As drogas do sertão eram as plantas, raízes e frutas encontradas na região amazônica do Brasil no período colonial.
Publicado em 30/04/2020 - 14:25
O que eram as drogas do sertão? Drogas do sertão era a forma como eram chamadas as inúmeras especiarias que foram exploradas e comercializadas no Brasil colônia a partir dos séculos XVI e XVII.
Tais produtos eram cultivados em solo brasileiro e vendidos para a Europa.
As drogas do sertão
No decorrer da colonização do Brasil, as expedições que ocorriam no interior do território viabilizaram para o descobrimento de, entre outras coisas, inúmeras raízes, plantas e frutas.
O contato com os nativos nesse processo foi extremamente importante para o conhecimento das potencialidades da vegetação brasileira.
Antes da colonização, a Europa já possuía interesse nas especiarias fornecidas pelas Índias, utilizadas para temperar comida, fabricar manufaturas e preparar remédios.
Então, a partir dos séculos XVI e XVII, a exploração da região amazônica se tornou uma importante atividade econômica.
Esse território mostrou uma grande variedade de sementes, raízes, frutas e plantas que desempenhavam importantes papeis na culinária e medicina. Veja alguns exemplos de quais eram as drogas do sertão do periodo colonial:
- Urucum
- Cravo
- Cacau
- Guaraná
- Poaia
- Baunilha
A exploração das drogas do sertão era feita pelos indígenas que se fixavam nas missões jesuíticas e pelos bandeirantes que, entre outras atividades, também exploravam esse tipo de produto para a venda no litoral.
É importante salientar que as drogas do sertão atendiam, principalmente, ao mercado externo.
O cultivo da cana-de-açúcar fez com que a exploração das drogas do sertão entrasse em declínio. Com isso, a partir do século XVII, os portugueses começaram a concentrar seus esforços na exploração da cana-de-açúcar desenvolvida pela mão de obra dos africanos escravizados.
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1. Pecuária no período colonial
Durante o período colonial, a empresa açucareira foi o grande investimento dos portugueses nas terras brasileiras. Contudo, as necessidades de consumo das populações nativas serviram para o desenvolvimento de outras atividades econômicas destinadas à subsistência. Tais empreendimentos econômicos ficaram comumente conhecidos como atividades acessórias ou secundárias e costumava abranger o plantio de pequenas e médias culturas e produção de algodão, rapadura, aguardente, tabaco e mandioca.
Nesse cenário a atividade pecuarista também começou a ganhar espaço com a importação de algumas reses utilizadas para o trabalho nos engenhos de açúcar. Com o passar do tempo, o crescimento do rebanho de gado acabou causando problemas no interior das plantações de açúcar, que tinham parte de sua plantação destruída pela ação desses animais. Com isso, o lucro a ser alcançado com a produção açucareira se incompatibilizava com a incômoda presença do gado dentro das fazendas.
A questão chegou a ser tratada pelas autoridades metropolitanas, que estabeleceram um decreto que proibia a realização de qualquer atividade pecuarista nas regiões litorâneas do Brasil. A medida, apesar de seu caráter visivelmente restritivo, acabou impulsionando a criação de gado no interior do território de forma extensiva com o uso de pastagens naturais. Segundo algumas estimativas, no século XVII, a atividade alcançava várias regiões nordestinas e contava com mais de 600 mil cabeças.
Além de se constituir enquanto uma atividade econômica alternativa aos projetos de exploração colonial, a pecuária também instituiu novas relações de trabalho alheias ao uso da mão-de-obra escrava. Geralmente, a pecuária necessitava de um pequeno número de trabalhadores e tinha sua mão-de-obra composta por trabalhadores livres de origem branca, negra, indígena ou mestiça. Além disso, o pagamento pelos serviços prestados era comumente realizado com o repasse de novos animas que surgiam no rebanho.
Com o surgimento das atividades mineradoras nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a pecuária ampliou seu mercado consumidor estabelecendo novas frentes de expansão no Nordeste e na região Sul do território. Além de servir para o abastecimento da população, a atividade pecuarista também consolidou um próspero comércio de eqüinos e muares usados para o transporte de pessoas e mercadorias. Geralmente, eram organizadas feiras em alguns centros urbanos do interior onde esses animais eram negociados.
Além de ocupar uma importante posição no ambiente colonial, a expansão da pecuária foi de grande importância no processo de ampliação do território. Paralelamente, após a decadência da atividade mineradora no interior, a pecuária também se consolidou como uma nova atividade que substituiria o vazio econômico deixado pelo escasseamento das minas.
2. As Drogas do Sertão
Ao longo da colonização, observamos que a incursão pelo interior do nosso território abriu caminho não apenas para o conhecimento de novos espaços, mas também para a existência de várias plantas, frutas e raízes que compunham a nossa vegetação. Nesse processo, o contato com as populações indígenas também foi de suma importância para que os colonizadores conhecessem as potencialidades curativas e culinárias das chamadas “drogas do sertão”.
Antes que a nossa colonização se efetivasse, a partir de 1530, toda a Europa tinha grande interesse nas especiarias vendidas nas Índias. As ervas, frutos, raízes e sementes do mundo oriental serviam para a preparação de remédios, a fabricação de manufaturas e o tempero da comida. No século XV, o advento das grandes navegações – lideradas pelas nações ibéricas – objetivava a conquista de uma rota que ligasse a Europa aos comerciantes indianos, tamanho era o interesse por esses produtos.
Envolvidos em tal projeto, os portugueses acabaram conquistando uma rota de chegada ao Oriente por meio da circunavegação da África. Tal rota, apesar de cumprir o seu objetivo, acabou não sendo economicamente viável por conta do grande tempo gasto na viagem e a concorrência de outros povos que já comercializavam com os indianos. Dessa forma, a possibilidade de se vender e consumir as especiarias em Portugal acabou não sendo concretizada.
Nos séculos XVI e XVII, a exploração da região amazônica acabou surgindo como uma solução para o papel econômico anteriormente desempenhado pelas especiarias indianas. Afinal, esse espaço do território colonial acabou se mostrando
rico em frutas, sementes, raízes e outras plantas que tinham finalidades medicinais e culinárias. Cacau, cravo, guaraná, urucum, poaia e baunilha foram alguns dos produtos que ficaram conhecidos como as tais “drogas do sertão”.