Foto: Divulgação
A modelo Carol Dias, que espera um filho do jogador de futebol Kaká, revelou em seu instagram que está entrando no terceiro trimestre de gestação e tem perdido urina, principalmente quando espirra. Segundo a ginecologista Luísa Guedes, isso é muito comum e ocorre, em média, em 50% das gestantes.
“É preciso ficar alerta porque pode se tornar um problema mais sério quando o escape de urina acontece frequentemente, mesmo com pequenos esforços, ou ainda quando ela persiste após o parto”, explica. A ginecologista tira outras dúvidas sobre o assunto.
Por qual motivo ocorre o escape de urina?
"A bexiga, que armazena urina, tem como mecanismo de continência o esfíncter uretral e a musculatura pélvica. Durante a gravidez, ocorre um aumento da pressão abdominal pelo crescimento do útero gravídico, que se transmite sobre a bexiga, ultrapassando a capacidade do esfíncter uretral de segurar a urina. Também a capacidade da bexiga de armazenar urina está diminuída, porque durante a gestação o útero cresce, não permitindo a expansão da bexiga. Além disso, a musculatura pélvica sofre pressão e se distende durante o avançar da gestação, dificultando ainda mais o controle da urina, que, quando sofre mais pressão devido a espirro, tosse, ou pulo, acaba ocorrendo a perda urinária", explicou a ginecologista
A incontinência urinária pode ser influenciada pelo parto? É comum continuar após a gravidez?
De acordo com a médica, sim. A incontinência urinária é comum em mulheres, mais comum ainda em mulheres que engravidam e ainda mais comum após o parto vaginal. Apesar das inúmeras vantagens desse tipo de parto, realmente a incontinência urinária é uma desvantagem, que pode ser prevenida e tratada facilmente. Não é normal continuar após a gravidez, mas é comum, principalmente após a menopausa. Às vezes a incontinência urinária melhora após o parto e retorna após a menopausa.
É necessário fortalecer a região íntima antes de partir para a segunda gravidez? A falta de rigidez na musculatura pode influenciar a dificuldade de gravidez?
É muito importante a prevenção. "Mesmo que após o parto a incontinência urinária melhore, numa segunda gestação pode retornar e aumentar ainda mais a chance da mulher permanecer com esse problema. Por isso, fortalecer a musculatura pélvica, que é um dos mecanismos de continência, diminui a chance de ter perda urinária. Na verdade, este tipo de prevenção, de treinamento e fortalecimento do assoalho pélvico, principalmente nas mulheres, deveria ser feito desde jovens, até mesmo antes de engravidar", destacou a médica.
Existe algum exercício que ela pode fazer enquanto grávida para fortalecer a região e evitar o escape de urina?
Durante a gravidez a mulher pode fazer exercícios de contração da musculatura pélvica e fisioterapia pélvica para tratamento da perda de urina.
Para o período pós-parto, quais os tratamentos são indicados para o fortalecimento da região íntima?
"No pós-parto eu indico sempre o treinamento da musculatura pélvica, que pode ser feito com fisioterapia pélvica ou ainda com o uso da tecnologia HIFEM através de uma cadeira de onda eletromagnética. O Emsella provoca o estímulo do neurônio motor, resultando em milhares de contrações da musculatura do assoalho pélvico em uma sessão, tratando e prevenindo as perdas de urina", explicou a ginecologista Luísa Guedes.
Perder urina durante a tosse, o espirro ou antes de chegar ao banheiro é um problema muito comum durante a gestação. Isso acontece porque, na gravidez, alterações do sistema de sustentação da bexiga e fechamento da uretra estão alterados. Há uma sobrecarga maior no períneo em função do aumento do útero. Essas mudanças acontecem em todas gestantes, então porque algumas têm perda de urina e outras não? Muitas vezes, além dos fatores relacionados à gestação, podem haver alterações do funcionamento de estruturas do assoalho pélvico. Fraqueza, tensão aumentada ou falta de controle desses músculos contribuem para a perda involuntária de urina. É recomendado que toda gestante realize uma avaliação do assoalho pélvico com fisioterapeuta. Nessa consulta, é possível identificar as necessidades específicas de cada mulher e orientar exercícios e hábitos para prevenir e melhorar a incontinência
na gestação e no pós parto.
Texto escrito por Luciana Moreno, fisioterapeuta da Clínica Sabrina Baracho Fisioterapia