1. Introdu��o
O presente estudo tem como tem�tica central discutir a import�ncia das disciplinas que tratam dos componentes da Cultura Corporal nos cursos superiores de Licenciatura em Educa��o F�sica que existem no estado da Bahia. Isto porque entendemos que a aus�ncia ou predomin�ncia de um componente da cultura corporal sobre outro, no curr�culo de um curso de Licenciatura em Educa��o F�sica, pode influenciar significativamente a pr�tica dos futuros professores na escola.
Neste sentido, para que possamos realizar esta discuss�o, devemos iniciar conceituando o termo Cultura Corporal.
Bracht (1999) explica que os termos cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento aparecem em muitos discursos, por�m muitas vezes assumindo perspectivas filos�ficas e pedag�gicas diferentes. Soares (1992) conceitua o termo Cultura Corporal como sendo:
(...) acervo de formas de representa��o do mundo que o homem tem produzido no decorrer de sua hist�ria, exteriorizadas pela express�o corporal: jogos, dan�as, lutas, exerc�cios gin�sticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, m�mica e outros, que podem ser identificados como formas de representa��o simb�lica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas. (p.38).
A autora ainda explica que �... a educa��o f�sica � uma pr�tica pedag�gica, que no �mbito escolar, tematizaformas de atividades expressivas corporais como: jogos, esporte, lutas, dan�a, gin�stica, formas essas que configuram uma �rea de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal� (p. 50). Daolio (2004, p. 2) afirma que �cultura � o principal conceito para a Educa��o F�sica� e ainda segundo o autor �todas as manifesta��es corporais humanas s�o geradas na din�mica cultural, desde os prim�rdios da evolu��o at� hoje�.
O conceito de Cultura Corporal citado por anteriormente por Soares (1992) nos d� uma id�ia da amplitude deste termo. Por isto, ao buscar uma proposta pedag�gica que trate da Educa��o F�sica escolar, balizamos a discuss�o do trato da Cultura Corporal de acordo com que � utilizado nos Par�metros Curriculares Nacionais da Educa��o F�sica (PCN) para o ensino fundamental (BRASIL, 1997), pois ele � o documento proposto pelo governo brasileiro para o desenvolvimento da Educa��o F�sica na escola.
Este documento sofre cr�ticas de alguns autores da �rea, pois segundo Taffarel (1997) ele � um instrumento governamental usado para assegurar os interesses do capital estrangeiro no sentido de orientar as pol�ticas neoliberais de educa��o do pa�s. Outra cr�tica segundo Rodrigues (2002) diz respeito a uma tentativa, explicitada no documento, de consenso entre as diferentes teorias ou �abordagens� que tratam da Educa��o F�sica na escola, entre elas o desenvolvimentismo, o construtivismo e a cr�tico � superadora.
Entretanto, percebe-se nos Par�metros que houve avan�os para a �rea de Educa��o F�sica, pois segundo Nascimento (2000) al�m da inclus�o das discuss�es dos temas transversais e das dimens�es dos conte�dos, houve um reconhecimento da import�ncia da Educa��o F�sica na Educa��o b�sica.
Diante disso, nos PCN constam que a cultura corporal abrange cinco componentes: o Jogo, o Esporte, a Dan�a a Gin�stica e a Luta, que seriam os conhecimentos da Educa��o F�sica para serem trabalhados na escola. (BRASIL, 1997). Outro importante documento da �rea, a resolu��o CNE/CES 07/2004, que diz respeito �s diretrizes curriculares nacionais para a gradua��o em Educa��o F�sica (Licenciatura e Bacharelado), estabelece que na forma��o dos cursos, as institui��es deveriam criar seus curr�culos agregando os conhecimentos pr�prios da �rea, divididos em Forma��o ampliada e Forma��o Espec�fica como observado no trecho transcrito a seguir:
Caber� � Institui��o de Ensino Superior, na organiza��o curricular do curso de gradua��o em Educa��o F�sica, articular as unidades de conhecimento de forma��o espec�fica e ampliada, definindo as respectivas denomina��es, ementas e cargas hor�rias em coer�ncia com o marco conceitual e as compet�ncias e habilidades almejadas para o profissional que pretende formar. (BRASIL, 2004, p.3)
No caso dos componentes da cultura corporal, o referido documento os insere na forma��o especifica da Educa��o F�sica, dentro de uma dimens�o do conhecimento chamada de �Dimens�es culturais do movimento humano� o que segundo Silva (2009, p. 36) �diz respeito �s manifesta��es da cultura das atividades f�sicas nas suas diferentes formas, como esportes, dan�as, lutas, gin�sticas, jogos e brincadeiras�.
