É possível ter parto normal com mioma?

Os miomas são uma das doenças ginecológicas mais comuns entre as mulheres. Eles são encontrados em até 70% das pacientes ao longo da vida, geralmente sendo assintomáticos e não trazendo nenhuma consequência mais grave. Contudo existem alguns tipos de miomas relacionados a um maior risco de abortamentos, partos prematuros e outras complicações gestacionais.

Eles são lesões bem prevalentes em mulheres na idade fértil, pois são estrogênio dependentes. Em outras palavras, um dos principais fatores de sua formação e crescimento é a exposição ao principal hormônio feminino, um tipo de estrogênio chamado de estradiol.

Quer entender melhor a relação dos miomas com a gestação? Confira nosso post!

O que são miomas?

Os miomas se originam de células musculares localizadas em uma camada do útero chamada de miométrio. Você se lembra que o útero é formado por três camadas:

  • Endométrio — é o revestimento da cavidade uterina, formado por células que crescem sob o estímulo do estrogênio e se maturam sob a ação da progesterona. É no endométrio que o embrião se implanta e cria estruturas (vasos sanguíneos da placenta) para sobreviver durante a gestação;
  • Miométrio — é a camada intermediária, a parede do útero, sendo formada por células musculares e tecido de sustentação. As células musculares têm a capacidade de se contrair gerando os movimentos do útero importantes para o trabalho de parto. As cólicas menstruais e a dor do parto ocorrem devido à contração do miométrio;
  • Perimétrio — o perimétrio tem duas camadas, a serosa e adventícia. A serosa é a que está colada ao útero, protegendo-o contra o atrito com outros órgãos e facilitando sua movimentação.

Quando provocam sintomas, os miomas estão associados a quadros leves de sangramento uterino anormal e dismenorreia (dor menstrual). A principal complicação dessas lesões é a infertilidade, que ocorre predominantemente em um tipo de miomas, o submucoso.

Mesmo assim, grande parte das mulheres são capazes de engravidar com os miomas. No entanto, em alguns casos, pode haver um aumento do risco de complicações gestacionais, do abortamento ao parto prematuro.

Como é o desenvolvimento da gestação em mulheres com miomas?

A maioria das gestantes não terá nenhuma complicação grave devido à presença dos miomas durante a gravidez. Alguns sintomas poderão ser um pouco mais intensos e frequentes nelas, como as dores.

Além disso, é muito importante entender que os efeitos dos miomas sobre as gestações dependem das características das lesões da mulher. Nesse sentido, os pontos mais importantes são:

  • Volume;
  • Número;
  • Localização (tipo de mioma).

Vamos falar sobre cada um deles a seguir.

Volume

O volume dos miomas tem uma influência significativa, independentemente do local onde eles estão. Os estudos mostram que ele é o principal fator relacionado a maior frequência de complicações gestacionais:

  • Quanto maior a lesão, maior a frequência de dores uterinas durante a gestação;
  • Um tamanho maior do que 3 a 4 centímetro de diâmetro está associado ao aumento de risco de abortamentos, problemas placentários, restrição ao crescimento fetal, hemorragias gestacionais e parto prematuro.

Número de lesões

O número de lesões também está associado a complicações, como o início do trabalho de parto precocemente e o nascimento prematuro. Em relação a outros riscos, ainda não há evidências tão robustas, mas eles podem estar também relacionados com abortamentos de repetição e hemorragias gestacionais.

Localização das lesões

Os miomas podem ser agrupados em três tipos de acordo com a sua localização em relação às camadas do útero:

  • Miomas submucosos — apesar de ainda se originarem do tecido miometrial, os submucosos crescem pressionando o endométrio, a camada de revestimento da cavidade uterina. É nela que o embrião se implanta. Por isso, esse é o tipo de mioma mais associado a complicações gestacionais, provocando um aumento do risco de abortamentos, partos prematuros, descolamento da placenta e hemorragia por parto. Felizmente, são os tipos mais raros;
  • Miomas intramurais — são os miomas mais comuns. Eles crescem em predominantemente dentro dos limites do miométrio. Sua relação com complicações gestacionais ocorre quando crescem excessivamente (mais de 3 a 4 centímetros). Assim, com o crescimento uterino durante a gravidez, eles passam a ter uma maior influência sobre o endométrio e o feto em formação. Os miomas intramurais também podem prejudicar as gestações quando estão em maior número. Afinal, o miométrio é o local onde se originam as contrações uterinas. As lesões podem comprometer a qualidade e a quantidade dos movimentos do útero e provocar partos prematuros, como vimos anteriormente;
  • Miomas subserosos — como todos os miomas, ele se origina do miométrio. Contudo seu crescimento é mais expressivo em direção à camada externa do útero, a serosa. Como crescem fora do útero, tendem a crescer mais, pois não são restritos pelo espaço e pela pressão do miométrio.

Assim, podem aumentar a frequência de sintomas comuns nas gestações, como inchaço abdominal, incontinência urinária devido à compressão da bexiga ou constipação intestinal devido à obstrução externa das alças do cólon.

Geralmente, não interferem nas gestações e na fertilidade, exceto quando atingem tamanhos significativos (diâmetro maior do que 4 centímetros).

Para evitar as complicações na gestação e no parto, tem se indicado a retirada dos miomas anteriormente às tentativas de engravidar. Contudo essa decisão é sempre individualizada a cada caso e compartilhada com a mulher, — dentro dos princípios da humanização do parto. A cesariana é indicada em situações excepcionais, como a apresentação inadequada e a falha de progressão do parto. Portanto, mesmo em pacientes com miomas, deve-se preferir o parto normal.

Quer saber mais sobre os miomas uterinos? Confira o nosso texto sobre o tema!

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