadores, a pr�tica sempre deve ser retificada para melhor adequar-se �s exig�ncias te�ricas. Nesse sentido, todos os componentes curriculares devem trabalhar a unidade te�rico-pr�tica.

    A metodologia utilizada pelo educador � de suma import�ncia nessa rela��o ensino-aprendizagem, sendo not�rio que existe certa dificuldade por parte tanto de professores quanto alunos em fazer uma correla��o entre o conte�do e a metodologia.

    Essa situa��o torna-se mais agravante, a partir do momento em que, mesmo tendo todas essas refer�ncias o educador n�o consegue detectar que sua a��o pedag�gica nada mais � que uma proposta ideol�gica imposta por uma pol�tica de educa��o para a elite social.

    Vale ressaltar que existe uma rela��o de subordina��o por parte dos m�todos/metodologia em face aos conte�dos, o que deveria ser pelo menos equivalentes, no entanto no contexto vigente o que se percebe � uma �nfase primordial na transmiss�o de conte�dos culturais universais nas escolas.

    No entanto, entende-se que esses conte�dos program�ticos deveriam estar atendendo �s necessidades concretas de vida dos alunos, fazendo uma rela��o entre conte�do e contexto o qual est�o inseridos.

    Diante dessa problem�tica, entende-se que a metodologia utilizada assume uma import�ncia fundamental no processo de ensino-aprendizagem.

Aspectos socioculturais e s�cio-econ�micos da educa��o

    Se analisarmos as transforma��es ocorridas na humanidade nos �ltimos tempos, poderemos nos impressionar com tamanha evolu��o tecnol�gica, que afeta n�o somente os setores econ�micos como tamb�m os socioculturais, e em especial, � ci�ncia, onde esta �ltima concerne em suas origens a educa��o, e que segundo Chassot (2003), �[...] essas mudan�as poder�o/dever�o, ainda, transformar em um futuro muito pr�ximo o nosso fazer Educa��o, especialmente a profiss�o de Professor (a)�.

    Desde a tecnologia molecular � rob�tica, grandes s�o os feitos dessa nova moeda corrente que est� em constante desenvolvimento, possuindo em sua ess�ncia n�o somente benef�cios prestados � humanidade, como tamb�m, em seu lado mais obscuro, o qual prefere passar ignorado aos olhares sociais, a promo��o da exclus�o social, que extingue profiss�es e que aqui ser� ressaltada com �nfase ao �mbito educacional, o qual est� em constante debate.

    Chassot (2003) em seu livro Alfabetiza��o Cient�fica: Quest�es e Desafios para a Educa��o, aborda de forma clara esse novo entrave do ensino brasileiro ao eleger a internet como elemento da globaliza��o que mais acelera o processo de escoamento de informa��es, estabelecendo um paradoxo entre a educa��o de algumas d�cadas anteriores ao momento atual, tra�ando todo um contexto hist�rico-social relativo aos elementos de aprendizagem do estudante brasileiro, principalmente no que se refere �s modifica��es na escrita, indo desde as memor�veis lousas (pedras de ard�sia) ao surgimento da caneta esferogr�fica e at� ao que hoje denominamos como mais eficiente meio de trabalho e de normatiza��o do meio educacional, o computador, que, acoplado a uma rede mundial de informa��es conecta milh�es de usu�rios instantaneamente, tornando-os mais pr�ximos quanto os pr�prios vizinhos de bairro, fazendo da internet um recurso para ser um facilitador do fornecimento de informa��es (CHASSOT, 2003)

    Agora, com um clicar podemos mandar dezenas de cartas, at� com mais de uma centena de p�ginas, para os mais distintos continentes e quase no mesmo instante elas poder�o ser lidas e respondidas pelos destinat�rios (CHASSOT, 2003, p. 401).

    � interessante expor esses questionamentos acerca de nosso ensino-aprendizagem, ao passo que a tecnologia privilegia sim o progresso da educa��o e da ci�ncia, mas esta tamb�m promove a aliena��o no processo cognitivo e a defasagem de uma das personagens sociais de fundamental import�ncia no contexto social, o professor, o qual, em sua maior parte, n�o possui condi��es econ�micas de acompanhar este processo acelerado de informatiza��o, encontrando-se cada vez mais desatualizado e restringindo-se �s condi��es de mero transmissor de conte�dos, fugindo � sua compet�ncia de formador de opini�es (CHASSOT, 2003).