Neste sentido, o m�nimo que se espera de um professor de Educa��o F�sica � que ele tenha dom�nio acad�mico a respeito destes conte�dos e que para isto sua forma��o tenha lhe dado subs�dios para tal, o que significaria um curr�culo em que estes componentes estejam representados de forma satisfat�ria.
Mclaren (1998) explica que o curr�culo pode ser considerado um objeto de prepara��o dos estudantes no sentido de ocupar posi��es de domina��o ou subordina��o na sociedade. Desta forma ele favoreceria que alguns tipos de conhecimento fossem transmitidos em detrimento de outros.
Diante disto, o objetivo deste trabalho foi averiguar a exist�ncia de disciplinas que tratem de todos os componentes da cultura corporal dentro da matriz curricular obrigat�ria dos cursos de Licenciatura em Educa��o F�sica do estado da Bahia. Al�m disto, o estudo pretende analisar como est�o distribu�dos percentualmente os diferentes componentes da cultura corporal no curr�culo dos cursos.
2. Apresenta��o dos componentes da cultura corporal
2.1. Jogo
Huizinga (1951: 3-31) citado por Kishimoto (1999, p.23), caracteriza o jogo como um dos elementos da cultura. O autor exclui os jogos feito pelos animais dentro deste conceito, levando em considera��o apenas os jogos produzidos pela sociedade.
Ainda segundo o autor, as caracter�sticas do jogo s�o: o prazer, as regras flex�veis e o car�ter ficcional e improdutivo, sendo que o jogo precisa ser um ato livre e volunt�rio, pois se for imposto, acaba por descaracteriz�-lo, pois a crian�a que joga n�o se preocupa com aquisi��o de habilidades motoras, pois ela brinca sem se preocupar e o jogo tende a ter um fim em si mesmo.
Segundo Soares (1992) o jogo tende a satisfazer as necessidades de prazer e a��o do ser humano, sendo um conte�do que possibilite uma estimula��o cognitiva na crian�a com tomadas r�pidas de decis�o e o desenvolvimento do sentimento de coopera��o, al�m de possibilitar o contato com um amplo repert�rio motor. Sendo assim, o jogo deve ser usado na Educa��o F�sica como estrat�gia para se possibilitar um significativo aprendizado dos alunos.
2.2. Luta
Segundo Ramos (1992) a luta vem sendo praticada desde a pr� � historia, por quest�es naturais de sobrevivencia, sendo que a cada �poca seus propositos foram sendo influ�nciados por aspectos culturais e pol�ticos.
Geralmente h� uma grande confus�o ao relacionar a luta e arte marcial. SegundoAra�jo (2006, p. 19) �toda arte marcial � luta, mas nem toda luta � arte marcial�, pois a arte marcial est� relacionada com combates sistematicamente ligados a guerra enquanto que as lutas, segundo Antunes (2009), s�o a maneira mais rudimentar de defesa utilizado pelo homem contra animais ou outros seres humanos. Dentre alguns exemplos de lutas de origem oriental temos o Jud�, o Karat�, o Kung fu e de origem ocidental o Krav Mag�, a luta livre e a esgrima (ANTUNES, 2009).
Segundo Araujo (2006), a capoeira tida por alguns como luta, est� fortemente relacionada como arte e manifesta��o cultural:
O aspecto social da luta � caracterizado pelos objetivos de grupos sociais distintos, no sentido de fazer valer a vontade e os anseios deste grupo. Combater, desigualdades e discrimina��es sociais tamb�m faz parte da luta no seu car�ter social. As lutas sociais ou de classes tem na constru��o de uma ideologia comum o seu fator motivador. (ANTUNES, 2009, p.1).
Apesar de discutivel o fato de incluir a capoeira como luta, o estudo ir� inclui-la nesta classifica��o porque os PCN, documento central nesta pesquisa, a define como tal:
As lutas s�o disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante t�cnicas e estrat�gias de desequil�brio, contus�o, imobiliza��o ou exclus�o de um determinado espa�o na combina��o de a��es de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamenta��o espec�fica, a fim de punir atitudes de viol�ncia e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e bra�o-de-ferro at� as pr�ticas mais complexas da capoeira, do jud� e do carat�. (BRASIL, 1997, p�g. 37).
