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Autor(es) | Manuel Antônio de Almeida |
Idioma | Português |
País | |
Gênero | Romance, humor |
Linha temporal | século XIX |
Localização espacial | Rio de Janeiro |
Lançamento | 1854 |
Memórias de um Sargento de Milícias é um romance de Manuel Antônio de Almeida. Foi publicado originalmente em folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, entre 1852 e 1853, anonimamente. O livro foi publicado em 1854, com o autor identificado como "um brasileiro".[1]
A narrativa, de estilo jornalístico, incorpora a linguagem das ruas, classes média e baixa, fugindo aos padrões românticos da época, quando os romances retratavam os ambientes aristocráticos.
Conta a história de Leonardo que quando era pequeno só sabia aprontar travessuras e veio a ser um sargento de milícias. O espaço físico apresentado na obra é o meio urbano brasileiro do século XIX. A história se passa no Rio de Janeiro, e descreve seus principais pontos, como igrejas, principais ruas, mas descreve também pontos bem à margem da sociedade.[2]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ «"Memórias de um Sargento de Milícias" – Resumo da obra». Guia do Estudante. 3 de setembro de 2012. Consultado em 15 de abril de 2022
- ↑ Diana, Daniela. «Memórias de um Sargento de Milícias - Resumo de Livros». Toda Matéria. Cópia arquivada em 18 de maio de 2021
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Memórias de um Sargento de Milícias» (PDF eBook)
- «Memórias de um Sargento de Milícias» na Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa
- «Resumo por Prof. Teotônio Marques Filho»
- Portal da literatura
Resumo
A narrativa, que se apresenta como uma sucessão de aventuras do jovem Leonardo, tem início antes mesmo de seu nascimento, relatando o primeiro contato entre seus pais, Maria da Hortaliça e Leonardo Pataca, no navio que os traz de Portugal para o Brasil. Ambos trocam “uma pisadela” e um “beliscão” como sinais de interesse mútuo e passam a namorar. Maria da Hortaliça abandona o marido e retorna para a terra natal. Pataca, por sua vez, recusa-se a criar o
filho, deixando-o com o padrinho, o Barbeiro, que passa a dedicar ao menino cuidados de pai.
Pataca se envolve com uma cigana, que também o abandona. Para tentar recuperá-la, recorre à feitiçaria, prática proibida na época. Flagrado pelo Major Vidigal, conhecido e temido representante da lei, vai para a prisão, sendo solto em seguida.
Enquanto isso, seu filho Leonardo, pouco afeito aos estudos, convence o padrinho a permitir que ele frequente a Igreja na condição de
coroinha. O Barbeiro vê ali uma oportunidade para dar um futuro ao afilhado. No entanto, Leonardo continua aprontando das suas e acaba expulso. Conhece o amor na figura de Luisinha, uma rica herdeira, mas sua aproximação é interrompida pela ação do interesseiro José Manuel, que conquista e casa com a moça.
O livro Memórias de um Sargento de Milícias está disponível para
download.
O Barbeiro morre e deixa uma herança para o afilhado. Leonardo volta a viver com o pai, mas foge após um desentendimento. Envolve-se com a mulata Vidinha e passa a sofrer as perseguições do Major Vidigal, caçador dos ociosos do Rio de Janeiro. Para não ser preso, é forçado a se alistar.
A experiência militar não é menos problemática: continua a participar de arruaças e desobedece seguidamente o Major. Por isso, acaba preso. Consegue a liberdade graças à
ação de uma ex-namorada de Vidigal, Maria Regalada, que lhe promete, em troca, a retomada do antigo afeto. Leonardo não só é solto, como é promovido a sargento da tropa regular. Reencontra-se com Luisinha, então recém-viúva, e os dois reatam o namoro. Ainda com a ajuda do Major Vidigal, Leonardo se torna sargento de milícias e obtém permissão para se casar.
