Qual foi a rota seguida por Portugal a fim de atingir as Índias orientais?

 

In�cio . Anterior . Pr�ximo

As Provas do Colombo Portugu�s 

15. Miss�o Espanhola 

Porque raz�o teria D. Jo�o II (rei de Portugal ), ao longo de 14 anos de insist�ncias (1470-1484), recusado a ideia de Colombo?  N�o sabemos.

A �nica coisa concreta que se pode assegurar � que n�o o impediu de ter feito a mesma proposta aos reis de Castela e Arag�o, e at� criou todas as condi��es para que a sua miss�o tivesse �xito. 

Durante anos Colombo, a partir de Lisboa pode livremente e sem qualquer impedimento, procurarconvencer outros monarcas europeus, e em especial os de Espanha, para atingirem a India navegando sempre para Ocidente. Porqu� ?

Tem surgido v�rias hip�teses explicativas, sendo as mais importantes as seguintes:

1) Ignorante

Um grande n�mero de historiadores apresenta-o como um ignorante. A sua ideia de atingir a �sia navegando de Lisboa para Ocidente  s� podia ter lugar na cabe�a de um ignorante, que concebia a Terra como um globo min�sculo. Apesar de todas as evid�ncias em contr�rio, at� morrer, estava convencido que chegara a umas ilhas muito pr�ximas do continente asi�tico.

Alguns historiadores apresentam-no como um fanfarr�o, autodidacta e aventureiro. Apesar de ter acertado, quase  sempre nas rotas que tomou, nas quatro viagens que realizou tem sido identificados enormes erros de navega��o e de comando que s�o aparentemente inconceb�veis num experiente comandante.

� nesse sentido, que alguns afirmam que D. Jo�o II conhecendo j� a exist�ncia de um novo continente, a actual Am�rica, e sabendo portanto, que a India (�sia) n�o seria ating�vel pelo Ocidente, foi-lhe fornecendo informa��es falsas, que ele usou para convencer os reis de Espanha.

D. Jo�o II n�o se op�s que Colombo apresentasse a ideia a Castela, nem que o seu irm�o o fizesse junto do rei de Inglaterra e Fran�a. O projecto de Colombo servia os interesses de Portugal, ao afastar os castelhanos e outros poss�veis interessados da Guin� e da rota da India. Nesse sentido incentivou-o a prosseguir a sua miss�o.

Esta hip�tese, historicamente fundamentada no "Memorial portugues de 1494" (Arquivo General de Simancas) (6),  apresenta algumas fragilidades. N�o consegue, por exemplo, explicar a intencionalidade de muitos dos seus erros. Colombo mentia e falsificava documentos de forma sistem�tica de modo a enganar os reis de Espanha.

Aquilo que para uns � fruto de ignor�ncia, para outros � uma sucess�o de mentiras estudadas.

2 ) Descontente

Colombo desde 1469 at� 1485, andou documentalmente ao servi�o dos reis de Portugal, e eventualmente dos Duque de Viseu-Beja. � muito prov�vel que, como muitos outros navegadores, cosm�grafos e cart�grafos portugueses entre o s�culo XV e o XVII, se sentisse pouco recompensado pela Corte que controlava e detinha o monop�lio das expedi��es mar�timas. 

Esta insatisfa��o levou-o a aproveitar-se dos conhecimentos que possu�a e vend�-los a outros reis, nesse sentido foi para Castela. 

A sua iniciativa foi logo apoiada por importantes fam�lias de nobres portugueses que se haviam exilado em Castela e Arag�o, vendo na mesma a possibilidade de continuarem a ter acesso aos dom�nios de Portugal e aos segredos das suas descobertas mar�timas.

Os erros nauticos colossais de Colombo como marinheiro tem sido explicados de v�rias formas maneira:

- Luis Miguel Coin Cuenca afirma que, embora Colombo n�o fosse um grande navegador, os seus erros nauticos eram intencionais e destinavam-se a enganar os portugueses, dando-lhes falsas pistas sobre a rota que seguira, nomeadamente para n�o ser acusado de entrar nos seus dom�nios maritimos (John Dyson y Peter Christopher -Por la ruta de Col�n. El viaje que cambi� el mundo; Colon.Un Hombre que Cambi� el Mundo, 1991).

- Hern�ndez S�nchez-Barba, afirma que "Toda la vida y la acci�n hist�rica de Col�n bascula, gira y se promueve en torno a su secreto, que implica una doble posici�n, un desdoblamiento en las vivencias emocionales [...] Tal secreto consiste en la informaci�n recibida por Col�n, bien directamente, bien en los papeles de su suegro Perestrello, de un piloto an�nimo o protonauta sobre el mundo al que naveg� Col�n como “descubridor”. El secreto – que s�lo revel� bajo sigilo sacramental a fray Antonio de Marchena – oblig� a Col�n a mantener un desdoblamiento constante en sus reacciones y expresiones, una especie de disimulo permanente que, sin embargo, se manifiesta de un modo inevitable en sus escritos". ( Historia y literatura en Hispano-Am�rica (1492-1820): La versi�n intelectual de una experiencia. Madrid: Fundaci�n Juan March, 1978)”.

D. Jo�o II, depois de uma forte reac��o inicial � trai��o de Colombo, acabou por ver na sua ideia, uma excelente oportunidade para desviar as aten��es da rota das Indias atrav�s da costa africana, e acabou por o apoiar. Caso contr�rio o teria facilmente eliminado, como fez em rela��o a tantos outros traidores.

Esta hip�tese n�o tem em conta in�meros aspectos da sua biografia, nomeadamente a enorme fidelidade que sempre revelou em rela��o a Portugal.

3) Conspirador

Colombo, segundo o seu filho Hernando Colon, ter� fugido de Portugal, numa altura que muitos dos conspiradores  contra D. Jo�o II estavam a ser mortos (cerca de 80) ou seguiam seguiam id�ntico recurso. 

