Que doenças podem causar sangramento no nariz?

Pelo menos uma vez na vida, 60% das pessoas terão sangramento nasal (epistaxe, em linguagem médica).

Em Medicina, nem sempre é sábia a sabedoria popular.

Se assim fosse, corrente de ar nas costas seria pneumonia na certa, friagem deixaria todo mundo gripado, amarrar lenço com álcool no pescoço curaria dor de garganta, mulher menstruada jamais lavaria a cabeça, vitamina C nos livraria para sempre dos resfriados, parturientes deveriam guardar resguardo e tomar Malzebier para engrossar o leite. Para não falar da infinidade de chás, poções e garrafadas que apregoam curar qualquer enfermidade, nem dos suplementos vitamínicos, dos remédios para abrir o apetite, queimar gordura localizada, estimular a imunidade e proteger o fígado que infestam feito ervas daninhas as prateleiras das farmácias brasileiras.

Veja também: Obstrução nasal

Outro exemplo de conhecimento que a sabedoria popular consagrou é a manobra de inclinar a cabeça para trás nos sangramentos nasais. Basta escorrer a primeira gota de sangue do nariz mais próximo, que os circunstantes ordenam em uníssono: “Cabeça para trás”.

Aqui entre nós, leitor, você já fez parte desse coro?

Pelo menos uma vez na vida, 60% das pessoas terão sangramento nasal (epistaxe, em linguagem médica). Ele é mais comum nas crianças com menos de 10 anos e em adultos com mais de 35.

A quase totalidade ocorre na parte da frente do septo que separa as narinas – a parte mais móvel, elástica. Apenas 10% acontecem na parte de posterior do septo – a parte fixa e dura – ou nas paredes internas das asas laterais do nariz. Sangramentos posteriores são mais comuns depois dos 60 anos.

A epistaxe pode ser causada tanto por problemas locais como por condições gerais (ou sistêmicas). Traumatismos locais são mais frequentes em crianças. Nos adultos, o uso tópico de descongestionantes, antialérgicos e corticosteroides pode provocar hemorragias em cerca de 20% dos casos. Para minimizar esse risco, é aconselhável dirigir o spray para as partes laterais do nariz.

Hemorragias refratárias à compressão mecânica mantida por 15 minutos, requerem assistência médica. Aplicação local de vasoconstritores, cauterização elétrica ou química (com nitrato de prata) costumam controlar a maior parte dos quadros.

Outras causas locais são: uso de cocaína, ressecamento da mucosa causado pelo clima excessivamente seco, pelo inverno rigoroso, por exposição prolongada ao ar condicionado ou por infecções virais e bacterianas.

As condições sistêmicas que mais provocam sangramento nasal são as doenças que afetam a coagulação do sangue: hemofilia, insuficiência hepática, insuficiência renal, leucemias e linfomas. A administração de aspirina para prevenir doenças cardiovasculares aumenta o risco. A ingestão de ginseng, pó de alho, ginkgo e outros produtos assim chamados alternativos, também.

Embora popular, o mito de que pressão alta faz o nariz sangrar é no mínimo controverso.

Um estudo populacional com grande número de participantes, publicado em 2003, não encontrou nenhuma relação. Num outro, conduzido entre hipertensos que já haviam apresentado pelo menos um episódio de sangramento nasal, não foi possível demonstrar que a gravidade nem o descontrole da hipertensão tivesse influência no aparecimento de epistaxes.

Quando o sangramento é abrupto, fica difícil diferenciar se foi causado por um pico de pressão altaou se a ansiedade causada pela visão do sangue foi responsável pelo aumento da pressão.

A maioria dos sangramentos nasais é autolimitada e não requer tratamento médico. Como 90% deles se instalam na parte da frente do septo nasal basta comprimir com firmeza as asas nasais contra essa parte mais elástica do septo, usando o polegar e o indicador em forma de pinça, durante 15 minutos. Não esqueça: 15 minutos.

A pessoa deve respirar pela boca, enquanto durar a compressão, e sentar-se confortavelmente de modo a manter a cabeça numa posição mais alta do que o resto do corpo. Jamais deitar!

A cabeça deve ficar ligeiramente inclinada para frente. Não deve ser inclinada para trás para evitar que o sangue escorra pela faringe e vá parar no estômago ou nas vias aéreas.

Hemorragias refratárias à compressão mecânica mantida por 15 minutos, requerem assistência médica. Aplicação local de vasoconstritores, cauterização elétrica ou química (com nitrato de prata) costumam controlar a maior parte dos quadros.

Casos de perda de sangue mais intensa podem exigir tamponamento com material esponjoso deixado na cavidade nasal por 1 a 3 dias. Sangramentos na parte posterior do septo exigem intervenções mais agressivas.

Quando falamos em sangramento nasal, é comum associar o problema ao tempo quente e seco. Realmente, a baixa umidade do ar provoca o ressecamento das vias aéreas e é responsável por grande parte dos casos de rompimento dos vasinhos nasais. Porém, doenças, traumas e hábitos ruins também podem estar por trás da condição, mesmo quando a umidade do ar está alta, acima de 60%.

Existem dois tipos de epistaxe ou hemorragia nasal. A anterior ao nariz, que é a mais comum e ocorre à frente dele, onde é grande a concentração de vasos sanguíneos frágeis, e a posterior ao nariz, mais no fundo dele e com efeitos mais sérios, pois nessa região ficam artérias grandes que se relacionam com o restante da face e que ao se romperem pulsam e jorram tanto sangue que a pessoa, por falta dele, pode precisar de uma transfusão.

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"Na epistaxe anterior, o sangue sai pelas narinas e depois de alguns minutos para espontaneamente. Já na posterior, sente-se o sangue escorrer por dentro da garganta de maneira mais intensa, causando desconfortos e mal-estar", explica Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema, em São Paulo.

