A gente trabalha e se diverti ao mesmo tempo

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Muitas pessoas dedicam toda a vida para o trabalho, para ganhar dinheiro e ter uma vida estável. Mas de que adianta só focar nisso e não usar o que você conquista para ser feliz? Não viva dessa maneira. Se dedique ao seu ganha-pão, mas saiba a hora de parar e aproveitar os momentos de lazer.

Outro dia, conversando com minha mãe ela me lembrou dos momentos de estudo quando era criança. Segundo ela, era engraçado ver a minha diversão ao acertar um exercício do dever de casa. No ônibus que íamos juntos para meu colégio (cada trecho durava em torno de uma 1h25m) frequentemente era comum ela abrir um livro e ir fazendo durante toda a viagem perguntas da apostila de Ciências ou Estudos Sociais. Era comum rirmos dos erros e vibrarmos com os as respostas certas.

Se fossemos falar no linguajar dos anos 90, ela tomava a lição de casa. Hoje em dia chamaríamos de uma forma de “gamificação” do estudo.

De um jeito ou de outro, naturalmente me acostumei a curtir momentos que normalmente são considerados entediantes. Se acertava uma resposta, dava um soco no ar “no estilo” Pelé. Se errava, falava alguma frase de motivação para melhorar na próxima. Se o assunto não era do meu agrado, ligava uma música ou fazia uma competição de tempo, em que cronometrava de forma que em X minutos devia ter avançado Y páginas.

No final das contas, sempre conseguia me divertir.

Talvez por isso na jornada profissional as missões mais difíceis são as que mais me atraem. Normalmente demandam mais estudo, concentração e envolvimento de outras pessoas.

Desafios são grandes oportunidades para emergirem momentos chatos e incômodos. Mas podem ser divertidos e intrigantes. Depende de como se vê.

Todo esse exercício mental (que funciona como um músculo e deve ser exercitado diariamente) não significa que no final das contas seja mais fácil. Mas certamente se torna mais leve. E, ao meu ver, a leveza aumenta as chances de sucesso.

Ok, ok... no final talvez fique mais fácil mesmo!

No livro “Motivação 3.0 – Drive; A surpreendente verdade sobre o que realmente nos motiva” (que super indico e você pode ver mais aqui) tive uma descoberta sobre o tema reveladora. O autor, Daniel H. Pink, traz evidências através de estudos científicos de como o ser humano reage à incentivos. Ele separa em dois perfis de formas de se engajar em uma tarefa, que define como X (extrínseco, que depende de um estímulo que venha de fora para dentro) ou I (intrínsecos, que pode ser entendida como auto-motivação).

O livro faz menção ao que chama de “Efeito Sawyer” (baseado no livro “As aventuras de Tom Sawyer”, de Mark Twain). Ele é a prática de "transformar brincadeira em trabalho ou transformar trabalho em brincadeira”. No principal exemplo, conta a história da tarefa árdua que o menino Tom tem que realizar: pintar uma cerca de 75 metros quadrados. Quase desistindo por conta da missão aparentemente impossível, em determinado momento seu amigo Ben passa por lá zombando de sua situação. Como resposta, Tom inverte a ótica e afirma que a tarefa não é um sofrimento e sim um privilégio fantástico. Faz jogo duro e só permite que Ben desfrute daquela oportunidade “única” quando recebe em troca uma maçã. No final, mais amigos caem na história e terminam fazendo a tarefa no lugar de Tom.

“Trabalho consiste em algo que um corpo é OBRIGADO a fazer, enquanto brincadeira consiste naquilo que um corpo não é obrigado a fazer”, afirma Twain em seu livro.

Quando buscamos a etimologia da palavra “trabalho”, ela descende do latim Tripalium, um instrumento usado para a tortura de escravos na Idade Média.

Não à toa a ampla maioria da população ainda encara o trabalho como algo penoso e ruim. Afinal, ele nasceu assim.

Entretanto, se divertir é possível e um caminho que faz com que as horas passem mais rapidamente. E, provavelmente, essa forma mais leve te aproximará do retorno que você deseja. E esse resultado normalmente torna toda a jornada mais satisfatória. E a satisfação faz ficar mais... divertido.

Ou seja, trabalhar pode ser um ciclo virtuoso.

Como qualquer mudança na vida, ela incomoda no início e a repetição consistente faz com que com o tempo se torne indolor e natural. Tente ficar um tempo sem reclamar e focando apenas no que é ou pode ser bom. Se “adestrar” a ver boas positivas (e divertidas) durante as oito horas (ou mais) laborais todo dia é uma questão de escolha e, principalmente, prática. E a tal motivação - que muitos esperam que seja uma bênção divina - precisa ser intrínseca, ou seja, nascer de dentro pra fora.

Infelizmente não dá para terceirizar.

Ninguém disse que seu trabalho seria fácil. Mas que pode ser divertido, ah, isso pode!