Estaria envolvido na conspira��o do Duque de Viseu-Beja e mestre da Ordem de Cristo ?  Tudo parece apontar para esta possibilidade.

Esta Casa Ducal, que dominava as ilhas atl�nticas e as costas da Guin�, via com agrado o afastamento dos espanh�is destas regi�es, dando-lhes ilhas a Ocidente. 

Nas tr�s primeiras viagens � Am�rica nunca deixou de visitar os dom�nios do Ducado de Viseu-Beja. No regresso da 1�. viagem � Am�rica, teve inclusive um longo encontro com o Duque de Beja (D. Manuel) no Convento de Santo Ant�nio da Castanheira. Em Espanha contou sempre com participa��o de nobre ligados a esta casa ducal.

N�o � de descurar a hip�tese, de muitos dos nobres portugueses exilados, para se vingarem de D. Jo�o II ou ca�rem nas boas gra�as dos reis cat�licos que os acolheram, quisessem oferecer um segredo da Corte Portuguesa: a exist�ncia de terras a Ocidente. 

Embora tenha fugido secretamente para Castela, o certo � que esteve sempre em contacto o que aqui se passava em Portugal, registando-se inclusive pelo menos 6 visitas posteriores a 1484. 

� poss�vel que o ataque que realizou a duas galeras venezianas tenha ocorrido pouco antes de fugir para Castela, e n�o em 1485. A sua alegada presen�a em Lisboa, em 1485, poder� tamb�m fazer uma mistifica��o, no qual era h�bil.

� todavia um facto que Colombo se correspondeu com D. Jo�o II. O rei escreveu-lhe, em 1488,em resposta a uma sua carta. Trata-o por "Colon" e o que � mais importante por "especial amigo", um tratamento inimagin�vel entre um rei e um plebeu, alegadamente estrangeiro. 

Esta carta mostra que Colombo continuava em di�logo com o rei, mesmo depois de sair do pa�s. O facto � tanto mais intrigante, quando sabemos que nesta altura estava a ser pago pelos reis espanh�is. 

Este facto leva-nos a concluir que D. Jo�o II rapidamente se tenha apercebeu que a trai��o de Colombo interessava a Portugal e por isso passou a apoiar a sua miss�o. De traidor, Colombo passou a colaborador.  Quem estava tamb�m interessado nesta viagem de Colombo, eram mercadores como o florentino Bartolomeu Marchione, pois a mesma iria afastar a concorr�ncia da costa africana. 

Deste modo se explica toda a encena��o em torno de vida de Colombo, as m�ltiplas cumplicidades com a Casa de Bragan�a e outras fam�lias portuguesas, mas tamb�m o seu constante patriotismo. 

Para se compreender toda a trama que estava a ser urdida � necess�rio ter em conta as  disputas e guerras entre castelhanos e portugueses.

3) Espi�o

A alegada "fuga para precipitada" para Castela, referida por Hernando Col�n, poder� n�o ter passado de uma encena��o a que Colombo recorreu, para se infiltrar no circulo de exilados portugueses, envolvidos nas conspira��es contra D. Jo�o II. A Pero da Covilh� foi confiada, na altura, uma miss�o id�ntica (9). 

� prov�vel que fosse cavaleiro da Ordem de Santiago, como a sua esposa (Filipa Moniz Perestrelo), ambos estavam sob a al�ada do mestre da Ordem, o pr�prio Rei e depois o seu filho D. Jorge de Lencastre. Quando se aperceberam que a sua miss�o em Castela n�o tinha retorno poss�vel, Filipa regressar�, em 1490,  ao convento de Santos, como comendadeira, enquanto esposa de um cavaleiro da Ordem.

Nesta hip�tese, a partida de Colombo para Castela, s� ter� ocorrido em meados de 1485. Neste ano estava ainda em Portugal, e em grande actividade:

 - Como cors�rio "Cristoforo Colombo", assim denominado na documenta��o da Senhoria de Veneza, atacou e prendeu duas galeras de Veneza. Esta republica italiana, recorde-se, mandou a D. Jo�o II um embaixador para reclamar a sua devolu��o junto do rei. Este facto releva a intima liga��o entre "Cristoforo Colombo corsaro" e o rei de Portugal. 

- Como navegador, escreve que, neste ano, assistiu em Lisboa, na presen�a do rei, � apresenta��o dos resultados das medi��es do mestre Jos� Vizinho na Guin�. 

As rela��es entre Colombo e D. Jo�o II, prosseguiram sempre muito pr�ximas, ao ponto do rei, em 1488, o tratar por "especial amigo", e elogiar o bons servi�os que lhe havia prestado.

A miss�o de Colombo, a partir de 1486, passou a ser a de propor � Rainha de Castela uma viagem para a �sia navegando para Ocidente, de modo a afastar os castelhanos das lucrativas expedi��es portuguesas ao longo da costa africana e da pr�pria India. 

A fidelidade de Colombo a D. Jo�o II manteve ao longo dos anos. A 12 de Outubro de 1492, quando aportou na "�sia", ergue uma bandeira com a Cruz Verde da Dinastia de Aviz. Nas Indias procurou evitar a fixa��o dos espanh�is, perseguindo-os. Apenas foi a Terra Firme, em 1498, um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a India e meses depois de D. Manuel I ter sido jurado herdeiro do trono de Espanha. Em 1502 apela ao papa para que expulse os espanh�is das Indias (Am�rica).

Esta hip�tese permite explicar muito do seu comportamento. 

b) A Quest�o da Concorr�ncia

A conquista de Ceuta (1415) marcou o inicio da expans�o mar�tima de Portugal. Tratou-se de um projecto sistem�tico conduzido de forma monopolista pela casa real, que atrav�s de concess�es lhe permitia obter os rendimentos com que sustentava � pr�pria expans�o.