2.3. Dan�a
De acordo com Ehrenberg (2003) a dan�a � compartilhada por v�rias �reas de conhecimento tais como as Artes C�nicas, a Educa��o Artistica e a Educa��o F�sica. Ainda segundo o mesmo autor, os professores formados em Dan�a, Artes e Educa��o F�sica podem dar aula de dan�a na escola, desde que delimitem a sua atua��o, deixando esclarecido o direcionamento que cada um destes professores dar� ao seu objeto de estudo.
Segundo Gaspari (2005), tanto a Educa��o F�sica quanto a dan�a �utilizam a express�o corporal como linguagem� (p.11), al�m dos estudos no ambito motor, artistico e cultural (PACHECO, 1998). Katz (1994) defende que a dan�a � o pensamento do corpo, pois segundo o autor, quando entedemos isto conseguimos �diferencia-la de todas as outras constru��es que um corpo faz com o movimento� (p.2).
Para o seu trato, dentro das aulas de Educa��o F�sica na escola, a dan�a deve estar inserida como viv�ncia, n�o levando preocupa��o com a habilidade t�cnica (EHRENBERG, 2003) e sim adequar seus objetivos e especificidades para a Educa��o F�sica, n�o no sentido de desqualifica-la, mas de ampliar �as suas possibilidades de intera��o e atua��o� (PACHECO, 1999, p. 119). De acordo com Gon�alves (1994), o objetivo da escola n�o seria de preparar profissionais para �reas especificas, mas sim oferecer uma ampla gama de viv�ncias corporais de forma a aprender a lidar com o �corpo e o movimento integrado na totalidade do ser humano� (p.158).
2.4. Gin�stica
Segundo Langlade & Langlade (1970), o termo significa �exercitar o corpo nu� (gimnus). Pr�tica surgida na Gr�cia Antiga, numa sociedade escravocrata que tinha o costume de exercitar o corpo, com o objetivo do mant�-lo belo e prepar�-lo para as atividades de guerra. Ela acaba estacionando com a chegada da Idade M�dia e ressurgindo na Idade Moderna, quando passa a ser um importante agente da educa��o (RAMOS, 1992). No inicio do s�culo XVIII surge a Educa��o F�sica na escola, sendo inicialmente, tomada pela gin�stica moderna e legitimada pela dimens�o biol�gica do fazer corporal (SOARES 1998).
A partir deste per�odo, v�rios m�todos gin�sticos foram desenvolvidos na Europa, sendo os influenciadores da Gin�stica em todo o mundo e em particular da brasileira, onde dentre aqueles que tiveram maior penetra��o no Brasil destacam-se as escolas alem�, sueca e francesa (RAMOS, 1992).
Para um melhor entendimento deste componente no �mbito da escola, Soares (1992) nos d� alguns subs�dios para o uso da gin�stica nas aulas de Educa��o F�sica escolar:
A presen�a da gin�stica no programa se faz leg�tima na medida em que permite ao aluno a interpreta��o subjetiva das atividades gin�sticas, atrav�s de um espa�o amplo de liberdade para vivenciar as pr�prias a��es corporais. No sentido da compreens�o das rela��es sociais, a gin�stica promove a pr�tica das a��es em grupo onde, nas exercita��es como �balan�ar juntos� ou �saltar com os companheiros�, concretiza-se a �co-educa��o� entendida como forma particular de elaborar/praticar formas de a��o comuns para os dois sexos, criando um espa�o aberto � colabora��o entre eles para a cr�tica ao �sexismo� socialmente imposto (p. 77-78).
Segundo Lorenzini (2005) no �mbito da escola, a gin�stica pode ser encaminhada a desafiar as a��es motoras humanas, necessitando do princ�pio da ludicidade, priorizando a recria��o da gin�stica enquanto exerc�cio da manifesta��o corporal e da demonstra��o enquanto atividade g�mnica.
2.5. Esporte
Bracht (2003) define esporte como sendo a fase avan�ada do jogo, que assume caracter�sticas espetacularizantes e generalizantes, traduzido por regras, expans�o e sele��o, onde segundo ele todo esporte � jogo, mas nem todo jogo � esporte. De acordo com Caparroz (2001) �tratar do esporte como conte�do da Educa��o F�sica tem sido um dos temas mais presentes no meio acad�mico da Educa��o F�sica brasileira�. Isto por que, o esporte hoje entrou em um outro patamar, fortemente influenciado pelos meios de comunica��o que acabam por transform�-lo em espet�culo, propondo um modelo, ditando as regras, os treinos e gestos motores exigidos no alto rendimento, que acaba sendo seguido em qualquer pr�tica esportiva, inclusive na escola (SAMPAIO, 2005).