    O Conhecimento neste mundo capitalista � uma propriedade que precisa ser comprada e � caro. A socializa��o da informa��o n�o � feita, como se apregoa, com a internet. Ela ajuda a aumentar os exclu�dos. Para enriquecer culturalmente, precisamos gastar (CHASSOT, 2003, p. 92).

    Devemos atentar que, quando Chassot (2003) declara sobre a exclus�o atrav�s do acelerado processo de escoamento das informa��es, n�o somente o professor torna-se um elemento de transgress�o como tamb�m os pr�prios alunos, especialmente aqueles de baixas classes sociais, que em sua maioria n�o disp�em dos artefatos tecnol�gicos, o que nos leva a considerar uma revis�o da did�tica que deve ser aplicada em conjunto com estes novos par�metros educacionais de informa��o, na busca da constru��o do conhecimento e forma��o de consci�ncia cr�tica de nossos alunos.

    De acordo com o exposto, faz-se a seguinte interroga��o: Como a did�tica pode contribuir para que a Escola possa ser geradora e transformadora e n�o repetidora de conhecimentos?

    Eis que surge Chassot (2003) com uma sugest�o para este problema, apoiando a pr�tica da �rodinha da novidade�, a qual daria o livre arb�trio aos alunos e alunas para que contassem aquilo que foi significante nas suas descobertas, tais como o coment�rio dos filmes que assistiram, os livros que leram, os sites que visitam com freq��ncia e que merecem destaque por seu valor educacional. Dessa forma, professores e professoras tornam-se os mediadores, refor�ando as sugest�es que parecem ser as mais relevantes, abolindo a ditadura do livro-texto como a fonte do conhecimento quase exclusiva, buscando outros abastecimentos mais atualizados e mais pertinentes de conhecimento para a constru��o da cidadania cr�tica, uma vez que, hoje, o que est� em jogo � nossa capacidade de transmitir a informa��o e a sele��o desta para com ela fazer forma��o e transformar a educa��o num ato pol�tico.

Processos avaliativos no contexto educacional

    Quando falamos de processos avaliativos no contexto educacional, abre-se um grande leque onde o professor e aluno caminham juntos.

    O professor tem que se adaptar ao meio e tentar transmitir sua did�tica, partindo de um princ�pio onde o meio em que o aluno vive deve ser levado em conta, assim buscando sua cultura e sua realidade. Da� ent�o o professor come�a a apresentar para o aluno o mundo que ele n�o conhece (CANDAU, 1999).

    O processo avaliativo est� inteiramente ligado ao sucesso e ao fracasso, devido ser um ato seletivo onde o aluno pode ser aprovado ou reprovado. At� porque esse � um ato em que a tend�ncia observada � a supervaloriza��o (CANDAU, 1999).

    Um aluno que, n�o teve uma base educativa, n�o pode ser comparado com um aluno que teve uma boa prepara��o escolar; o que tamb�m se atribui a um fracasso na escola s�o os alunos de classes sociais desfavorecidas, no qual estes por si s� j� se sentem exclu�dos e que o resultado inevit�vel do ano letivo ser� a reprova��o, ocasionando um problema ainda maior, quando � not�rio que esses educandos somente ocupar�o uma carteira na escola (MELLO, 1991).

    Isso n�o quer dizer que a perman�ncia do aluno na escola n�o seja positiva, pelo contr�rio, esta perman�ncia � importante, pois, o aluno tem uma chance de aprender com o seu pr�prio ritmo, afastando o fantasma da reprova��o que por press�o do trabalho ou por falta de est�mulo o educando abandona a institui��o de ensino; o que n�o � correto � o aluno passar sem aprender.

    Visando assim a escola fica apenas com o papel pol�tico de garantir um lugar no status quo.

    Conv�m destacar que esse processo avaliativo � importante e necess�rio � pr�tica de ensino, mas os educadores n�o podem se ater a um �nico m�todo de avalia��o e sim inovar com criatividade, vendo tamb�m as especificidades de cada educando, a partir do princ�pio da individualidade incluindo tamb�m o contexto social.