O Infante D. Henrique, mestre da Ordem de Cristo (desde 1420),  teve entre 1415 e 1460, um papel fundamental neste processo expansionista, que nunca � de mais salientar. Depois da morte do Infante, em 1460, a Coroa passou a assumir e a dirigir a expans�o mar�tima, aproveitando todas as ocasi�es que surgiram para acentuar este processo de centraliza��o (15).

Ao longo do s�culo XV, e conforme a expans�o se efectuava foi sendo criada uma complexa estrutura administrativa para gerir a expans�o mar�tima, os novos dom�nios e arrecadar os respectivos rendimentos, tais como: a Casa de Ceuta (Lisboa, 1434); Casa dos Tratos de Arguim (Lagos, 1445) e a Casa da Guin� (Lagos, 1445), transferidas para Lisboa em 1463; Casa da Mina (Lisboa, 1482), que agregou a Casa da Guin�; Casa dos Escravos (1486), e por fim a Casa da India (Lisboa, 1501), que integrou a Casa da Guin� e da Mina.

No inicio da expans�o Portugal n�o manifestou grandes inten��es exclusivistas. Os governadores de Ceuta por exemplo, recebem com entusiasmo muitos estrangeiros que vem participar na guerra e nos lucrativos saques que eram praticados aos mouros. Algo semelhante aconteceu no povoamento do arquip�lago da Madeira (iniciado em 1419-26), e depois do arquip�lago dos A�ores (iniciado depois de 1439), a fixa��o de estrangeiros foi particularmente acarinhada. Na rent�vel explora��o da produ��o e com�rcio de a��car, na Ilha da Madeira, foi criada uma rede internacional com a larga participa��o de estrangeiros.

A situa��o foi-se tornando muito diferente � medida que avan�ava a explora��o da costa ocidental de �frica. A Corte, mas tamb�m o Infante D. Henrique passaram a falar, cada vez mais, dos enormes custos da pr�pria expans�o, em termos de recursos financeiros e de vidas humanas. Um discurso que Colombo foi particularmente sens�vel, ao ponto de o repetir. Mais

Nesse sentido passaram a defender uma pol�tica exclusivista. O controlo por parte do Estado portugu�s foi aqui se tornando mais apertado, implicando a cria��o de um forte dispositivo militar que desencadeava frequentes ac��es punitivas para expulsar os estrangeiros das regi�es que haviam sido descobertas pelos portugueses.

Desde que foi dobrado o Cabo do Bojador ( 1434 ), a coroa portuguesa e o Infante D. Henrique  passaram a assumir como um dos seus objectivos estrat�gicos afastar outros reinos crist�os da costa ocidental de �frica. A 9/1/1443, o papa, concede ao infante D. Henrique o direito de povoar as ilhas do Atl�ntico, mas tamb�m a orienta��o espiritualidade das popula��es das ilhas que n�o tivessem bispo. O regente Infante D. Pedro doa-lhe os territ�rios a Sul do Bojador a t�tulo vital�cio. A 3/2/1446, o Infante D. Pedro, regente de Portugal, ordena que ningu�m navegue a sul do Bojador sem uma licen�a do rei (ou do Infante D. Henrique), sob o pena de ficarem sem os navios. O papa Nicolau V, a 8/1/1455, confere esta exclusividade ao Infante D. Henrique. O que foi tamb�m confirmado pela bula do papa Calisto III, a 13/3/1456.

Com a morte do Infante, em 1460, a Coroa portuguesa, liberta dos condicionalismos que os privil�gios que possu�a o Infante D. Henrique a Sul do Bojador chama a si este o monop�lio dos produtos, com�rcio, navega��es e dos mares (15). Esta pol�tica que foi consagrada em 1474, com a proibi��o das navega��es estrangeiras a sul das Ilhas Can�rias ("Mare Clausum"), prosseguida em 1479/8 no Tratado de Alc��ovas-Toledo, refor�ada com a constru��o do Forte de S. Jorge da Mina (1482) e outras fortalezas, processo que culminou no Tratado de Tordesilhas (1494).

Era nesta costa africana que foram descobertas as principais fontes de rendimento do pa�s nos s�culos XV, e encontrado o caminho para as que marcaram o s�culo XVI:

1. Pescarias. O avan�o das descobertas mar�timas para sul, ao longo da costa africana, revelaram a exist�ncia importantes ricas zonas  de peixe desde o Cabo do Bojador at� ao Rio do Ouro. Uma regi�o especialmente sens�vel pra os interesses de Portugal. N�o tardaram a sucederem-se cont�nuos e violentos conflitos entre portugueses e os andaluzes que prendiam ter acesso a estas pescarias. D. Jo�o II fez quest�o de consagrar o seu exclusivo para os portugueses no Tratado de Alca�ovas-Toledo (1479/1480)(16).

Colombo, como vimos, procurou encontrar uma alternativa nas Antilhas para estas disputadas zonas de pesca na costa africana.Mais

2. Escravos. Percorrendo a costa ocidental de �frica, a sul do Cabo do Bojador, Lan�arote de Lagos, em 1444, encontra uma enorme fonte de riqueza: escravos !. N�o tardaram a serem criadas ao longo da costa v�rias feitorias, cuja principal actividade estava neste lucrativo tr�fico: Arguim (1445), Mina (1482), Cacheu e S�o Tom�.

3. Especiarias Africanas. O com�rcio destas especiarias, sofre um forte impulso depois da viagem de Diogo Gomes, em 1456, ao Rio Grande (Geba, Guin�), quando obteve directamente a pimenta-malagueta. Com a pimenta-do-reino abundava nas costas da Guin�, em Benin e Gana. Perdeu grande parte da sua import�ncia econ�mica com a vinda para a Europa das especiarias asi�ticas, no in�cio do s�culo XVI.