Segundo os PCN (1997, p.53) �As crian�as geralmente est�o muito motivadas pelos esportes porque os conhecem por meio da m�dia e pelo conv�vio com crian�as mais velhas e adultos.� O perigo segundo Sampaio (2005, p.108) � que neste contexto o esporte acaba se confundindo com a Educa��o F�sica Escolar �deixando de ser apenas mais um conte�do e tornando - se a pr�pria Educa��o F�sica excluindo outros conte�dos que tamb�m fazem parte da mesma�, o que vale lembrar o coment�rio de Paes (2006, p.220).
Alguns problemas podem ser destacados: a) o oferecimento do esporte de maneira desvinculada do projeto pedag�gico da escola; b) conte�dos repetitivos do esporte em diferentes n�veis do sistema escolar; c) ensino fragmentado do conte�do esportivo.
Para Soares (1992, p.70) o esporte se envolveu em complexos fen�menos de diferentes significados e valores da sociedade que o cria e pratica. Desta forma ele deve ser compreendido nos seus diferentes aspectos, para assim poder determinar a maneira como ele deve ser trabalho nas aulas no sentido de esporte �da� escola e n�o como esporte �na� escola, pois se entendemos o esporte como um fen�meno social e um dos temas da cultura corporal, devemos �questionar suas normas, suas condi��es de adapta��o � realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria�. (SOARES, 1992, p.71), onde este questionamento deve ser feito �na busca da supera��o e n�o da nega��o do quadro atual�. (MOREIRA, 1995, p.24).
De acordo com Sampaio (2005), ao inv�s de ajudar na apreens�o inconsciente dos valores presentes no sistema capitalista, o esporte poderia ser usado como meio de se questionar estes valores, trazendo a discuss�o pra dentro da escola, o que segundo Bracht (2003), para que isto acontecesse, o esporte deveria receber um trato pedag�gico para se transformar em um conhecimento pr�prio da escola.
3. Metodologia
Baseado nos estudos de Silva (2009) onde o autor verificou que no estado da Bahia existem atualmente 17 Institui��es de Ensino Superior oferecendo 26 cursos de Educa��o F�sica em seus diversos campi. Dentre estes, o autor encontrou 21 cursos sendo de Licenciatura.
A partir destas informa��es coletamos a matriz curricular dispon�vel nos cursos de Licenciatura e analisamos atrav�s da pesquisa documental, baseada em Gil (2007) a exist�ncia de disciplinas que tratem de todos os componentes da cultura corporal dentro da matriz curricular obrigat�ria dos cursos de Licenciatura em Educa��o F�sica do estado da Bahia, al�m de analisar como est�o distribu�dos percentualmente os diferentes componentes da cultura corporal no curr�culo dos cursos.
A coleta dos documentos referentes aos curr�culos dos cursos foi feita no site das institui��es de ensino. O estudo levou em considera��o somente as disciplinas do curr�culo obrigat�rio, exclu�do as disciplinas consideradas optativas.
Para que pud�ssemos unir a apresenta��o do percentual dos componentes da cultura corporal distribu�dos nos curr�culos com a discuss�o com os autores, a pesquisa baseou-se em Goode e Hatt apud Richardson (1985) que nos explica que:
(...) a pesquisa moderna deve rejeitar como falsa a dicotomia entre estudos qualitativos e quantitativos, ou entre pontos de vistas estat�sticos e n�o estatisticos. Alem disso, n�o importa qu�o precisas sejam as medidas; o que � medido continua a ser uma qualidade. (1985, p.38)
Inicialmente foi feita uma pr�-leitura de todas as ementas das disciplinas dispon�veis nos sites das institui��es de ensino, seguida de uma divis�o em categorias na tentativa de possibilitar uma aprecia��o num�rica inspirada na an�lise de conte�do baseada em Bardin (2002). As categorias se basearam nos Par�metros Curriculares Nacionais da Educa��o F�sica no Ensino fundamental (BRASIL, 1997) e foram agrupadas em: Jogo, Luta, Dan�a, Gin�stica e Esporte.
Finalmente analisamos o percentual de cada categoria dentro dos curr�culos dos cursos de Licenciatura em Educa��o F�sica estudados e a carga hor�ria predominante destes componentes nos cursos, como apresentaremos a seguir.
