Como a borracha era conhecida na região no período do ciclo da borracha?

A extração da borracha na Amazónia decorreu em dois períodos, o primeiro entre 1879 e 1912 e o segundo, mais curto, entre 1942 e 1945. O impulso económico gerado por esta atividade transformou cidades da Amazónia como Manaus, Belém do Pará e ainda Porto Velho, capital do estado da Rondónia. De realçar o facto do estado de Acre ter sido criado nesta altura, como consequência da corrida à borracha amazónica.
O látex é extraído da seringueira (Hevea brasiliensis) ou árvore-da-borracha e já era conhecida dos índios da América Central, com a qual faziam bolas maciças. A borracha natural é um material elástico e impermeável, mas que sofre alterações com a temperatura, tornando-se quebradiça com o frio e pegajosa com o calor. A aplicação da vulcanização à borracha, a partir de 1842, possibilitou a melhoria dos produtos fabricados. Mas o impulso decisivo aconteceu quando, em 1875 a Michelin aplicou a borracha aos pneus dos automóveis, gerando uma procura por esta matéria-prima.
O primeiro ciclo da borracha tem lugar entre 1879 e 1912. Até aqui as drogas do sertão eram as únicas a movimentar o comércio na região. Durante este período, a Amazónia passa a atrair, cada vez mais gentes interessadas em aprender o processo de extração e lucrar com esta dádiva da natureza. A emigração é sobretudo brasileira, vinda do nordeste mas também estrangeira das mais variadas proveniências.
As cidades de Manaus e de Belém lucraram particularmente com esta exploração. O dinheiro proveniente do comércio gerado pela extração da borracha levou ao desenvolvimento urbano. Manaus foi a primeira cidade do Brasil a ser urbanizada e a segunda a ter eletricidade. A construção sofreu um impulso sem precedentes com a construção de palacetes e do Teatro Amazonas no final do século XIX.
A febre da borracha não contagiou apenas o Brasil, a Bolívia também participava neste processo, mas tinha dificuldades em escoar o produto porque os rios eram difíceis de navegar. Em 1846 a Bolívia propõe a construção de um caminho de ferro ao longo das margens dos rios Madeira e Mamoré para que a borracha chegasse ao oceano Atlântico. Foi uma obra morosa. O projeto, sob os auspícios de um engenheiro norte-americano, recebeu a aprovação do governo brasileiro, em 1870, mas as obras só tiveram início em 1907. Os obstáculos para construir o caminho de ferro na selva amazónica foram muitos e a obra saldou-se por inúmeras mortes. A sua inauguração em 1912 revelou-se tardia e sem sentido, pois o boom económico acabara. Os preços da borracha tinham caído devido à concorrência do mercado asiático. Entretanto foram construídas outras vias de caminho de ferro na Bolívia com ligação ao Chile e à Argentina e em 1914 é inaugurado o Canal do Pananá. A linha Madeira-Mamoré foi desativada a partir da década de 30 e hoje em dia, uns escassos 7 km são utilizados para fins turísticos.
Durante este período deu-se a questão Acre. Os seringueiros brasileiros, na ânsia de procurar novas áreas de extração, entravam cada vez mais pela floresta amazónica penetrando em território boliviano. O Acre nesta época pertencia à Bolívia, mas a ocupação paulatina do território pelos seringueiros brasileiros resultou num diferendo diplomático entre os dois países que só foi resolvido com o Tratado de Petrópolis de 1903.
O segundo ciclo da borracha teve lugar entre 1942 e 1945 em plena Segunda Guerra Mundial quando o conflito alastrou ao Sudeste Asiático. A borracha era extraída nesta região, em condições mais vantajosas do que no Brasil, mas o cenário de guerra tornou insustentável a sua exploração. Os Estados Unidos tinham necessidade da borracha e a floresta amazónica foi de novo invadida pelos seringueiros, muitos deles deslocados para aí pelo governo de Getúlio Vargas. Trabalharam exaustivamente, para suprir as necessidades dos americanos e muitos morreram de doença e más condições. Findo o conflito, a Amazónia foi de novo abandonada pelos grandes investidores. Hoje em dia, a extração do látex continua a ser uma atividade económica importante, mas a borracha natural caiu em importância com o desenvolvimento da borracha sintética.