4. Ouro. Quando o Infante D. Henrique faleceu, em 1460, os descobrimentos haviam j� atingido � Serra Leoa, sendo ainda pouco rent�vel os produtos obtidos na costa africana. O ouro anualmente obtido em Arguiam, oscilava entre os 20 e os 25 kg. Tudo muda quando os  portugueses atingiram a Mina (Elmina, Gana), em 1471, as explora��es mar�timas come�aram a ser efectivamente muito lucrativas. O ouro oriundo da Mina atingia, no inicio do reinado de D. Jo�o II, as centenas de quilos, o que lhe permitiu conceber um arrojado plano de expans�o mar�tima (15).

D. Jo�o II  fez quest�o de iniciar o seu reinado (1481-1495) com a constru��o do Forte de S. Jorge da Mina (1482), cuja fortaleza foi elevada, em 1486, � categoria de cidade. A Mina, como ficou conhecida, era o s�mbolo maior da coroa portuguesa sobre toda a costa ocidental de �frica.

Durante o reinado de D. Jo�o II, o ouro da Mina duplicou as receitas publicas: cerca de 120.000 cruzados, enquanto as restantes n�o ultrapassavam os 126.688. No come�o do s�culo XVI, escreve Vitorino Magalh�es Godinho, que as especiarias asi�ticas n�o ultrapassavam em muito este valor. O ouro da mina representava uma percentagem importante dos recursos do Estado: 24% em 1506; 15% em 1519; O decl�nio do ouro da mina (1521-1523) produziu uma profunda crise econ�mica. Portugal viu-se ent�o obrigado a atrair o ouro das Antilhas, do M�xico e Per� (11).

5. Especiarias Asi�ticas. O avan�o para sul abriu a possibilidade do acesso a uma nova e fabulosa fonte de riquezas, as especiarias da India. O plano aparece j� referido na Bula de 1456, foi a partir de 1474, que come�ou a ser concretizado de forma sistem�tica.

O ano em que Colombo, "fugiu"  (8) para Castela (1484) , foi de particular import�ncia para a expans�o portuguesa em �frica, em especial para o projecto da India.Diogo C�o comunicou a D. Jo�o II a convic��o que havia chegado ao extremo de Africa, atingindo o Promont�rio Prasso. Os portugueses estariam a uma curta dist�ncia da India (�sia). 

Os ge�grafos antigos, como Ptolomeu, designavam o extremo sul da �frica por Promont�rio Prasso. A partir da� abria-se o Golfo da P�rsia j� na �sia. 

Diogo C�o que havia partido em Agosto de 1482, trouxe a not�cia que tinha chegado a este Promont�rio pouco antes do dia 8 de Abril de 1484. A not�cia entusiasmou D. Jo�o II de tal forma que este lhe deu uma importante ten�a e o armou cavaleiro com o respectivo bras�o. Era sua convic��o que havia chegado �s portas da �sia. Na Ora��o de Obedi�ncia ao papa (Inoc�ncio VIII), pronunciada na corte pontif�cia, a 11/12/1485, o embaixador de Portugal Vasco Fernandes de Lucena anunciou que os navios portugueses estavam prestes a atingir a India, tendo ficado a dias do Golfo Ar�bico

O promont�rio, segundo afirmou, estaria a 4.500 milhas italianas, o que corresponde aproximadamente � dist�ncia entre Lisboa ao Cabo do Lobo (2). D. Jo�o II, segundo Peres Dami�o (1 ) teria sido enganado, julgando que j� atingira o extremo sul da �frica. 

Os dois padr�es que foram encontrados de Diogo C�o parecem indicar que n�o ter� ultrapassado o Cabo do Lobo, depois chamado de Cabo de St� Maria a sul de Benguela - Angola, � Lat. 13� 25' sul".

Em 1485 Diogo C�o iniciou uma nova expedi��o, mas o seu barco desapareceu. O que significa durante 1485 e 1487, D. Jo�o II n�o possui informa��es concretas que pudessem confirmar se o Promont�rio de Crasso havia de facto sido atingido. 

Colombo afirma que esteve em 1485, com o cosm�grafo Jos� Vizinho e D. Jo�o II, a analisar o novo m�todo de navega��o astron�mica, baseados na altura do sol. Certamente teria sido obter novas informa��es sobre o Promont�rio de Crasso.

A vasta rede de espi�es de D. Jo�o II, actuavam tamb�m no interior de �frica, a partir do Senegal. As informa��es que  enviarem ao rei, entre 1484 e 1487, pareciam refor�ar a convic��o que Diogo C�o havia de facto atingido o extremo sul �frica (3). Informaram-no inclusive que a largura de �frica seria mais pequena do que na realidade �.

A Longa Espera de 1489 a 1497

As informa��es entretanto recebidas de �frica, ao longo de 1487, mostraram de tinha havido um erro de c�lculo. O objectivo estava pr�ximo, mas ainda n�o fora alcan�ado. Bartolomeu Dias inicia, em 1487 uma expedi��o que o levar� finalmente ao Cabo da Boa Esperan�a, de onde s� regressa em Dezembro 1488 (4). A partir daqui D. Jo�o II tinha a certeza que podia atingir a India.

Os historiadores t�m dificuldade em explicar porque � que depois de 1488 e at� 1497, D. Jo�o II e depois D. Manuel I, ter�o suspendido as expedi��es para a India. Portugal possu�a informa��es, recursos t�cnicos e humanos para atingir a India contornando �frica, mas resolveu esperar pacientemente para o fazer. Uma coisa � certa: n�o ficou parado !. 

A explica��o oficial para esta pausa, assenta na ideia que D Jo�o II, ter� percebido que para a expedi��o � India ter �xito, era necess�rio melhorar o conhecimento dos ventos e correntes, assim como a tecnologia dos navios.

