Foguete chines ja caiu hoje

Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

O foguete Longa Marcha 5B foi lançado ao espaço no último domingo (24) com o objetivo de colocar em órbita o segundo módulo da estação espacial Tiangong, da China. Agora, seus destroços devem retornar a Terra, embora o ponto de chegada não esteja claro. 

Comumente, os foguetes se desprendem das naves espaciais poucos minutos após a decolagem, caindo no mar ou retornando controladamente à base para ser reutilizado. Esse não é o caso do veículo chinês, que atinge a órbita com sua carga útil e só retorna ao planeta dias depois. 

O objeto prestes a cair é o estágio central do foguete, que pesa cerca de 25 toneladas. Pesquisadores do Centro de Reentrada Orbital de Estudos de Detritos (CORDS) da Corporação Aeroespacial estimam que o pedaço de lixo espacial reentrará na atmosfera terrestre no dia 31 de julho às 4h30 (horário de Brasília). 

Parte do objeto queimará neste processo, perdendo entre 60 e 80% de sua massa. Os cientistas ainda não sabem dizer onde ele caíra, mas estimam que será em alguma região entre 41 graus de latitude norte e 41 graus de latitude sul. Parte dos EUA, continente africano, Austrália, Brasil, Índia e Sudeste Asiático são possíveis alvos. 

Não é a primeira vez que um pedaço de foguete chinês atinge a Terra. A primeira missão do Longa Marcha 5B, em maio de 2020, resultou em destroços na Costa do Marfim. No ano seguinte, mais lixo espacial caiu no Oceano Índico após o envio do módulo principal da Tiangong pelo mesmo veículo. Em ambas as situações, ninguém saiu ferido. 

Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse em coletiva que o país está acompanhando de perto a reentrada do objeto. Dedos cruzados para que o estágio do foguete chinês caia bem longe de áreas povoadas.

Os restos do foguete chinês que entregou um novo módulo à estação espacial do país asiático na segunda-feira (25) devem cair na Terra no início da próxima semana, de acordo com o Comando Espacial dos Estados Unidos, que está rastreando a trajetória da espaçonave.

O Long March 5B, de 23 toneladas, que transportava parte do laboratório Wentian, decolou da ilha de Hainan às 14h22 (hora local) no domingo (24). O módulo atracou com sucesso no posto orbital da China.

Com seu trabalho concluído, o foguete entrou em uma descida descontrolada em direção à atmosfera da Terra e não está claro onde pousará. Essa é a terceira vez que o país é acusado de não lidar adequadamente com detritos espaciais de estágios de foguetes.

“É um objeto de metal de 20 toneladas. Embora se desfaça ao entrar na atmosfera, vários pedaços – alguns bem grandes – atingirão a superfície”, disse Michael Byers, professor da Universidade de British Columbia e autor de um estudo recente sobre o risco de vítimas de detritos espaciais.

Os detritos espaciais representam um risco extremamente mínimo para os seres humanos, explicou Byers, mas é possível que partes maiores possam causar danos se atingirem regiões habitadas.

O professor pontuou que, devido ao aumento do lixo espacial, as chances aumentam um pouco, especialmente no hemisfério sul. Ele citou uma pesquisa publicada na revista Nature Astronomy, na qual foi apontado que corpos de foguetes têm três vezes mais chances de cair nas latitudes de Jacarta (Indonésia), Daca (Bangladesh) e Lagos (Nigéria) do que as de Nova York (EUA), Pequim (China) ou Moscou (Rússia).

“Esse risco é totalmente evitável, já que agora existem tecnologias e projetos de missões espaciais que podem fornecer reentradas controladas (geralmente em áreas remotas dos oceanos) em vez de descontroladas e totalmente aleatórias”, destacou.

Holger Krag, chefe do Escritório de Detritos Espaciais da Agência Espacial Europeia, afirmou que a melhor prática é realizar uma reentrada controlada visando uma parte remota do oceano, sempre que o risco de acidentes for muito alto.

Ele acrescentou que a zona de reentrada do foguete chinês estava geograficamente limitada entre as latitudes de 41 graus ao sul e 41 graus ao norte da Linha do Equador.

O Comando Espacial dos EUA disse que continuará rastreando a queda do foguete, de acordo com um porta-voz.

Com base em condições atmosféricas variadas, o ponto exato de entrada do estágio da espaçonave na atmosfera da Terra “não pode ser identificado até poucas horas após sua reentrada”, informou o representante, mas estima-se que ele adentre a atmosfera da Terra por volta de 1º de agosto.

O 18º Esquadrão de Defesa Espacial, parte das forças armadas dos EUA que rastreia as reentradas, também fornecerá atualizações diárias sobre sua localização.

A CNN entrou em contato com a Agência Espacial Tripulada da China para comentários sobre o caso.

Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian, disse que detritos espaciais pesando mais de 2,2 toneladas são normalmente levados para um local específico em sua primeira órbita da Terra.

“A questão é que coisas tão grandes normalmente não são colocadas em órbita sem um sistema de controle ativo”, observou.

“Sem um sistema de controle ativo e sem motor reiniciável para impulsioná-lo de volta à Terra ele apenas cai em órbita e eventualmente queima devido ao atrito com a atmosfera”, explicou McDowell à CNN.

A China foi criticada no ano passado pelo mesmo motivo após lançar outro módulo em um foguete semelhante. Naquela oportunidade, os restos caíram no Oceano Índico, perto das Maldivas, 10 dias após o lançamento.

Na ocasião, a NASA disse que a China falhou em “atender aos padrões responsáveis”.

“As nações que exploram o espaço devem minimizar os riscos para pessoas e propriedades na Terra de reentradas de objetos espaciais e maximizar a transparência em relação a essas operações”, destacou o administrador da NASA, Bill Nelson.

A China respondeu às críticas culpando os EUA por “exagerar os medos” sobre a reentrada do foguete e acusou os cientistas americanos e a NASA de “agir contra sua consciência” e ser “anti-intelectual”.

Em 2020, um núcleo de foguete chinês – que pesava quase 20 toneladas – fez uma reentrada descontrolada na atmosfera da Terra, passando acima de Los Angeles e o Central Park, em Nova York, antes de mergulhar no Oceano Atlântico.

O lixo espacial, como satélites antigos, reentra na atmosfera da Terra diariamente, embora a maior parte passe despercebida porque queima muito antes de atingir o solo.
São apenas detritos espaciais maiores – como peças de naves espaciais e foguetes – que representam um risco muito pequeno para humanos e infraestrutura no solo.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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