Doenças, traumas e hábitos ruins

Independente de sexo ou idade, qualquer um está sujeito a ter um sangramento nasal por fratura; esforço excessivo ao assoar o nariz; exposição prolongada ao tempo seco ou ao ar-condicionado; deformidades anatômicas (como desvio de septo, que deixa as mucosas nasais mais finas e ressecadas e os vasos mais expostos, podendo causar sangramento); inalação acidental ou constante de produtos químicos; inflamações secundárias a infecções do trato respiratório por doenças de origem viral ou bacteriana, além de processos alérgicos.

Em se tratando de crianças, 30% das que têm entre 2 e 5 anos e 56% entre 6 e 10 anos estão propensas a terem sangramentos nasais, ao menos, uma vez por ano. É que na infância, além de haver muitos vasinhos em formação dentro do nariz, também é grande o risco deles se romperem por inflamações respiratórias causadas por gripes, sinusites e rinites, além de traumas por quedas e brincadeiras e introdução de dedos e objetos estranhos nas narinas.

Na fase adulta, outras causas, além das já citadas, incluem hipertensão arterial descontrolada, insuficiência cardíaca, tumores cancerígenos e doenças que comprometem a coagulação do sangue, como hemofilia, leucemia, insuficiências hepática e renal e linfomas.

Sangramentos relacionados a alterações sanguíneas podem ocorrer ainda por uso diário ou doses elevadas de anti-inflamatórios, como aspirina, e de outros medicamentos que aumentem a circulação, ou por alcoolismo severo, que provoca deficiência de vitamina K, responsável pela coagulação.

Por falar em excessos e dependências, usuários de drogas inalantes, como cocaína, também estão suscetíveis a sofrerem lesões nas mucosas, que podem criar crostas, infeccionar e sangrar. "Outras substâncias que oferecem risco às narinas são os descongestionantes nasais, que não devem ser usados por crianças e adultos por mais de cinco dias. Tanto os de uso local como de uso oral apresentam reações adversas que predispõem a ruptura de vasos sanguíneos" explica Cristiane Adami, médica otorrinolaringologista do Hospital Paulista, em São Paulo.

Como conter o sangramento?

Se o sangramento ocorrer na parte anterior do nariz, ou seja, próximo da ponta dele, deve se inclinar um pouco a cabeça para frente, para que o sangue saia totalmente pela narina e não seja engolido, evitando engasgos.

Nesse momento, também é recomendado pressionar o nariz com uma pedra de gelo envolvida em uma toalha, pois assim a temperatura local diminui, e estancar o vaso rompido com um pedaço de algodão. Adami acrescenta que se a pessoa quiser pode pingar um pouco de remédio vasoconstritor no vasinho para que ele se contraia e feche.

Cícero Matsuyama aconselha que, ao se ter um sangramento nasal desse tipo pela primeira vez, a pessoa procure um médico especialista em otorrinolaringologia em vez de um clínico geral, devido à necessidade de se fazer uma avaliação e um diagnóstico com instrumentos especiais e precisos para visualização da cavidade nasal. Depois é só tratar a causa.

As mais simples, como processos inflamatórios ou alérgicos, podem ser controladas apenas com uso de medicação, hidratação nasal com solução fisiológica e mudança de hábitos, como usar máscara ao lidar com substâncias químicas.

Porém, quando há suspeita de trauma ou sangramento acompanhado de sintomas, como aumento da frequência cardíaca, sensação de desmaio, cansaço e pressão baixa, a pessoa deve ir direto ao pronto-socorro. Se for constatada uma emergência, ao mesmo tempo em que se tenta conter o sangramento devem ser verificados os sinais vitais, para que se a pressão estiver fora do normal possa ser estabilizada, até mesmo para poder operar, se for necessário.

Objetos estranhos introduzidos nas narinas são retirados com pinças e depois as eventuais lesões tratadas com medicamentos. Também podem ser pinçados vasos que se romperam ou até mesmo cauterizá-los elétrica e quimicamente. "Outros métodos para conter sangramentos nasais incluem inserir tampões nas narinas, fazer embolizações e até ligaduras arteriais. Depois, com o paciente estabilizado e fora de risco, o passo seguinte é investigar a causa desse problema e tratá-lo", afirma José Ricardo Testa, médico otorrino do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

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Que tipo de doença que sai sangue do nariz?

Alergias, desvio de septo, sinusite, uso frequente de sprays nasais ou drogas aspiráveis também podem levar à hemorragia. Existem, ainda, alguns fatores menos comuns que podem causar sangramento do nariz.

Quando um sangramento no nariz pode ser perigoso?

Mas, segundo a especialista, em algumas situações o sangramento pelo nariz pode ser um sinal de alerta. Se sangra pelo nariz mais do que uma vez por semana ou se está a sangrar muito e não consegue parar a hemorragia pode ter a tensão arterial alta ou um problema de coagulação e deve ir ao médico.

Por que sai sangue do nariz do nada?

O sangramento nasal, também conhecido por epistaxe, é um problema relativamente comum durantes os períodos de baixa umidade. Devido ao ar seco, as mucosas nasais tornam-se mais suscetíveis a inflamação, e as pequenas veias do nariz se rompem facilmente, provocando os sangramentos.

É normal sair sangue do nariz todos os dias?

Existem várias causas diferentes para uma hemorragia nasal. A parte interna do nariz é delicada e, portanto, os sangramentos nasais tendem a ocorrer quando ele foi danificado. Isso pode acontecer porque a parte interna do nariz está muito seca, que pode seer causada devido a uma mudança na temperatura do ar.

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