- A rota seguida por Bartolomeu Dias revelou-se muito penosa, pois o mesmo f�-la ao longo da costa africana, enfrentando ventos e correntes maritimas contr�rias � sua progress�o para sul. Os portugueses tiveram que estudar entre 1488 e 1497,  os ventos do hemisferio sul, at� que descobriram que a navega��o para o extremo sul do continente africano, era muito mais r�pida se os navios fizessem uma longa bordada a oeste no Atl�ntico Sul, depois de passadas as ilhas de Cabo Verde, aproximando-se do Brasil (10). Esta foi a rota que Vasco da Gama tomou em 1497, e com grande precis�o foi ter ao extremo sul de �frica. � pois seguro que neste longo per�odo muitas expedi��es portugueses tiveram que ser enviadas para o hemisf�rio sul, afim de descobrirem os ventos e correntes maritimas. 

- Bartolomeu Dias comandava uma pequena frota de duas caravelas latinas e uma naveta. A caravela era particularmente apta para a navega��o � bolina, em manobras de zigue-zague contra o sentido dominante dos ventos, o que tornava a navega��o muito penosa. Os portugueses tiveram tamb�m que desenvolver novas embarca��es para grandes viagens e adaptadas aos ventos do hemisf�rio sul. As naus de pano redondo mostraram-se muito adequadas � navega��o com vento pela popa. Vasco da Gama, em 1497, comandou uma armada com 4 naus.

A rota seguida por Vasco da Gama, em 1497, revela j� um amplo conhecimento dos ventos e correntes maritimas do Atl�ntico Sul, assim como um pleno dom�nio da sua geografia. Ao dirigir-se para o extremo sul de �frica, dirige-se primeiro para os ilheus de S. Pedro e S. Paulo no meio do Oceano Atl�ntico, entre o Brasil e �frica (29�22' long. O; 0�56' lat. N, a cerca de 1300 km da costa brasileira e 1500 km da costa da Guin�), e s� depois dos avistar rumou ent�o para Oriente para atingir o cabo da Boa Esperan�a.

Foram tr�s meses em pleno mar alto, sem ver terra, nos quais Vasco da Gama conduziu sem engano a sua armada at� � ponta de �frica. Esta precis�o na navega��o implicava um pr�vio conhecimento n�o apenas dos ventos e correntes de todos o Atl�ntico Sul, mas tamb�m da posi��o exacta do Cabo da Boa Esperan�a. Mais 

- As informa��es enviadas pelos espi�es que D. Jo�o II mandou por terra para a India s� chegaram a Portugal em 1492. S� ent�o o rei passou a ter um mais amplo conhecimento da parte oriental de �frica e das terras e povos que os navegadores iriam encontrar.

Ter�o sido estas as raz�es porque, segundo muitos historiadores, Portugal foi adiando a partida de uma expedi��o mar�tima para a India.

C)  Controlo de Castela

Sem ignorar a import�ncia das raz�es anteriores, para explicar a longa "pausa"  de 8 anos, pensamos que raz�o principal foi de natureza estrat�gica. 

Uma das preocupa��es de D. Jo�o II foi sempre o de afastar a poss�vel concorr�ncia do caminho mar�timo para as especiarias das India, em especial a Espanha, o principal inimigo do reino.

Na longa guerra ente 1475 e 1479 o acesso dos espanh�is � Guin� e ao Ouro da Mina esteve sempre no centro do conflito. Portugal reclamava o exclusivo da explora��es e do com�rcio mar�timo a sul das Can�rias.

N�o era apenas o rei que estava interessado neste afastamento dos espanh�is de �frica, mas tamb�m muitos mercadores envolvidos nos neg�cios africanos, como Marchione. Entre 1486 e 1495, recebeu o monop�lio do tr�fico de escravos, e possu�a o exclusivo da sua exporta��o para Espanha e It�lia. Esteve directamente ligado � rede de portugueses e florentinos que apoiaram o projecto de Colombo. Mais

Colombo em Castela.

O que andou a fazer durante 6 anos (princ�pios de 1485 a Julho de 1491)? A maioria dos historiadores afirma que at� 1488 foi pouco convincente na maneira que exp�s os seu projecto. Na verdade, as informa��es que recebia de Portugal, eram frequentemente contradit�rias.

Tudo mudou em 1488, depois de ter vindo a Portugal para assistir � chegada de Bartolomeu Dias e � sua confer�ncia, em Beja, com D. Jo�o II . Las Casas afirma que Bartolomeu Col�n ter� participado nesta viagem at� ao extremo sul de �frica. 

O certo � que depois desta confer�ncia, o seu irm�o Bartolomeu Colon, o mesmo foi para Londres e a seguir para Fran�a, tendo como objectivo promover o projecto de Colombo de chegar � �sia navegando para Ocidente.  

Colombo regressa a Castela. Em 1489, Frei Peres de Marchena, assim como uma vasta rede de apoiantes de origem portuguesa, t�m uma participa��o cada vez mais activa no projecto de Colombo. Mais.

Marchione que dominava o tr�fico negreiro em Castela e Arag�o, a partir de Lisboa, ir� colocar os seus agentes comerciais, como Juanoto Berardi, ao servi�o de Colombo.

 

Consequ�ncias da Morte do Principe D. Afonso

Isabel, rainha de Castela, apesar de todas as press�es dos exilados portugueses, seguindo as recomenda��es de Hernando de Talavera,  continuou a hesitar na decis�o de autorizar a viagem de Colombo.

A raz�o porque o fez, em dado momento, est� ligada a um facto da maior import�ncia:

Portugal e Castela ap�s uma longa guerra (1475-79), fizeram as pazes, estabelecendo o Tratado de Alca�ovas-Toledo (1479-1480), onde pela primeira vez fizeram uma partilha do mundo descoberto e a descobrir. Esta era uma das condi��es que os nobres portugueses exilados em Castela n�o aceitaram (13), mas que em nome da paz entre os dois reinos era defendida por Hernando de Talavera.