4. An�lise e discuss�o dos dados
Na pesquisa foram analisados os 21 cursos de Licenciatura em Educa��o F�sica existentes no estado da Bahia, entre institui��es p�blicas e privadas. Dentre estes, 16 cursos ofereciam a matriz curricular no site da institui��o de ensino, os quais foram poss�veis a an�lise dos dados obtidos:
O gr�fico 1 apresenta a porcentagem de cursos de Licenciatura em Educa��o F�sica que continham disciplinas de tratavam dos conhecimentos da Cultura Corporal.
Gr�fico 1
Percebe-se que os componentes do Esporte e Gin�stica s�o os �nicos que comparecem na matriz curricular de todos os cursos estudados, seguidos pela Dan�a presente em 77% dos cursos, Jogo em 66% e Luta em 44%.
Os gr�ficos a seguir apresentam os componentes da cultura corporal discriminados um a um, demonstrando, em porcentagem, qual a carga hor�ria deste componente que predomina dentro dos curr�culos dos cursos.
Gr�fico 2
Em rela��o � Dan�a, 60% dos cursos estudados possuem este componente com uma carga hor�ria entre 46 a 75 horas aula, 20% com carga hor�ria at� 45 horas e 20% com carga hor�ria entre 76 e 100 horas, sendo que nenhum dos cursos obteve uma carga hor�ria deste componente acima de 100 horas aula.
Gr�fico 3
No componente Jogo percebe que todos os cursos que tinha este componente no curr�culo, formataram sua carga hor�ria entre 46 a 75 horas aula.
Gr�fico 4
Alguns cursos que possu�am este componente ofereciam disciplinas com conte�do voltado para a metodologia das lutas, outros cursos ofereciam modalidades de artes marciais, outros, possivelmente por quest�es regionais, ofereciam apenas � capoeira e poucos ofereciam capoeira, adicionado � outra disciplina de Lutas. Analisando o gr�fico percebe-se que 80% dos cursos que continham este componente ofereciam uma ou um conjunto de disciplinas com carga hor�ria total entre 46 a 75 horas e 20% com carga hor�ria entre 76 e 100%.
Gr�fico 5
Apesar de constar em todos os cursos pesquisados, a carga hor�ria de Gin�stica se apresenta muita heterog�nea, pois 50% dos cursos possuem a carga hor�ria deste componente entre 46 a 75 horas, 38% com a carga hor�ria acima de 100 horas e 12% com carga hor�ria compreendida entre 76 a 100 horas aula.
Gr�fico 6
Percebe-se no gr�fico 1 que os componentes Gin�stica e Esporte est�o presentes na forma��o curricular de todos os cursos estudados, por�m ao compararmos o gr�fico 5 com o gr�fico 6 observamos que a carga hor�ria de Esporte dentro de todos os cursos � muito maior se comparada com a carga hor�ria da Gin�stica, pois no caso do Esporte, todos os cursos possuem uma carga hor�ria total deste componente superior a 100 horas e muitas vezes dividida em v�rias disciplinas. Nos outros componentes percebe-se que al�m de n�o constarem em todos os cursos pesquisados, sua carga hor�ria � inferior, principalmente se comparado com o Esporte.
O que se percebe � que o Esporte e a Gin�stica continuam a ser os elementos da cultura corporal predominantes nos cursos de forma��o em Educa��o F�sica, seguidos respectivamente por Dan�a, Jogo e Luta. Esta situa��o apenas confirma que historicamente esses dois componentes foram os primeiros a serem agregados com o surgimento dos cursos superiores de Educa��o F�sica, sendo o esporte elemento marcante e hegem�nico na educa��o f�sica escolar, o que possivelmente acaba refletindo no trato do professor na aula de Educa��o F�sica escolar.
Este poss�vel descompasso com os componentes da Educa��o F�sica na escola se apresenta como uma realidade triste descrita por Sampaio (2005) e Matos (2006):
Pelo fato de ter se formado um senso comum que a Educa��o F�sica e o esporte significam o mesmo, as escolas est�o oferecendo modalidades esportivas para os alunos no lugar das aulas de Educa��o F�sica, adquirindo um novo car�ter para a mesma: a de formadora de atletas e disciplinadora do corpo. A primeira concep��o modifica por completo a rela��o professor - aluno transformando - a numa rela��o t�cnico - atleta. Este conceito agrada aos alunos que possuem habilidades esportivas que os credenciam a integrarem as equipes, aos pais que v�em na escola a oportunidade de seus filhos ingressarem no universo esportivo, e principalmente, aos diretores que projetam o nome da institui��o, tornando - a mais competitiva no mercado que a educa��o � atualmente. (SAMPAIO, 2005, p.108).