Como referenciar

Porto Editora – Exploração e Comércio da Borracha no Brasil na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-11-17 12:29:00]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$exploracao-e-comercio-da-borracha-no-brasil

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Porto Editora – Exploração e Comércio da Borracha no Brasil na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-11-17 12:29:00]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$exploracao-e-comercio-da-borracha-no-brasil

O ciclo da borracha foi um ciclo econômico que aconteceu na região Norte do Brasil entre as décadas de 1880 e 1910. Esse ciclo se caracterizou pela extração de látex das seringueiras presentes na região amazônica para produção de borracha visando atender às demandas do mercado internacional por essa mercadoria.

Com o ciclo da borracha, milhares de pessoas se mudaram para a região amazônica,e cidades como Manaus e Belém cresceram rapidamente. Suas populações aumentaram de tamanho, e a prosperidade trouxe grande infraestrutura para ambas as cidades. O ciclo da borracha teve fim por causa da concorrência com a borracha produzida na Ásia.

Leia também: Pau-brasil — árvore que deu início ao primeiro grande ciclo econômico no Brasil

Resumo sobre o ciclo da borracha

  • O ciclo da borracha foi um ciclo econômico que aconteceu na região Norte do Brasil.

  • Ficou marcado pela extração de látex e produção de borracha.

  • Atraiu milhares de pessoas para a região amazônica, principalmente vindas do Ceará.

  • Contribuiu para o crescimento e o enriquecimento de cidades como Manaus e Belém.

  • Teve fim por causa da concorrência com a borracha produzida na Ásia.

O que foi o ciclo da borracha?

O ciclo da borracha foi um dos ciclos econômicos da história brasileira, sendo que ele se deu com base na exportação da borracha produzida no Brasil. Esse produto era produzido por meio da extração do látex, obtido da seringueira, uma árvore encontrada em grande abundância na região amazônica.

Esse ciclo foi o responsável por atrair milhares de trabalhadores para a região amazônica a fim de trabalhar na extração do látex e contribuiu para fazer da borracha o segundo item mais exportado do Brasil entre as décadas de 1880 e 1910. O desenvolvimento dessa atividade econômica também promoveu grande desenvolvimento em grandes cidades do Norte, principalmente Manaus e Belém.

Importância da borracha

A produção da borracha e o seu consumo em larga escala são resultado das mudanças causadas pelo desenvolvimento tecnológico e industrial que aconteceu no final do século XIX. A borracha se tornou um item fundamental na produção de inúmeras mercadorias, além de ser um componente essencial dos carros e bicicletas, grandes novidades do final do século XIX.

A importância cada vez maior da borracha fez com que inúmeros fabricantes dedicassem esforços para desenvolver os melhores métodos de produção da borracha. O principal desafio era fazer a borracha manter suas propriedades elásticas com as variações do clima, e isso foi alcançado graças ao processo de vulcanização, desenvolvido por Charles Goodyear em 1844.

Com essa inovação, o consumo da borracha aumentou exponencialmente, e isso fomentou a exploração do látex no Brasil para a produção da borracha. Entretanto, a atividade só se acentuou consideravelmente no Norte do Brasil a partir da década de 1880.

Ciclo da borracha na Amazônia

Como a borracha era conhecida na região no período do ciclo da borracha?
A cidade de Manaus cresceu bastante com a prosperidade proporcionada pela exportação da borracha. [1]

A partir de 1880, o aumento do consumo da borracha no mercado internacional impulsionou a produção dessa mercadoria no Brasil. A região amazônica era marcada pela grande abundância de Hevea brasiliensis, a seringueira, árvore da qual é obtido o látex, a matéria-prima da borracha. Com isso, milhares de pessoas foram atraídas para atuar na extração desse insumo.

O historiador Boris Fausto afirma que só entre 1890 e 1900 a população da região amazônica aumentou em cerca de 110 mil pessoas.|1| A maioria dos indivíduos que foram para a região trabalhar com o látex e com a borracha eram pessoas do Ceará. Acredita-se que esse grande fluxo tenha sido causado pelas fortes secas que atingiram o Ceará no final do século XIX.