O Tratado foi selado com um casamento:

- O principe D. Afonso de Portugal (herdeiro do trono) casaria com a infanta D.Isabel, a filha mais velha dos reis de Espanha. O matrim�nio ficara acordado a 4 de Setembro de 1479, mas s� aconteceu em 1490, devido � menoridade dos noivos.

Acontece que o principe D. Afonso, em Julho de 1491, morre num acidente equestre. A infanta espanhola regressa � casa dos seus pais.

D. Jo�o II envolve-se a partir deste momento numa tremenda luta para legitimar o �nico filho que lhe restava - D. Jorge de Lencastre -, fruto dos amores com Ana de Mendon�a, que pertencera ao s�quito de Joana, a Beltraneja...

As reac��es n�o se fizeram esperar.Dona Brites, antiga Duquesa de Beja-Viseu, m�e da rainha Dona Leonor, D. Diogo  (assassinado em 1484) e D. Manuel (Duque de Beja e mestre da Ordem de Cristo) op�e-se de forma veemente �s inten��es do rei em legitimar o seu filho bastardo, defendendo a legitimidade de D. Manuel , como futuro rei de Portugal.

Dona Brites, recebe de imediato o apoio da sua sobrinha - Isabel, a cat�lica- com a qual havia concebido o Tratado de Alca�ovas. D. Jorge da Costa, o conhecido cardeal Alpedrinha, op�em-se tamb�m � legitima��o de D. Jorge de Lencastre.

Os reis de Espanha viam em D. Manuel um aliado, com o qual haviam convivido em Castela durante as Terciarias. Mais

N�o � pois de estranhar que dias depois da morte do principe D. Afonso, a rainha de Castela mude a sua posi��o em rela��o ao Tratado de Alc��ovas-Toledo, mas tamb�m em rela��o ao projecto de Colombo. A partir daqui ir� assumir uma clara atitude de afrontamento para com D. Jo�o II.   

Os reis de Espanha deixam de aceitar o estabelecido no Tratado de Alca�ovas-Toledo. As convers�es com Colombo s�o retomadas, terminando meses depois na celebra��o das Capitula��es de Santa F� (17 de Abril de 1492). Nestas Capitula��es afirmam-se igualmente "senhores do Mar Oceano", ignorando os dom�nios de Portugal e o acordado no referido Tratado.

Temendo uma poss�vel reac��o de D. Jo�o II, nomeadamente em rela��o � viagem de Colombo,  mandam preparar uma armada- a "Armada de Vizcaya", em Agosto-Setembro de 1492 (7). A posi��o � de aberto confronto.  

A maior parte dos portugueses exilados em Castela embora tenha apoiado o projecto de Colombo, fizeram saber � rainha Isabel que haviam terras a Ocidente, mas estas n�o eram a India (�sia) que este apregoava (cfr. Memorial Portugu�s de 1494).

 Os dois reinos peninsulares pareciam caminhar para uma nova guerra.

Posi��o de D. Jo�o II

Tudo o que se passava com Colombo em Espanha era do conhecimento de D. Jo�o II, o pr�prio certamente o manteve informado, n�o fossem ambos "amigos muito especiais". As Capitula��es de Santa F�, assim como os preparativos em Palos para 1�. viagem � "India" (Am�rica), eram, como � �bvio, do conhecimento rei de Portugal.

Os "reis cat�licos" n�o faziam segredo da expedi��o que estava a ser preparada para a India. Antes da partida da expedi��o, fizeram mesmo quest�o de anunciar nos portos da Andaluzia que a mesma n�o iria � Guin�, nem � Mina, dom�nios de Portugal.

D. Jo�o II, quando � viagem de Colombo, n�o manifestou qualquer discord�ncia. Nada fez para a impedir, nem sequer tomou medidas especiais sobe o assunto, por saber estar confiante que o projecto de Colombo correspondia aos interesses de Portugal. N�o andavam os portugueses numa guerra permanente para afastarem os estrangeiros da costa ocidental de �frica? Esta viagem servia na perfei��o este objectivo.

� cautela mandou na primeira viagem de Colombo pelo menos 6 portugueses, mas n�o foi tudo. Quando Colombo partiu da Ilha de Gomeira (Gomera, Can�rias) na direc��o da India (Am�rica), a 6 de Setembro de 1492, foi informado que tr�s caravelas portugueses estavam a navegar junto � Ilha de Ferro (Hierro) � sua espera. O objectivo de D. Jo�o II era claro: mostrar que ningu�m se podia aproximar do ...Brasil !

A �nica preocupa��o de D. Jo�o II, parece ter sido mesmo a de assegurar-se que Colombo n�o atingiria o novo continente que sabia existir no hemisf�rio sul.

Outra das grandes preocupa��es de D. Jo�o II, entre 1491 e 1494, era a quest�o da legitima��o do seu filho bastardo D. Jorge de Lencastre, para a qual necessitava n�o apenas do apoio do papa, mas tamb�m dos reis de Espanha. Para obter este apoio, procurou cas�-lo, sem �xito, com uma das infantas castelhanas. O cronista �urita deixa entender que D. Jo�o II  ter� condicionado as pr�prias negocia��es do Tratado de Tordesilhas por esta quest�o (14).

e ) As Prioridades de Colombo

Colombo realizou a sua primeira viagem � Am�rica acompanhado de pelo menos de 6 portugueses, dois dos quais eram pilotos. Ao chegarem a Lisboa, como o pr�prio afirma, ficaram em Portugal. Com que objectivo ? Informarem o rei e seguirem numa expedi��o portuguesa que logo a seguir partiu para as Indias. Nada foi deixado ao acaso.

A melhor prova do envolvimento de Colombo nesta miss�o est� nas suas prioridades quando regressou � Europa.