O mundo da pr�tica tamb�m apresenta problemas ligados � credibilidade da EF na escola e aos programas de forma��o de professores, raz�o pela qual, em muitos pa�ses do mundo, a EF est� em risco de sofrer cortes severos no tempo curricular. (MATOS, 2006, p.163)
Para Pellegrini (1988, p.252) � importante atentar ao fato de que estes componentes s�o �fen�menos culturais que acompanham a evolu��o do homem�, e �j� existiam antes do aparecimento da educa��o f�sica e independem dela para existir�.
De acordo com Bracht (2003) apud Sampaio (2005, p.109) �(...) para a educa��o f�sica, � fundamental obter, urgentemente, no interior do campo pedag�gico, enquanto pr�tica e disciplina acad�mica, sob a pena de ter sua pr�pria exist�ncia amea�ada e isso n�o simplesmente no sentido da extin��o, mas da simples substitui��o pelo esporte (na escola)�. Para isto Ara�jo (2008) nos d� alguns caminhos que podem ser seguidos:
Compreender a realidade da Educa��o F�sica significa: constatar as frustra��es dos docentes, buscar a melhor escolha de uma metodologia de ensino (identificar, selecionar, organizar, sistematizar e aplicar o conhecimento), formar e produzir conhecimentos por meio da cultura corporal/esportiva, analisar a pr�tica pedag�gica e a aceita��o dos discentes quando os conte�dos s�o sistematizados e aplicados entre outros temas. O que se verifica no decorrer da hist�ria da Educa��o F�sica � a forma como as aulas s�o configuradas: do tempo livre, do �faz-de-conta�, do �rola-bola�, de fazer atividades de outras disciplinas, de falar do cap�tulo de uma novela, do lazer sem significado, do �tapa buraco de outras mat�rias�. Ser� que essa fun��o da Educa��o F�sica na realidade escolar permanecer�? Como transform�-la para produzir e formar conhecimentos epistemol�gicos e cr�ticos frente a esses problemas? (ARAUJO, 2008, p.16)
5. Conclus�es
Diante do que foi explicitado, Sampaio (2005, p.109) entende que para que a Educa��o F�sica consiga sua legitimidade dentro da escola como disciplina, � necess�rio que a forma��o dos professores de Educa��o F�sica seja discutida e revista dentro do ambiente acad�mico, no sentido de incluir o seu papel enquanto profissional de educa��o, pois �sendo assim, a interven��o do professor n�o pode ser inconsciente, fazendo - se necess�rio a este estar em processo cont�nuo de forma��o�, entendendo que para alcan�ar a legitimidade � necess�rio compreender o esporte como um componente da Educa��o F�sica e esta n�o podendo se restringir a um �nico conte�do a ponto de serem confundidos como a mesma coisa.
� necess�rio que os professores de Educa��o F�sica tenham dentro de sua forma��o disciplinas que discutam os componentes da cultura corporal, sem que isto implique necessariamente que ele domine todos os gestos motores referentes aos conte�dos apresentados, nem que um destes componentes seja dominante em rela��o a outro, como nos esclarece Daolio:
O profissional de educa��o f�sica n�o atua sobre o corpo ou com o movimento em si, n�o trabalha com o esporte em si, n�o lida com a gin�stica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifesta��es culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humanos, historicamente definidas como jogo, esporte, dan�a, luta e gin�stica (2004, p. 2).
Mesmo com as novas diretrizes para forma��o em Educa��o F�sica, as resolu��es CNE/CP 01/2002 e CNE/CES 07/2004, os cursos ainda preservam o car�ter �esportivista� em seus curr�culos, o que provavelmente ainda reflete a a��o do professor de Educa��o F�sica mais pr�ximo do t�cnico do que de educador.
Um limitante do trabalho seria no sentido de n�o levar em considera��o as atividades complementares, as atividades de pesquisa e extens�o oferecidas pelos cursos, no sentido de possibilitar aos estudantes a entrarem em contato com os conhecimentos da cultura corporal. Por isso fica a sugest�o de novas pesquisas para que se busque uma forma��o profissional condizente com o que se espera de um professor de Educa��o F�sica contempor�neo.
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