Quando Paulo questiona os Coríntios, dizendo: “Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo;” (1 Coríntios 3:4), ele não está, em momento algum, dizendo que a igreja de Corinto o idolatrava (Paulo) ou idolatrava a Apolo. O assunto a ser tratado neste texto não se trata disso, afinal, haviam cristãos piedosos e genuínos dentro daquela igreja. O grande questionamento de Paulo era com aqueles cujo orgulho e
soberba dominavam seus corações, e os faziam pensar ser melhores do que os outros — Paulo os chama de “carnais” (v. 4).
O exemplo dado por Paulo incluía ele mesmo (‘Sou de Paulo’), porém, isso não significava que os cristãos que pensavam como Paulo eram idólatras ou “seguidores” do apóstolo.
Usar esse texto para colocar panos quentes em discussões teológicas não é correto. O problema, em geral, não está no tema discutido, mas nas
pessoas que estão discutindo. Cabe a cada cristão maduro exortar os arrogantes e soberbos, e não privar determinado assunto só pelo fato de ser profundo ou divergente. Pode não ser todos, mas a grande maioria dos que usam esse texto como pretexto, o fazem a fim de que não seja necessário estudar e se aprofundar mais no tema proposto (neste caso, se aprofundar no calvinismo por causa da pessoa de João Calvino). A má notícia diante disso tudo é que ser cristão e preguiçoso não combina; ou
é um, ou é outro. Paulo, um teólogo muito dedicado, jamais incentivaria que outros crentes parassem de estudar. Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo chama a atenção da igreja de Corinto a ser piedosa, nunca se vangloriando por suas boas obras, exaltando nomes de pastores e líderes, mas lembrando sempre que só há um nome que a igreja deve exaltar: Jesus Cristo, e é impossível que Cristo seja verdadeiramente exaltado sem que os filhos de Deus se debrucem sobre a Escritura, a fim de crescer no
conhecimento do Senhor.
Caso alguém queira aplicar este texto hoje, cabe muito bem diante dos pregadores modernos e triunfalistas. Portanto, os orgulhosos dos nossos tempos são aqueles que dizem “ganhar almas”, que colocam em si mesmos poderes sobrenaturais, sendo um tipo de semi-deus ou que se gabam por terem sido “salvos” pelo seu “livre-arbítrio”. Estes sim precisam entender a mensagem de Paulo!