No regresso dirigiu-se em primeiro lugar para os A�ores e depois para Lisboa. O seu primeiro objectivo foi informar o rei portugu�s e obter novas instru��es.

Ficou em Portugal continental de 4 a 14 de Mar�o de 1493, durante dez dias, nas quais se encontrou n�o apenas com D. Jo�o II, mas tamb�m com a Rainha Dona Leonor de Lencastre e muitos outros nobres, inclusive o futuro rei - D. Manuel I. As duas fac��es em que estava dividida a sociedade portuguesa. Mais

Decis�es tomadas:

- Divulgar a "descoberta". A partir de Lisboa escreveu para tudo quanto era s�tio na Europa para informar outros pa�ses que havia atingido a India navegando para Ocidente. Tratava-se agora n�o apenas de enganar os espanh�is, mas tamb�m os italianos, ingleses, franceses, flamengos, etc.

Colombo s� regressou a Espanha quando ficou seguro que esta informa��o fora enviada para toda a Europa. Porqu� ? A explica��o � simples: - Ao dar conhecimento da sua viagem � India e da curta dist�ncia que a mesma podia ser atingida, estimulando desta forma a cobi�a das pot�ncias europeias. A Espanha tradicional inimiga de Portugal ficou desde logo envolvida numa guerra permanente para defender as suas "Indias" dos ingleses, franceses e holandeses. 

- Propor um novo Tratado. Acordou com D. Jo�o II os termos de uma nova divis�o do mundo entre os dois pa�ses, ficando Portugal com parte do Novo Continente, o que lhe permitiria futuras expans�es nestas regi�es (Am�rica), mas sobretudo bloqueando as incurs�es dos espanh�is no caminho maritimo que estava a ser preparado para atingir a India (�sia).

A posi��o de confronto dos reis espanh�is aumentou de intensidade, ap�s a chegada de Pinzon e Colombo. Mandaram acelerar a cria��o da Armada de Vizcaya, tendo o seu capit�o general apresado, em 1493, navios de um comboio portugu�s que se dirigia para a Ilha de S. Tom�. Ordenaram que nas regi�es fronteiras com Portugal pudessem sair cavalos e armas, dando desta forma o sinal que uma ac��o militar estava a ser preparada.

Sabotagem

Depois das convers�es em Portugal, Colombo dirigiu-se paraEspanha, onde no Porto de Palos, durante 15 dias, se reuniu com um espi�o portugu�s - Frei Peres de Marchena -, a fim de combinar os passos a seguir neste pa�s.

Decis�es tomadas:

- Sabotar a informa��o. Conforme o combinado, prop�s ao reis espanh�is um novo tratado com Portugal de divis�o do mundo, com base de linha meridiana de demarca��o dos respectivos dom�nios. A ideia foi aceite e iniciaram-se as primeiras negocia��es com vista ao estabelecimento de um novo Tratado. 

Uma vez iniciadas as negocia��es, Colombo tratou logo de sabotar o trabalho dos negociadores espanh�is n�o lhes dando informa��es precisas. Os reis espanh�is (Isabel e Fernando) solicitaram-lhe vezes sem conta as posi��es, latitudes, mapas das "Indias" descobertas. Ainda em 1495  andavam � nora sem saberem nada de concreto. Portugal, aproveitou a situa��o e atrav�s de v�rias manobras diplom�ticas, apressou a conclus�o do trabalhos. 

- Novas Viagens de Divers�o. Em 1493 Colombo regressou, conforme o previsto, �s Indias (�sia). Recorde-se que nas mesmas havia deixado na 1�. viagem, 38 espanh�is e 1 italiano no forte da Navidad. Tratava-se agora de entreter os espanh�is de forma a envolv�-los nas Indias, assim como empurrar outras pot�ncias europeias para as Indias criando a� uma zona de disputas territoriais e tens�es diplom�ticas. 

A nova expedi��o conduzida por Colombo, preparada ao m�nimo pormenor, revelou-se um desastre completo. Ao fim de alguns meses, 10 dos 17 navios que haviam partido tiveram que regressar. O n�mero de mortos e doentes que provocou foi impressionante. O que andava a fazer ? A saltitar de ilha em ilha, evitando que os espanh�is pudesse ter uma vis�o de conjunto das ditas "Indias". 

A assinatura do Tratado de Tordesilhas, a 7 de Junho de 1494, marca um momento alto na estrat�gia de D. Jo�o II. Os espanh�is estavam agora atascados nas Indias, sofrendo os seus navios cont�nuos assaltos de piratas e cors�rios portugueses, franceses, ingleses e italianos. 

Portugal est� agora em condi��es de avan�ar, sem concorr�ncia para a India. As aten��es internacionais est�o desfocadas das costas africanas. Negreiros como Marchione, respiraram de al�vio. 

F) Plano Incompleto

D.Manuel I, conforme o pr�prio Colombo afirma, tornou-se imprevisivel. O rei ter� feito algo muito diferente do combinado com ele em Mar�o de 1493, quando se encontraram no Convento de Santo Ant�nio da Castanheira. 

D.Manuel I, entre 1495 e o ver�o de 1497, segundo Colombo, continuou a explorar a rota do cabo, e os navios portugueses ter�o entrado pelo Indico. Ap�s anos de estudo e ensaios, como dissemos, os portugueses em 1497 estavam em condi��es de efectuar com �xito uma viagem de dois anos at� � India.

Antes de tomar uma decis�o, o rei fez quest�o de obter do papa Alexandre VI a bula "Ineffabilis", a 1 de Junho de 1497, onde lhe reconhecia a ele e aos sucessores o direito de "receber e reter cidades, fortalezas, terras, lugares e dom�nios dos infi�is que adregassem submeterem-se ao seu jugo, pagarem-lhes tributo ou reconhecerem-no como seu senhor", desde que n�o fosse em preju�zo de para os direitos constitu�dos de qualquer principe crist�o (17).  