Essas pessoas eram transportadas para a Amazônia em condições bastante ruins,e os trabalhadores nos seringais ficavam à mercê dos interesses de seus patrões. De qualquer forma, o grande número de indivíduos que se mudaram para a região amazônica contribuiu para o crescimento acelerado de muitas cidades.

Comunidades ribeirinhas se desenvolveram ou surgiram por conta da exploração dos seringais, e grandes cidades, como Manaus e Belém, cresceram rapidamente. A cidade de Belém, por exemplo, viu sua população aumentar de 50 mil para 96 mil de 1890 a 1900. Além do crescimento populacional, Manaus e Belém presenciaram um grande desenvolvimento em infraestrutura.

A prosperidade proporcionada pelo ciclo da borracha fez com que teatros, palácios, cinemas, prédios e outras construções fossem realizadas em ambas as cidades. Além disso, elas passaram a contar com energia elétrica, linhas de bondes elétricos, serviços de telefonia, água encanada, sistema de esgoto, iluminação pública com energia elétrica etc.

Isso fez das duas cidades as mais avançadas em questão de infraestrutura do país no começo do século XX. A prosperidade se justificava pelo fato de a borracha ser o segundo item mais exportado do Brasil e pelo fato de o principal comprador da borracha brasileira ser a Inglaterra, que pagava em libras esterlinas.

A importância do item pode ser medida pelas estatísticas, uma vez que entre 1898 e 1910, 25,7% das exportações brasileiras haviam sido de borracha. Esse é um número expressivo, já que esse produto ficava atrás apenas do café, que representava 52,7% das exportações do Brasil.|2| Outro dado que evidencia o volume das exportações é o fato de que somente em 1910, 40 mil toneladas de borracha foram exportadas pelo Brasil.|3|

Leia também: As primeiras lavouras de cana-de-açúcar no Brasil — o início do ciclo do açúcar

Crise do ciclo da borracha

A partir de 1912, o ciclo da borracha no Brasil entrou em decadência. Isso se explica por conta da concorrência internacional. Ingleses e holandeses conseguiram cultivar seringueiras em suas colônias na Ásia e foram responsáveis por produzir borracha de boa qualidade com preços muito melhores do que os oferecidos pelo Brasil.

Com isso, essa atividade econômica em território nacional entrou em decadência rapidamente. Em 1915, a borracha produzida na Ásia já controlava 68% do mercado internacional.|4| Com essa decadência, a economia na região amazônica sentiu forte impacto e também entrou em declínio. Isso porque não houve nenhum tipo de investimento na diversificação das atividades econômicas na Amazônia, que ficou dependente do dinheiro oriundo da borracha.

Na década de 1940, houve um segundo ciclo da borracha, que foi incentivado pelo consumo norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo quando o Japão tomou o controle da produção do item na Ásia. Mas esse segundo ciclo perdeu força quando a guerra se encerrou, em 1945.

Notas

|1| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 250-51.

|2| Idem, p. 250.

|3| Ciclo Econômico da Borracha. Para acessar, clique aqui.

|4| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 251.

Créditos da imagem:

[1] Matyas Rehak e Shutterstock

Qual foi o período do ciclo da borracha?

1879Ciclo da borracha / Data de inícionull

Como ficou conhecido o ciclo da borracha?

Neste período, conhecido como “Belle Époque Amazônica” que vai de 1890 a 1920, cidades como Manaus, Porto Velho e Belém, tornaram-se as capitais brasileiras mais desenvolvidas, com eletricidade, sistema de água encanada e esgotos, museus e cinemas, construídos sob influência europeia.

O que foi a borracha na Amazônia?

Isso se deu mediante a extração do látex das seringueiras. O látex foi a matéria-prima que impulsionou o ciclo da borracha no Brasil. O ciclo da borracha foi um ciclo econômico que se estendeu de 1880 a 1910 e ficou marcado pela produção em larga escala de borracha na região amazônica.