Muitas pessoas, especialmente quando estão ressentidas, falam com mágoa... quando não falam com rancor ou inveja.
Pedro fala de Paulo, de seu sucesso repentino; critica suas aventuras despudoradas, suas manias de querer tudo certinho, em ordem, na hora exata. Enquanto Pedro fala de Paulo, pode-se observar que muitos dos sentimentos que são atribuídos a Paulo são, na verdade, uma transposição dos sentimentos de Pedro para a imagem de Paulo. Em Psicologia, essa transposição se chama projeção.
Projeção, segundo a teoria psicanalítica, originalmente desenvolvida por Sigmund Freud[i], corresponde a um tipo de mecanismo de defesa psicológico, uma estratégia usada, mesmo sem perceber, a fim de se proteger de desejos, eventos, comportamentoscom que não se desejalidar, pensar, ou reprova: a pessoa "projeta" seus próprios pensamentos, motivações ou razões/justificativas, desejos e sentimentos reprováveis em uma ou mais pessoas.
O que se busca, na verdade, é livrar-se da responsabilidade em relação aos acontecimentos ocorridos: é como se o indivíduo buscasse livrar-se da culpa, projetando-a no outro e eximindo-se da autoria do erro, da falha, do sentimento, do desejo, e se transformasse em vítima do evento. Ocorrências várias de projeção podem ser mencionadas como exemplos: o aluno que, ao obter notas baixas, coloca a culpa na prova ou no professor; o marido que trai a companheira porque não resiste à sedução e provocações da amante; o menino que briga porque os outros o imitam e o provocam; a pessoa que esmurra a própria cabeça para descarregar a raiva; a mentira dita sem o menor pudor por acharque os outros também mentem...
Um exemplo clássico. Você é inteligente. Os outros o acham também. Mas você está inseguro de sua inteligência. Você comete um erro bobo, e ninguém comenta; mas você acusa os outros, seus amigos, de dizerem que você é burro, estúpido. De fato, você teme ser apontado pelos outros e se antecipa acusando-os.
A própria expressão “O destino quis assim” constitui uma projeção, porque o indivíduo quer eximir-se das responsabilidades sobre seu erro, por impotência ou incapacidade de conduzir a própria vida. Com essa justificativa, pretende reduzira pressão do erro sobre si mesmo, como se não pudesse agir ou reagir contra determinado evento. Com a projeção, evita desvalorizar-se, ser reprovado por um comportamento inadequado. Ao mesmo tempo, a projeção diminui o conhecimento de um indivíduo a respeito do outro, vendo o outro pelas mesmas lentes com que se vê. Em outras palavras, “reconheço no outro” os defeitos e limitações que “reconheço em mim mesmo”. As qualidades que o outro apresenta, porém, pela projeção, causa rancor, inveja – fonte de martírioque, muitas vezes, impele a agir contra o outro sem qualquer razão ou motivo.
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Há uma discussão sobre qual seria a frase real (Paulo ou João) e até mesmo sobre
a autoria da frase. É muito comum ver essa frase atribuída à Freud, mas há quem diga que nunca conseguiu encontrar a referência em suas obras e escritos. Há quem diga que a frase é de Lise Bourbeau:“O homem é escravo do que fala e dono do que cala. Quando Pedro me fala de João, sei mais de Pedro do que de João”
O que Pedro pensa de Paulo, diz mais sobre Pedro do que Paulo.
É uma questão a se discutir, e mesmo que seja usada a falácia de apelo a autoridade, não muda o real significado da frase, que é simples e profunda ao mesmo tempo.
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