O que você faz assim que acorda? Após conferir o horário na tela do celular, muita gente já aproveita para checar as notificações dos aplicativos. WhatsApp, Instagram, Facebook, Twitter, TikTok ou Youtube são algumas das plataformas que lideram o interesse pelo universo digital. O que muitos não se dão conta é que essa impulsividade pelas redes sociais está afetando diretamente a saúde mental.
Em um estudo realizado pela Royal Society for Public Health (RSPH) do Reino Unido, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, foi constatado que as redes sociais mais acessadas provocam efeitos positivos ou nocivos à saúde humana, dependendo da forma como são utilizadas. As que mais prejudicam a saúde mental dos jovens e o bem-estar são aquelas que estão muito focadas na imagem.
Os usuários que gastam mais de duas horas por dia nas redes, irão, provavelmente, relatar problemas de saúde mental, incluindo sofrimento psicológico. Esse tipo de sentimento surge, por exemplo, quando se vê pessoas com vidas aparentemente perfeitas, corpos esculturais, viagens de férias ou artigos de luxo, o que dá a sensação de inadequação.
Cerca de 70% dos jovens revelaram que as mídias sociais fazem com que eles se sintam pior em relação à própria autoimagem e, quando se trata das meninas, esse número sobe para 90%. Além disso, as taxas de ansiedade e sintomas de depressão apresentaram aumento de 70% entre o público jovem nos últimos 25 anos.
O uso moderado e consciente das redes sociais não apresenta perigo à saúde mental, mas como dosar a sua utilização quando nossas vidas estão fortemente ligadas a elas?
Quais impactos as redes sociais trazem para a saúde mental?
1. Ansiedade: nas redes sociais, tem-se a impressão de que a vida dos outros é extraordinária, menos a sua. O confronto com a suposta plenitude alheia pode elevar a ansiedade. Você pode acreditar que está estagnado ou que seus esforços até então foram insuficientes para conquistar a sua vida dos sonhos. Você pode começar a questionar o estado do mundo e da sociedade, ficando ansioso sobre o futuro.
2. Pressão: se muitas pessoas já alcançaram o sucesso, por que você ainda não saiu do lugar? A sensação de “preciso ser produtivo” pode passar a permear os seus pensamentos, e pressioná-lo a alcançar os seus objetivos de maneira nada saudável. Essa cobrança está se tornando cada vez mais comum entre profissionais e estudantes, especialmente os mais jovens. A pressão que você coloca em si mesmo pode levá-lo ao esgotamento.
3. Sensação de isolamento: o excesso de interações virtuais pode aumentar a sensação de solidão, levando-o ao isolamento social. Você pode acabar se sentindo mais amado e aceito em comunidades virtuais, passando a dedicar mais tempo a essas interações. Mas é importante se lembrar de que também é necessário manter bons relacionamentos com as pessoas próximas a você.
4. Sedentarismo ou obsessão com o corpo: a tecnologia tende a tornar as pessoas mais estáticas por ser a principal fonte de trabalho e entretenimento, facilmente levando-as ao sedentarismo. Por outro lado, a busca incessante pelo físico perfeito pode causar distorção da imagem corporal. É comum distúrbios alimentares resultarem da obsessão com a promessa da perda de peso milagrosa.
5. Raiva: conversas e debates amigáveis à primeira vista podem se tornar agressivos em instantes. O anonimato e a distância encorajam muitos a falar o que não diriam pessoalmente. Além disso, nas redes encontra-se uma variedade de opiniões e nem todas são agradáveis. Você pode ficar com raiva da forma de expressão de terceiros ou de palavras ofensivas. Confrontá-los, no entanto, somente criará estresse.
6. Depressão: o uso excessivo das redes amplifica emoções de caráter negativo, as quais podem afetar o seu bem-estar emocional e agravar sintomas da depressão. À medida que você prioriza as redes sociais, pode sentir raiva, inadequação, tristeza e frustração frequentemente. Logo, a sua mente fica envolvida em toda essa negatividade.
Como usar as redes sociais de forma saudável?
Para quem já vive com problemas de ansiedade e depressão, a internet pode trazer ainda mais motivos para se sentir pressionado e desvalorizado. Mas também pode ser uma plataforma onde minorias excluídas encontram espaço para dizer o que sentem ou pensam.
As redes sociais devem ser usadas com moderação e não devem substituir atividades saudáveis como atividades físicas e noites bem dormidas. Os perfis que construímos no universo online podem ser usados para fins de entretenimento, informação e descontração, mas não tomar conta da nossa vida. Para evitar os fatores prejudiciais, é preciso balancear os momentos dedicados à vida online e à vida real.
A primeira dica é praticar a atenção plena durante as conversas e manter o foco somente na pessoa com quem está interagindo, deixando para olhar o celular depois. Em vez de registrar cada momento em dezenas de fotografias e vídeos, tire algumas fotos para guardar a lembrança e aproveite o momento presente.
Quando se sentir sobrecarregado, dê um tempo das redes. Nesse período, priorize atividades que promovam o exercício do corpo e do cérebro e técnicas de relaxamento para renovar os pensamentos. Experimente passar o fim de semana inteiro longe do mundo virtual para promover a desintoxicação de estímulos negativos ou intensos.
Se você sente que as redes sociais impactam a sua saúde mental, procure a ajuda de um profissional da área, como o psicólogo.