Contexto
Sobre o autor
Manuel Antônio de Almeida viveu em meados do século XIX, quando o
Romantismo brasileiro estava no auge. Sua carreira foi interrompida por uma morte precoce, mas o escritor deixou uma marca profunda em nossa literatura: o romance Memórias de um Sargento de Milícias. Publicado em um suplemento que tratava, entre outras coisas, de assuntos políticos, integrava-se perfeitamente a ele, divertindo o público da época e dando o que pensar aos leitores de todos os tempos.
Importância do livro
O romance de Manuel Antônio de Almeida destoa do
romantismo convencional. Isso dá um sabor especial ao livro, menos pelo fato em si, e mais por mostrar a precariedade de certas classificações excessivamente redutoras. A narrativa tem o poder de ampliar a concepção de literatura romântica, mostrando que os escritores da estética sabiam explorar tanto o sentimentalismo quanto o humor em suas obras.
Período
A frase inicial do livro explicita o momento histórico em que se passa a ação: “Era no tempo do Rei”.
Trata-se do início do século XIX, período em que D. João VI ficou no Brasil (1808-1821). Escrevendo algumas décadas depois, o narrador estabelece um diálogo entre seu tempo e o tempo da ação.
Análise
Memórias de um Sargento de Milícias promove uma inversão do romantismo convencional. O humor, presente em narrativas românticas de forma tímida, ocupa o centro, funcionando como eixo condutor da sucessão de aventuras em que se mete o protagonista. Da
mesma forma, as personagens de classes sociais mais baixas, que, tradicionalmente, ocupavam posições secundárias, constituem o núcleo central da ação. Esse procedimento é chamado de carnavalização.
O próprio protagonista se apresenta como uma versão carnavalizada do herói romântico. Sua origem é cômica, já que é descrito como “filho de uma pisadela e de um beliscão”. Crescido, torna-se um malandro, tentando sobreviver à margem das instituições sociais nas quais não consegue se
enquadrar – família, trabalho, igreja etc.
Algumas trajetórias são bastante sugestivas. O Major Vidigal, por exemplo, age em defesa da lei de acordo com critérios muito particulares – manda prender e manda soltar mais ou menos a seu bel-prazer. Acaba por se corromper no final, ao permitir a soltura de Leonardo em troca dos afetos de uma antiga namorada. Assim, lei vira transgressão e ordem se mistura com desordem, o que funciona como retrato da sociedade brasileira daquele e de
outros tempos. Também é significativo o que acontece com o Barbeiro. Homem bom e afetuoso, tem em seu passado uma mancha da qual não manifesta nenhum remorso sério: ficara de posse de uma pequena fortuna que lhe havia sido confiada para ser entregue a outra pessoa. Desse modo, também as categorias de bom e mau são relativizadas.
A despeito de tudo isso, o livro pode ser entendido como romântico graças a elementos como o registro de costumes, o final feliz, as personagens que agem por
impulso, a sucessão de aventuras nas perseguições do Vidigal e, por fim, a história de amor envolvendo Leonardo e Luisinha. Contudo, independente de qualquer questão referente à classificação da obra, pode-se ver o livro simplesmente como uma sucessão de aventuras vividas por um protagonista humanizado pelos seus defeitos.
Personagens
As personagens do romance são tipos sociais, isto é, representam certos setores e comportamentos típicos do Rio de Janeiro
joanino, razão pela qual muitas delas não possuem nomes, sendo identificadas apenas por suas funções sociais.
- Leonardo: protagonista da história, representa o malandro em seu esforço de sobreviver à margem das instituições sociais.
- Leonardo Pataca: pai de Leonardo, pode ser visto como co-protagonista, passando por situações semelhantes àquelas vividas pelo filho.
- Luisinha: primeiro amor de Leonardo, retoma o relacionamento depois de ficar viúva do primeiro
marido.
- Barbeiro: padrinho de Leonardo, assume a condição paterna depois que o menino é abandonado pelos pais.
- Comadre: madrinha do menino, auxilia-o em diversas situações.
- Major Vidigal: personagem histórico. No romance, representante da lei e da ordem.
- Vidinha: moça com quem Leonardo se envolve enquanto está distante de Luisinha.
- D. Maria: tia e mãe de criação de Luisinha, uma mulher rica.
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