Considera��es finais

    A did�tica para assumir um papel significativo na forma��o do educador n�o poder� reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolvem um processo de ensino-aprendizagem, e sim, dever� ser um modo cr�tico de desenvolver uma pr�tica educativa forjadora de um projeto hist�rico, que n�o ser� feito t�o somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.

    A did�tica deve servir como mecanismo de tradu��o pr�tica, no exerc�cio educativo, de decis�es filos�fico-pol�ticas e epistemol�gicas de um projeto hist�rico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel espec�fico estar� apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas te�ricas em pr�ticas educativas. Os m�todos avaliativos constituem uma import�ncia do professor no papel de educador, qualificando seus m�todos de forma que o educando tenha seus princ�pios individuais respeitados, j� nem sempre a realidade � igual para todos no que diz respeito ao contexto social (OLIVEIRA, 1998).

    Portanto, � necess�rio redesenhar o educador, tornando-o um indiv�duo compromissado com um defensor de uma id�ia mais igualit�ria, pois sabe que o estudante na escola p�blica nada mais � que o povo na escola. Este novo educador seria aquele que encara a educa��o como uma problematiza��o, que prop�em aos homens sua pr�pria vida como um desafio a ser encarando, buscando a transforma��o.

Refer�ncias

  • CANDAU, Vera Maria (org.). A Did�tica em Quest�o. 17� ed. Petr�polis: Vozes, 1999.

  • CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma Nova Did�tica. 16� ed. Petr�polis: Vozes, 2005

  • CHASSOT, Attico. Alfabetiza��o Cient�fica: Quest�es e Desafios para a Educa��o. Iju�: Uniju�, 2003.

  • DID�TICA: banco de dados. Dispon�vel em: http://www.centrorefeducacional.com.br/didat.htm. Acesso em 16 de mar. 2008.

  • FREIRE, Paulo. Educa��o e Mudan�a. 23� Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.

  • LUCKESI, Cipriano. O educador: quem � ele. ABC Educatio .Outubro,2005.

  • MELLO, Guiomar Namo de. Pol�ticas p�blicas de educa��o. Estud. av.,  S�o Paulo,  v. 5,  n. 13, Dec.  1991 .

  • OLIVEIRA, M. Rita Neto Sales. Hist�rico da Did�tica. In: ________________ O Conte�do da Did�tica: um discurso da neutralidade cient�fica. Belo Horizonte: UFMG, 1988, pg. 33 - 47.

  • PEREIRA, Otaviano. O que � teoria. S�o Paulo: Brasiliense, 2003.

  • SILVERA, Maria Aparecida. O revela da compet�ncia no acontecer humano.Universidade Metodista de S�o Paulo , S�o Bernardo do Campo,2007.

  • VEIGA, Ilma Passos Alencastro (coord.). Repensando a Did�tica. 22� ed. Campinas: Papirus, 2005.

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Qual é o papel da didática na formação do educador?

A Didática é de suma importância para a formação do professor, pois deve proporcionar o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva, possibilitando que o professor faça uma análise de forma clara sobre a realidade do ensino, proporcionando situações em que o aluno construa seu próprio saber.

Porque a didática ocupa um lugar de destaque na formação do professor?

A didática como campo de estudos e pesquisa possibilita investigação, aprofundamento e análise do processo de construção dos saberes e conhecimentos da práxis docente considerado elemento relevante para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais do professor.

Como a didática pode contribuir na construção do conhecimento e na sua formação enquanto futuro professor de Matemática?

Por meio da Didática, além das outras importantes disciplinas, o professor constrói mecanismos para materializar os conhecimentos teóricos e práticos na escola e na sala de aula, da mesma forma tem elementos para refletir sobre o que, como e com intenções exerce seu trabalho docente, ou seja, evidencia quais as ...

Qual o papel do professor para que o processo de ensino e aprendizagem seja efetivado?

É ele que acompanha o aluno, medeia o conhecimento, faz parte do processo pedagógico efetivamente. É ele que enfrenta as dificuldades de aprendizagem do aluno, as carências afetivas destes, e principalmente sabe como adequar os conhecimentos prévios dos educandos aos conteúdos curriculares da escola.