A mesma mão que te ajuda é a mesma

Quero iniciar citando a última frase da terceira estrofe do Poeta Algusto dos Anjos em sua poesia Versus Intimos "“A mão que afaga é a mesma que apedreja” Temos ter cuidado com quem convivemos, e a quem devemos estender a mão e acolhermos quando necessário, muitas vezes as pessoas figuradas de anjos se tornam feras traiçoeiras, eu não devo nem mim impressionar com esses de tipos de pessoas, pois Lucífer (que significa Anjo de Luz) que era o segundo na hierarquia de Deus, anjo de confiança, segundo a Bíblia Sagrada ele se rebelou contra Deus e hoje é conhecido como o anjo do mal (demônio). Como diz um ditado popular muitos cospem no prato que comeram. As pessoas esquecem que o mundo dá muitas voltas, e quando menos esperamos retornamos ao ponto onde iniciamos a nossa trajetória. Será que vale a apena sermos traiçoeiros e arrogantes e sermos como Judas dar o beijo da traição e virarmos as costas para as pessoas que nos deram a mão e nos acolheram. Pensem nisso, isso faz parte da história de vida real que acontece constantemente nas relações humanas e nas melhores famílias. Mais uma coisa, sei que não é facil por em pratica essa frase " NUNCA SE ARREPENDA DO BEM QUE VOCÊ FEZ, MESMO QUE VOCÊ TENHA SE DEPARADO COM A INGRATIDÃO". Mais vale apena tentar. SERÁ?

Não deixo portas entreabertas.Por elas só passam meios sorrisos, meios amigos, meios amores, meias saudades, meias palavras,meias verdades meia luz e eu gosto do muito, eu sou vasta, sou farta, abundante !! Não aceito de nada pela metade pois sou inteira ! Não, não deixo portas entreabertas ou escancaro, ou as tranco de vez !!
(Luciana Axpe)

Versos Íntimos é dos poemas mais celebrados de autoria de Augusto dos Anjos. Os versos expressam um sentimento de pessimismo e decepção em relação aos relacionamentos interpessoais.

O soneto foi escrito em 1912 e publicado no mesmo ano no único livro lançado pelo autor. Intitulado Eu, a obra foi editada quando Augusto dos Anjos tinha 28 anos.

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Análise e interpretação do poema Versos Íntimos

Este poema transmite uma visão pessimista da vida. A linguagem usada pelo autor pode ser considerada uma crítica ao parnasianismo, um movimento literário conhecido pela linguagem erudita e romantismo exacerbado.

Esta obra revela também a dualidade na vida do ser humano, indicando como tudo pode mudar, ou seja, as coisas boas podem se transformar rapidamente em coisas más.

Existe também um contraste entre o título e a realidade revelada pelo poeta, pois o título "versos íntimos" pode remeter para o romantismo, algo que não se verifica no conteúdo do poema.

Em seguida revelamos uma possível interpretação de cada estrofe:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

É mencionado o enterro da última quimera que neste caso indica o fim da esperança ou do último sonho. É transmitida a ideia que ninguém se importa com os sonhos destruídos dos outros porque as pessoas são ingratas como animais selvagens (neste caso uma feroz pantera).

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

O autor utiliza o imperativo dando o conselho que quanto mais cedo a pessoa se acostumar com a cruel e miserável realidade do mundo, será mais fácil. O Homem voltará à lama, regressará ao pó, está destinado a cair e a se sujar na lama.

Ele afirma que o Homem vive no meio de feras, de pessoas sem escrúpulos, más, sem compaixão e que por isso, ele também tem que se adaptar e ser também uma fera para viver neste mundo. Esta estrofe está de acordo com a famosa frase "O homem é o lobo do homem".

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

O poeta utiliza uma linguagem coloquial, convida o "amigo" (para quem escreveu o poema) a se preparar para traições, para a falta de consideração do próximo.

Mesmo quando temos demonstrações de amizade e de carinho como um beijo, isso é apenas o prenúncio de algo mau. Aquele que hoje é teu amigo e te ajuda, amanhã te abandonará e causará dor. A boca que beija é aquela que irá cuspir em seguida, causando dor e desilusão.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

O autor faz a sugestão de "cortar o mal pela raiz", para evitar o sofrimento no futuro. Para isso, ele deve cuspir na boca de quem o beija e apedrejar a mão que o acaricia. Isso porque, de acordo com o poeta, mais cedo ou mais tarde, as pessoas irão nos desiludir e machucar.

Estrutura do poema Versos Íntimos

Esta obra poética é classificada como um soneto, possuindo quatro estrofes - dois quartetos (4 verso cada) e dois tercetos (três versos cada).

Quanto à escansão do poema, os versos são decassílabos com rimas regulares. No soneto Augusto dos Anjos se apropria do estilo de soneto francês (ABBA/BAAB/CCD/EED), conheça abaixo a organização das rimas:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável(A)
Enterro de tua última quimera.(B)
Somente a Ingratidão — esta pantera -(B)
Foi tua companheira inseparável!(A)

Acostuma-te à lama que te espera!(B)
O Homem, que, nesta terra miserável,(A)
Mora, entre feras, sente inevitável(A)
Necessidade de também ser fera.(B)

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!(C)
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,(C)
A mão que afaga é a mesma que apedreja.(D)

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,(E)
Apedreja essa mão vil que te afaga,(E)
Escarra nessa boca que te beija!(D)

Sobre a publicação do poema

Versos íntimos faz parte do livro Eu, único título publicado pelo autor Augusto dos Anjos (1884-1914).

Eu foi lançada em 1912, no Rio de Janeiro, quando o autor tinha 28 anos e é considerada uma obra pré-modernista. O livro reúne poemas construídos com uma abordagem melancólica e, ao mesmo tempo, dura e crua.

A mesma mão que te ajuda é a mesma
Primeira edição do livro Eu, publicado em 1912, que abriga o soneto Versos íntimos.

Dois anos depois da publicação, em 1914, o poeta veio a falecer precocemente vítima de pneumonia.

O livro Eu encontra-se disponível para download gratuito em formato pdf.

Explore também os maiores poemas de Augusto dos Anjos.

Versos Íntimos declamado

Othon Bastos recita o mais famoso poema de Augusto dos Anjos, confira o resultado na íntegra:

Vários escritores consagrados elegeram Versos Íntimos com um dos 100 melhores poemas brasileiros do século XX.

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