Obtida a bula, no dia 8 de Julho de 1497, Vasco da Gama, partiu finalmente para a India, sem concorr�ncia ! 

A corte espanhola, ao aperceber-se do logro em que estava metida, exige que Colombo elabore uma resposta � altura da gravidade da situa��o. No Memorial de la Mejorada, datado de Julho de 1497, acusa D.Manuel I de andar a explorar v�rias rotas de navega��o que supostamente pertenciam a Espanha:

a) A rota da India que contornava �frica, tendo ultrapassando na altura o Cabo da Boa Esperan�a;

b) A rota do poente na direc��o das Indias espanholas e sudoeste (Brasil);

c) A rota do norte na direc��o do Polo Artico, isto �, da Terra Nova. 

De todas as expedi��es D. Manuel I enviara a que mais preocupava Colombo era, naturalmente a de Vasco da Gama pela rota do Cabo da Boa Esperan�a, porque iria confirmar que aquilo que se tornara claro: ele n�o chegara � �sia, mas a umas ilhas perdidas no Atl�ntico.

� neste contexto que no Memorial de la Mejorada se lamenta que o "Plano de D. Jo�o II" n�o estava a ser cumprido, deixando no ar a ideia que este rei lhe prometera que nunca mandaria navios para a India. Alvaro de Bragan�a, percebendo a sua  posi��o melindrosa, negoceia em 1497 com a Corte Espanhola, o morgadio de Colombo.

D. Manuel I, em 1498, manda tamb�m Duarte Pacheco Pereira explorar as costas da Am�rica do Sul, atingindo o Brasil, e possivelmente percorrendo a Am�rica central at� � Florida. Sabemos igualmente na mesma altura, portugueses ao servi�o de Inglaterra, andavam a explorar as costas dos actuais EUA e do Canad�.

Era previs�vel um novo conflito entre Portugal e Espanha, caso n�o tivesse ocorrido uma  situa��o inesperada: D. Manuel I ao casar-se com uma princesa espanhola, acaba em Abril de 1498, na cidade de Toledo, a ser jurado herdeiro do trono de Castela...

Alvaro de Bragan�a, resolver o problema, reunindo meios para uma nova viagem de Colombo,  com uma importante novidade: - a 3� viagem (1498-1500) careceu de autoriza��o de D. Manuel I, que lhe possibilitou andar em dom�nios e mares portugueses, tendo visitado a Madeira e Cabo Verde, onde recebeu todo o apoio. Qual era o grande objectivo desta viagem? - Ver o continente que D. Jo�o II lhe falara que existia no hemisf�rio sul.

Quando chegou �s Indias espanholas o que fez Colombo e os seus irm�os ?  Continuou a perseguir e a matar espanh�is, impedindo-os de se fixarem. � preso, em 1500, enquanto se preparava para assassinar mais uns quantos.

A miss�o de Colombo implicava ter que assumir o papel de traidor, revelando a Castela segredos da corte portuguesa.  Estafoijustamentea principal acusa��o que D. Jo�o II, em 1485, fazia aos nobres que se haviam refugiado em Castela.  

Colombo nunca atuou sozinho, contou desde que chegou a Castela, em 1485, com o apoio de um vasto grupo dos nobres exilados portugueses, em especial de Alvaro de Bragan�a, irm�o do Duque de Bragan�a decapitado em 1483.

Na perspectiva da maioria dos exilados portugueses, Portugal devia partilhar com os outros reinos crist�os as suas descobertas. Opunham-se � pol�tica do "Mar Fechado".

O apoio que estes nobres exilados receberam dos "reis cat�licos", tornaram-nos receptivos � ideia de aceitarem uma "uni�o" dos reinos da Pen�nsula Ib�rica.

Os reis cat�licos cedo se aperceberam da import�ncia dos portugueses (nobres, navegadores, militares, dinheiro ) para a expans�o e manuten��o dos seus dom�nios ultramarinos, dando-lhes amplas recompensas e elevando-os aos mais altos cargos. Uma pol�tica que foi seguida por Carlos V, e que n�o se cansou de a recomendar ao seu filho Filipe II de Espanha (18).

Durante o per�odo de dom�nio filipino (1580-1640), os descendentes dos exilados de 1483-1484, foram largamente recompensados em t�tulos, cargos, privil�gios  e manifesta��es de reconhecimento ( 5 ). Dramaturgos espanh�is escreveram inclusive pe�as de teatro em que os conspiradores contra D. Jo�o II foram recordados e elevados � categoria de her�is.

Qual a rota feita por Portugal para atingir as Índias?

- A “Rota do Cabo” Era uma rota marítima que ligava o litoral de Portugal à Índia, contornando a África pelo Atlântico. Tinha o nome de Rota do Cabo pois passava pelo Cabo da Boa Esperança.

Qual foi a rota seguida pelos navegadores portugueses?

No ano de 1497, o navegador Vasco da Gama empreendeu as últimas explorações que concretizaram a rota rumo às Índias, via a circunavegação do continente africano. Com essa descoberta o projeto de expansão marítima de Portugal parecia ter concretizado seus planos.

Qual foi a rota proposta por Colombo para atingir as Índias?

Colombo argumentava que, navegando para o oeste, conseguiria chegar a Cipango (atual Japão), e de lá iria para a Índia, mas a sua teoria foi desacreditada por outros navegantes de confiança do rei, e por isso ele não teve o apoio de que precisava.

Qual foi a rota que os portugueses promoveram rumo as especiarias do Oriente?

A rota marítima para a Índia contornando África, pelo Cabo da Boa Esperança, foi descoberta em 1497 por Vasco da Gama, e transformou-se em uma nova rota de comércio. Este comércio - que moveria a economia mundial desde o fim da Idade Média até aos tempos modernos - marcaria a era de domínio europeu no Oriente.

Toplist

Última postagem

Tag